Capítulo 10- Conflitos e Decisões

O loft de Derek estava mais movimentado do que o normal. Scott, Stiles, Malia, Derek, Peter e Lydia estavam reunidos, esperando pelos últimos membros chegarem. A tensão já era palpável no ar, como se todos soubessem que essa reunião não terminaria bem.

A porta se abriu e Mason entrou primeiro, seguido de Liam e Theo, que caminhavam lado a lado. Theo estava claramente nervoso. A última vez que estiveram todos juntos em uma sala… bem, não tinha terminado nada bem. Especialmente porque envolveu ele e Liam se beijando bem no meio de tudo.

Os olhares recaíram sobre ele, e Theo respirou fundo, tentando manter a compostura. Liam percebeu e, discretamente, roçou os dedos contra a mão do namorado, oferecendo um pequeno conforto.

Derek foi direto ao ponto.

— Rapazes estão desaparecendo em Beacon Hills. O único corpo encontrado até agora estava coberto de marcas de garras e completamente ensanguentado.

— E, claro, o xerife mentiu dizendo que foi um urso. — Stiles completou, revirando os olhos. — Mas sabemos que isso é besteira.

Scott cruzou os braços.

— Até agora, todas as vítimas tinham algo em comum. Eram garotos, por volta dos 17 anos, loiros e de olhos azuis.

Theo ficou rígido. Seu olhar foi imediatamente para Liam, cujo cabelo castanho e olhos azuis se encaixavam parcialmente na descrição. Sentiu o cheiro sutil de medo vindo dele e, sem pensar, segurou sua mão de forma firme, mas reconfortante. Liam não protestou, apenas apertou a mão de Theo de volta.

Do outro lado da sala, Lydia observou o gesto e sorriu levemente.

— Precisamos agir rápido. — Scott continuou. — Quero patrulhas começando hoje à noite. Essa ameaça é séria.

A reunião estava indo bem… até que Malia abriu a boca.

— Eu não trabalho com traidores.

Todos os olhares recaíram sobre ela, que apontava diretamente para Liam.

O beta sentiu seu sangue ferver. Seu TDHA, combinado com seu lado lobisomem, fazia com que suas emoções se amplificassem. Irritação rapidamente se transformou em raiva.

Theo se colocou entre os dois antes que a situação piorasse.

— Liam não é um traidor.

Malia soltou uma risada sarcástica e estreitou os olhos.

— Você só está dizendo isso, Raeken porque o manipulou e está fodendo ele.

O silêncio tomou conta do loft.

Os olhos de Liam brilharam em fúria quando ele avançou um passo.

— Qual é o seu problema, Malia?! É ciúmes? Porque você não tem ninguém que te ature? É isso ?

Malia bufou, cruzando os braços.

— Por favor. Ciúmes?  Eu estou preocupada porque você está dormindo na mesma cama que um.... assassino!

— Já chega! — Stiles interveio, soltando um suspiro cansado. — Eu concordo com você em algumas coisas, Malia, mas agora você já está indo longe demais.

Derek, que observava tudo em silêncio, decidiu provocar Stiles.

— Interessante… você sempre teve essa tendência de defender quem já tentou te matar, hein, Stilinski?

Stiles lançou um olhar mortal para Derek.

— Quer MESMO entrar nesse assunto, Derek?

Scott e Lydia tentavam, sem sucesso, acalmar a situação.

— Pessoal, isso não vai nos levar a lugar nenhum! — Scott exclamou.

Enquanto isso, Liam tentava se controlar, mas a raiva tomava conta dele. Seu corpo inteiro tremia e ele estava prestes a avançar em Malia quando sentiu Theo segurá-lo firmemente.

— Não vale a pena, lobinho.

Peter ria no canto da sala, claramente se divertindo com o caos. Mason olhava tudo, completamente chocado.

Foi a gota d’água.

Liam soltou a mão de Theo e olhou para todos no loft.

— Eu não vou ficar aqui nem mais um minuto. Todos nós cometemos erros. Mas parece que só alguns de nós são punidos eternamente por eles.

Ele virou-se para a porta.

— Eu saio da matilha.

— Liam… — Scott começou, mas foi interrompido.

Theo segurou o braço de Liam.

— Não faça algo de que vai se arrepender no futuro.

Liam o olhou nos olhos e disse sem hesitação:

— Você é o meu futuro, Theo. Eu não vou ficar aqui ouvindo falarem mal de alguém que eu gosto.

Theo sentiu o impacto dessas palavras. Por um momento, esqueceu-se do resto da sala, focando apenas no beta à sua frente.

Liam segurou a mão de Theo e saiu do loft, puxando-o junto. Mason, sem saber o que fazer, apenas os seguiu.

Eles já estavam no estacionamento quando ouviram passos apressados atrás deles.

— Liam!

Lydia.

O trio se virou e viu a banshee parada ali, respirando fundo.

Ela se aproximou de Liam e tocou seu braço gentilmente.

— Eu só queria dizer que você tem todo o meu apoio.

Liam piscou, surpreso.

— Você… o quê?

Lydia sorriu.

— Eu acho que o Theo mudou. E se vocês precisarem de alguma coisa, eu estarei aqui, pronta para vos ajudar.

Theo, que raramente ficava sem palavras, apenas olhou para Lydia por um momento antes de assentir.

— Obrigado, Lydia. — Liam respondeu, sinceramente.

Ela deu um sorriso suave antes de se afastar.

Theo suspirou e olhou para Liam.

— Você acabou de se demitir da sua própria matilha.

Liam deu de ombros.

— Eu tenho minha própria matilha agora.

Theo sorriu de lado.

— É mesmo?

Liam entrelaçou os dedos aos de Theo.

— Sim. Você.

E, naquele momento, pela primeira vez em anos, Theo sentiu que finalmente pertencia a algum lugar.

                         [....]

A casa estava em silêncio quando Liam entrou, sentindo o peso do dia inteiro desmoronar sobre ele. Ele não disse nada, apenas subiu as escadas direto para o quarto, fechando a porta atrás de si. Sua mãe estava fazendo plantão no hospital.

O nó em sua garganta ficou mais apertado. Ele odiava essa sensação, esse peso no peito que parecia não ir embora. Ele se jogou na cama, enterrando o rosto no travesseiro, tentando sufocar qualquer som.

Mas as lágrimas vieram mesmo assim.

Por mais que tentasse se segurar, seu corpo tremia, os soluços rasgavam sua garganta e ele odiava isso. Odiava se sentir tão vulnerável.

A porta do quarto se abriu devagar.

Liam não precisou se virar para saber quem era.

O cheiro de Theo invadiu o ambiente antes mesmo de ele se aproximar.

Sem dizer nada, Theo tirou os sapatos e deitou ao lado dele, puxando o cobertor para cima dos dois. Então, com um movimento cuidadoso, ele se encaixou atrás de Liam, envolvendo-o em um abraço apertado.

Seu peito firme pressionava as costas de Liam, sua respiração quente roçava sua nuca.

— Ei… — Theo murmurou, sua voz baixa e calma.

Liam fechou os olhos, sentindo as lágrimas continuarem a escorrer.

Ele queria dizer que estava bem. Queria dizer que não precisava de conforto.

Mas quando Theo apertou o abraço, seus braços ao redor da cintura dele, Liam finalmente cedeu.

Ele se virou devagar, enterrando o rosto no peito de Theo, agarrando a camisa dele com força.

— Eu tô cansado, Theo… — Sua voz saiu fraca, abafada contra o tecido. — Eu só queria que eles percebessem que você mudou....

Theo passou os dedos suavemente pelos cabelos dele, deixando sua mão deslizar até a nuca de Liam.

— Eu sei, lobinho… — Ele sussurrou. — Mas eu tô aqui.....

Liam sentiu a segurança naquelas palavras.

Sentiu o calor, a presença, a firmeza nos braços de Theo.

E, pela primeira vez em muito tempo, ele não se sentiu sozinho.