Capítulo 17: Bruce
Spoiler: A fome se mata de muitas maneiras diferentes.
Quando acordei na barraca de praia, estava de lado, virado para as costas de Brian. Movi-me rápido, temendo que ele arrumasse confusão, insinuando que eu queria tirar uma casquinha dele. Foi quando percebi que não conseguia mudar de posição porque Clara me abraçava por trás.
Depois de muito me esforçar para virar de barriga para cima, ela despertou. Pensei que ficaria sem graça, assim como eu estava, mas ela apenas sorriu, se espreguiçando.
— Bom dia, cowboy.
Engoli seco, desconfortável com a situação.
Mais tarde, enquanto me vestia com as roupas secas da outra prova, Clara se aproximou. Eu estava sem camisa, atrás da barraca. Seus cabelos longos e o vestido azul dançavam com o vento, que, apesar do dia ter esquentado, continuava constante.
— Tudo bem, Bruce?
— Está, sim. Por que não estaria? — Respondi enquanto fechava o zíper da calça.
Ela analisou meu abdômen descaradamente, a ponto de me constranger.
— Então, Bruce... — hesitou. Protegendo os olhos do sol com a mão, olhou na direção dos outros participantes, que se afastavam, e voltou a me encarar com intensidade.
Comecei a vestir a camisa, sem nem abotoá-la, me apressando para alcançar os demais. Clara notou minha urgência e sorriu, sarcástica.
— Relaxa, Bruce. Não mordo... a menos que me peçam.
Sua ousadia me deixou sem ação por um momento, mas preferi sair marchando na areia. Porém, ela me seguiu.
— Obrigada por me esquentar à noite.
— Não tem de quê — rebati de forma seca.
— Sabe, Derek e eu temos um relacionamento aberto — comentou de repente, como se fosse algo que eu quisesse ouvir. Olhei de esguelha, ponderando se valia a pena responder. Apenas assenti.
— A Kathy confia em você?
Tomei uma rasteira com aquela pergunta. Na verdade, não tinha tanta certeza. Não sabia se admitirmos nossos sentimentos na lavanderia me deu a confiança como bônus, mas...
— Sim, ela confia.
— Hum... Derek também confia em mim. Porque amor de verdade é confiança. É isso que estamos buscando no Together Forever.
— Pensei que fosse pelo dinheiro — interrompi, cansado do discurso romantizado. Ela gargalhou.
— Óbvio que tem o dinheiro, Bruce. Mas chegamos numa fase em que queremos ultrapassar barreiras. Conquistar novas terras. Derek sabe que, não importa o que aconteça, eu sempre volto pra ele.
Sua voz tinha um tom quase hipnótico, como se esperasse que eu concordasse com cada palavra. Continuei em silêncio, doido para que ela mudasse de assunto, mas Clara era persistente.
— E você, Bruce? — Aproximou-se ainda mais. — Nunca teve vontade de ficar com outras mulheres? Talvez uma morena alta, totalmente o oposto da Kathy. — Ela roçou o braço no meu, provocativa.
Parei de andar e a encarei.
— Olha, Clara, já tive minha cota de aventuras. Mas agora estou no meu melhor momento, porque estou com a mulher que sempre quis. A Kathy. Então, não, não quero ficar com mais ninguém. Nem com uma morena alta, o oposto dela. Com a Kathy, já me sinto completo. E não quero mais falar sobre isso, entendeu?
Clara olhou ao redor, como se procurasse uma câmera. Certamente queria manter a fama de nunca ser rejeitada. Meu coração disparou ao imaginar Kathy assistindo às cenas da barraca. E se ela tivesse visto Clara me abraçando? As palavras dela poderiam soar como desculpas esfarrapadas, e não queria que ela duvidasse de mim. Eu precisava falar com ela.
Quando chegamos à mansão, já no jardim, os parceiros dos meus companheiros avançaram sobre eles com abraços e beijos. Procurei por Kathy e a vi surgindo pela porta da sala, com um olhar apreensivo. Eu a conhecia muito bem para não perceber o brilho nos olhos que desmentia qualquer dúvida: ela estava feliz em me ver, só não sabia como agir.
Um sorriso escapou dos meus lábios, seguido por um suspiro apaixonado. Então vi os ombros dela relaxarem antes que cruzasse o jardim apressadamente, vindo em minha direção. Não me contive e corri até ela. Eu acho que com ela seria sempre assim, me deixava em êxtase, querendo mais e mais.
— Eu senti tanta saudade — murmurei contra sua boca, com dificuldades, pois nossos lábios tinham vontade própria. Não queriam se desgrudar.
— Ah, eu também, Brooh... Nem consegui dormir, pensando em você. Eu só queria que amanhecesse logo. Mas demorou, viu? Sem você, é torturante.
— Quem diria que Kathy Morgan gostaria de estar perto de mim?
— Ah, para, seu bobo! — Ela me empurrou, mas riu, puxando minha mão para entrelaçar os dedos nos meus.
Os demais participantes já estavam longe, em volta da mesa da área gourmet. Kathy e eu caminhamos de mãos dadas contornando a casa pelo gramado úmido do orvalho, com aquele olhar pesado e um sorriso bobo estampado no rosto, típico de quem descobre o verdadeiro amor.
A mesa do café da manhã estava absurdamente farta. A produção parecia ter nos compensado pelo jantar peixe destemperado da noite anterior: ovos, bacon, cereais, panquecas, waffles, muffins, biscoitos... Tinha tudo e mais um pouco, incluindo sucos e cafés.
Minha fome, que não dava trégua desde madrugada, me mandava atacar o que via pela frente. Ainda tinha fome e não fazia ideia de qual seria a próxima dinâmica. Mas Kathy, com a cabeça deitada no meu ombro, estava mais interessada em outra coisa. Esfregava a minha coxa, como se testasse até onde podia ir.
Demorei a perceber que não era apenas carinho, era ansiedade. Ela queria algo. Soltei um suspiro baixo, peguei a sua mão e a levei discretamente onde ela queria tocar, mas estava receosa. Kathy mordeu os lábios, os olhos brilhando de expectativa, enquanto seus dedos finalmente alcançavam o que desejavam.
Eu já estava duro quando uma televisão desceu do teto, presa numa estrutura de metal preta, combinando com a decoração industrial do resto da casa. Ela ligou e Mark Evans apareceu, começou a falar alguma coisa que eu sequer tinha interesse. Kathy parou de me tocar pela distração. Fiz questão de mexer meu pau, um lembrete de alguém que tinha sido atiçado e agora não queria parar tão cedo.
Senti os dedos dela subindo até a braguilha da minha calça e abrindo o botão, enquanto ela mantinha os olhos fixos na TV como se estivesse prestando atenção. Uma combinação insuportavelmente sexy.
Então sua mão invadiu a minha cueca e envolveu meu pau, começando a me tocar numa pegada mais consistente e foi aumentando o ritmo gradativamente.
Apoiei os cotovelos na mesa, inclinei minha cabeça, tentando manter a compostura. Minha franja caiu sobre o rosto, cobrindo meus olhos, e eu aproveitei para fechá-los, lutando contra a vontade de soltar um gemido que entregaria o que fazíamos.
Tudo parecia sob controle até Kathy apertar com mais firmeza. O solavanco que dei na mesa fez todos os olhares se voltarem para mim. Até Mark parou sua explicação.
Kathy me soltou no mesmo instante. Tapei a "prova do crime" com a camisa e forcei um sorriso tímido, como quem diz "foi mal, por atrapalhar vocês aí, no que quer que estejam vendo."
Do outro lado da tela Mark Evans perguntou:
— Está passando mal, Bruce?
— Não, Mark. Tô bem... — Respirei fundo, eu estava queimando por dentro.
Kathy me olhou com um semblante de preocupação, já no papel de namorada atenciosa.
— Tem certeza, Brooh? Não está com febre, nem nada? — perguntou ela, colocando a mão que antes tinha me torturado na minha testa, de propósito, num gesto debochado de cuidado que quase me fez gargalhar.
— Tenho certeza — sussurrei, abraçando-a pela cintura e apoiando o queixo em seu ombro. Fiquei ali por alguns segundos, recebendo carinho, enquanto seus dedos brincavam com os pelos dos meus braços.
O discurso do apresentador continuou. Por dentro, eu gritava "Mark Evans, cala a boca e nos deixe em paz!"
E como se pudesse ler os meus pensamentos, ele começou a encerrar sua transmissão.
Movi os cabelos de Kathy para o lado e encostei os lábios em seu ouvido. Senti o seu corpo enrijecer, provavelmente causei nela um arrepio.
— Sabe, Kathy, estou louco por um banho... Você vem?
Vocês iriam para um banho com ele? kkkk Eu iria. Será que é isso que Kathy quer? kkkk
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