3. Horses and Horseback Riding
- HATHAWAY -
Minha cabeça estava doendo.
Eu sei, costumo falar essa frase muitas vezes, mas minha cabeça realmente estava doendo. Eu não estava raciocinando muito bem quando olhei ao redor, só enxergava grama, um longo e extenso campo de grama verde e algumas árvores espalhadas por ele.
Não vou mentir, fiquei apavorada.
Automaticamente me arrependi de ter entrado naquele espelho, aonde eu estava com a cabeça? "Não! Vou aqui entrar dentro de um espelho e ver o que acontece!". Sacudi o pijama que roubei de Madison pra dormir tentando ver se caía algum manual de instrução de como voltar pra minha casa, quem garantia que eu estava no século XIX como ela me disse? Eu podia estar no tempo das cavernas aonde as pessoas só se comunicam falando "uga uga"
O que estou pensando? É claro que não viajei no tempo, eu só bati a cabeça muito forte e vim parar aqui de alguma forma.
Preciso voltar pra casa.
Fiquei de pé e peguei minha bolsa, em um ato totalmente estúpido eu a abri e coloquei minha cabeça dentro, vai que minha bolsa virou um portal?
Não me julguem, como disse, minha cabeça estava doendo.
Continuei parada, dessa vez de pé olhando ao redor, eu precisava de um plano urgente porque olha só!
Eu estava perdida.
Foi quando escutei um barulho de trotes, como não sou besta me escondi atrás da primeira árvore que enxerguei. Alguns segundos depois um homem passou rápido a alguns metros de onde eu estava, o cavalo estava correndo e o homem estava rindo, como se não bastasse, outro um pouco mais velho passou logo após, mas ele controlava o cavalo pra que este não corresse.
- Sir Kim! O senhor precisa voltar pra sua residência, sua mãe me deu um horário preciso para que tornassemos, e esse horário é agora!
O homem mais velho gritou para o que estava correndo, será que eles eram da realeza? O pronome de tratamento estava aí afinal.
- Por que não aproveita um pouco barão? Deixe de ser ranzinza! Sinta esse vento! Isso é delicioso!
Eu não conseguia ver sua fisionomia muito bem, já que ele estava distante e em movimento, mas o "barão" parou a poucos metros de mim.
- A duquesa me deu uma ordem quanto ao seu horário de retorno, vamos Kim, não me faça esperar.
- Não sei porque minha mãe sempre faz você vir comigo em minhas cavalgadas, seu lugar é com o meu irmão em seu escritório.
Em alguns segundos o tal senhor Kim parou ao lado do barão e desceu do cavalo. Ele era bonito. Muito bonito. Tinha cabelos na altura dos ombros e uma espécie de bandana impedia que as mechas caíssem em seus olhos. O barão também não ficava atrás, mas ele era mais baixo e seus cabelos eram mais curtos.
- Acha que eu queria estar aqui? Sua mãe me coloca como sua babá porque o senhor não tem escrúpulos.
Eu não conseguia desviar o olhar, aquilo era tão interessante que eu tenho absoluta certeza que estava babando.
- Vamos dar de beber aos cavalos, após isso podemos voltar, vai me acompanhar na cavalgada de amanhã também?
- Deus queira que não! - O barão respondeu e o filho da duquesa lhe deu um empurrão leve.
- Ah, eu não sou tão má companhia!
Apesar da linguagem culta que usavam um com o outro os dois pareciam se dar bem, mas só fui me dar conta do problema quando eles pegaram as guias dos cavalos e vieram andando.
Bem na direção aonde eu estava.
Olhei pra trás e vi uma sequência de árvores que desciam diretamente rumo a um lago, eles provavelmente levariam os cavalos pra tomar água lá.
Fiquei parada como uma estátua, talvez meu cérebro idiota pensasse que eles poderiam me confundir com a árvore.
Claro! Porque um pijama do Patolino parece com uma árvore.
O rapaz mais novo passou na frente e graças a Deus não me viu, eu já estava cantando vitória quando o barão parou o próprio cavalo e olhou pra mim.
- Senhorita? - Quando viu que não estava sendo seguido o outro homem voltou com seu cavalo.
- Por que parou, barão? Ah... - O mais jovem largou a guia de seu cavalo e veio pra perto ao me ver. - Senhorita, está perdida? Precisa de ajuda?
Eles estavam me olhando e eu não sabia o que fazer, dizer que estava perdida exigia que eu falasse aonde morava pra que eles me levassem até lá, e olha a situação: Eu não sei onde moro porque eu não moro nesse século.
Na dúvida, se faça de idiota. Jungkook me ensinou isso e vou aplicar.
- Eu... Eu não sei...
Os dois se olharam e o barão fez um pequeno comentário.
- Kim... As roupas...
O mais novo olhou para o que eu estava vestindo pela primeira vez, lembrei dos costumes da época que aprendi na faculdade, os homens nunca olhavam pra nada além do rosto das mulheres. A sua fisionomia após ver meu pijama do Patolino ficou um pouco assustadora, ele se aproximou mais.
- Senhorita, você foi molestada? Por favor seja sincera comigo, eu arrancarei as bolas desse desgraçado!
- SENHOR! - O barão o repreendeu.
- Perdoe minhas palavras moça. - Ele desviou o olhar, achei fofo. - Mas preciso que me diga o que aconteceu para que eu possa ajuda-la.
- Eu não sei o que aconteceu comigo... Senhor... - Deveria me enquadrar a linguagem deles, não é? Vai que eu esteja cometendo um pecado a coroa se não o chamar de senhor. - Eu somente... Acordei aqui e... Vi vocês dois cavalgando.
Ele virou para o barão e o encarou.
- O que faremos? - Depois de me olhar de cima a baixo ele respondeu.
- Podemos leva-la para sua mãe, a duquesa. Ela saberá o que fazer. - Ele assentiu e voltou a olhar pra mim.
- Sabe ao menos o seu nome? - Acho que isso não tinha problema eu falar.
- Emilly, Emilly Clarke.
- A família Clarke se mudou há alguns anos... - ele pensou alto. - Consegue se equilibrar no cavalo senhorita Clarke? A levarei até a minha mãe, quando chegarmos eu consigo um médico para a senhorita, veremos se ele consegue fazer com que se lembre de mais alguma coisa, farei o possível para ajuda-la.
Assenti sem falar nada, desci com os dois até o lago para os cavalos beberem água e depois o Kim me ajudou a montar no cavalo, ele subiu atrás de mim.
- Segure aqui na frente sim? Não deixarei com que a senhorita caia, não se preocupe.
O barão foi na frente e nós seguimos atrás dele. Eu nunca havia andado de cavalo e tenho certeza que se tivesse comido alguma coisa eu teria vomitado. Tentei pensar em alguma coisa que não fosse estar indo pra um lugar desconhecido sem saber de nada, eu não queria dar um ataque de pânico, então me arrisquei conversar com o meu acompanhante.
- O senhor é filho da duquesa?
- Sim, duquesa de Devonshire. Como sabe? - Eu podia sentir seu peito vibrar em minhas costas enquanto ele falava.
- Ouvi o senhor conversando com o barão, qual o seu nome?
- Kim Taehyung, o barão a nossa frente se chama Min Yoongi. Ele é um pouco chato mas é uma ótima companhia.
Eu congelei em cima da cela do cavalo, me dando conta pela primeira vez do nome que o barão o chamava sempre.
Sir Kim.
Me lembrei da dedicatória do livro que estava agora em minha ha bolsa.
"Dedico esse livro em memória do próprio autor dele, meu melhor amigo e querido irmão Kim Namjoon. Você transformou corações enquanto vivo com sua presença e jeito de agir, agora transformará corações na posteridade com suas palavras.
Com todo o amor que você me ensinou a sentir...
Kim Taehyung, 1901"
- A senhorita está bem? - Ele sentiu minha tensão, com certeza.
- Estou bem. Você... É... O senhor poderia me dizer em que ano estamos? - Ele gargalhou baixo atrás de mim.
- Eu gostei mais do "você", mas não vou reclamar. Estamos em dezembro de 1861.
Mil oitocentos e sessenta e um. Eu estava no século XIX no ano de 1861. Com o irmão mais novo do meu escritor preferido sentado em uma cela de cavalo comigo enquanto eu estou vestida com um pijama do Patolino.
Aonde eu fui me meter?
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