18# - A Realização de Um Pesadelo

- Espera, não vai muito rápido, se continuar assim eu não irei aguentar! - gritei ofegante, eram 8 da manhã e eu já estava toda cansada devido ao quanto havia corrido naquela trilha no meio da floresta que Alfred gostava de passar todo o santo dia - Como você consegue fazer isso sempre, eu estou toda suada.

Larguei a pasta cheia com o nosso armamento no chão e sentei ao lado da mesma

- Ainda faltam uns 7 quilômetros, vamos lá - respondeu ele todo saltitante, ele também estava com uma mochila nas costas, mas estava cheia de pedras, o que era surreal - Já corremos por 13 quilômetros sem parar, não podes desistir agora.

- Por mim já deu, eu sei que a nossa resistência é fora do normal, mas você está forçando um pouco a barra, não acha?

- E por que não forçar? - agachou na minha frente - E só para que conste, eu fazia isso mesmo antes de virar um caçador, o exército exigia esse tipo de dedicação.

- Exército?; mas como...? - Fiz as contas, e se ele tinha quase ou um pouco mais de 200 anos, isso só significava uma coisa - Você participou da guerra civil americana...

- Parece que o sistema escolar ainda não está completamente falho - deu um suspiro e sentou do meu lado largando o saco cheio de pedras no chão, e pelo impacto da queda, aquilo não estava nada leve - Você acertou em cheio, eu participei, lutei e sobrevivi. A inevitável vitória veio com os seus benefícios, mas como sempre tudo teve o lado ruim.

- Você está se referindo ao assassinato de Abraham Lincoln?

- Ele não foi o único a sucumbir a um atentado, a maioria aqueles que tiveram um papel importante na vitória não escapou desse terrível final, e eu incluído nessa lista.

- E o que aconteceu? - após eu dizer isso, ele aperta o punho - Se não quiser contar, não irei insistir.

- Não, melhor você saber a história diretamente de mim, e também é bom desabafar às vezes - Olhou diretamente pra mim e começou a falar - Eu tinha uma incrível esposa e uma linda filha, então logo que eu soube dos primeiros assassinatos, era bem óbvio que chegariam até mim a qualquer momento, então arrumamos as malas e saímos de Washington para aqui em SoularVille, que ainda dava os seus primeiros passos de evolução, mas era a tranquilidade que estávamos a procura, então era um sítio perfeito.

- E como eles acharam vocês?

- Pelo que soube depois, as nossas cabeças estavam a prêmio nas sombras, e o preço da minha não era baixo...

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Alfred

Era mais um final de dia normal nas nossas vidas, e como sempre estávamos os três reunidos na mesa para a última refeição do dia na nossa humilde casa.

- Então, pelo estado que as vossas roupas chegaram, o dia foi meio agitado - disse Marta servindo o ensopado, e pela sua cara, era meio óbvio queria ouvir uma boa razão para ela ficar o dia de amanhã esfregando a roupa - Alguém pode me explicar o que aconteceu?

- Parece que uma certa diabinha decidiu fazer um tour pela quinta do Velho Quentin montada em um porco completamente fora de controle - respondi olhando para Isabela que coçava a cabeça com um sorriso inocente, ela tinha 8 anos e infelizmente não conseguia ficar chateado com ela só pela sua curiosidade - Tive de intervir, além de limpar o estrago que ela fez enquanto ouvia aquele velho reclamando no meu ouvido a cada 5 segundos.

- O papai foi incrível, ele montou no cavalo, e usou com uma lançou uma corda no porco fazendo cair, e eu dei um grande trambolhão, e havia animais correndo pra todo o lado, e... - Falava alto e cheia de empolgação, mas quando viu para nossas caras sérias, ela fez uma expressão arrependida, que quase me fez perder a postura, por quão fofa era - Me desculpem, eu prometo que irei me comportar daqui pra frente.

- Não faz mal querida, está tudo... - Marta meteu o dedo no meio dos meus lábios, me fazendo parar de falar.

- Toda semana é sempre assim, você apronta e o seu pai passa a mão na sua cabeça, parece um ciclo sem fim, mas eu não deixarei isso se perpetuar - Infelizmente a minha querida mulher tinha razão, mas eu não conseguia ser duro com ela, independente do que aprontasse - Você, nossa diabinha, vai passar o dia de amanhã esfregando as roupas de todo mundo, e você, meu querido, tratarei da tua saúde depois do jeitinho que você adora, mas agora, pode ir buscar o suco de maçã que preparei na cozinha.

- Sim, senhora - disse como um soldado, levantando e pronto para marchar.

- Mas como assim eu irei lavar a roupa, papai, me ajuda aqui! - dizia ela como uma menina mimada, bem que era ela.

- Você vai obedecer a sua mãe, eu estou de mãos atadas, bem, estarei mais tarde - Marta deu uma risada e piscou o olho pra mim antes que eu fechasse a porta da cozinha - Que vida abençoada que tenho, não trocava por nada desse mundo.

Peguei uma faca querendo cortar um limão para meter no suco, era um gosto peculiar da minha parte. Olho para janela que dava no quintal e vejo um homem com um rifle na mão, nem tive tempo para reagir e o tiro atravessa a janela atingindo o meu ombro, e eu caio cheio de dor no chão.

O mesmo homem derruba a porta que ligava o quintal a cozinha pronto para disparar outra vez, mas ele não contava com a faca que joguei atingindo o seu pescoço fazendo ele cair em agonia no chão.

Agarro o rifle a tempo de atingir um outro homem que apareceu no estômago fazendo cair gritando de dor, e eu chego até ele apontando o cano bem na sua cara.

- Quem mandou vocês? - perguntei calmamente - Não vais gostar do que irá acontecer se eu repetir pela segunda vez...

- Acho que você tem noção de quem nos mandou e porque nós estamos aqui - ouvi o grito de minha filha a partir da sala de estar, e olhei preocupado - Ninguém seria burro a ponto de vir com poucos homens com a reputação que você tem.

- Não importa quantos merdas com você, eu me certificarei que nenhum viverá para contar a história - Foi a última coisa que ele ouviu de mim antes de levar um tiro que destruiu a sua cabeça, então comecei a correr - Isabela, Marta!

Abro a porta e lá estavam 8 homens armados na sala, um deles meteu Marta de joelhos apontado um revólver em sua cabeça, enquanto outro sentou em uma das cadeiras metendo Isabela em seu colo, as duas estavam extremamente apavoradas. Um deles já estava na porta e apontou o revólver na minha orelha, me fazendo largar o rifle e levantar as duas mãos.

- Lembra de mim, Adam? - perguntou o homem que estava com Isabela, tinha quase 50 anos e as cicatrizes dos tiros, explosões e principalmente o corte que fiz com a minha faca em seu rosto eram um forte sinal de alguém que dedicou corpo e alma na guerra que acabou há alguns meses - Quem diria que no final de tudo, você é que se daria bem, uma vida tranquila e humilde, casa própria, uma mulher amável e gostosa, e uma filha lindíssima

- Colton, o que você veio fazer aqui, a guerra acabou e vocês perderam, engula isso e segue em frente, viva a vida.

- Mas sabia que eu não faria isso quando ficou cara a cara comigo, mas decidiu me poupar, mas esse erro seu do passado veio atormentá-lo agora e eu sou a personificação desse erro - com aquela boca imunda beijou a bochecha de Isabela, continuando a falar em seguida - Sabe pequena, o seu pai é um herói, 324 homens que ele matou e estavam no meu comando, só não foram 2.325 porque depois de uma matança sem fim, logo na hora de enfiar uma bala na minha cabeça, uma luz passa na cabeça dele e o mesmo decide simplesmente poupar a minha vida.

- E por que você não seguiu em frente como o papai disse? - perguntou Isabela receosa - Vocês não podem resolver isso com um abraço, eu faço sempre isso na escola quando algum colega está triste, eles ficam felizes na hora.

- Filha, não... - Colton faz sinal para eu parar de falar.

- Eu gostaria que as coisas também fossem assim, pequenina - deu um sorriso pra ela, mas o seu pai precisa de um descanso definitivo, e fazer isso em família sempre é muito melhor.

- Não, você veio por minha causa, então deixa a minha família fora disso! - gritei chamando a atenção de todos.

- Você sabe muito bem que não farei isso, amarra ela - Disse Colton entregando Isabela para o seu companheiro - Tirem as roupas da mulher dele, vamos nos divertir um pouco enquanto estamos aqui.

- Só por cima do meu cadáver! - recebo a pistola do homem ao lado de mim atirando rapidamente em sua cabeça, a seguir aponto em Colton, mas dois tiros de espingarda ao mesmo tempo, destroem o meu braço e perna fazendo eu cair em agonia no chão - Ah, filhos da puta!

- Olha o que você fez seu idiota, agora o clima está estragado por causa de ti - disse Colton agachando perto de mim - Mas não irei consumir mais do vosso tempo, matem a vadia e esse idiota, iremos levar a criança.

- Espera, eu... - foi a última coisa que Marta conseguiu falar antes do tiro de espingarda espalhasse a sua cabeça em vários pedaços, sujando todo o chão. Isabela vendo isso, deu um enorme grito abafado devido à amarra enquanto se debatia e várias lágrimas vieram como a chuva e caiam sem parar.

- Não, não, não, seus merdas! - gritei começando a chorar, bati várias vezes a cabeça naquele chão feito de madeira e virei o corpo olhando para o teto - Eu matarei cada um de vocês, eu juro com a minha vida!

- Eu queria ver você tentar - respondeu Colton apontando o seu revólver na minha cara - Cuidaremos bem de sua filha, então aproveite a sua reforma.

- Papai, não...

A voz de Isabela foi a última coisa que ouvi antes de ver um flash na minha cara tomar conta da minha visão e eu acordo em uma sala toda escura e eu estava sentado frente a uma mesa e uma lamparina estava em cima da mesa, e ao lado estava uma televisão, coisa que eu ainda não sabia o que era na época.

- Onde eu estou - a televisão ligou, mostrando Colton e os seus homens indo embora com Isabela deixando o meu corpo e de Marta sem vida - Que magia negra é essa?

- Parece que o seu final foi um pouco cruel não acha, Adam? - disse um homem encapuzado com uma manta preta saindo da escuridão - Eu sou a Morte, mas você pode me chamar de Pedro...

Fim de Capítulo.

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