📌 capítulo 22 - Eles precisem sumir

  Capítulo 22 - Eles precisem sumir

Liam saiu da escola com um sorriso leve, se despedindo dos amigos. Masson, Corey e Nolan estavam animados, parabenizando-o pelo namoro e pela gravidez. Quando ele avistou o carro de Theo estacionado do outro lado da rua, o sorriso se alargou ainda mais. Theo estava esperando por ele, e isso lhe dava uma sensação reconfortante, como se tudo estivesse, de algum modo, se encaixando, apesar das dificuldades.

Ao abrir a porta do carro e se acomodar no banco, Liam percebeu que algo estava errado. Theo não estava sorrindo como de costume. Seu rosto estava tenso, os olhos fixos no horizonte.

— O que aconteceu, meu amor? — Liam perguntou, tocando o ombro de Theo.

Theo respirou fundo, sem olhar diretamente para ele. A conversa com Avery ainda martelava em sua cabeça. A dor era difícil de suportar.

— Eu... Eu estava pensando em algumas coisas. — Theo finalmente disse, a voz baixa.

Liam franziu a testa, preocupado. — Que tipo de coisas?

Theo olhou para ele, o rosto pálido, os olhos carregados de emoções conflitantes. — Conversei com a Avery hoje. Ela... me contou algo.

Liam, surpreso, segurou as mãos de Theo com força. — O que ela disse?

Theo hesitou. A dor e o medo ainda estavam visíveis em seu rosto. — Ela admitiu que foi ela quem me entregou para os Dread Doctors. Fez isso por inveja de mim e da Tara. Queria chamar atenção. Ela não sabia o que estava fazendo.

Liam sentiu o peito apertar. Ele sabia que Theo estava destruído, e não queria ver seu namorado sofrendo assim.

— Theo... — Liam sussurrou, segurando o rosto de Theo com ambas as mãos. — Não é sua culpa. Ela era só uma criança, e você não teve escolha.

Theo fechou os olhos, sentindo o nó na garganta. — Ela podia ter feito mais. Podia ter me protegido. Mas não fez. E agora minha família... está toda despedaçada. Minha irmã, minha mãe... tudo acabou.

Liam apertou mais forte, tentando transmitir toda a sua força. — Eu sei que é difícil, mas você não está sozinho. Eu estou aqui. E juntos, vamos superar isso.

Theo respirou fundo, lutando contra as lágrimas. Ele precisava ser forte, por Liam, por ambos. Mas a dor ainda era intensa.

Liam sorriu, tentando quebrar o clima tenso. — Hoje eu vou contar tudo à minha mãe. Vou contar que sou lobisomem e que estamos esperando um lobinho. — Ele olhou para Theo com um sorriso suave. — Theo, a única coisa que eu quero é ser feliz ao seu lado. Não importa o que aconteça.

Theo hesitou por um momento, mas viu a sinceridade nos olhos de Liam. — Você tem certeza disso? Está disposto a contar à sua mãe?

Liam não hesitou. — Sim, já está na hora de sermos francos com ela.

Theo, com um sorriso triste, colocou uma mão na nuca de Liam e o puxou para um beijo rápido. Era um beijo silencioso, mas cheio de promessas e sentimentos, um selar de tudo o que estavam dispostos a enfrentar juntos.

Quando se separaram, seus olhares se encontraram novamente. Liam, com um sorriso tímido, murmurou: — Eu te amo, Theo. Mais do que qualquer coisa.

Theo sentiu o peito apertado. Ele sorriu, ainda tocando o rosto de Liam. — Eu também, meu lobinho.

E com essas palavras, Theo puxou o câmbio para a marcha, começando a dirigir pela estrada. Mas, ao passar pela reserva de Beacon Hills, algo estranho aconteceu.

De repente, uma figura apareceu na frente do carro. Era rápida demais para ser humana, vestindo um capô escuro que ocultava seu rosto, quase como uma sombra na noite.

Theo freou bruscamente, o som dos pneus tentando parar sobre o asfalto molhado foi abafado pelo peso do impacto.

O carro deslizou, derrapando até bater contra uma árvore com força. O impacto foi tão violento que o carro sacudiu. O som da batida ecoou pela floresta.

Theo foi lançado para frente, a cabeça batendo contra o volante. Atordoado, ele olhou para Liam, que estava pálido, com sangue escorrendo da cabeça.

— Liam! — A voz de Theo se encheu de desespero. O cheiro de fumaça começou a invadir o ar, e o pânico tomou conta dele.

Theo abriu a porta do carro, puxou Liam para fora, sentindo o corpo frágil do namorado em suas mãos. Antes que pudesse fazer mais alguma coisa, o carro explodiu com um estrondo ensurdecedor, iluminando a floresta. O calor das chamas quase queimou sua pele, mas ele não hesitou. Com Liam nos braços, correu para longe da explosão, os passos pesados, mas determinados.

— Fica comigo, Liam! — Theo murmurou, tentando ver se ele ainda estava consciente. Liam estava pálido, os olhos semiabertos, com uma expressão de medo.

Theo apertou os passos, a cansaço queimando suas pernas, mas ele não ia parar. Não enquanto ainda estivesse carregando Liam.

Liam, ainda atordoado, abraçou o pescoço de Theo com força, tentando entender o que estava acontecendo, mas o medo o paralisava.

— Theo... o que... o que está acontecendo? — Sua voz estava fraca, cheia de pânico.

— Não sei... mas temos que sair daqui! — Theo gritou, já sabendo que algo os estava caçando.

Quando sentiu que não podia correr mais, parou. Colocou Liam cuidadosamente contra uma pedra, sentindo o cansaço tomar conta. Ele olhou para o rosto de Liam, tentando avaliar o estado dele. Estava pálido, e o sangue escorria pela testa, mas parecia consciente.

— Liam, olha pra mim — disse Theo, a voz baixa, tentando manter a calma.

Liam olhou de volta, um sorriso fraco no rosto. Não precisavam de muitas palavras. Theo sabia o que ele queria dizer: estava ok, mesmo que não estivesse.

Theo segurou a mão de Liam e, sem pensar, usou sua energia para aliviar a dor. As veias em seus braços ficaram visíveis por um momento, enquanto ele tentava amenizar os efeitos da batida. Liam fechou os olhos por um segundo, respirando mais fundo, como se sentisse o alívio.

Theo passou a mão pela testa de Liam, tocando sua pele fria, e sem dizer nada, o beijou na testa, um gesto simples, mas que dizia tudo. Não havia mais tempo para dúvidas ou palavras.

Ele pegou o celular rapidamente e mandou uma mensagem para Lydia.

"Estamos na floresta, perto da reserva. Algo está nos caçando."

Antes de guardar o celular, uma força repentina arrancou o aparelho de suas mãos. Theo olhou para a criatura que apareceu na frente deles, rápida e sombria. O instinto de proteção foi imediato. Ele rugiu e atacou, suas garras cortando a criatura com precisão. Mas ele não podia perder tempo. O perigo estava bem ali.

— Liam, vamos! — Theo gritou, pegando Liam de volta nos braços e começando a correr. Ele não sabia o que mais estava à espreita, mas não ia parar.

Cada passo era mais rápido que o anterior. Ele não podia deixar nada acontecer a Liam.

— Fica comigo, vamos sair dessa — disse Theo, a voz grave, enquanto corria pela floresta, mais focado em manter Liam seguro do que em qualquer outra coisa.

                            [...]

Theo e Liam estavam encostados atrás de uma pedra, suas respirações pesadas e descompassadas. A floresta ao redor estava em silêncio absoluto, mas o medo parecia um peso esmagador no ar.

Liam tremia. Seus dedos apertavam a barriga com força, como se isso fosse de alguma forma proteger o bebê, mas o pânico estava estampado em seu rosto.

O medo de morrer ali, de perder o filho, consumia cada parte dele. Ele mal conseguia se manter em pé, e Theo podia sentir isso em cada movimento que ele fazia.

O peito de Theo se apertava, e a sensação de impotência queimava como fogo. Ele tinha que manter a calma. A vida de Liam dependia disso. Ele respirou fundo, tentando afastar o terror.

— Temos que sair daqui, Liam...

A voz de Theo foi baixa, tensa, e ele segurou a mão de Liam com força, como se não pudesse imaginar a possibilidade de soltá-lo. Não poderia perder Liam agora. Não poderia.

Liam olhou para ele, os olhos marejados, mas não conseguiu falar. O medo o paralisava. Ele apenas balançou a cabeça.

Theo sabia que o momento havia chegado. Ele não podia mais hesitar. Ele puxou Liam com cuidado, mas antes que conseguisse dar mais um passo, algo puxou o pé de Liam para fora de seu alcance, uma força invisível e brutal vinda das sombras.

Theo viu o corpo de Liam ser arrastado para trás com uma força implacável. Seu estômago revirou de horror. Ele não podia deixar isso acontecer.

— Liam! —  Theo gritou em desespero. Ele rugiu alto partindo para cima da besta, mas ela era mais rápida.

O som da respiração de Liam, ofegante e desesperado, ecoava na mente de Theo, e o terror tomava conta de seu corpo. Theo tentou atacar, mas suas garras arranhavam a criatura sem efeito. Tudo o que ele conseguia ver era a dor nos olhos de Liam, o sofrimento estampado em seu rosto. E ele não podia fazer nada.

— Não... não, Liam! — Gritava Theo, a voz cheia de raiva e impotência.  A criatura sorria, como se se alimentasse do sofrimento de Theo, e Liam lutava contra o pescoço apertado, já sem forças.

Theo se desesperava, e tudo ao seu redor parecia ir em câmera lenta. O medo o esmagava, quase o sufocava, enquanto ele tentava em vão salvar Liam.

Liam, com os olhos já quase fechados, tentou se mexer, tocando o pescoço onde as garras da criatura o prendiam.

Foi então que uma lâmina cortou a criatura, que se desfez em fumaça diante dos olhos de Theo. Sem pensar, ele correu até Liam, que caía, sem forças para se sustentar.

Com as mãos trêmulas, Theo o levantou, mas seu coração estava batendo tão rápido que ele quase não conseguia respirar. Ele apertou Liam contra si.

— Fica comigo, Liam... por favor, fica comigo. — A voz de Theo saiu quebrada e cheia de desespero, ele não sabia o que faria sem ele. Não sabia como seguir sem Liam ao seu lado.

Liam, ainda com os olhos semiabertos, tentou tocar o rosto de Theo. Sua voz saiu tão fraca que quase se perdeu no ar, mas as palavras de Liam foram suficientes para dilacerar o peito de Theo.

— Não é sua culpa amor... — Ele sussurrou, mas seu olhar estava mais sereno, como se estivesse tentando confortá-lo. — Aquela besta...
Era... era muito forte...

Theo, com as mãos trémulas, apertou Liam mais forte. Ele queria curá-lo, tirar toda a dor dele. Sentia as veias negras de seus braços começando a pulsar, e instintivamente, suas mãos brilharam com a energia do Alfa, puxando a dor de Liam para si.

— você não devia ter que passar por isso. Eu devia ter sido mais rápido, Liam. — Sua voz falhou, e ele sentiu a dor de não ter conseguido proteger a única pessoa que amava.

Liam se agarrou a Theo, sua mão um pouco trêmula tocando o peito dele.

— Isso agora não importa... o que importa é que estamos vivos, Theo. isso é tudo que importa Lobão.

Theo, com os olhos cheios de lágrimas apertou Liam contra si com ainda mais força, beijando a sua testa.

Foi quando os passos apressados chegaram. Lydia, Corey, Nolan e Avery apareceram, com as expressões sérias. Eles não disseram nada de imediato, mas a tensão era visível.

Lydia olhou para Theo e Liam, a preocupação estampada em seu rosto.

— Theo, Liam... precisamos de um plano. Não podemos ficar aqui. Não estamos seguros.

Avery, com sua expressão de sempre, se aproximou. — Eles têm que desaparecer. Se querem uma chance de viver uma vida normal... e manter o bebê a salvo... precisam sumir. Precisam desaparecer completamente.

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