22# - Dark Vlad - Parte 3: Um Falso Pingo de Esperança

Arrependimento.
Uma palavra que eu considero superficial, já que todo santo dia, pessoas de vários lugares do mundo usam ela como um botão mágico para fazer cada um de seus pecados simplesmente desaparecer.

Essa palavra só ganha valor quando a pessoa estiver disposta a mudar não só o jeito de viver, tal como a forma de ser, caso contrário, é igual ao carvão queimando que depois de um tempo vira cinzas e desaparece, e a pessoa volta de novo ao pecado, causando um ciclo interminável.

Então guardem as seguintes palavras: Arrependimento e Remorso.

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- Agora morre, seu merda! - gritei enquanto movimentava a minha espada contra Vlad que esquivava com dificuldades, e tentou se afastar até onde o sol não pegava, mas Alfred puxa ele pela sua capa e dá um soco bem no meio da sua cara - Parece que o jogo acabou virando contra você.

- É indignante ver você festejar por uns meros minutos de vitória - Respondeu Vlad limpando o sangue da sua boca - Posso prometer que no final de tudo o teu castigo será bem pior do que o ingrato de seu irmão.

- Cala a boca! - apontei a arma bem na cara dele e premi o gatilho, mas a munição havia acabado, então dei um breve grito e ataquei com a minha espada. Devo dizer que foi o meu pior erro naquele momento, já que Vlad agarra na espada e dá um chute no meu pé fazendo eu dar de caras com a parede e a mesma girou me fazendo cair num buraco até uma sala com um completamente escura - Não, não, não...

Aos poucos, o medo tomava conta de mim enquanto eu vasculhava a minha mochila em busca do meu celular, e logo que liguei a lanterna, vi que estava em uma sala ampla com várias estantes cheias de livros de todo o tipo.

- Uma biblioteca? - Andei até na mesa no centro que estava com livros espalhados e havia uma espécie de diário aberto, não foi preciso ser um gênio para saber que tinha sido escrito pior Vlad - Que porra é essa?

"Querida Josefina,

Me perdoe

Me perdoe por tudo

Me perdoe por ter ido atrás de uma ambição claramente impossível

De ter sucumbido a maldição e ter abandonado vocês

Por não estar do seu lado quando lutavas contra a tuberculose

De não ter ido ao seu funeral de tanta vergonha que sentia

Principalmente por não ter participado no crescimento do nosso filho, Alan

E por fim, por transformar o nosso querido filho naquela aberração monstruosa

Tudo devido ao meu ego facilmente quebrável

Eu sei que nunca voltarei a ver você, mas quero que saibas que eu nunca deixei de te amar.

Do seu querido marido

Antonie" 


O texto havia preenchido alguns dos buracos de dúvidas que eu tinha, mas felizmente ainda haviam mais paginas para ler, e quando eu estava prestes a fazer isso, oiço um pequeno gemido de dor, mas parecia não humano.

Então agachei entrando por baixo da mesa, e apontei a lanterna para o chão e esperei.

- PAI!!! - Uma voz bem anormal ecoou pela sala, e junto, sons de algo ser arrastado ficava cada vez mais alto, e quando eu levantei um pouco a lanterna, tive de impedir qualquer som de espanto vindo de mim - PAI!!!, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AQUI!

Era literalmente um amontoado de carne humana em formato de lesma, onde vários pés de tamanhos diferentes ajudavam com dificuldades a sua locomoção, e os braços variados cobriam todo o seu corpo como se fosse pelos de um animal, e eu achei perturbador os dois amontoados de olhos por cima da sua boca gigante que felizmente para mim não eram completamente funcionais, mas não impediu ele detectar a luz da lanterna que pelo calor do momento eu havia esquecido de desligar.

- AI ESTÁ VOCÊ! - gritou a criatura levantando a mesa violentamente. Tentei rapidamente levantar para correr, mas ele lança um de seus braços como se fosse um projetil em cheio no meu peito, fazendo eu ir contra uma das estantes de livros destruindo tudo - QUEM É VOCÊ VADIA, ONDE ESTÁ O MEU PAI!

Levantei aos poucos desorientada, mas tive tempo de esquivar outro braço e agarrei o meu celular no chão e comecei a correr. Aquele filho da puta quebrou o aparelho todinho e o mesmo aos poucos morria nas minhas mãos enquanto eu tentava achar uma saída no meio de filas atrás de fila, parecia um labirinto.

- Droga, as coisas só pioram a cada momento - reclamei após o celular desistir de viver, me deixando numa completa escuridão, junto de um silêncio absoluto, o que me deixou ainda mais assustada, já que havia literalmente um monstro atrás de mim. Daí eu lembrei que estava usando a mesma roupa que usei na semana passada quando tive a minha pequena aventura com Lilith, então o esqueiro ainda estava no meu bolso, então saquei ele e antes de acendê-lo, ouvi um gemido bem inumano atrás de mim, então dei um pequeno suspiro - Cá vamos nós...

Logo que acendi o mesmo, me joguei para o lado a tempo de desviar o ataque daquele desgraçado, e virei a esquina vendo uma porta com um pequeno feixe de luz vazando pela parte de baixo. Tentei derrubar a porta, mas o efeito foi zero, e a única coisa que me restava fazer era desviar de outro ataque e aquele enorme corpo derrubou a porta como se fosse papel.

- O QUE FOI QUE EU FIZ, ME PERDOE PAPAI! - Não sei que porra ele viu naquela sala, mas foi o suficiente para fazê-lo fugir como uma garotinha assustada - ME PERDOE, POR FAVOR!

Em poucos segundos, a presença dele já estava praticamente inexistente, então levantei e caminhei até a porta e parecia que eu havia aquele ambiente havia mudado em um estalar de dedos, cores claras e vivas tomavam conta daquela mobília tornando aquele local que misturava quarto, sala e cozinha desconexo de todo aquele castelo.

Confusa, caminhei por aquele ambiente deslumbrada com a mudança de tom, era uma mistura entre vitoriano e fantasia que só via naqueles animes isekais que o meu irmão se iludia. Havia uma cama de casal com um esqueleto, de uma mulher pelas roupas que possuia, e tinha uma adaga em formato de cruz nas suas mãos.

Será que era Josefina?

Antes que pudesse investigar mais, Vlad derruba outra porta de saída que a sala possuia e com uma das suas mãos arrastava o corpo de Alfred sem vida, devido a uma lamina que ainda estava cravado em sua cabeça. Vlad não estava ileso também, era bem óbvio que o seu adversário deu uma boa luta antes de ser derrotado.

- Não deverias ter entrado aqui, a vossa estadia acaba aqui e agora - disse irritado, largou Alfred no chão e começou a caminhar até mim, mas eu coloquei a mão na cabeça daquele esqueleto fazendo ele parar - O que você está fazendo?

- Nem sei se você me mais pena ou mais nojo, já não basta aquelas crianças que você obriga a viver daquele jeito, já não basta transformares o teu único filho naquela merda que nem consigo descrever o que é, nem a tua própria esposa pode descansar em paz, tinhas de ir desenterrá-la e transforma-la em uma especie de altar de adoração ou algo do gênero - enquanto eu gritava, Vlad apertava o punho, era obvio que ele iria atacar, então agarrei aquele esqueleto com mais firmeza - O mundo não é injusto com você, apenas és um vitimista de merda e nenhuma das nossas ações permanecem sem consequências, a tua morte será uma delas.

- Cala a boca! - Ele avançou rapidamente com o punho mirando bem no meu rosto, então meti o esqueleto na minha frente fazendo ele parar, e uso a adaga enfiando bem no peito dele, e pela primeira vez eu vejo ele sangrando logo após eu retirar a faca - Bem jogado garota...

Ele recebe o esqueleto de sua esposa e senta na cama, começou a acariciar a cabeça, o que pude concluir que só não ficaria estranho no ponto de vista dele, e aos poucos a sua face começou a se desfazer como se ele fosse feito de poeira.

- O que eu daria para te ver só mais uma vez, Josefina... - olhou para mim e alertou - Sugiro pegares no teu parceiro e correrem, porque eu acho que sabes o que acontece quando o vilão é derrotado...

- O covil é...destruído..., que merda! - corri até o corpo de Alfred e tirei a adaga do seu olho enquanto revistava os seus bolsos, encontrando uma pastilha - Bingo, parece que é um adeus, Vlad.

- Talvez...garota...talvez...

Após engolir a pastilha, rapidamente coloquei Alfred nas minhas costas e enquanto eu corria tudo a minha volta virava poeira literalmente tal como nos filmes. Descendo as escadas, acabei tropeçando e caímos, logo que olhei atrás o processo estava acelerando a cada minuto.

- Vamo-la! - Agarrei outra vez em Alfred e corri até a porta, conseguimos sair e eu caí logo em seguida, olhei para a minha perna e havia evaporado - Mais um segundo, e iriamos com ele..., junto... daquelas...crianças...ah!

Soquei duas vezes no relvado, no final ele saiu ganhando de qualquer jeito.

- Aquele egoísta de merda...

Fim de Capítulo. 



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