Páginas Amareladas
"São tão lindos...", Zayn pensava enquanto observava os livros dispostos na mesinha de centro do 'seu quarto'. Ainda era estranho chamar aquele espaço tão confortável e chique de seu, tudo era como um sonho que antes nunca pode sonhar.
O ambiente era equipado com tudo aquilo que poderia utilizar para seus cuidados pessoais, como um guarda roupa cheio de roupas limpas e macias, um banheiro com diversos produtos e toalhas (possuindo até mesmo uma pequena banheira) e um espaço onde poderia estudar... A mesinha de centro. No geral, todos aqueles "mimos" não eram tão necessários na visão corrompida de Zayn, já havia sobrevivido dormindo em ambientes sujos e úmidos completamente despido, e mesmo que sua vida tenha mudado se sentia estranho em possuir tanto do que nunca achou que pudesse ter.
As terras do Norte eram boas, e os alfas que se estabeleciam sobre elas se provavam melhores ainda. Tratavam todos os ômegas do Sul como se fossem importantes, como se a presença deles só tivesse a acrescentar na vida do bando.
Muitas coisas eram difíceis de absorver: a existência de diversos bandos, um passado antes do gene lupino e que agora eles poderiam fazer o que tinham vontade. Desejos reprimidos sendo redescobertos, e novas vontades aparecendo em suas mentes, uma euforia cautelosa pela parte desses novos membros da matilha – já que a vida nunca pareceu tão leve.
Zayn percebia que todos os tratavam como crianças que precisavam de ajuda, amor e cuidados – o que não era ruim. E sobre ele se recaíam os mesmos carinhos, porém com uma espécie de respeito por sua "autoridade" como chefe do pequeno grupo ômega.
Ser líder também estava se apresentando uma tarefa prazerosa, não mais difícil e perturbadora. Algumas coisas estavam sendo aprendidas por Zayn, ler era uma delas – o principal foco de seus esforços.
Então todos aqueles livros antes proibidos na casa de sua família estavam ao alcance das suas mãos, e em breve ao alcance de sua mente.
Durante a infância, no C.T., as letras do alfabeto e algumas palavras necessárias para o dia a dia doméstico foram ensinadas para a maioria. Aprender a ler e escrever o próprio nome era algo raro, poucos tinham esse privilégio "desnecessário", não conseguiam e não podiam ao menos ler histórias boas para dormir em seus "lares" no Sul.
Malik tocava levemente a marca sobre sua pele, simultaneamente ao que analisava o mesmo símbolo entre os títulos sobre a mesa.
"Z".
Aquela cicatriz era a última letra do alfabeto, e Zayn queria saber todas as letras até lá.
Aprender o "ABC" com as mulheres ômegas estava sendo incrível, elas eram amáveis e pacientes, logo conseguiria (de acordo com elas) até mesmo escrever! Era surpreendente o número de voluntárias para essa tarefa, o ômega prometeu a si mesmo perguntar o porquê no próximo encontro com elas.
Sua concentração visual estava na mesa com seus pensamentos vagando longe, mas em alerta para o corpo em sua cama. Niall cochilava amorosamente embrulhado em diversas cobertas, aparentando estar muito confortável na posição que se encontrava.
Desde que foram liberados do pequeno hospital pelo Dr. Styles, Malik vem cuidando de seu amigo gestante – insistindo que ficasse nas mesmas acomodações que ele pelo menos até o bebê nascer. Queria ficar de olho e garantir que tudo desse certo para o crescimento do filhote de Niall.
A animação era perceptível vinda dos ômegas e de todos que encontravam o loiro sorrindo e afagando orgulhoso sua barriga cheinha, Niall estava feliz porquê não pensava que seu filhote tivesse um futuro e chances para viver. E agora, ele seria criado em um lugar "mágico" e cheio de oportunidades. Certamente que seria um pai muito babão, nunca imaginou tamanha felicidade vinda de um ato tão perturbador.
Zayn queria garantir esse futuro para todos, e para isso estava se esforçando o máximo que lhe permitiam. Precisava se recuperar como os outros, porém já que conseguia se sustentar sobre duas pernas e dialogar normalmente estava em uma categoria menos delicada fisicamente.
Cuidaria do seu amigo para sempre se fosse preciso, era como um irmão para si. Não como seu terrível irmão de sangue, mas como um irmão de verdade deve ser.
A casa na qual estavam hospedados pertencia ao Líder Liam Payne, que insistiu nesse detalhe sob a justificativa de ser a casa dos chefes do bando. O Malik agora era chefe de sua pequena, e honrada, matilha.
Liam Payne se sentia diferente sobre aquele ômega, sua força e determinação eram impressionantes. Talvez o Líder do Norte não admitiria isso em voz alta, por receio de ser entendido mal, porém Zayn Malik era o Líder mais forte que já havia conhecido.
Forte psicologicamente, uma das mais cobiçadas características.
Cuidou dos seus em situações sub-humanas abomináveis, suportou sua dor e suas lágrimas para manter aquelas doces "crianças" com alguma estrutura para resistirem, renegou auto cuidados para estar junto de seu amigo grávido... Esse ômega era alguém que o alfa gostaria de ter por perto, não só para auxiliá-lo em aspectos que antes lhe eram privados, mas para aprender com ele.
Pensando nisso, havia comunicado o bando sobre sua decisão de incluir o ômega em todas as reuniões do concelho, já que agora representava uma parte importante e delicada da matilha. Não houve objeções sobre isso, todos concordaram com o Líder, aqueles ômegas precisavam de voz e espaço para viverem.
E o Dr. Styles trabalhava sobre a voz física ainda em sigilo dos ômegas, estava esperando o momento certo para a grande notícia.
Zayn ainda observava os livros, sentado ao lado da grande cama em que o amigo descansava. Estava distraído e tentando imaginar o que estaria escrito naquelas páginas amareladas, o que iria descobrir, e o que contaria aos seus "irmãos".
Repentinamente sentiu um cheiro forte no quarto, um cheiro alfa... Essa afirmação em sua mente o fez dar um pulo e ir mais para perto da cama. Então ouviu uma voz serena e firme ressoar no cômodo:
— Me perdoe se lhe assustei, bati na porta e não escutei respostas – o Líder Liam Payne disse sincero.
— Tudo bem... Estava apenas olhando os livros – Zayn respondeu no tom baixo e cauteloso que foi ensinado utilizar na presença de um alfa.
— Vim aqui para te levar à reunião, é sobre algo importante – Payne sorriu amigavelmente –, sua opinião vai ser extremamente importante e creio que o assunto que irá ser tratado lá irá animar seus irmãos ômegas.
Um brilho surgiu nos olhos castanhos amarelados de Zayn, algo que fez o coração de Liam falhar uma batida. "Minha opinião é importante" – ouvir o Líder Alfa do Norte dizer com todas as palavras que sua opinião era requisitada mexeu com todas as moléculas de seu corpo, era bom ouvir isso, principalmente vindo do Supremo Payne.
— Eu... Bem... Só vou avisar o Niall que estou saindo, para não deixá-lo assustado por acordar sozinho – pigarreou nervosamente –, vamos demorar muito? – "será que eu deveria ter perguntado?", questionava se sua curiosidade irritaria o alfa.
— Tudo bem, pedi para que uma das ajudantes beta – enfatizou para não preocupar o ômega – trazer um copo de leite com alguns doces para ele. O filhote pode acordá-lo com fome, e talvez açúcar possa o relaxar um pouco.
— O bebê vai acordar ele? – arriscou mais uma pergunta.
— Os papais e mamães ômega tem esse dom, o dom de sentir quando seus filhos precisam de alguma coisa enquanto estão dentro de seus corpos... E na maioria das vezes até quando estão andando seus próprios passos – tentou responder de maneira simples e suave.
Para Zayn, Liam parecia ser doce, calmo e bom, mas não queria arriscar em baixar a guarda tão depressa. Aprendeu, da maneira mais difícil, a temer a força dos alfas e a nunca subestimá-los...
— Vou estar no corredor, e quando estiver pronto iremos – concluiu Liam.
Assim que Payne se retirou do quarto, Malik acordou Niall gentilmente lhe explicando para onde iria e sobre a beta que levaria alimento para ele – e fez uma observação sobre saber que ele podia se "comunicar" com o bebê, e que o Líder do Norte quem contou para ele. O pequeno ômega loiro apenas concordou com a cabeça, fazendo alguns sons estranhos pela garganta (que significavam entendimento) voltando a cochilar.
O ômega de cabelos escuros apenas trocou rapidamente de sapato, substituindo o chinelo que usava por uma espécie de sapatilha mais "formal". Queria causar uma boa impressão para quem quer que fosse estar nessa reunião, sua opinião era importante de acordo com o líder, então ele tinha que parecer um pouco importante também.
Assim que passou pela porta, e a fechou para o conforto e segurança de seu amigo, se deparou com o alfa lhe esperando como o prometido anteriormente pelo mesmo. Olhares se cruzaram e sorrisos simples foram trocados, andaram pelo corredor dos quartos em silêncio, um ao lado do outro, com as mãos quase se encostando...
•••
Oie!
Espero que tenham gostado do cap!
E bem, eu tive uma ideia aqui. Já que o tema é no geral pesado durante o enredo, e vejo que vocês não comentam e não interagem muito, vou tentar colocar em todo final de capítulo uma pergunta aleatória para aliviar a tensão kkkkkkk.
(Please não me deixem no vácuo)
Pergunta: Qual a descendência de vocês?
Minha resposta: Eu tenho certeza que tenho portuguesa e italiana, porém tenho uma bisa que parecia ter parte indígena. Em rumores familiares, também desconfio de algo parte alemã e espanhola (bem miscigenada, como o Brasil é kkkkkkk).
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