Dois Alfas

A locomoção das vítimas até o novo lar foi um sucesso. O líder agora só se preocupava em recuperar a saúde física e mental dos novos integrantes da família.

Sim, família.

Payne considerava todos da sua matilha sua família. Ali todos eram iguais, e aqueles ômegas que não tinham amor agora teriam um lar.

As vítimas estavam amedrontadas e fugiam dos toques, demorou para que as enfermeiras e o médico conseguissem passar o mínimo de confiança para o início dos tratamentos. O problema é que não sabiam o que exatamente havia acontecido com aquelas pobres crianças, e o único que podia se comunicar (por motivos desconhecidos) era o "Z" – como foi apelidado por sua cicatriz –, o único ômega que falava e o que mais desconfiava deles.

Z agia como um líder e todos podiam ver que ele faria de tudo por seu pequeno bando. Talvez eles fossem rebeldes e suas punições fossem torturas terríveis e ocasionalmente assassinatos pela floresta.

Porém, aquele grupo não parecia perigoso. Todos eram magros, de aparência doente e frágeis por natureza – precisariam de meses para conseguirem estar recuperados fisicamente.

As terras do Norte eram totalmente diferentes das do Sul, mas não por suas características geológicas, isso estava relacionado a como cuidavam do lugar e viviam nele. Essa diferença fez com que alguns dos ômegas resgatados ficassem admirados na chegada, eram construções claras, pessoas sorrindo acolhedoras em suas direções; entre outras coisas que mostravam que talvez as palavras do Supremo Norte não fossem uma completa mentira.

No entanto, era difícil abaixar a guarda. Esse povo era algo incomum aos seus costumes.

Viviam em uma espécie de sociedade igualitária, entendendo suas diferenças e convivendo pacificamente. Uma grande surpresa for ver alfas fêmea no meio dos outros cidadãos, não viam ômegas macho (era compreensível, pois essa classificação era uma maldição rara).

Todos ali pareciam poder escolher o que queriam ser. Uma coisa totalmente inimaginável aos do Sul.

No início do povoamento daquela região existiam dois Alfas. Um deles era um híbrido de lobos mais sociáveis e de hábitos diurnos, o outro era mais individualista e preferia à noite. Com essa percepção os dois resolveram se estabelecer em determinada parte do local que haviam acabado de chegar, criando assim as matilhas Norte e Sul.

Durando muito tempo eles foram amigos, e mesmo depois de sua morte o vínculo entre as duas matilhas era forte, tornando-se comum as migrações e os relacionamentos entre eles. Porém, depois de tanto tempo de paz um dos herdeiros do Supremo do Sul resolveu quebrar esse vínculo, esse foi o pai de Yeaser Malik.

Logo as relações ficaram sombrias e turvas. Não haviam mais migrações para o Sul ou Norte e os habitantes liderados pelos Malik foram "escondidos" dos olhares curiosos. O que antes era uma amizade antiga e bonita entre os Malik e os Payne foi corrompida por alguém de coração ruim, condenando pessoas que não mereciam.

Liam Payne tentava descobrir que regras esses garotos eram obrigados e seguir no Sul, que imposições sociais foram submetidos? Tentaria unir novamente as matilhas e junto de seu povo impedir que o que quer estivesse acontecendo nunca mais voltasse a ocorrer.

Precisavam saber o que havia acontecido para tratarem da maneira correta os pequenos ômegas. Não podiam examinar aqueles corpos sofridos como bem entendessem, já foram abusados o suficiente e fazer isso sem o consentimento dos mesmos não iria ser bom para eles.

Z, depois do curto diálogo com Liam, não se manifestou mais em palavras. Mas seus olhos vigiavam seus amigos, de modo que verificasse se o que Payne disse para si estava sendo cumprido..

Mesmo contra a vontade de muitos ali, teriam que forçar um diálogo com o garoto (suposto filho de Yeaser) para que pudessem ajudar efetivamente. Tentariam não parecer assustadores ou perigosos.

O pessoal da área da saúde olhava com pena e afeto para os garotos, pareciam muito puros mesmo depois do que sofreram. Quando entraram nas terras do Norte uma comoção passou por todos que ali estavam e viram os garotos, os instintos de proteção se afloraram em betas, alfas e ômegas. Se assemelhavam muito a crianças, e era visível que os corpos encontrados na floresta pertenciam a garotos como eles.

Para conseguirem descobrir a história foram selecionados algumas pessoas para o interrogatório: Harry Styles(que faria as perguntas), Louis Tomlinson(um beta que trabalhava na enfermagem junto com o Dr.Styles) e Liam Payne(que como líder tinha que estar presente e depois passar as informações necessárias para o resto da matilha). Z os olhava com medo e desconfiança, se mantendo em posição subimissa encolhido da maneira que podia sentado no sofá da pequena sala escolhida para isso.

Os ômegas ainda não haviam se banhado, somente foi tratado os ferimentos mais graves e higienizando os locais, e também receberam algumas camisolas de hospital para cobrirem a nudez enquanto não possuíam roupas. Então o cheiro que emanava do pequeno ômega de cabelos escuros era forte, uma mistura asquerosa de sangue, terra e sêmen... Porém, logo ele poderia se banhar e ganhar roupas descentes.

Precisavam dessa conversa para que Z pudesse transmitir aos outros uma mensagem de acolhimento, e os dizer que podiam confiar nas pessoas que iriam cuidar deles. Teriam o melhor tratamento possível, e algumas ômegas maduras iriam se encarregar de ajudá-los com as necessidades físicas e de higiene, pois poderiam transmitir um sentimento mais materno aos garotos e dificilmente seriam rejeitadas por eles.

— Olá, sou o Dr.Styles, mas pode me chamar de Harry. Esse é um dos meus enfermeiros – apontou para Louis – e este é nosso Líder, que que já conheceu. Poderia nos dizer seu nome?

— Zayn...Malik – mesmo sendo um grande alfa, Zayn estava se sentindo confortável em dialogar com ele, pois diferente do Supremo Norte, Harry não tinha uma aparência intimidadora.

— Okay Zayn. Preciso fazer algumas perguntas para você, sei que deve ser muito difícil se abrir para completos desconhecidos, porém só queremos te ajudar. Fazer o possível para que seu bando fique saudável e feliz, sim? Cuidaremos de vocês.

— Meu bando... Foi embora. Nos abandonaram. – Disse com a voz baixa e meio falhada, ainda testando o tom que poderia usar para falar com eles. O tristeza ainda era grande.

— Os que partiram não eram seu bando. Esses ômegas são, são sua família. Você é o líder deles, Zayn.– o Supremo Norte disse em sua direção, Zayn não sabia o porque, mas gostou de como seu nome saiu dos lábios do alfa, s também gostou de como se referiu a ele como alguém importante, alguém capaz.

— Líder. Sim...

Harry depois de perceber essa brecha voltou a falar mansamente:

— Sabemos que eram muito mal tratados lá. Eu, como médico, gostaria que você nos contasse sua história, sua vida, para que possamos entendê-los e atende-los da melhor forma possível.

— O que vão fazer comigo depois? – O desespero era visível na voz.

Ele não poderia morrer e deixar o que restou da sua família na mão de pessoas que ele não conhece e que poderiam fazer coisas muito piores que os do Sul, como queimá-los vivos.

— Cuidaremos de você assim como cuidaremos deles. – Louis se pronunciou maternalmente.

— E se não gostarem do que vão ouvir?

— A culpa não é de nenhum de vocês, não importa o que descobrirmos. A vida aqui vai ser diferente de como era lá.

Então Zayn Malik, com as palavras de Louis Tomlinson, sentiu-se como se estivesse quase sufocado de palavras que antes não podia dizer. Precisava contar sua vida, no máximo de detalhes que pudesse, pois talvez eles pudessem realmente ajudá-los.

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