|O Branco do Aspen 1|
🎵Sweater Weather, The Neighbourhood.🎶
Fico buscando por respostas em meu interior, mas tudo torna-se em vão. Quando me dou por conta, Mana já havia terminado de falar, ao passo que eu estava agonizando em tantos pensamentos. Olhei para Chris que ficou calado todo esse tempo, e depois para Mana que não disse mais nada, até agora.
- Lana está completamente apaixonada por você, Mad. - ela abre um sorriso afável no rosto, e em mim, quase brota um também. - Ela não é o que todos dizem.
Senti a calmaria me tocar. Por um minuto pude sorrir interiormente. Precisava ouvir isso... eu queria.
- Não querendo dizer, mas dizendo - Chris interrompe meu devaneio. - , já são sete e meia passada.
O quê? Mas que porra!
Arregalo os olhos ao conferir no relógio de pulso. Sem sinal de pronúncia, giro a chave e engato a primeira, estando imediatamente em movimento. O bom é que estávamos a dois minutos da casa da Lana e por isso chegamos rapidamente, avistando a garota passar pela porta assim que nos viu estacionar. Foi aí que meu olhar cruzou com os castanhos dela, os mesmos olhos tímidos que eu me apaixonei. Minhas vistas correm para a senhora Mendes com a mala preta em suas mãos, então sem pensar duas vezes, seguro na maçaneta e abro a porta, indo para a direção delas.
- Bueno días! - a mulher alarga o sorriso.
- Bom dia, desculpe o atraso. - abro um sorriso instintivamente, ao mesmo tempo que minhas vistas perseguiram a garota ao lado. - Deixa eu ajudar a senhora. - pego a mala de suas mãos.
- ¡Señora, no! - franze o cenho aos risos. - Señorita.
- Aaaa... claro. - alargo o sorriso e levo meu olhar para Lana que sorria encabulada.
Ando até a traseira do carro, quase escorregando a bagagem de minhas mãos. Mas que peso!
- Hija, se comporte, está bien? - a mulher começa a passar um relatório, enquanto o vermelho dominava a face da Lana. Seguro o riso e volto até elas, depois de tudo organizado. - Não esquece do que conversamos. - abraça a filha, antes de dizer: - Te amo.
- Também te amo, mãe. - desfazem o abraço.
- Mad, cuida da minha niña. - a mulher me puxa para um abraço.
- Mãe... para com isso. - Lana cobre o rosto com os dedos da sua mão direita.
- Cla-claro. - minhas pupilas correram para o canto dos olhos, avistando a garota esbanjar vergonha. Espremo os lábios para não rir. - Bom, nós... - desfaço o abraço. - Melhor seguir viagem logo, antes que haja muito congestionamento.
- Claro, usted tiene razón.* - Mendes dá tapinhas no meu e no ombro da Lana, nos empurrando para próximo do carro. - Divirtam-se!
Lana adentra na porta traseira, ficando atrás de Chris, enquanto eu volto para meu posto de motorista. Assim que assento no banco, senti o silêncio reger, como também a expectativa de Chris e Mana de segurar o riso. Sra. Mendes é uma figura...
- Tchau, senhora Mendes! - grita Mana, ao abanar com Lana para a mulher, depois de estarmos em movimento. Chris emite uma risada anasalada, nos contagiando a rir com ele.
No decorrer do tempo, olhei para Lana através do retrovisor. A garota quieta, está concentrada na vista de fora, e eu, me esforço para desgrudar as vistas nela, pois o foco deve ser a direção. Entretanto, ligo o som e a música Sweater Weather (mídia) alegra o local. Mana imediatamente começa a cantarolar, até posicionar sua mão no meu banco e seu corpo entre eu e Chris, erguendo o volume altamente com a mão direita.
"I want the world in my hands."
(Eu quero o mundo em minhas mãos)
- Galera, cantem comigo! - a ruiva volta ao seu lugar. - Só não mais alto, por que o show é todo meu!
Rimos. Sucessivamente, Chris se junta na cantoria.
"Use the sleeves on my sweater."
(Use as mangas do meu suéter)
Sem perceber, eu já estava cantando.
"Lets have an adventure."
(Vamos ter uma aventura)
"Head in the clouds but my gravity centered..."
(Cabeça nas nuvens, mas minha gravidade centrada...)
Levo meu olhar mais uma vez para o retrovisor, avistando Lana mais animada, sorrindo entre o som e se entregando para a música ao se unir com nossa cantoria.
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Levanto as pálpebras lentamente, contrastando a claridade do dia com os flocos de neve sobre carros estacionados à metros a frente, então entendi que paramos em um posto de gasolina enquanto eu dormia. Giro a cabeça para o lado, e não encontro Mad e Chris, somente a Mana dormindo tranquilamente. Com o ruído do lado de fora, levo meu olhar para a traseira do carro, e encontro Mad abastecendo o automóvel. O que houve com você? Por que está agindo tão estranho ultimamente? Acompanho seus movimentos, e examino seu semblante aéreo, parecendo pensar em algo que aflige. Não quero pensar na possibilidade de ter descoberto sobre o beijo... Meu estômago chega a revirar.
A porta da conveniência leva meu olhar para Chris saindo com copos descartáveis e uma sacola plástica entre o braço. Comida... Entendo que são salgadinhos que carrega. Humm... estava mesmo com fome. A porta do motorista busca minha atenção ao abrir, e um suspiro perco quando Mad entra ao olhar ligeiramente para mim.
- Te acordei? - sua voz rouca estremece meu ventre, me deixando sem argumentos. - Desculpe, eu não queri...
- Não, não... - interrompo, piscando um par de vezes. - Está tudo bem, eu já estava acordada.
Queria que tudo estivesse realmente bem...
Seus olhos verdes, os mesmo que sentia falta, me mantém aprisionada neles sem uma trégua para desviar. Eu não quero parar de olhar... a não ser, quando minhas vistas despencam para seus lábios e minha boca passa a clamar pela sua.
- Mad! - a voz de Chris soa no lado de fora, com suas mãos ocupadas pelos petiscos. - Abre a porta, caramba!
E Mad faz como o pedido do amigo, ao alcançar na maçaneta e permitir que o garoto de touca amarela sente no seu lugar.
- Gente - Mana boceja ao esticar os braços. - , o que eu perdi?
- Acordou bem na hora. - Chris entrega os copos aquecidos, então entendo que a bebida é café. O cheiro e o sabor não negam que eu estava certa. Amo um café... Uma viagem de duas horas e meia necessitava de uma pausa para repor as energias, por isso enchi a barriga com o salgadinho comprado.
- Chris, se importa de dirigir agora? - pergunta Mad, depois de um gole do café.
- Posso dirigir também - Mana intromete, antes que Chris pudesse dizer algo. - , tenho habilitação.
- Também tenho... - digo sem pensar, e meu rosto arde assim que os olhares me notam concluir com o que comecei. - Habilitação...
Mana larga uma risada anasalada e contagiante, enquanto eu, transtornei meus olhos brutalmente.
- Foi mal, Lana... - Mana diz em meio de seus risos.
- Não sabia que dirigia. - Mad dirige a palavra a mim.
- Fiz a carteira no início das aulas...
- E depois disso - Mana interrompe. - , não dirigiu mais.
- Como queremos chegar vivos - Chris abre a porta. - , eu dirijo. - sai e dá a volta pela frente, trocando de lugar com Mad. - Queria mesmo comandar essa máquina um dia. - segura o volante com as duas mãos.
- Então, esse dia chegou. - Mad sentado a minha frente, ajeita
o cinto. - E vamos logo, que temos mais uma hora de viagem.
Chris dá a partida e logo estamos em movimento mais uma vez. O garoto na minha frente, joga o braço por cima de sua cabeça ao se ajeitar para um possível cochilo, e eu passo a admirar os dedos de Mad... por favor... Até seus dedos chamam minha atenção.
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Não vejo a hora de esticar as pernas...
As montanhas já eram vistas e cada vez maiores conforme nos aproximávamos. Consegui enxergar os teleféricos sobre a montanha, e os pontinhos coloridos deslizando na neve... certamente são as pessoas esquiando. A pequena cidade é bastante atrativa, com muitos turistas nessa época do ano. Os bares e lojas ainda estão decorados por luzes de Natal, enfeitando ainda mais a aparência charmosa da cidade.
- Pode entrar nessa rua. - Mad sinaliza Chris com o indicador. A rua estreita é sem saída e as casas são praticamente iguais, pelo menos a maioria. - Para na última casa a direita.
Chris faz como o mandado, estacionando em frente da casa de dois pisos e de madeira.
- Mas, e a cabana? - digo, com a sobrancelha e lábio superior erguidos, ao observar a casa sem graça.
- Vai ficar para amanhã. - Mad retira o cinto de segurança. - Talvez hoje a noite, se tivermos sorte. - sai do veículo, restando a nos retirar também.
O vento gélido toca minha pele, congelando até minhas narinas. Devia ter trazido mais roupas... Mad dá dois passos e encontra a pequena escada que dá na varanda, enquanto eu e a Lana ajudava Chris a retirar as malas e trancar o carro. Mad é recebido por um homem rechonchudo e baixo. Os dois se abraçam e conversam sobre algo que não entendia, ou até nos aproximar e conseguir ouvir com nitidez.
- Esses são seus amigos? - o homem de bigode abre um sorriso. - John O'Sullivan, muito prazer. - estende a mão para cada um de nós em cumprimento, então nos apresentamos a ele também. - Entrem! - estende a mão para o interior da casa, dando espaço para passagem. - Aqui fora está muito frio!
E bota frio nisso... Penso, ao sentir o frio percorrer minha espinha.
- Deixa que eu levo pra você. - O'Sullivan faz a honra de ajudar Lana com a bagagem. - Traz uma bigorna aqui dentro? - ri ao sentir o peso, nos contagiando também.
Senhora Mendes deve ter feito a Lana trazer o roupeiro inteiro...
- Bom... err... - cora o rosto de Lana ao sorrir encabulada.
- Seus quartos estão lá em cima. - o homem sobe os degraus da escada, ao lado de um pequeno corredor. O interior da casa é bem rústico, com quadros nas paredes, peles e animais empalhados como decoração. No andar superior também tem um corredor curto, com algumas portas manifestando os dormitórios. - Aqui é o banheiro social do andar superior, e tem outro lá em baixo. Sinto muito, mas terão que dividir o mesmo banheiro. - ele apresenta os cômodos, tais como nossos devidos quartos, um para eu e Lana, e outro para os meninos.
Ninguém merece... bem que podia ser melhor, não?
O quarto é pequeno, mas até que é bem aconchegante. Duas camas de solteiro, uma ao lado da outra, separadas por um criado-mudo e seu abajur cafona.
- Essa é minha! - caio esparramada na cama ao lado da janela.
- Tanto faz... - Lana fecha a porta e assenta na cama vaga.
- Mad ainda está muito estranho com você? - pergunto, ao perceber minha amiga cabisbaixa.
- Por um acaso você viu ele conversar direito comigo?
- Ei, não fica assim brabinha. Eu sei que ele gosta de você. - assento ao seu lado e envolvo meu braço em torno de seu corpo. - Você tem dois dias pra agarrar ele de volta, entendeu mocinha?
Ela não responde, apenas fica apreensiva ao apoiar a cabeça em meu ombro. Tenho certeza que nesses dias tudo voltará como antes, e que também será o suficiente para uni-los de uma vez por todas.
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Seguidamente de um bom descanso, fomos para o andar inferior após John convocar-nos para o almoço. Algumas mesas quadradas estão distribuídas pelo cômodo, e nós, a convite de John, vamos para a mesa maior e retangular existente no canto daquela sala. Os talheres estão devidamente arrumados sobre a mesa, juntamente com as vasilhas marrons servidas com algo semelhante a uma sopa vermelha. John assenta na cadeira rústica na ponta da mesa, e Mad escolhe o assento próximo ao homem. Olho ligeiramente para Chris e Mana, afim de esperar onde sentariam, mas pelo jeito, eles fazem o mesmo.
— Pode sentar, mocinha. — o homem acena para o lugar vago ao seu lado, bem a frente de Mad.
Abro um sorriso acanhado e não contenho meus olhos ao direcionar-se para o verde de Mad. Ele faz o mesmo. Ficamos aprisionados por segundos, despertando nossas atenções pelo arrasto das cadeiras ao nosso lado. Chris assenta ao lado dele e Mana no lugar vago, ao lado do suposto meu lugar.
Difícil é concentrar na vasilha de sopa, quando a estimativa era olhar o garoto a frente. Esses olhos... sempre esses olhos... Portanto, é essencial desviar do que me paralisa e experimentar a sopa de uma vez. Levo uma colherada na boca e... Humm... uma delícia... Sopa de tomates não é minha preferência, mas essa está maravilhosa!
— O quê Joaquin Hastings anda fazendo — o homem baixo quebra o silêncio, iniciando uma conversa com Mad. — , que não teve mais tempo para seu amigo aqui?
— Ah, ele... — as pupilas de Mad correm no canto dos olhos ao me avistar, mas desvia imediatamente de volta para John. — Anda muito ocupado na empresa garantindo a melhor condição financeira para a família.
— Os Hastings não mudam nunca. — sorrindo, John balança a cabeça negativamente.
— Mas eu consegui dar uma escapadinha e vir te visitar! — Mad abre um sorriso, antes de mais uma colherada na sopa.
Sorrio instantaneamente. Levo meu olhar para Mana e Chris que fazem o mesmo, ficando atentos na conversa que se estende com o passar dos minutos, ao mesmo tempo que eu mantinha a guerrilha entre meus olhos incessantes a visualizar o garoto em minha dianteira. Posteriormente, uma mulher de cabelos escuros e presos em um coque, surge nos surpreendendo com mais um prato em mãos. Um prato perfeitamente profissional.
Me empanturrei de sopa e ainda trazem mais comida?
— Mas você gosta de me deixar mal acostumado, não é? — Mad indaga, ao esperar pelo prato ser largado na sua frente.
— Paletas de cordeiro — orgulhoso, John apresenta sua bajulação. — , crosta de alcachofras, batatas assadas e purê de alho... Seu favorito...
— Um, dos meus favoritos. — Mad interrompe ao corrigi-lo.
Cada um de nós, também recebemos um prato igualmente ao dele. Se eu soubesse, não tinha me entupido de sopa... Penso, ao avistar tamanha obra de arte e... muito saboroso. Certamente, a sopa era apenas uma entrada e agora é o prato principal. O bom é que não nego comida, e mesmo cheia, consegui aproveitar esse prato magnífico.
— Vão esquiar a tarde? — o homem retorna o diálogo com Mad.
— Não sei... — leva seu olhar ligeiramente ao meu. — O que você acha?
Fico boquiaberta, totalmente surpresa. Sinto até meu rosto queimar, e nem sei exatamente o por quê. Agora parece ficar mais complicado estar confortável diante de uma conversa com ele.
— Err... Não sei esquiar mas... — vago meu olhar para meus amigos que esperavam por minhas palavras, então volto imediatamente para Mad. — , acho que seria ótimo.
— Você é a namorada do mini Hastings? — a voz de John soa em meus ouvidos.
O quê? Perco um suspiro ao arregalar minimamente os olhos. Avisto o garoto a frente, ocupado a me notar com a mesma feição que eu. Em meu rosto, já não tem espaço para pigmentação, enquanto sentia a tensão ao lado, como a expectativa de meus amigos segurarem o riso. Eu realmente não sei o que responder...
Mad rebaixa a cabeça e remexe nos pedaços de batata do seu prato. Espeta uma das fatias com o garfo, antes de erguer seu olhar, fixando em mim ao dizer:
— É... quase isso...
Não contenho um sorriso de brotar em minha face. Rebaixo a cabeça ao sorrir discretamente, levando as pupilas para o canto dos olhos a avistar as reações alheias. E como imaginei, Mana e Chris estreitavam os lábios para não rir.
— Por suas reações, suspeitei desde o início que houvesse alguma coisa entre vocês. — o homem ri, e continua com a refeição.
Dessa vez, acho que meu rosto vai sinalizar todo o local, por que certeza que está em um tom totalmente chamativo. Ergo o olhar entre uma garfada e outra, examinando a feição de Mad. Ele faz o mesmo que eu. Sempre cruzando com meu olhar e desviando em seguida. Eu queria saber o que tanto pensa... e o que realmente quer de mim...
Pela graça de Deus, a hora passou rapidamente e o almoço teve seu fim. A mesma mulher de antes, volta para retirar a louça suja e levar para a porta que acredito ser a cozinha.
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— Mini Hastings... Que fofo... — Chris não cansou de rir do costumeiro apelido que recebi de John, enquanto arrumamos as coisas necessárias para esquiar. Difícil é não rir também, afinal não é nada demais, mas sim, pura zoação.
Tudo fica mais contagiante quando Lana sorri, me perdendo no seu jeito capaz de causar reações adversas. Está praticamente impossível estar longe dela... talvez, nem sei se quero estar mais...
Além de estarmos com três camadas de roupas quentes e apropriadas, nós ainda precisamos vestir uma roupa especial, por isso, conseguimos em uma estação de esqui que oferece equipamentos para locação. Uma jaqueta e calça impermeável, óculos de proteção, capacetes e luvas. Depois de calçar botas específicas, pegar os esquis e os bastões, ficamos praticamente prontos para subir a montanha.
— Isso vai ser uma piada. — a voz doce da Lana soa ao para sua amiga ruiva, conforme nos aproximávamos dos teleféricos. — Não vai dar certo... — ri ao manear a cabeça negativamente. — Sou muito desastrada!
— Ah, não tô nem aí! — Mana entretém. — Eu vou rir e muito!
— Ei Lana! — Chris envolve o braço nos ombros dela. — Só não vai rolar montanha abaixo!
O gargalho torna-se fatal. A garota empurra Chris completamente aos risos.
— Vem Chris! — a ruiva puxa meu amigo pela jaqueta, levando-o para o banco do teleférico.
Então olhei para Lana. Estávamos novamente sozinhos, como a ruiva sempre fez. Mana, Mana... Tive que sorrir por essa atitude, assim também fez a garota tímida a minha frente, corando o alto de suas bochechas por debaixo do óculos de proteção.
— Vamos lá? — digo a ela, que concorda rapidamente.
Assento ao lado da Lana no próximo banco suspenso, ficando na retaguarda de Mana e Chris. Durante o trajeto do teleférico, subindo mais acima na montanha, se tornava impossível não rir daqueles dois, pois ambos os brincalhões, esticavam a ponta da língua até a barra de ferro que segura o banco suspenso, com a expectativa de congelar a própria língua. Parecem duas crianças arteiras!
— Está ficando cada vez mais alto! — Lana segura firmemente na barra de proteção. Tinha até esquecido que ela tem medo de altura.
— Se cair, cai na neve fofinha! — entretenho.
— Só que não, né? Não tem nada de fofinho lá embaixo!
Rimos como se tivéssemos feito a melhor piada do ano. Estava mesmo precisando disso...
Ao chegar na aérea de esqui, me obrigo a ajudar Lana até a caminhar sobre a neve com o esqui. Inevitável é não rirmos, pois realmente, como já sabia, ela é muito desastrada.
— Chris, você não é de nada! — Mana desce disparada, fazendo com que o garoto de jaqueta amarela, esquie depressa atrás da ruiva.
Nem fizeram questão de nos esperar!
Levo meu olhar para Lana, que demonstra medo a quilômetros. Tive que achar graça mais uma vez. Por conseguinte, optei em ajudá-la, afinal fui o único que restou para acudir a garota na qual ainda me importo. Mostro os primeiros movimentos e ela faz o possível para fazer igualmente a mim, porém o contrário de deslizar na neve acontece... Lana caía a cada minuto que passa, nos restando a cair na gargalhada. Seguro sua mão e a direciono com cuidado, enquanto deslizamos sobre o branco da neve e nossas visões se concentram uma na outra durante desviadas frequentes de olhares. Mas não passa disso, pois Lana, em desconcentração, acaba caindo mais uma vez, e os risos se intensificam conforme aumenta suas quedas. Toda essa diversão acaba destruindo tudo de ruim que havia acontecido, no obstante, por mais que estivesse ferido pelo o que ela me causou, eu queria ficar perto dela, e rir como um louco a cada tombo que damos na descida dessa montanha.
— O quê vocês acham de subir mais na montanha? — pergunto para meus amigos assim que eles se juntam a nós mais uma vez, depois de horas nos divertindo.
— Eu topo! — Chris alarga o sorriso ao levantar o indicador.
Então não restou dúvidas. Com a concordância de todos, subimos ainda mais, contornando alguns pinheiros até chegar no local desejado. Uma pedra enorme e diante do pôr do sol, convoca nós assentar para apreciar a paisagem. As cores alaranjadas diluindo no céu arroxado, contrastam com o branco da névoa. Realmente, é um cenário muito lindo... Mas não tão incrível quanto ao sorriso deslumbrante da Lana, sentada bem ao meu lado e fixada nesse glamoroso espetáculo da natureza. Não sabia se olhava para o pôr do sol ou se admirava a beleza da garota ao lado. Examino cada detalhe perceptível da sua face, porém Lana percebe minha fixação, pois gira seu rosto de frente para o meu, tornando meu coração ansioso... e nervoso. Seus olhos castanhos conectam com os meus verdes, minha boca sente a falta da sua e sei que ela também sente, por que seus olhos não negam e escorregam lentamente ao meus lábios, assim também como os meus. Antes que meu instinto de beijá-la ative, a lembrança daquele vídeo vem a tona repentinamente, e eu recuo qualquer que fosse a ação que tomaria. Lana continua a examinar com aflição, porém não consigo seguir adiante. Esquecer não é assim tão fácil para mim, então volto a admirar a natureza sem desviar as vistas para o lado.
Ficamos por longos minutos apreciando tamanha beleza, porém, como em um dia comum, tudo precisa ter um fim, como a escuridão da noite que finalmente calhou. Queria que tudo tivesse tido outro rumo, mas infelizmente não foi assim. Eu não sei o que Lana teve em mente quando ficou com David, só sei que quero acreditar que não era seu desejo, que ela realmente não é como todos dizem ser. E quanto a mim, já nem sei mais se preciso de tempo, se acabo com tudo enquanto a tempo, ou se decido lutar pelo amor dela.
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Mad... por que me ignora?
Tirei um esforço grande para continuar sorrindo, mesmo quando no íntimo, tudo implorava ao berros por um mísero sinal de que ele ainda quisesse ficar comigo. Mantive meus olhos presos nos fracos raios que desapareciam atrás de outra montanha, enquanto me torturava por pensamentos e segurava com máximo esforço para não deixar alguma lágrima cair. Mana disse para tentar, porém está complicado... talvez eu deva desistir de uma vez... Apesar de Mad estar estranhamente confuso, insatisfeito, ou sei lá o que se passa na sua cabeça, nessa tarde progredimos de certa forma, pois ficamos o tempo inteiro juntos agindo como se nada tivesse ocorrido... pelo menos queria que nada de ruim tivesse acontecido...
Descansados pela exaustão, até por que esquiar para mim não foi tão mole assim, decidimos voltar para a cidade completamente revigorados, cheios de energia para mais um round de diversão. Depois de devolver nossa vestimenta e pagar por elas, resolvemos andar até o pé da montanha Snowmass e terminar o dia com o programa obrigatório dos esquiadores.
— Que tal conhecer o Venga Venga! — Chris sorri animado e acena para o outdoor do estabelecimento a frente.
— Vamos? — Mad me surpreende, depois de um longo tempo sem ao menos me olhar normalmente. — No menu Venga Venga, tem muita comida mexicana, acho que você vai gostar.
— Claro, vamos. — tento manter a postura, pelo menos com uma conversa normal. — Gosto quando minha mãe inventa de cozinhar comida mexicana.
— Eu, particularmente, amo comida mexicana. — abre seu lindo sorriso, e fico perdida nele sem perceber que já estava subindo os degraus do estabelecimento.
Está virando uma verdadeira tortura aqui com Mad... Uma hora parece estar feliz, rindo comigo até de coisas inúteis sem sentido, e em outra, parece não querer me ver nem pintada de ouro na sua frente.
Entramos no local lotado por turistas, que preferiam as mesas externas e por sorte deixavam algumas livres no interior da cantiga. Assentamos na mesa livre e pequena, Mana fica ao lado de Chris, e ao lado de Mad sobra para mim. Por favor... Mana vai começar de novo... Imediatamente fizemos nosso pedido. Tacos e burritos... os melhores que já comi. Minha mãe que me perdoe... Comemos como fizessem dias que não ingerimos alimento. Para beber, restou apenas margaritas sem álcool.
— Gente — Chris acena para nós chegar mais perto. — Trouxe minha identidade falsa. — sussurra.
— E por um acaso, você trouxe a minha? — Mana arqueia as sobrancelhas e alarga um grande sorriso. O garoto responde positivamente com o manear de cabeça. — Chris, eu te amo! — animada, ela esbordoa no antebraço dele.
— Sério? — o garoto arregala os olhos, mas logo é surpreendido por um tabefe da ruiva que revirou os olhos.
Não contive a risada anasalada, contagiando os outros também, menos o próprio Chris que ficou aéreo sem saber se ria ou não.
— Espera aí... — interrompo meu próprio devaneio, e dirijo a palavra para a ruiva. — Você pediu pra ele fazer uma identidade falsa?
— Shhh... — ela apoia o indicador sobre a boca. — Fala baixo sua anta! — transtorno os olhos. — Eu pedi para o Chris conseguir com os gêmeos e... também arranjamos uma para você! — mostra um sorriso forçado.
— O quê?
— Aqui estão. — Chris retira da carteira e entrega as identidades, então seguro a minha em mãos. Mesmo rosto, mesmo nome, porém 21 anos! Sou uma criminosa! — Puta que pariu! — ergo meu olhar arregalado para Mana, que imediatamente debocha da minha ingenuidade... ou melhor dizendo, todos desfrutam. Olho para o garoto sentado ao meu lado, e em seus dedos, também há uma dessas identidades.
— Só faltava você. — brota um sorriso no canto de sua boca, me aprisionando em seu olhar e desviando para a ruiva em seguida. — E você também, é claro. — suas pupilas me notam pelo canto dos olhos, e um sorriso instantâneo surge em meu rosto ao suspirar. Estou com tanta saudade de você...
Meus amigos guardam suas mais novas identidades, despistando meus pensamentos no Mad, e caindo a ficha do crime que cometi. Uma identidade falsa... isso é ruim... uma ideia completamente péssima... é extremamente errado!
— Olha, já ouvi falar de uma taverna aqui no Aspen — Mad continua, deixando sua voz despencar lentamente. — , mas não sei bem ao certo onde é. Com essas identidades, podemos nos divertir mil vezes melhor do que aqui.
O quê? Arregalo meus olhos.
— Isso! — Mana salta da cadeira subitamente. — O que estamos esperando?
Isso não vai dar certo... estamos encrencados... Tombo o rosto nas mãos e o silêncio de meus amigos passam a reger. O que está acontecendo? O que estou fazendo? Essa viagem devia ser épica... Não, que se dane. Pela primeira vez, quero e vou me divertir de verdade.
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