📌 capitulo 9 - Sombras e Perdão
Capítulo 9 - Sombras e Perdão
O vento frio do entardecer soprava entre as árvores, carregando o cheiro úmido da terra e das folhas secas espalhadas pelo chão. Theo caminhava lentamente pelo cemitério, segurando um buquê de lírios brancos em uma das mãos. Seu coração batia pesado dentro do peito, e cada passo parecia arrastar anos de culpa e arrependimento.
Ele nunca teve coragem de voltar ali.
Mas agora, depois de tudo que viveu—depois de encontrar uma razão para seguir em frente—ele sabia que precisava encarar o passado.
Quando chegou diante das três lápides alinhadas, sentiu um nó na garganta.
Michael Raeken
Evelyn Raeken
Tara Raeken
Os nomes estavam gravados na pedra fria, imortais e inalteráveis. Eles não eram apenas memórias; eram marcas de tudo o que foi tirado dele.
Mas, enquanto olhava para os túmulos, algo o incomodou.
Uma sensação estranha, como se houvesse algo faltando.
Ele franziu o cenho.
— Eu… — sua voz falhou, e ele precisou engolir em seco antes de tentar novamente. — Eu sinto muito.
O silêncio do cemitério parecia amplificar suas palavras, tornando-as ainda mais pesadas.
— Eu nunca deveria ter demorado tanto pra vir aqui.
Ele passou a mão pelo rosto, respirando fundo.
— Pai… mãe… — Ele fechou os olhos por um instante. — Eu não sei se vocês teriam orgulho do que eu me tornei. Provavelmente não. Eu fiz coisas horríveis. Coisas que eu nunca deveria ter feito.
Seus olhos foram até o túmulo de Tara.
— E você me avisou, não foi? Me disse que isso não ia acabar bem. Que eu ia me arrepender.
Theo soltou uma risada amarga.
— Você sempre foi a inteligente. Sempre soube das coisas antes de mim.
Ele passou os dedos pela lápide, sentindo a textura fria da pedra.
— Eu achei que estava sendo forte, Tara. Achei que estava me tornando alguém importante. Mas tudo o que eu fiz foi me tornar um monstro.
O silêncio que seguiu foi ensurdecedor.
Theo abaixou a cabeça, apertando os olhos para conter as lágrimas que ameaçavam escapar.
— Mas eu estou tentando mudar. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Pela primeira vez em anos, eu tenho algo que me faz querer ser melhor.
Liam.
Ele foi a única pessoa que realmente olhou para ele e enxergou mais do que apenas um assassino.
Theo suspirou, endireitando-se.
— Eu só queria que vocês soubessem disso. Que, mesmo depois de tudo, eu não esqueci vocês.
Ele ficou ali por mais alguns minutos, deixando a brisa gelada envolver seu corpo.
Mas então, um arrepio percorreu sua espinha.
A sensação de que algo estava errado.
Seus olhos se moveram de um túmulo para outro, e uma pergunta surgiu em sua mente.
Não está faltando alguém?
Theo franziu o cenho, sua respiração ficando pesada.
Ele sentiu um incômodo estranho, como se estivesse à beira de lembrar algo muito importante, algo que estava ali dentro dele, mas que sua mente se recusava a alcançar.
Alguém deveria estar aqui.
Mas quem?
Seu coração acelerou. Ele olhou ao redor, como se procurasse outra lápide, outra prova de que aquela sensação não era só coisa da sua cabeça. Mas não havia nada. Nenhum outro nome. Nenhuma outra lembrança.
Era como se... alguém tivesse sido apagado dali.
Ele deu um passo para trás, sentindo uma leve tontura.
Foi quando percebeu.
Uma sombra se movendo rapidamente entre os troncos das árvores próximas.
Seu corpo enrijeceu.
Ele se levantou num instante, seus instintos de sobrevivência assumindo o controle.
— Quem está aí?
Nenhuma resposta.
Ele deu alguns passos para frente, tentando focar melhor sua visão. Mas assim que pisou no chão úmido, a figura desapareceu.
Theo franziu o cenho, seu coração ainda martelando dentro do peito.
Aquela sensação de ausência, de algo faltando...
Ele olhou uma última vez para os túmulos de sua família antes de murmurar:
— Eu volto logo.
E, com isso, ele se afastou, sem perceber que, gravado no fundo da sua mente, um nome esquecido tentava emergir.
Um nome que alguém—ou algo—não queria que ele lembrasse.
[....]
Liam estava na última aula, tentando se concentrar no que o professor dizia, quando sentiu seu celular vibrar no bolso. Discretamente, ele o pegou e viu a mensagem de Scott.
Liam suspirou e rapidamente digitou uma resposta.
Ele guardou o celular e se virou para trás, sussurrando para Mason.
— Scott chamou todo mundo pra uma reunião no loft do Derek.
Mason arqueou uma sobrancelha.
— Ih, coisa séria então.
Liam balançou a cabeça e puxou o celular novamente, enviando uma mensagem para Theo.
Liam sorriu e guardou o celular, tentando prestar atenção no resto da aula, mas sua mente já estava longe, ansiosa para ver Theo.
Assim que o sinal tocou, Liam e Mason saíram para o estacionamento. Não demorou muito para avistarem a van de Theo estacionando. O motor ainda estava ligado quando Liam abriu a porta e pulou para o banco do passageiro.
Mason entrou logo atrás, se acomodando no banco traseiro.
Liam olhou para Theo e sorriu.
Sem pensar muito, ele se inclinou e deu um selinho no namorado.
— Oi.
Theo retribuiu o sorriso, mas antes que pudesse dizer algo, Mason pigarreou alto.
— Wow, wow, wow! — Ele exclamou, segurando o riso. — Eu tô bem aqui, sabiam?
Liam arregalou os olhos e sentiu seu rosto esquentar. Ele tinha esquecido completamente que Mason estava ali.
— Merda… — murmurou, cobrindo o rosto com as mãos.
Theo riu, ligando o carro.
— Relaxa, lobinho. Não precisa ficar vermelho.
Mason apenas cruzou os braços, divertindo-se com a cena.
— Eu sabia que vocês estavam ficando, mas agora ver ao vivo é outra coisa…
Liam bufou.
— Dá pra calar a boca?
O carro seguiu em direção ao loft de Derek, mas Liam notou que Theo estava mais quieto do que o normal. Seu olhar parecia distante, perdido nos próprios pensamentos.
Ele franziu o cenho.
— Tá tudo bem, Th?
Theo piscou algumas vezes e rapidamente colocou um sorriso no rosto.
— Sim, só… coisas bobas.
Liam o encarou por um momento, tentando decifrá-lo, mas Theo logo desviou o olhar para a estrada.
— Não quero te preocupar com isso agora.
Liam queria insistir, mas sabia que Theo só falaria quando estivesse pronto. Então, apenas assentiu e tocou de leve na perna do namorado, oferecendo conforto silencioso.
Quando estavam perto do loft, Theo olhou para Liam com um sorriso de canto.
— Tem certeza que quer me levar pra essa reunião da matilha, lobinho? Eles não parecem gostar muito de mim… e agora ainda tem o fato de que estamos “tendo um lance”.
Liam revirou os olhos.
— Parvoíce. Eles não podem me impedir de estar com meu namorado.
Theo arqueou uma sobrancelha, um brilho divertido nos olhos.
— Namorado, é?
Liam congelou por um segundo.
— Eu… não foi isso que eu quis dizer…
Seu rosto ficou completamente vermelho, e Mason caiu na gargalhada no banco de trás.
— Mas foi exatamente isso que você disse! — Mason provocou.
Liam olhou feio para o amigo.
— Você não tá ajudando, Mason.
Theo apenas riu, claramente gostando da situação.
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