|O Branco do Aspen 2|

🎵Meant to be, Bebe Rexa & Florida Georgia Line🎶

— Okay! — ergo a cabeça e tombo as mãos na mesa. — Vamos lá, então. — olho para meus amigos contentes e nem acredito na loucura que estou prestes a fazer. posso mesmo estar ficando louca... Dividimos a conta e deixamos o estabelecimento. Seguimos o trajeto que Mad diz conhecer, ou pelas pistas de que ouviu falar.

— Você sabe pra onde está indo, não é? — Mana pergunta à ele, enquanto paramos na esquina de uma rua sem saída.

Engoli a seco. Estou começando a me arrepender...

Ahnn... — ele olha em volta, e antes que pudesse responder qualquer coisa, uma porta de um estabelecimento é aberta, chamando nossas atenções para o homem saindo dela e a escrita da placa sem iluminação: "La Taverna Caliente". Mas que... porra de nome é esse? — Acho que encontramos. — Mad volta a notar-nos com seu mesmo sorriso de sempre, antes de iniciar passos em direção do local.

Andamos até a taverna, passando no piso estreito e longo em meio da camada alta de neve. Em defronte para a porta grande de madeira, podemos ouvir a cantoria feminina e horrosa vinda do interior. Estreitamos os lábios, mas inutilmente conseguimos segurar o riso. Antes que Mad pudesse abrir ou bater na porta, ela é aberta por mulheres que saem do local. Uma escadaria nos leva para o subsolo, encontrando o tal bar rústico, com a cultura mexicana predominante. Algumas pessoas usam o Sombrero, o famoso chapéu de aba grande com uma ponta longa e colorida, elas bebem em conversas animadas nas pequenas mesas espalhadas em defronte de um pequeno palco, revelando a cantora de um Karaokê. Está explicado a voz ridícula... Nos entreolhamos e não seguramos o riso, afinal, ninguém estava dando ouvidos para a corajosa no palco.

Sentamos nas banquetas do bar espelhado, com inúmeros tipos de garrafas em uma extrema fartura de bebidas coloridas. Um homem alto e musculoso atrás do balcão se aproxima imediatamente, dizendo:

— O quê vocês querem?

Puta merda... Meu coração dá um salto, e minhas pernas travam na hora.

— Vamos começar com mojitos — Chris faz a frente, apoiando-se com os cotovelos na bancada. — , se meus amigos concordarem, é claro. — volta a olhar para cada um de nós com uma sobrancelha erguida e um sorriso torto nos lábios.

— Para menores, não. — diz o homem, e em Chris, morre ligeiramente o sorriso enaltecido. Não vai dar certo... mal chegamos e sinto tudo ir para água abaixo... — Preciso ver as identidades.

Meu coração acelera as batidas. Se eu não tivesse sentada, com certeza estaria estremecendo toda.

— Aqui está a minha. — Mana entrega rapidamente a ele. O homem analisa o documento e leva seu olhar para a ruiva ao compará-la com a fotografia.

Rebaixo a cabeça e estreito os olhos. Meu Deus... vou falecer a qualquer momento... Eu não devia ter vindo aqui... Agora vamos ser descobertos e ser presos. Será o fim da minha faculdade, o fim da minha paixonite... o fim da minha vi...

— Lana... — perco um suspiro ao sentir a respiração quente do sussurro de Mad em meu ouvido. Girei meu rosto rapidamente, quase estando em contato com sua pele, mas ele se distancia sem jeito. — Falta você entregar sua identidade.

Levo meu olhar para o homem e mostro os dentes em um sorriso forçado, entregando o documento na mão dele. O homem analisa cuidadosamente, enquanto meu coração acelera euforicamente, dificultando até mesmo o ar de circular passivamente dentro do peito. Só consigo piscar quando ele devolve a identidade, dizendo:

— Okay, tudo certo.

Meus pulmões inflam imediatamente. Essa foi por pouco... O homem dá as costas, e nós trocamos olhares em comemoração. Seguramos ao máximo para não esbanjar alegria e escancarar nossa falsidade. Os drinques a base de rum foram entregues a cada um de nós, trocamos olhares e sem dizer uma palavra, erguemos os copos para um brinde.

— Um brinde para a noite que está só começando! — Mana dirige a palavra.

Juntos experimentamos a bebida pelo canudinho, e a refrescância das folhas da hortelã torna esse mojito irresistível. Não é uma bebida tradicional do México, mas com certeza tem muito a ver com minha origem latina.

Agora sim, sinto que na noite de hoje irei me divertir de verdade... e espero, espero muito que Mad coopere com isso.

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Esticar a noite no Aspen, só poderia ser nessa taverna, pois todos os bares noturnos fecham no início da madrugada, conforme Mad disse.

— Ganhei de novo! — abandono o copo vazio na bancada, depois de vencer nossa pequena competição de quem bebe tequila mais rápido. O destilado nem desce mais rasgando a garganta, parecendo nem fazer mais efeito. Se nós não virar alcoólatras nessa noite, com certeza teremos uma tremenda dor de cabeça amanhã.

E essa cantoria do karaokê que não para? Pelo amor de Deus...

Bebemos mais drinks, enquanto esperamos desocupar as mesas de bilhar. Descobrimos que há salas de snooker, e assim que liberou uma mesa, não pensamos duas vezes em brincar um pouquinho nela. O que os meninos não sabem, é que eu manjo no snooker... Como imaginei, depois de várias partidas fracassadas, para Mad e Chris, é claro, os dois tentaram inúmeras revanches, mas eram humildemente massacrados.

— Mas a onde que vocês aprenderam jogar assim? — indignado, Chris abandona o taco do bilhar, depois de mais uma derrota.

— Para de reclamar! — dou um tabefe no topete do garoto, arrancando risos alheios. — E assume de uma vez que somos melhores que vocês.

— Que foi, Chris? — Lana coloca o taco no suporte na parede. — Não acredita no poder feminino?

— Não foi o que eu quis dizer. — Chris pega seu copo e faz uma careta, após o golaço da tequila. — Só acho que é sorte. — pigarreia pelo gosto forte da bebida. — Dizem que quem tem sorte no jogo, tem azar no amor.

Arregalo meus olhos e levo meu olhar ligeiramente para Lana que olha para Mad, e ele para ela. Ah, Chris... será que vai ter que levar mais uns tabefes?

Ninguém aqui tem azar no amor. — Mad responde com seu olhar parado em minha amiga, antes que eu pudesse dar um passo até o garoto sem noção.

Boa Mad! Sei que ainda tem muitos sentimento pela Lana.

Err... e nem apenas sorte no jogo. — Lana desvia o rosto acanhada ao dizer. — Pode ser habilidade.

Toda envergonhada... Ah, qual é Lana? Atitude amiga! Será que eu tenho que deixá-los sozinhos de novo?

— Por isso que só estou perdendo, estou cheio de sorte no amor. — Chris alarga o sorriso ao dizer, me notando com um sorriso torto nos lábios.

Ah, mas é muita cara de pau... pensando o que? Que estou apaix... affs... Pisco uma sequencia de vezes, esnobando tais pensamentos horrendos. Depois de arquejar, agarro bruscamente sua jaqueta, dizendo:

— Chega de papo e vamos no karaokê, não aguento mais essa gente desafinada.

— Mas eu nem sei cantar! — trava os pés no chão.

— Eu vou também. — Mad dá um passo até a mim.

Affs... Por que dificultar? Relaxei os ombros e olhei para minha amiga.

— Lana, você vem junto. — seguro-a pelo pulso. — Essa gente vai ver o que é um show de verdade.

— Ah, não!

— Ah, sim! — puxo-a em direção do palco, antes que ela pudesse fugir. E não teve jeito, nem se debatendo vai conseguir se livrar dessa. Ficamos esperando na escada de três degraus a desafinada desocupar o lugar de cantora, e subimos assim que ela esvaziou o palco. Paramos de frente para as pessoas, alguns grupos nem olharam para nós, e outras pararam o que estavam fazendo para avistar os quatro jovens no palco. Fico nervosa. Imagina a Lana... a garota nem pisca.

— Eu te odeio. — ela cerra a mandíbula ao dizer.

Dou uma risada forçada, pois o arrependimento veio a tona. Pior que aquela mulher tenho certeza que não somos... Eu espero...

— Mana, que música vai ser? — Mad remexe na playlists do aparelho no canto do palco.

Vou até ele e nenhuma agradava. A tensão já começa a correr em minhas veias por tanta demora para escolher uma música. Finalmente encontro uma que nos agrada, Meant to be (mídia), uma das minhas músicas favoritas. Entreguei o pedestal para os meninos e com um microfone em mãos, larguei meu outro braço nos ombros da Lana, que perdeu a chance de correr daqui quando pôde. O som da música soa em todo o local. Inspiro e expiro. Assim que a legenda surge na tela da televisão ao lado, eu sou a primeira a cantar:

"Baby, leu on back nas telas, lixo Your pretty feet up ok my dash
(Baby, deite-se e relaxe, deixe seus lindos pés no meu painel)

No need to go nowhere fast, let's enjoy right here we at
(Não há necessidade de ir a lugar nenhum rápido, vamos aproveitar bem aqui onde estamos)

Who knows where this road is supposed to lead"
(Quem sabe onde esta estrada deve levar)

Eu nunca tive vergonha na cara, e não vai ser hoje que vou criar alguma, ainda mais depois de umas boas doses de bebidas alcoólica. Lana move os lábios apenas para sorrir para o garoto ao lado, e nem os seus e os olhos de Mad desgrudam um do outro, enquanto eles infiltravam-se na minha cantoria.

E ainda Chris disse que não sabia cantar! Penso, ao ouvir sua voz soar perfeitamente.

"If it's meant to be, it'll be, it'll be
(Se for para ser, será, será)

Baby, just let it be"
(Baby, apenas deixe estar)

Ando até pedestal com os meninos levando Lana comigo, ela nem ao menos disfarça o olhar direcionado para Mad, enquanto ele cantava sem vergonha alguma, também sem hesitar em admirá-la. Quase deixei meus olhos revirar... Por que demoram tanto pra se entender?

Então segurei a mão de Chris e nos distanciamos do casal. Por favor... como sempre eu tenho dar um empurrãozinho... Divido o microfone com Chris, ao passo que começamos a nos soltar e cantar loucamente de frente para o outro.

"See where this thing goes
(Veja aonde essa coisa vai)

If it's meant to be, it'll be, it'll be
(Se for para ser, será, será)

Baby, just let it be"
(Baby, apenas deixe estar)

Chris envolveu seu braço em meus ombros, e fiquei nervosa por estar tão próxima dele... porém gostei de ficar... Entretanto, desvio minha atenção para o público, por que não quero me permitir a sentir... essa sensação. Foco na música já que foi ideia minha. E como pensei, somos melhores que a cantora anterior, pois a pequena multidão passou a apreciar nosso pequeno espetáculo. Sem querer me gabar...

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Minha barriga doeu por tanta risada de nossa desafinação, ou melhor, pela minha voz de taquara rachada. Cantar, com certeza não é comigo... O bom é que meus amigos dominam tudo e não preciso me preocupar se estou estragando com o show. Além do mais, estou me divertindo tanto que acabo esquecendo de qualquer coisa de ruim. Mad passa segurança ao estar ao meu lado, por não me ignorar ou fazer descaso. Sei que aconteceu alguma coisa e que não sabe como reagir ao seu problema. Então entendo que eu preciso tomar a iniciativa, como Mana me alertou. Por mais que seja difícil pra mim, eu preciso me esforçar e tentar...

"I ain't gon'lie, ain't gonna lie
(Eu não vou mentir, não vou mentir)

Cause i'm tired of the fake love, show me what you're made of
(Porque estou cansado do amor falso, mostre-me do que você é feito)

Mad para de cantar repentinamente assim que concluiu esse trecho, deixando a voz da Mana e Chris dominar a música, enquanto a minha enfraquecia aos poucos. Mad fixa em meus olhos com sua testa franzida, me notando com desprezo. Puta merda... então é mesmo isso... não tem outra explicação. Meu coração aumenta as batidas conforme ele deu um passo atrás.

Ele sabe que fiquei com David... Engulo a seco.

Mad abandona o palco e desaparece dentre o público. Olho em volta e não sei o que fazer, só atinjo o controle de segurar uma lágrima, fracassando em poucos segundos. Levo meu olhar para a única pessoa que me entende, e ali estava ela observando tudo. Mana acena com a cabeça na direção que Mad andou, e não pensei duas vezes em sair desse palco e ir atrás dele. Eu não sei para onde foi, ou se sabe mesmo do beijo, só sei que minhas pernas movimentam-se apressadamente no trajeto que antes eu vi ele fazer. Contorno as pessoas em minha frente, me esbarrando nelas e até saindo do caminho que devia seguir, porém não parei de andar, até que não sabia mais para onde ir.

Respiro fundo e seco a lágrima que rolou em minha bochecha. Inicio passos em direção do bar, e o garoto de costas e jaqueta cinza, sentado na banqueta traz o alívio por ter encontrado quem eu procurava. Mad... Minhas pernas bambas se movem até ele. A respiração se torna falha, e as batidas em meu coração aceleram na medida que me aproximo do garoto concentrado no destilado do copo em sua mão. Assento na banqueta ao lado, trazendo seu olhar para minha presença. Fico alguns segundos examinando sua reação através da íris esverdeada, mas ele desvia para o copo novamente me ignorando por completo.

— O quê houve? — minha voz soa arrastada. — Por que parou de cantar?

— Estou rouco. — dá um gole na bebida, parando seu olhar para frente, mais especificamente para o nada. — Só isso.

— Mad.

Ele faz descaso com mais um gole na tequila.

— Mad. — derrubo as pálpebras para segurar o choro entalado na garganta. — Olha pra mim. — abro os olhos e avisto seu rosto de frente para o meu, me deixando sem palavras, sem raciocínio. Fala alguma coisa, Lana... — Me diz o que aconteceu? — estrangulo a voz ao dizer, perdendo o domínio de uma lágrima.

As pupilas em meio da íris verde, acompanha a gota escorrer sobre minha bochecha e parar em meus lábios. Seus olhos mantém-se ocupados ali, em uma provocação constante dentre a tortura de nunca prosseguir. Outra lágrima minha chama suas vistas para notá-la, porém, dessa vez, o dorso da mão de Mad entra em contato com a pele de meu rosto, me arrancando um suspiro instantaneamente. Com o polegar a lágrima é cortada e com seu olhar fixo no meu, o coração erra nas batidas.

— Estou com muita raiva, Lana. E ao mesmo tempo apaixonado por você.

Em meu ventre, a euforia entra no controle como borboletas descontroladas se esbarrando umas nas outras. Apaixonado? Aos poucos brota um sorriso em seus lábios, na medida que nos meus também se formava um pequeno sorriso... e mais uma lágrima. Porém dessa vez de alegria, e satisfação. Dane-se a raiva...

— E-Eu... tam... — me interrompo quando seus dedos despendem-se de meu rosto e sua atenção corre ligeiramente para o bolso da jaqueta ao retirar seu smartphone dali. Através da iluminação do aparelho, pude ler o nome do dono da chamada.

— John me ligou várias vezes... — Mad se ergue ao continuar dizendo: — Pode ter acontecido alguma coisa, melhor atender... — balanço a cabeça ao concordar. — Eu... vou atender lá para fora.

— Tá... claro... — franzo o cenho. Bem agora?

Receoso, Mad dá alguns passos de ré, mas seu smartphone vibrando em sua mão aumenta sua tensão para atender a ligação, por isso, ele gira nos calcanhares e sobe rapidamente a escada para a saída.

Apaixonado... Foi o que ficou matutando na minha mente, me deixando estampado um sorriso bobo. Como eu queria ouvir isso... e precisava... Mas por que me evitou tanto, que até minhas mensagens não respondia? Tombo o rosto nas mãos. Argh! Por que é tão difícil decifrar as pessoas? Respiro fundo e ergo a cabeça.

— Se você não correr atrás dele — uma voz feminina puxa minha atenção ao meu lado. — , eu vou no seu lugar. — a loira desconhecida sorria entre um gole e outro na cerveja.

Eu, arregalei meus olhos. Girei meu rosto vagarosamente para frente, sem dizer uma palavra. Mas. Que. Merda foi essa? Olhei para o copo de Mad e havia um resto da bebida, então sequei o copo com apenas um gole. Ninguém vai atrás dele... Fico de pé e antes de dar o primeiro passo, eu levo o olhar para a loira com uma sobrancelha inclinada e um sorriso torto nos lábios. Evito qualquer pensamento e vou para a saída através da escada.

Assim que passo pela porta, sinto frio encontrar minha pele, como também os flocos gélidos da neve. Vejo o garoto com o sorriso largo ao despedir-se de John pelo smartphone, antes de guardar o aparelho novamente no bolso e iniciar passos em direção da rua. Onde ele vai? O que eu faço? Rebaixo a cabeça ao pensar, mas nada flui nessa cabeça oca, a não ser de me agachar e pegar um pouco de neve. Ando em passos largos e apressados pelo pouco caminho livre da neve, enquanto amassava o gelo em minhas mãos para formar uma bola, até que eu esteja em uma distância considerável para acertá-lo. E foi o que fiz. Acertei a bola em suas costas, fazendo-o parar de andar e se virar para trás. Espremi os lábios para segurar o riso, e ele sorriu mordendo seu lábio inferior. Agachou-se e também pegou neve, então dei passos atrás.

— Não... — ergo as mãos em rendição, ao passo que ele amassava a neve com um sorriso travesso nos lábios. — Mad, não... — aos risos, saio na corrida inutilmente conseguindo fugir do garoto, pois com a neve espessa é incrivelmente impossível correr e desviar da bola lançada, acertando sutilmente em minhas costas.

— Você queria uma guerra de neve? — Mad cai na gargalhada.

Não me dou por vencida e faço mais uma bola, lançando imediatamente em seu tórax. Ele pega mais neve e antes que pudesse me acertar, eu saio disparada mais uma vez, tornando seu lançamento fracassado. Continuo a correr, pois o garoto ainda me persegue. Totalmente impossível prosseguir, pois meus pés afundam e Mad me alcança com facilidade. Sobre minhas costas, ele envolve seus braços em torno do meu corpo e passo a sentir sua respiração quente ao rir no meu pescoço. Meu corpo é levado por suas mãos até cair em seus braços sob a neve fofa, gargalhando até os músculos do abdômen começarem a doer. O efeito de amparo surgiu entre os suspiros, depois de não aguentar mais gargalhar tanto dessa brincadeira.

Fico virada para cima, admirando os flocos caírem e sentindo-os derreter na minha pele. Não desmancho o sorriso. Estar aqui com ele, me traz conforto e um profundo contentamento. As pequenas gotículas brancas levitando no ar, são iluminadas fracamente pelo poste de luz, contrastando com imensidão escura da noite.

— É tão lindo.

— Você que é linda. — a voz rouca arrasta minhas vistas para sua face.

Instintivamente, sinto meu rosto aquecer mesmo estando absurdamente frio. Mad ajeita seu corpo mais perto e com seus dedos gelados tocam minha bochecha, provocando arrepios por toda extensão de meu corpo. Seus olhos verdes se aproximam dos meus, encorajando meu ânimo para prosseguir com o que quero que aconteça.

— Também estou apaixonada por você, Mad.

Ele sorri. Apoio minha mão no seu pescoço e o trago para meus lábios. O  toque que precisava, a sensação que sentia falta, o beijo que usufruo de cada canto liberado na sua boca. É tudo o que eu queria...

Conversas e risos de pessoas passando por perto, cessam nosso beijo aos poucos, liberando sorrisos entre nossos lábios. Portanto, fizemos descaso e prosseguimos com nosso beijo, afinal, isso era o que carecia... eu pelo menos necessitava, e muito. Mad posiciona a mão em meu quadril, onde a jaqueta não cobria, aperta firmemente colando meu corpo mais próximo do seu, aprofundando nosso beijo e intensificando a onda de calor que formou entre nós sobre a neve congelada.

— Aleluia! — fomos interrompidos pelo grito da Mana, diminuindo o embalo por conta do riso. Olhamos para a ruiva de braços erguidos para o alto e inevitável foi segurar o riso. Digo que é retardada mesmo...

Não é pra tanto. — me ergo de pé, e Mad faz o mesmo.

— Eu diria — Chris aponta o polegar para si mesmo. — , que é sim.

Olho para Mad com seu sorriso e não hesito a entregar o meu para ele. Mad se aproxima novamente e me puxa pela cintura, selando mais uma vez nossos lábios em um beijo lento, porém, com impacto, e completamente indispensável.

— Chris... — ouço a voz da Mana, antes de um pigarreio.

— Já seei... — ele completa. — Estamos sobrando aqui.

Separamos nossos lábios para rir mais uma vez e avistar aqueles dois com uma feição estranhamente encabulada, olhando um para o outro. Não seria eu, a envergonhada aqui? Mana desvia o olhar nele com um sorrisinho bobo, e nos lábios de Chris, brota um sorriso de canto. Mas o que, que está acontecendo aqui?

Melhor... — Mana puxa o garoto pela mão. — Voltarmos para a pensão.

— Só eu e você? — com o mesmo sorriso, Chris para de andar enquanto as sardas da ruiva acentuam o vermelhidão acanhada. Eu olho para Mad com os lábios estreitados para não rir descaradamente. Mana, Mana... e ainda dizia que não tinha interesse no Chris?

— Já está tarde e... — ela me olha e pisca um par de vezes, antes de responder à ele: — Como você disse, estamos sobrando aqui.

— Aaaa... então vamos? — ele ergue suficiente o braço para ela enroscar o seu nele, então Chris volta a olhar para nós. — Vocês podem continuar... com esse romancezinho aí. — inclina uma sobrancelha e o lábio superior.

— Tchauzinho! — a ruiva balança os dedos ao despedir-se. — Divirtam-se! — disse, enquanto caminham na calçada em direção da pensão.

Levo meu olhar para Mad que segurava o riso. Eu mereço isso... Rimos por instantes, até estar presa pela milésima vez, no par de olhos verdes do garoto que ainda segura minha cintura.

— John me falou que aquela pizzaria do outro lado da rua, atende 24 horas— olho na direção do seu olhar, para o estabelecimento de luzes apagadas, porém com uma luminosidade fraca na janela para o drive-thru. — , então... que tal fazer um lanchinho agora? — esfrega delicadamente a ponta do nariz no meu.

— Acho ótimo. — abro um sorriso e estalo um selinho nos lábios que tanto desejo. Mad entrelaça seus dedos nos meus e iniciamos passos em direção da pizzaria. Então era ali que você queria ir antes de eu jogar a bola de neve? — Não me diz que John te ligou só pra falar de uma pizzaria? — inclino uma sobrancelha ironicamente.

— Não... — ele ri, ao balançar a cabeça. — John me avisou antes de irmos na taverna que a cabana foi liberada, mas como não tinha respondido, ele me ligou inúmeras vezes para saber se vamos ou não para lá — aperta o botão no interfone do drive-thru da pizzaria. — , já que tem turistas interessados nela.

Olá, boa noite. Em que posso te ajudar? — soa uma voz feminina pelo aparelho.

Fico parada em frente do mural das opções de pizzas, enquanto ele fazia o pedido. Pelo jeito, ele sabe exatamente o que vai querer...

— Vai querer mais alguma coisa? — pergunta ao perceber minha concentração, sendo que na verdade nem estava lendo coisa alguma.

— Não, o que você escolher, está perfeito. — respondo sorrindo afavelmente. Não demorou muito, e pela janelinha um rapaz entrega a caixa da pizza quentinha. — O cheirinho está bom... — sinto o aroma delicioso do queijo derretido. Seus dedos abrem uma fresta da caixa, revelando as rodelas de calabresa.

— Hummm... — falamos e sorrimos em uníssono.

Entretanto, acompanhei os passos de Mad sem saber para onde iria, deixando a pizzaria para trás como também aquela taverna animada e seguindo trajeto contrário da pensão. Uma corrente fria percorreu meu abdômen, pois não faço ideia para onde ele está me levando. No fim da rua, aparentemente sem saída, porém com uma entrada para o estreito caminho de chão, Mad me guia para adentrar no bosque da grande montanha em nossa dianteira.

— Para onde estamos indo? — tombo lentamente a cabeça para avistar o ponto mais alto da montanha.

— Para a cabana.

— Espera aí... — diminuo meus passos, conforme ele continuou a andar. — Por que não falou antes, que a cabana estava liberada? — paro de andar e levo meu olhar ligeiramente para o garoto a um metro de distância.

Ele por sua vez, freia seus passos e vira para trás, dizendo:

— Porque, eu queria ir só com você.

— S-Só nós dois?

— E a pizza. — ergue minimamente a caixa ao sorrir.

Não contive o sorriso de brotar, contudo, meu estômago também  revirou pelo nervosismo.

— O que vamos fazer? — falho ao dizer.

— Nada que você não queira. — sua voz rouca acelera meus batimentos cardíacos. Estou com medo no que pode acontecer nessa cabana... Fico boquiaberta aprisionada em seus olhos... ah, esses olhos... — Vamos? — estende a mão desocupada, e nesse estado que estou, seguro sua mão e o sigo para qualquer lugar que queira me levar, até mesmo dentro de um bosque no meio da madrugada.

Noto mais um vez todos os pinheiros antes de adentrar no bosque. O arrepio persiste em percorrer na espinha em cada passo que damos. Mal observamos o caminho direito, apenas o suficiente através da lanterna do smartphone. Realmente é assustador andar as cegas fora da civilização. Não larguei a mão de Mad, e nem pretendo largar, até estar devidamente segura naquela cabana.

Não sei exatamente o que ele pretende, ou até sei. Oh, meu Deus... Minhas pernas chegam a tremer por algo que nem sei se realmente vai acontecer. Sinto que não estou pronta para prosseguir, mas afinal, quando saberei que estou preparada? Só o que entendo, é o que minha mãe disse em nossa última conversa: "Você dá a última palavra, e nada deve acontecer sem sua vontade."

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