📌 capítulo 16 - Os enjoos matinais

Depois de limparem a bagunça na cozinha e tomarem um bom banho, Liam e Theo estavam confortavelmente instalados no tapete da sala, cercados por travesseiros e com a pizza recém-encomendada aberta entre eles. A TV estava ligada, passando The Vampire Diaries, e o ambiente estava cheio daquele ar descontraído que só uma noite tranquila em casa pode trazer.

Theo estava devorando sua terceira fatia, comendo como se fosse a última pizza do mundo. Liam, por outro lado, estava aconchegado entre as pernas de Theo, a cabeça encostada no peito musculoso do namorado, aproveitando o calor dele enquanto assistia à série.

— Foi uma pena que a pizza que a gente fez queimou... — comentou Theo, a boca meio cheia, enquanto mastigava. — Mas essa aqui tá perfeita. Acho que devíamos desistir de cozinhar pra sempre.

Liam riu baixo, sem tirar os olhos da tela. — O que seria de nós sem o delivery, né?

Ele pegou um pedaço preguiçosamente, ainda recostado em Theo, e deu uma mordida. Não tinha pressa, não quando estava tão confortável.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, focados no episódio. Então, Liam quebrou o momento com um comentário que fez Theo franzir o cenho.

— Eu entendo a Elena por se apaixonar pelo Damon. — Liam disse de repente, sorrindo como se tivesse acabado de ter uma grande revelação.

Theo olhou para ele, confuso. Ele mal sabia quem eram Elena e Damon, mas não gostou do tom. — Hã? Por quê? — perguntou, já desconfiado.

Liam virou o rosto para olhar para ele, com aquele sorriso travesso que Theo conhecia bem demais. Ele já sentia que vinha algo provocador.

— Porque o Damon é um cafajeste charmoso. Exatamente como você. — Liam respondeu, casual, piscando.

Theo ficou olhando para ele, a pizza na mão congelada no ar, antes de explodir em uma risada surpresa.

— Um cafajeste?! Eu? — Theo exclamou, apontando para si mesmo dramaticamente. — Isso é calúnia, Lobinho! Eu sou um anjo. Pura inocência.

— Claro que é... — Liam revirou os olhos, rindo. — Um anjo que sabe exatamente como usar aquele sorriso cafajeste pra conseguir o que quer.

Theo deixou a pizza de lado, puxando Liam pelos ombros para mais perto. — Então é por isso que você não resiste a mim, né? Porque eu sou o Damon da sua vida? — Theo provocou, os lábios se curvando em um sorriso descarado.

— Não viaja, Theo! Só disse que entendo a Elena, não que você é o Damon! — Liam respondeu, tentando empurrá-lo enquanto segurava o riso.

Mas antes que Theo pudesse continuar com suas provocações, a porta da frente se abriu. Ambos olharam para cima e viram Genna, a mãe de Liam, entrando com o uniforme do hospital. Ela parecia exausta, mas ainda tinha um sorriso suave no rosto. Quando seus olhos pousaram nos dois garotos no tapete, ela franziu levemente a testa. Não era a primeira vez que via Theo e Liam tão confortáveis juntos, mas ainda assim, parecia uma cena inusitada.

— Oi, mamãe! — Liam disse, casualmente, sem nem se mover de onde estava, como se aquilo fosse completamente normal.

Genna olhou para os dois, piscou algumas vezes e soltou um suspiro resignado. — Oi, meninos. — Ela deixou a bolsa na mesa e se aproximou. — Como foi o dia?

— Oi, dona Genna. Como foi o turno? — Theo perguntou, tentando soar o mais educado possível, enquanto ainda segurava Liam contra o peito.

— Cansativo, como sempre. — Nora respondeu, tirando os sapatos. — O que vocês estão assistindo?

— The Vampire Diaries. O Theo tá tentando entender por que a Elena prefere o Damon. — Liam respondeu, rindo.

— Quem é Damon? — Genna perguntou, franzindo o cenho, claramente sem entender o contexto.

— Longa história, mãe. — Liam riu. — Mas temos pizza! Deixamos uma caixa pra você na cozinha.

Genna sorriu, grata, mas olhou para os dois mais uma vez antes de se afastar. — Obrigada, meu amor. Vou tomar um banho e jantar. Não fiquem acordados até tarde, hein?

— Sim, senhora! — Theo respondeu com um tom brincalhão, levantando a mão como se fosse um soldado.

Genna balançou a cabeça, rindo baixinho, antes de ir para o quarto. Assim que ela saiu, Liam olhou para Theo, arqueando uma sobrancelha.

— “Sim, senhora”? Desde quando você é tão bonzinho com a minha mãe?

— Desde que quero que ela continue gostando de mim o suficiente pra não me expulsar da sua casa. — Theo respondeu com um sorriso malicioso, antes de beijar o topo da cabeça de Liam.

                          [....]

Uma semana havia se passado, e os dias estavam estranhos para Liam. Os enjoos constantes o deixavam desconfortável e preocupado, mas ele havia decidido não dizer nada a Theo ainda. No entanto, Mason, que já estava sabendo, insistiu para que ele contasse logo. E agora não dava mais para esconder.

Era sábado de manhã, e o quarto estava silencioso. Theo estava deitado por trás de Liam, em sua posição favorita: conchinha. Ele abraçava o beta com força, o rosto enterrado na curva do pescoço de Liam, enquanto soltava um leve ronco.

Liam estava acordado há alguns minutos, mas não queria se mover. Ele amava estar ali, sentindo o calor e a proteção de Theo. Era um momento raro, em que ambos podiam simplesmente ser eles mesmos, sem preocupações. Mas, de repente, aquela sensação veio de novo.

O enjoo começou a subir como uma onda, e Liam sabia que não dava para segurar. Ele saiu dos braços de Theo com pressa, correndo para o banheiro.

— Hm? Lobinho? — Theo murmurou, ainda grogue de sono, abrindo um olho.

O som de Liam vomitando fez Theo acordar de vez. Ele se levantou rapidamente, indo até o banheiro, ainda com o rosto inchado de sono. Lá estava Liam, ajoelhado no chão, abraçando o vaso sanitário como se sua vida dependesse disso.

— Liam? — Theo perguntou, ajoelhando-se ao lado dele. — O que tá acontecendo? Você tá assim desde quando?

Liam limpou a boca e suspirou, tentando parecer despreocupado. — É só um enjoo matinal, Theo. Nada demais.

Theo estreitou os olhos. — Enjoo matinal? Desde quando?

— Faz uma semana... — Liam admitiu baixinho.

— UMA SEMANA?! — Theo quase gritou. — Por que você não me contou antes?

— Não queria te preocupar. Achei que ia passar... — Liam respondeu, olhando para baixo.

Theo suspirou, passando a mão nos cabelos de Liam com cuidado. — A gente tá indo agora mesmo ao Deaton. E você vai ligar pro Mason, avisar que não vai ao jogo hoje.

— O quê?! — Liam protestou. — Mas o jogo é importante, Theo!

— Não mais do que você. — Theo respondeu firmemente. — Primeiro o Deaton. Depois o jogo, se ele disser que tá tudo bem.

Liam fez biquinho, tentando amolecê-lo, mas Theo só riu. — Não faz esse biquinho, Lobinho. Você sabe que é golpe baixo... Vamos, antes que eu desista de ser bonzinho.

Liam bufou, mas no fundo sabia que Theo só queria o melhor para ele. Depois de escovar os dentes, virou-se para Theo com um sorriso meio travesso.

— Tá bom, lobão... Mas você me deve uma massagem depois. — Ele ficou na ponta dos pés e deu um selinho em Theo. — Eu te amo, sabia?

Theo sorriu daquele jeito que só ele sabia, puxando Liam pela cintura para mais perto.

— Também te amo, Lobinho. — Ele respondeu, apertando Liam contra si. Mas antes que o beta pudesse sair do banheiro, Theo não resistiu e deu um tapa leve na bunda dele, arrancando um grito indignado.

— HEY! — Liam virou-se, o rosto corando instantaneamente.

— Desculpa... — Theo disse, com um sorriso de canto. — Mas esses shorts curtos não ajudam. E você anda rebolando de propósito, né? Aí fica difícil, amor.

Liam tentou parecer bravo, mas a risada escapou antes que ele conseguisse disfarçar. — Você é impossível.

Theo piscou para ele, vitorioso, e seguiu atrás de Liam enquanto o garoto terminava de se arrumar. Enquanto isso, Theo pegou o celular e ligou para Lydia.

— Oi, banshee. — Ele começou, usando o apelido de sempre. — Escuta, vou ter que remarcar nossa investigação. O Liam não tá se sentindo bem, vou levar ele ao Deaton.

Do outro lado da linha, Lydia parecia alarmada. — O Liam? O que aconteceu? Ele tá bem?

— Ele tá... dizendo que é só um enjoo. Mas, sinceramente, eu não confio muito na autodiagnose dele. Você conhece o Lobinho, né? Prefere ignorar as coisas até o último segundo.

Lydia suspirou, e Theo conseguia imaginar ela cruzando os braços, preocupada. — Certo, Theo. Mas me avisa assim que souber o que é, tá?

— Pode deixar. E vou cuidar bem dele, como sempre. — Theo respondeu com um sorriso, desligando logo em seguida.

Quando voltou sua atenção para Liam, o garoto já estava pronto, sentado na cama com os braços cruzados e um olhar desafiador.

— E aí, lobão? Vai ficar falando de mim pelas costas? — Liam perguntou, estreitando os olhos.

— Só a verdade, Lobinho. Você tem fama de teimoso. — Theo respondeu, estendendo a mão para puxar Liam da cama.

O beta levantou-se de má vontade, mas não resistiu ao abraço que Theo lhe deu logo em seguida.

— Pronto? — Theo perguntou, segurando o rosto de Liam com ambas as mãos. — Vamos ao Deaton. E lembra: sem discussão com o médico, ok?

Liam bufou. — Tá bom, tá bom. Mas depois disso, eu jogo, entendeu?

— Só se ele disser que você pode. — Theo respondeu, beijando a testa de Liam antes de abrir a porta.

Os dois saíram juntos, Theo mantendo uma mão protetora nas costas de Liam enquanto desciam as escadas. No fundo, Liam sabia que Theo só estava preocupado, e isso fazia seu coração se aquecer. Afinal, não era qualquer um que se preocupava tanto assim. E mesmo com toda a provocação, ele amava ter Theo ao seu lado.

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