19# - O Prato Frio e Amargo

- Lamento pelo que aconteceu com a sua esposa - disse pegando no ombro de Alfred, o jeito que a sua família foi desfeita só pelo capricho de um degenerado ingrato me revoltou, mas eu sabia que ainda a história não havia terminado - E a sua filha, o que aconteceu com ela.

- Infelizmente essa história não tem final feliz, mas já que até agora o teu interesse só aumentou, irei acabar de contar.

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Alfred

- Antes de me julgares, não há alguma forma de eu puder voltar e ajudar a minha filha, eu não posso simplesmente ir e deixa-lá na mão daqueles animais - falei com lágrimas no rosto - Eu faço qualquer coisa, mas por favor, me ajuda...

- Exatamente as palavras que queria ouvir, então vamos poupar as nossas vozes - estalou os dedos e um contrato com caneta apareceram em cima da mesa - Você voltará para o mundo dos vivos como meu empregado pelo tempo, mas como você está com pressa, darei para você outro corpo que estará a uns 30 quilômetros de onde a sua filha se encontra então você terá que ser rápido.

- Está bem, quanto antes melhor...

- Você tem mesmo a certeza, apesar de ter matado muita gente má, você garantiu um lugar lá em cima graças a sua humildade e fé inabalável - Pedro pegou no meu ombro - Porque não sobe se junta a sua esposa, mais cedo ou tarde, a sua filha virá ter com vocês.

- Você sabe muito bem que qualquer um pode ser quebrado - respondi assinando rapidamente o contrato - E se chegar tarde demais, eu quero que ela fique com o meu lugar no paraíso.

- Você é louco, mas eu não irei tentar fazer você mudar de ideias ou perder mais do seu tempo, então boa sorte.

Ele estalou os dedos e de repente eu estava flutuando e passei por vários aros de luz até que eu acordo sentado e um porco estava lambendo a minha face. Eu estava em uma quinta e em minhas mãos estava um certificado de liberdade com respingos de sangue e na outra mão estava um cartaz com a foto de Colton e uma recompensa de $2000, eu era um jovem negro caçador de recompensas.

Tinha sangue espalhado pelo meu peito, mas eu não tinha ferimentos de bala, então conclui que ele morreu de tuberculose ou algo do tipo, parou nesta quinta para pedir ajuda, mas o tempo dele havia esgotado.

Havia um revólver no coldre com várias balas na cintura e nas minhas costas tinha uma espingarda de caça Remington novinha em folha, e a bandoleira tinha várias balas

- Onde estavas indo com tudo isso rapaz, para guerra? - falei levantando, e nem dei conta do cavalo que estava atrás de mim, se debatendo de alegria porque o seu dono finalmente acordou - Calma, eu estou aqui, calma

Acariciei o cavalo e o mesmo se acalmou, então vi uma boa oportunidade para montá-lo.

- Isso mesmo, bom menino - o bom é que ele era bem fácil de guiar, óbvio que ele e o seu antigo dono tinham uma conexão incrível - Agora vamos lá caçar uns desgraçados.

Bati o pé e o cavalo galopou em uma velocidade surreal, era o mais rápido que eu havia montado em toda a minha antiga vida e nova vida.

Demorei quase três horas para chegar nos arredores de SoularVille indo diretamente até a minha casa, e chegando perto, havia uma grande multidão a volta em sua porta, já que o Xerife estava tentando averiguar a situação.

- Malditos yankees, já não basta aparecerem depois da confusão, ainda tem de fazer esta barulheira toda, e quando eu fui pra ele e falei de Colton e sua gangue, riram da minha cara - reclamou a velha Ruth, nossa vizinha de rua, que estava tentando se aconchegar na sua espreguiçadeira, quando sentiu a minha presença, se dirigiu a minha com um olhar sedutor, no ponto vista dela - Eae neguinho bonitão, o que trás você a essas terras amaldiçoadas?

- Olá minha bela senhora, o dia de hoje está bem agitado pelos vistos - tentei parecer o mais natural possível, já que ela nunca iria acreditar que eu era o seu vizinho morto que ressuscitou - A senhora se referiu a Colton e o seu bando, por acaso sabe onde eles poderiam ter ido?

- Se eu fosse você não me meteria com eles, mas o seu olhar e a sua vestimenta me diz que você vai fazer a vontade de Deus - respondeu sorrindo - Pelos murmúrios que ouvi, eles se dirigiram até KelpCity, há uns 10 minutos para norte.

- Muito obrigado, minha senhora, eu sei que Deus irá abençoa-lá por essa sua ação - girei o cavalo, e comecei a andar - Eu vou indo.

- Meu jovem! - ela gritou me fazendo olhar pra trás - Espero que você faça aquele filho da puta esguichar como um porco, por causa dele, eu perdi os únicos vizinhos que realmente queriam saber de mim.

- Pode deixar minha senhora, que eu tomarei as providências...

A ansiedade só aumentava enquanto eu me aproximava da cidade, eu estava sem plano, mas eu não queria saber, iria matar todos que se meterem no meu caminho e teria Isabele nos meus braços de novo.

O sol já estava dando uma saudação calorosa a todo mundo enquanto eu entrava na cidade, e caminhando lentamente com o cavalo, vejo três homens saindo ressacados de um dos bares, então paro do cavalo e desço dele caminhando ao encontro deles.

- Onde você pensa que vai, preto de merda - disse um deles cuspindo na minha direção. Eu havia esquecido da minha cor da pele e o preconceito que as pessoas tinham com ela, o que era repugnante ao meu ver - Você me ouviu?

- Alto e bom som, mas eu queria falar com o líder de vocês - respondi me aproximando dele - É um assunto urgente.

- E que disse que uma criatura como você pode falar com ele? - ele estava claramente fora de si, já que pelo jeito que o corpo dele sambava discretamente, bastava um passo para ele cair duro no chão - E mesmo que pudesses, ele está nesse momento a recuperar da diversão que tivemos com aquela garotinha, não sei como ela aguentou cada um de nós a...

A bala do meu revólver atravessou o crânio dele sem cerimônia alguma. A raiva tomou conta do meu corpo naquela hora, como eles tinham a coragem de fazer uma dessas a uma garotinha feliz e inocente, logo com a porra da minha filha!

Após o corpo do primeiro cair no chão, eu disparo no peito do segundo e na arma que estava na mão do terceiro, não perdendo tempo, chego até ele socando várias vezes a cara dele gritando sem parar.

- Morre e arde no inferno, seu filho da puta! - quando eu parei de socar, ele já havia parado de respirar a muito tempo e a sua cara estava irreconhecível - Já foram três porquinhos, só faltam mais 4.

- O que está acontecendo a... - Disse o quarto homem saindo pela porta da entrada, recebeu um tiro da perna e corri derrubando ele a porta.

Já dentro, eu viro rapidamente para a lateral da porta atirando no peito e pescoço do quinto, matando ele, mas eu não saio ileso, recebendo um tiro no ombro e caí ao lado do quarto que ainda agonizava de dor.

- Você já era, seu primata! - gritou o sexto disparando com dois revólveres contra mim, mas eu uso o quarto de escudo fazendo ele morrer na hora, então tiro rapidamente a Remington das costas, efetuado um tiro a queima-roupa no peito do quarto acertando a perna do sexto fazendo ela explodir - Ah, seu merda!

Levanto e caminho até ele e disparo no seu braço para ele não pegar em sua arma.

- Onde está Colton? - pergunto apontando a arma bem na cara dele.

- No último quarto do primeiro andar, por favor, não me mat... - Descarrego o meu revólver na cara dele.

Olho a volta e várias pessoas estavam sentadas apenas olhando pra mim, nem o barman se atreveu a abrir a boca, só apontou para a escada que dava para o primeiro andar.

- Obrigada... - Comecei a subir as escadas recarregando a Remington. Isso estava quase acabando, eu estava preparado para tudo, então corro e dou um forte pontapé e encontro Colton de pé vestindo as calças, enquanto Isabela estava estendida na cama sem nenhuma roupa, e a semente de cada um desses imundos estava jogada em cima dela como se fosse tempero em uma comida, eu não pensava em nada além de morte - Chegou a sua hora, seu porco imundo!

- Não, espera! - Não dei tempo dele pegar o seu revólver em cima da mesa e comecei a atirar sem parar em seu corpo onde cada tiro o empurrava para trás e o último foi na cabeça fazendo ele derrubar a janela caindo lá pra baixo morto no meio da rua.

- Meu Deus, Isabela, Isabela! - corri até a cama e meti ela no colo limpando o seu rosto cheio daquela merda imunda, o seu corpo estava fraco e cheio de hematomas - Por favor, acorda...

Ela abriu lentamente os olhos, e pela primeira vez eu vi eles vazios, como se a vida tivesse sido sugada dela.

- Quem... é você? - perguntou ela com dificuldades - Também está aqui para me fazer machucar?

- Não, não, eu nunca faria isso na minha vida, eu vim salvar você, ninguém mais te fará algum mal.

- Que bom...- Deu aquele sorriso fofo que aquecia o meu coração todo santo dia - Moço, posso te pedir mais uma coisa?

- Sim, tudo o que quiseres...

- Eu preciso ir onde o papai e a mamãe estão...- aquelas palavras me fizeram congelar por uns segundos, a seguir ela pega na minha mão segurando o revólver levando até dentro de sua boca - Por favor, me ajuda chegar até eles.

- Isabela, eu não posso simplesmente fazer isso...

- Mas eu não quero ficar sozinha, e você disse tudo que eu quiser, então é isso que eu quero, por favor...

Eu larguei ela e andei até a porta desabando em choro, eu havia chegado tarde demais, aquela alegre e inocente criança já não existia mais, talvez não houvesse outra solução.

Então levantei e cheguei até Isabela e aponto a arma em sua testa, e ela fecha os olhos simplesmente aceitando o que viria a seguir, então dou um suspiro e primo o gatilho...

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- Eu nem sei o que dizer - olhei para Alfred chocada, lágrimas começaram a cair involuntariamente - Então você deu o seu lugar para ela?

- Sim, esse é a razão pelo qual eu continuo servindo cada dia, porque graças a Pedro elas estão vivendo felizes lá no Paraíso, e é isso que importa.

- Porra, não consigo parar de chorar, vamos continuar antes que aqui se forme um rio por minha causa - limpei as lágrimas e levanto agarrando na pasta e olho pra frente vendo um pequeno garoto nos observando de longe, no meio das árvores. Após dar conta que foi detectado, ele começa a correr para o meio da floresta, então eu vou atrás dele - Ei, você, volta aqui

- Quem você viu, espera! - gritou Alfred me seguindo.

Adentramos na floresta atrás daquele garoto e após vários minutos paramos de ver ele.

- Onde aquele pirralho se meteu? - olhei a volta de mim e nada - Você viu por onde ele foi?

- Não, mas te falo que nesses todos os anos que corri por aqui, nunca vi aquilo - disse Alfred andando pra uma direção, e seguindo ele chegamos a um enorme e peculiar castelo estava no meio da floresta - Pelo seu tamanho, eu teria visto ele a bastante tempo, alguém deve ter posto ele recentemente, um demônio, anjo caído, quem poderia ser?

A porta gigante na sua entrada começou a abrir lentamente exibindo uma forte escuridão em seu interior, apesar de ser meio-dia.

- Quer descobrir? - Perguntei olhando pra ele.

Fim de Capítulo.

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