Capítulo 10: Bruce

Spoiler: sair de uma prova de resistência e encarar uma maior logo em seguida, é muita sacanagem.

No quarto, mais tarde, depois de assistirmos a vitória da Juana e do namorado, o silêncio tomou conta do espaço. Estávamos deitados, um ao lado do outro. Ela colocou alguns travesseiros entre nós, ignorando que éramos gravados. Virada de costas, cada curva do seu corpo me lembrava do quão perto e, ao mesmo tempo, distante ela estava de mim.

— Kathy? — chamei, a voz baixa e incerta.

Achei que ela tinha dormido. Entretanto, respondeu sem paciência:
— O que foi, McAllister?

Sua frieza me cortou, mas eu merecia. Respirei fundo.

— Você pode me desculpar?

Por um momento, ela ficou imóvel. Então, como alguém indefeso que avalia se é seguro se aproximar, virou-se devagar. Seus olhos me fitaram de esguelha, desconfiados, mas algo neles também parecia vulnerável.

— Você gosta de mim ou só é mesmo esse lance da atuação? — perguntou, sem rodeios, me deixando estarrecido.

— O quê? — Engoli em seco.

— Porque, se tivermos sentimentos envolvidos, talvez tenhamos que abortar o nosso plano. Não vou me envolver com nenhum homem agora. Ainda mais com você, Bruce... Tenho que focar na minha carreira. Muitas mulheres se apaixonam por caras que não valorizam elas, acabam deixando tudo para seguir a vida deles, depois são jogadas fora... Eu não quero isso para mim.

Então era assim que me via, como a sua ruína...

Isso doía. Eu não era mais aquele tipo de cara. Estava dando mais valor às coisas boas da vida, ainda mais após a morte do meu pai. Sabia o quanto era curta para gastá-la de maneira irresponsável. Eu estava sossegado. Não ficava com ninguém há um ano. E agora o "Bruce cafajeste" era só um personagem que me protegia de mostrar os meus sentimentos.

— Não, Kathy, eu... Eu...

— Está mentindo? Está gaguejando.

Eu me sentia preso numa sala de investigações. Não sabia o que responder. Ou talvez soubesse, mas não conseguia admitir nem para mim mesmo. Eu tinha medo de perdê-la outra vez.

— Não. Eu só...

— Bruce McAllister, me diz logo a verdade.

A verdade era que aquela chama invisível dentro de mim... a mesma que eu vinha tentando apagar desde o início, agora ardia de forma incontrolável. O que antes era só uma faísca havia se transformado em um vulcão prestes a explodir.

Ela se inclinou levemente, e sua proximidade tornou tudo ainda mais difícil.

— Bruce, aqueles seus carinhos... Aquilo era falso ou verdadeiro? Você está a fim de mim ou está atuando? Ou...?

— Ou?

— Esquece! — Kathy se sentou, nitidamente confusa, depois me olhou de relance. — Não vou ficar com medinho de te magoar. Você nunca esteve nem aí para ninguém... Só que precisamos fazer algo para reverter o jogo... Controle os seus sentimentos, garoto do Canyon!

As palavras dela foram um tanto enigmáticas.

Ela não quer me magoar, mesmo fingindo que não liga? Não quer que eu me apaixone, para não afetar o jogo? Hum...

Certo de que a tinha decifrado, respondi com firmeza:

— É só pela grana, Morgan... E por diversão, é claro.

— Diversão? — Ela balbuciou baixinho, depois seus olhos deslizaram ligeiramente pelo meu corpo.

Um produto na prateleira foi como literalmente me senti, mas adorei os indícios extremamente explícitos de que também me desejava.

Com um movimento rápido, suas mãos alcançaram a barra da minha blusa, arrancando-a com uma determinação que me deixou sem ar. Antes que pudesse reagir, Kathy subiu sobre mim e, com os olhos brilhando, sussurrou próxima à minha boca:
— Vamos fingir que estamos transando... Na prova de amanhã terá outra votação. Assim a gente conquista o público.

Perdi a capacidade de falar. Kathy Morgan sentada em cima do meu pau? Balancei a cabeça, completamente atordoado.

Ela ergueu o quadril, puxou o lençol, preso embaixo dela, e nos envolveu por inteiro, prendendo o tecido atrás da minha cabeça. Ficamos ali, olhando sem piscar um para o outro, até ela começar a se balançar.

Para frente, para trás, para frente, para trás... Que tortura do caralho!

Seus cabelos caíam sobre o meu rosto. Vê-la daquele ângulo, esbarrando a sua virilha na minha, quando perdia o equilíbrio... Eu não ia aguentar.

Fechei os olhos, tentando me concentrar, mas foi impossível.

— Você está ficando duro, McAllister.

Soltei uma risada debochada antes de encará-la.

— Lógico. Acho que sou humano, não um robô como você.

— Você é um ator, deveria ser profissional...

— Então deveria ter contratado um coordenador de intimidades para essa cena que você improvisou — rebati, com deboche.

Morgan estalou a língua, como se o que acontecia não fosse uma tentação para ela. Mas o sorriso no cantinho dos lábios não me enganava que se divertia por eu ser incapaz de disfarçar minha excitação. Kathy me tinha no controle e ela gostava.

Logo, aumentou a velocidade do seu movimento. Olhei para o espaço quase nulo entre nós. Meu pau pulsando por baixo da bermuda, implorando para ser tocado.

Quando ela arfou, meu Deus do céu, eu apertei os lábios, segurando um grunhido.

— Está suando, cowboy.

— Só porque estou morrendo de calor aqui embaixo da coberta... — murmurei, vendo as mechas dos seus cabelos também molhadas.

— Está cansada? Não está acostumada com o movimento?

— Claro, eu sou a única trabalhando aqui... Normalmente os caras com quem eu fico fazem o trabalho pesado.

— Se quiser, eu fico por cima, querida — rebati, vislumbrando seus mamilos sobressaindo na camiseta fina branca. Tudo o que eu queria depois de todo aquele sarcasmo era saber como estava a sua calcinha. — Tá molhada, Morgan? Tá?

— Hum?

Kathy se sentou em cima do meu pau, me encarando, como se estivesse decidindo para que direção iríamos.

Minhas mãos não perderam tempo. Primeiro acariciaram os seus quadris, depois foram direto para a sua bunda. Quando eu a puxei para mais perto, Kathy deitou a cabeça entre meu ombro e pescoço e gemeu bem baixinho. Acho que não queria que eu escutasse. Acho que não queria que eu soubesse que me queria. Porém, foi ela que começou a se esfregar em mim. Mordi meu lábio e soltei um grunhido, mas a minha reação despertou a sua lucidez.

De repente, ela se jogou para o lado, nos mantendo cobertos da cintura para baixo. Cheguei mais perto, assistindo o seu ofegar, sentindo o cheiro de condicionador nos cabelos loiros enrolados espalhados pelo travesseiro.

Coloquei o braço em volta da sua cintura e a encarei com desejo.

— Já acabou, Bruce, a encenação — disse, aflita. — Agora todos pensarão que sofre com ejaculação precoce.

— Ahn? — gargalhei. — Tenho testemunhas lá fora que podem desmentir.

Ela me empurrou e lançou um último sorriso de desprezo antes de virar de bruços, olhando para o lado oposto.

— Boa noite, garoto do Canyon.

Fiquei olhando para ela por um tempo. Ainda sentindo a tensão sexual reprimida. Quando senti sua respiração ficar leve, fugi imediatamente para o banheiro.

Apoiei uma das mãos na pia, tentando recuperar o controle. Sete minutos. Sete eternos minutos para apagar o fogo que ela havia acendido em mim. E, no fundo, eu sabia: aquele incêndio não acabaria tão cedo. Foi apenas um alívio momentâneo que encontrei.

Assim que voltei para o quarto, tudo estava silencioso, mas o som do meu coração batendo descompassado por ela ainda ecoava.

Eu estava me apaixonando novamente por Kathy. Ou, talvez, nunca tivesse deixado de amá-la.


Será que as coisas estão esquentando entre eles?

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