📌 capítulo 17- Grávido???

Theo e Liam entraram no consultório veterinário, com os olhos procurando por Deaton. Porém, ao cruzarem a porta, se depararam com Lydia, encostada no balcão, com um olhar atento que parecia ser um mix de curiosidade e preocupação.

— Lydia? O que você tá fazendo aqui? — Liam perguntou, franzindo o cenho, claramente surpreso ao vê-la ali.

— Bem, eu vim porque alguém — ela olhou diretamente para Theo, os olhos estreitando-se — me contou que você andava passando mal. Achei melhor dar uma força e acompanhar vocês. — Antes que Liam pudesse dizer qualquer coisa, ela já estava ao seu lado, envolvendo-o em um abraço apertado. — Como você tá? Melhorando?

— Eu tô bem, Lydia. — Liam respondeu, sentindo-se um pouco sem jeito com o gesto. — Foi o Theo que insistiu em me trazer aqui, mesmo eu dizendo que não era nada demais.

Theo bufou, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha em sinal de desconfiança.

— Não era nada demais? Liam, você tem vomitado há dias e está mais pálido que um fantasma!

— Eu não tô pálido, Theodore! — Liam rebateu, irritado, sua voz tremendo levemente.

Deaton, que observava a cena com calma, fez um aceno discreto. Sem perder tempo, ele fechou a porta da clínica e gesticulou para que os três o seguissem até os fundos, onde ficavam os equipamentos médicos. Ele apontou para a maca e, relutante, Liam começou a tirar a blusa, se deitando, com Theo ao seu lado, segurando firme sua mão. Lydia permaneceu perto da porta, seus olhos fixos nos dois, como se estivesse aguardando cada movimento.

Deaton iniciou o exame, sua voz suave e controlada, como sempre.

— Há quanto tempo você está com esses enjoos, Liam?

— Acho que começou... semana passada. — Liam respondeu em um tom baixo, como se quisesse que a situação desaparecesse o mais rápido possível.

Deaton fez uma anotação rápida antes de olhar para os dois.

— Certo. Agora, preciso fazer uma pergunta um pouco mais... pessoal. — Ele pausou, como se já soubesse que a resposta não seria simples. — Vocês dois são um casal, correto?

Liam se encolheu, seus olhos evitando o contato com Deaton, e imediatamente corou. Theo, mais acostumado com o tipo de situação, não hesitou em responder.

— Sim, somos. — Ele respondeu de forma firme, seu tom de voz sem dúvida.

Deaton assentiu, como se já esperasse essa confirmação.

— Bem. E já tiveram relações íntimas?

Liam estremeceu, quase pulando da maca, seu rosto agora completamente vermelho.

— Deaton! — exclamou, claramente desconfortável, enquanto Lydia soltava um risinho baixo.

— Calma, Liam. — Deaton respondeu impassível. — É uma pergunta médica. Eu preciso dessa informação para entender melhor o que está acontecendo.

Theo, percebendo o embaraço de Liam, tomou a frente.

— Sim, já tivemos. — Sua voz saiu mais grave, um rubor tímido colorindo suas bochechas.

Deaton fez uma pausa, anotando algo no caderno, antes de continuar.

— Certo, agora que temos tudo isso... Acho que sei o que está acontecendo. E antes de mais nada, quero que entendam que isso é raro, mas não impossível. — Deaton olhou diretamente para os dois. — Especialmente entre lobisomens com um vínculo forte. Vocês sabem o que é um soulmate, certo?

Liam e Theo trocaram um olhar confuso, enquanto Lydia, mais atenta que nunca, franziu a testa.

— Sim, nós sabemos. Mas... O que isso tem a ver com o Liam estar doente? — Theo perguntou, sua paciência começando a se esgotar.

Deaton cruzou os braços e, com a calma característica, continuou.

— Um vínculo de soulmate não é apenas emocional. Ele cria uma conexão profunda entre os dois lobisomens, principalmente quando se trata de um alfa e um beta. E, em casos raros, quando essa conexão é forte o suficiente... pode acontecer algo muito único.

Liam, agora mais desconfiado do que nunca, estreitou os olhos.

— Que tipo de “algo único”? — Perguntou, sua voz carregada de desconfiança, apertando ainda mais a mão de Theo.

Deaton respirou fundo, sua expressão séria.

— Liam... Você está grávido.

O silêncio tomou conta da sala. Liam ficou imóvel por um momento, depois, sem saber como reagir, começou a gargalhar, mais como uma defesa do que uma reação genuína.

— Isso não pode ser sério! — Ele disse entre risos nervosos. — Eu sou homem, Deaton! Homens não engravidam!

Theo, por outro lado, não riu. Ele olhava fixamente para Deaton, buscando algum tipo de explicação lógica. Seu semblante estava sério, como se estivesse tentando processar a informação.

Deaton manteve a calma, sem hesitar.

— Você é homem, sim. Mas também é um lobisomem. E entre lobisomens com um vínculo de soulmate, isso pode acontecer. É raro, mas não impossível.

Theo ficou em silêncio por um momento, seus olhos brilhando de confusão.

— Mas... eu não sou um alfa. Sou uma quimera. Isso não deveria ser possível.

Deaton inclinou a cabeça levemente, como se já esperasse essa dúvida.

— Theo, você foi criado pelos Dread Doctors. Eles fizeram de você algo único. É bem provável que tenham inserido genes de lobisomem alfa em você, ainda que adormecidos. A sua conexão com Liam pode ter ativado esses genes.

Theo passou as mãos pelos cabelos, visivelmente nervoso, tentando digerir o que acabara de ouvir.

— Eu... mas... — murmurou, sem palavras.

Deaton não deu muito espaço para mais questionamentos.

— Independente disso, a ligação de vocês é forte o suficiente para desencadear isso. Agora, precisamos lidar com as consequências desse vínculo. Eu vou fazer um teste para provar as minhas conclusões. Isso não vai machucar ninguém, ok?

Antes que Liam pudesse falar algo, Deaton conectou um aparelho em Liam e ativou-o. Um leve choque percorreu o corpo de Liam, e antes que ele pudesse se mexer, Theo soltou um rugido baixo, seus olhos brilhando em vermelho. Ele se moveu instintivamente, colocando-se entre Deaton e Liam.

Liam, por sua vez, sentiu uma onda de calor subindo, seus olhos brilhando com a intensidade do amarelo. O instinto de proteção de Theo era palpável.

Deaton observou tudo com uma calma inabalável.

— Isso confirma tudo. Theo, você é um alfa. E Liam, sua conexão com ele resultou nessa gravidez.

Lydia foi a primeira a quebrar o silêncio, sua voz carregada de sarcasmo.

— Bem, isso definitivamente entrou para o topo da lista das coisas bizarras que eu já vi.

Liam enterrou o rosto nas mãos, sem saber como reagir, enquanto Theo olhava para ele, ainda tentando entender o que tudo aquilo significava.

— Então... eu sou um alfa? E o Liam... ele realmente está grávido? — Theo murmurou, a incredulidade ainda presente em sua voz.

Deaton confirmou, assentindo.
— Sim. Agora, vocês têm muito o que pensar.

Liam respirou fundo e olhou para Theo. — Isso... isso é muito pra processar...

Theo apertou a mão dele com firmeza, como se dissesse sem palavras que não o deixaria enfrentar aquilo sozinho.

— Eu sei, lobinho. Mas a gente vai descobrir o que fazer, juntos.

Lydia deu alguns passos para dentro da sala, seus olhos azuis fixos no casal.

— Certo, isso definitivamente não estava na minha lista de coisas absurdas para lidar hoje, mas... talvez seja melhor aceitarmos a situação do que continuar negando. — Ela ergueu uma sobrancelha ao olhar para Liam. — E você, principalmente, precisa parar de entrar em negação.

— Eu não tô em negação! — Liam retrucou, indignado, embora sua expressão deixasse claro que ele estava, sim, lutando para acreditar naquilo.

— Ah, claro, porque rir na cara do Deaton quando ele disse que você está grávido é super maduro. — Lydia rebateu com sarcasmo, cruzando os braços.

— Já chega, Lydia. — Theo cortou, seu tom de voz saindo mais duro do que o normal. — Isso não é fácil pra ninguém aqui.

— Tudo bem, Theo, calma. — Lydia ergueu as mãos em rendição. — Só estou dizendo que é melhor começar a levar isso a sério.

Deaton, que até então estava silencioso, decidiu intervir novamente.

— Lydia tem razão. Agora que sabemos o que está acontecendo, precisamos nos preparar para os próximos passos. Liam, vou precisar que você volte em alguns dias para fazermos exames mais aprofundados. Quero garantir que tanto você quanto... o bebê estejam saudáveis.

Liam engoliu em seco, sentindo o peso da responsabilidade que aquilo representava. Ele olhou para Theo novamente, buscando alguma forma de apoio.

— Você acha que isso... — Liam hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. — Que isso pode ser perigoso? Tipo... pra mim?

Deaton não respondeu imediatamente, o que fez o coração de Theo disparar.

— É difícil dizer. Gravidezes assim são extremamente raras. Eu já ouvi histórias sobre casos semelhantes, mas nunca acompanhei um de perto. No entanto, considerando que você é um lobisomem beta e seu parceiro tem características de alfa, acho que seu corpo está preparado para isso. Ainda assim, vamos monitorar tudo com atenção.

Theo franziu o cenho, claramente preocupado.

— E se... E se algo der errado?

— Então lidaremos com isso. — Deaton respondeu com firmeza, sua voz transmitindo uma calma reconfortante. — Mas não vamos assumir o pior antes do tempo. Por enquanto, quero que Liam descanse e que vocês dois fiquem atentos a qualquer mudança.

Lydia suspirou, olhando para os dois com uma expressão indecifrável.

— Vocês dois vão precisar de ajuda. Isso não vai ser fácil, e eu espero que saibam que, mesmo sendo um caso raro, vocês não estão sozinhos.

Liam assentiu lentamente, sentindo uma pontada de alívio ao ouvir isso.

— Obrigado, Lydia.

Theo, por outro lado, ainda parecia tenso, como se uma tempestade estivesse se formando dentro dele. Ele sabia que, a partir daquele momento, sua prioridade seria proteger Liam, a qualquer custo.

Deaton começou a guardar seus equipamentos, lançando um último olhar para o casal.

— Lembrem-se: a ligação de vocês é poderosa. Se vocês permanecerem juntos, tenho certeza de que podem superar qualquer desafio.

                           [....]

Theo e Liam saíram do consultório, seguidos por Lydia, que ainda observava atentamente os dois. Liam estava em silêncio, claramente imerso em seus pensamentos, como se estivesse tentando digerir tudo o que acabara de ouvir. Mas a calma durou pouco. Assim que chegaram ao carro, Liam se lembrou de algo que parecia piorar ainda mais a situação.

— Theo, eu tenho um jogo de lacrosse hoje — Liam disse abruptamente, cruzando os braços. — Não posso simplesmente... não aparecer.

Theo parou antes de abrir a porta do carro, o cenho franzido.

— Você tá brincando, né, Lobinho? Depois de tudo o que acabamos de descobrir, você ainda acha que jogar lacrosse é uma boa ideia?

— Eu não posso faltar, Theo! — Liam retrucou, a frustração em sua voz. — É o jogo mais importante da temporada. A equipe conta comigo!

Lydia suspirou e se apoiou no carro, observando a discussão.

— Certo, mas você acabou de descobrir que está... — ela fez um gesto com a mão, como se a palavra "grávido" ainda fosse difícil de acreditar. — Você acha mesmo que correr pelo campo, se jogando contra outros jogadores, é seguro?

Liam bufou, cruzando os braços de forma desafiadora.

— Eu tô bem. Não sinto nada de diferente. E eu não vou deixar todo mundo ficar me perguntando porque simplesmente resolvi não aparecer.

Theo passou uma mão pelos cabelos, claramente irritado.

— Você é teimoso pra caramba, sabia disso?

— Eu sou realista. — Liam rebateu, apertando o maxilar. — E ninguém precisa saber.

Lydia levantou a mão, interrompendo a discussão.

— Ok, chega. — Ela olhou para Theo, um olhar de quem já sabia como as coisas iriam se desenrolar. — Ele vai jogar. A gente sabe que não vai desistir, mesmo se você amarrar ele em casa.

Ela então virou-se para Liam, com um olhar sério.

— Mas, Liam, você precisa prometer que vai sair do jogo ao menor sinal de cansaço. Nada de forçar a barra.

Theo bufou, visivelmente contrariado, mas sabia que a discussão estava longe de acabar.

— Isso é loucura...

Lydia, sem se intimidar, continuou.

— E você, Theo, vai estar lá. — Ela falou, ignorando a indignação do rapaz. — Se algo acontecer, é melhor que você esteja por perto para resolver.

Theo, com a mandíbula cerrada e uma expressão tensa, respondeu com firmeza.

— Eu não vou deixar ele sair do meu campo de visão. — Os olhos dele estavam fixos em Liam, e havia preocupação em sua voz, mas a raiva ainda estava ali. — Mas isso não significa que eu concordo com essa ideia estúpida!

Liam revirou os olhos, claramente impaciente.

— Vocês estão exagerando. Vai ser só um jogo como qualquer outro.

Ele abriu a porta do carro com um movimento rápido, mas o olhar de Theo continuava firme. Mesmo sem dizer uma palavra, Theo estava deixando claro que não seria fácil para Liam escapar dessa situação sem enfrentar a preocupação dele.

Lydia observava os dois, consciente de que o dia ainda estava longe de terminar, e que, embora eles tivessem muito o que lidar, o jogo de lacrosse seria apenas o começo de um novo capítulo nas vidas dos dois.

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