STACY JOHNSON

Já se passaram três dias depois do natal e Charles chega hoje. Depois daquelas mensagens que ele mandou me dizendo coisas horríveis, além dos episódios abusivos anteriores entre nós, tomei a decisão de dar um fim no nosso relacionamento. Não posso viver assim,por mais que eu o ame, não posso.

Minhas mãos estão suando muito enquanto espero por ele na lanchonete, ele está meia hora atrasado. Confiro o relógio mais uma vez, quando o sino da porta avisa que alguém entrou, Charles.

O ruivo vem caminhando de forma ameaçadora não minha direção, engulo um seco e bebo mais um pouco da água que pedi quando cheguei.

— Falei pra gente se encontra na minha casa. — ele diz com os dentes cerrados e a voz muito baixa.

A parte de mim que achava que isso era um erro, acabou de evaporar. Esse Charles não é o mesmo de dois anos atrás.

— Quero terminar. — falo de uma vez, não posso  adiar isso.

Charles me olha confuso por um tempo, depois solta um assovio e se recosta na cadeira.

— Acho que não entendi.

— Não posso mais continuar com você, Charles. — digo olhando para as minhas mãos que agora estão trêmulas. — sempre serei grata por toda a ajuda que você me deu depois do que aconteceu com a minha mãe mas...você está diferente, não de um jeito bom. E por mais que eu ame você, não quero isso pra minha vida.

Não sei quanto tempo Charles passou apenas me observando com um olhar inexpressivo, até que em certo momento seus ombros caíram e ele abaixou a cabeça soltando um longe suspiro.

— Sinto muito por tudo que fiz você passar ultimamente. — ele murmura ainda sem olhar para mim. — será que você pode me dar mais uma chance e juro — agora ele está me olhando com os olhos cheios de lágrimas, meu coração se aperta no peito. Odeio ver ele ou qualquer pessoa chorando. — que vou fazer tudo diferente.

Por alguns instantes eu realmente penso nessa possibilidade mas então lembro de como ele vem me machucando e de como não consigo contar  pra ninguém pois não quero que nada de ruim acontece com Charles.

— Não vou mudar de ideia. — é tudo que digo pois tenho medo que qualquer palavra que saia da minha boca faça ele explodir.

— A não ser que isso não seja ideia sua. — ele sugere e já sei o que vem a seguir. — talvez tenha sido aquele seu antigo amigo, Samuel?

Ele está me olhando com uma sobrancelha arqueada, suspiro de forma cansada e tiro o dinheiro da bolsa para pagar a água, deixando em cima da mesa.

— Ele não tem nada haver com isso, Charles.

Não falo mais nada e saio do estabelecimento sem olhar para trás e com algumas lágrimas descendo pelo rosto. Foi a decisão certa, Stacy.