|O Baile Real 3|

Como sempre tão lindo... Penso ao dançar com meu amigo uma música linda, no momento que meus olhos não desgrudam de Madden e sua acompanhante. David com certeza já deve ter percebido que sou uma boba, admirando-o sem controle dos meus olhos. Argh, quem mandou ele ser tão lindo?

Acabamos dançando todas as músicas lentas consecutivas sem perceber, já que minha concentração estava no garoto ao lado. Minha inquietude está cada vez mais visível, não entendo o por que de toda essa ansiedade. Não quero ficar secando o garoto, as outras já fazem isso! E também, já está acompanhado da mais popular da escola. Do jeito que ela cola nele, parece querer possuí-lo como um espírito!

Seus lindos olhos verdes retribuem meu olhar, cruzam-se com os meus diante das luzes estroboscópicas. Se não fossem os reflexos da luzes no globo espalhado, minha cor avermelhada da vergonha já seria perceptível. Meu melhor amigo ainda me nota fixamente como se quisesse dizer algo, mas não consigo nem olhá-lo com coerência. Dançar uma música tão lenta e romântica, e ao mesmo tempo fitar o garoto mais lindo que já vi em toda minha vida, colado na vaca da Christie, me deixa aflita e muito, mas muito nervosa.

Diminuo meus passos lentamente, segurando a mão de David que a propósito suava como a minha. Puxo-o delicadamente, levando para a mesa de onde estávamos sentados. Seus olhos por detrás do óculos, me examinavam aflitos, e eu, apenas mantive a discrição.

Não entendo... Não entendo... Já me apaixonei antes, e não era assim. Não tem como estar apaixonada agora, e também não posso, e não quero.

— Vou buscar mais bebida e uns petiscos, tá bom? — Sua voz tira de meus devaneios, então só assinto. Não sei se devo continuar aqui. Não queria nem ter vindo, mas David teve que me convidar, e a Mana como sempre é tão insistente. Fico sozinha a esperar por David, notando Madden e Christie para lá e para cá. A loira arrasta o coitado pra todos os cantos, exibindo seu novo gatinho. Não vejo motivos para continuar aqui.

Mana como sempre capricha no visual, um vestido roxo colado, acentuando suas curvas e com a longa trança que cai sobre seu ombro, deixando Chris, que também não está nada mal, cada vez mais empolgado e satisfeito por estar com Mana, que a propósito, sempre arrasa por onde passa. Ambos se aproximam da mesa onde estou sentada, pois como sempre ela percebe minha insatisfação de longe.

— Quero ir pra casa. — Digo para ela assim que assenta ao meu lado.

— Ah não, pode parar! — Enaltece sua voz, chamando atenção até do Chris de pé a nossa frente.

— Eu já decidi. — Minha voz é falha. — E quero ir logo. — Nesse momento David retorna notando-me amargurado com a bebida e os petiscos em mãos, apoiando na mesa a seguir.

— Viu Lana! — Mana recolhe os petiscos, colocando-os bem a minha frente. — Come e bebe um pouco, se distrai poxa!

Só falta dar na minha boca!

Esforço-me a ficar mais cinco minutos, comendo os petiscos, até por que não nego comida. Bebo aquele ponche num gole só, pois a saudade da minha cama veio a tona.

— Você quer dançar? — David assenta na cadeira ao lado. — Quer dar uma volta? Ou talvez conversar? Sei lá, fala alguma coisa.

Sou uma péssima amiga... Ele não tem nada haver com minhas paranoias e fica todo preocupado comigo.

— Eu, realmente quero ir embora. — Analiso sua feição cabisbaixa, antes de aprofundar o olhar para a ruiva implicante. — Mas a Mana me prende aqui!

— Ah, para com isso! Você vive trancada na sua casa, precisa se divertir, poxa! — Cruza os braços rabugenta, eu reviro meus olhos brutalmente.

— Então... te levo pra casa. — A voz doce de meu amigo soa angustiado.

— Que isso, você pode ficar e se divertir. — Seguro suavemente sua mão. — Não estrague sua noite por minha causa.

— Já cansei também dessa festa, então te acompanho. — Se ergue rapidamente estendendo sua mão. — Não vai querer andar sozinha nessas ruas vazias e cheias de perigo? — Exibe seu sorriso sutilmente, então me ergo ao segurar sua mão.

— Está bem, obrigada. — Sorrio contente, ao passo que mantém-se fixo em mim.

— Ah saco! — Mana se ergue e me abraça. — Vai lá então, sua chata. — Sorri ao falar, me contagiando. Despeço-me dela e de Chris, que não via a hora de ficar sozinho com a ruiva. Ando acompanhada de David até a saída do ginásio, quando dou por conta que segurava sua mão. Então o soltei.

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Caminhamos por esta rua deserta sem dizer alguma palavra, quando Lana vira seu pé e bufa irritada. Paro de andar imediatamente. — O que, que aconteceu com você? — Encorajo-me ao perguntar, e ela vira-se a mim. — No início estava bem e depois ficou assim tão aflita!

— Desculpa, não é você... — Eleva seu pé ao tirar seu sapato, e faz o mesmo com outro. — Acho que é só cansaço. — Volta a andar de pés no chão. Sigo-a totalmente calado, assim como ela, ouvindo apenas os passos no chão iluminado pelos postes de luz.

Sinto um embrulho no estômago, pois preciso fazer alguma coisa. Não posso deixar está noite terminar assim, ainda mais agora que descobri com minha intuição, que Lana está se deixando levar pelo encanto do Madden. Vou enfartar a qualquer momento...

— Não dá bola pra mim. — Sua voz quase me arranca um suspiro, pois um minuto atrás só havia silêncio. — Me diverti bastante com você. — Ela para de andar, e aí percebo que já estamos no portão da sua casa. Minhas pernas tremem e não consigo dar um passo à frente. Ela espera por alguma palavra, que nesse momento não consigo pensar nenhum argumento. Minhas mãos suam, meu corpo todo sua. Ela já está percebendo que daqui a pouco vou ter um treco.

— Gostei muito de sair com você. — Flui palavras trêmulas de minha garganta, que instantaneamente abre um sorriso doce para mim. Aí que consegui dar um passo à frente e segurar em sua cintura, trazendo-a para meus lábios, sem tempo para falar e nem recusar.

Apenas sinto a maciez de seus lábios e suas mãos deslizando em meus braços, em direção ao meu pescoço. Meu coração acelera entregando minha ansiedade, mas também aprecio esse momento como se fosse o último. Invado delicadamente sua boca com minha língua e me embriago com o gosto doce que ela tem. Que sensação magnífica é beijar o amor da minha vida.

Lana interrompe nosso beijo, por mim continuava por horas, mas sai de meus braços dando um passo atrás, arregalando seus olhos e apoiando seus dedos nos lábios.

— Por que fez isso? — Respira aceleradamente. — Somos amigos.

O coração bate apressadamente, parecendo que a qualquer momento sairá pela boca.

— Me desculpe... — Evito meus olhos de concentrar-se nela, deslocando a visão para um lado e outro. — Vo-Você t-tem razão, somos só amigos. — Gaguejo feito um idiota, me desculpando por algo que ansiava muito fazer.

Ficamos parados um de frente para o outro, ambos intimidados. Fica ainda mais agoniante não saber se paro ou se prossigo, pois se fosse totalmente errado, ela já teria entrado. Dou um passo a frente, ao mesmo tempo que ela puxa o ar imediatamente.

— É melhor entrar. — Diz hesitante.

— Tá bem... — Meu rosto arde desairosamente. Porra, deu tudo errado. — Nos vemos amanhã na Lancheria?

— Que merda. — Sorri forçadamente. — Já tinha esquecido que amanhã tinha que trabalhar... Que saco, bem no domingo. — Tenta transparecer naturalidade, mas percebo estar audaciosa, da mesma forma que eu. Inesperadamente ela se aproxima estalando seus lábios em minha bochecha, e assim meus pulmões voltam a emanar calmamente. Não está tudo perdido! — Até amanhã. — Sua mão delicada abana para mim é anda a caminho da porta de entrada.

Assim que ela adentra, já posso ir para minha casa. Não sei se comemoro ou se desabo. Mas neste momento, só consigo pensar no beijo que acabei de dar nela, o beijo que sempre sonhei, o gosto da sua boca e o tato de suas delicadas mãos.

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Fico um tempo escorada na porta, digerindo o que acabara de acontecer.

— ¿Sucedió algo?¹ — Minha mãe surge da sala já de pijama. — Você chegou cedo!

— Geralmente os pais se preocupam quando os filhos chegam tarde e não cedo! — Uso sarcasmo ao subir as escadas velozmente, entretanto, ouço seus passos atrás.

— ¡Chica graciosa!² — Adentra em meu quarto, enquanto arranco aquele vestido. — Quero saber se, se divertiu?

— Sim, me diverti. — Pego meu pijama da gaveta do guarda-roupa ao lado. — Dancei, ri bastante e agora estou cansada, okay? — Visto-me sem demora e pulo para baixo das cobertas. — Boa noite mamá³. — Observo seus olhos castanhos como os meus ao afundar minha cabeça no travesseiro. Ela não tem culpa, mas realmente não quero entrar em detalhes sobre essa noite.

— Buenas noches, mi hija. — Deposita um beijo em minha testa, antes de desligar a luz e sair fechando a porta. Fico fitando o teto escuro pela escuridão de meu quarto. Pouca claridade consigo visualizar pela luz refletida na janela. Meus pensamentos ainda estão no baile, em Madden, em David... Como pude beijar meu melhor amigo?

— Caramba David... Por que foi fazer isso? Você não pode gostar de mim, somos apenas amigos... Só amigos...

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É 23 horas e finalmente termina o baile. Como combinado, junto dos convidados de Christie, vamos até a casa dela. Ficar o tempo todo com ela, é um tanto irritante. Ouvir as mesmas coisas, como condições financeiras, roupas e o quanto se acha bonita, me dá um nó no estômago. E ainda tudo o que fazia, parecia provocar Zac e Melissa. Ver aqueles dois se amassando pelos cantos do ginásio, a deixava agoniada, percebia aflição em seus olhos.

Ver Lana naquele ginásio, junto com seus amigos, inclusive Chris, manifestou falta de contentamento e a convicção de ter suas companhias. Poderia deixar Christie para trás e me infiltrar com eles, mas por que feri-la, sabendo de seu interesse por mim? Preciso encontrar uma maneira de por um fim nisso, e fazer amigos que realmente aprecio.

Na casa de Christie, a festa tem início imediato com nossa chegada. A sala é imensa com sofás escuros sob o tapete felpudo, incluindo o lustre deslumbrante suspenso no meio. Um adolescente de fones no ouvido liga músicas aleatórias a mando dela. Bebidas alcoólicas são distribuídas e logo a casa fica cheia. Encontro Chris e agora não saio mais de perto dele. No mínimo um pouco de diversão, já que no baile só fiz o que agradava Christie.

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A casa é tão grande que parece faltar gente! Normalmente não sou convidada a festas, mas como tive a sorte de ser uma cheerleaders, tenho esse privilégio. Amo festas, diferente da Lana. Entendo ela, as pessoas naquela escola são esnobes e se acham mais importantes do que as outras. Infelizmente minha amiga sofre por isso, ainda mais que caiu em uma cilada.

Avisto um rosto conhecido do garoto escorado na parede branca do canto da sala. A camisa social preta é largada por cima da calça escura, a corrente no pescoço é visível na abertura funda pelos poucos botões abertos da camisa, revelando a regata branca cobrindo seu tórax.

Que estranho... O que será que faz aqui? Nunca vi os dois juntos! Jeff não faz o tipo de amigo que Christie aprecia! Penso, enquanto vou até ele, depois de averiguar se alguém nos veria junto, afinal, a maioria sabe que ele trafica na escola e me ver junto dele, vão acreditar no óbvio. Ninguém pode saber o que uso... Nem morta.

— Não sabia que Christie tinha te convidado. — Paro a seu lado comprimindo meus olhos. — Agora são amiguinhos?

— Tem muita coisa que você não sabe... — Sorri debochado ao aproximar seu rosto. — E você virou amiguinha dela?

— Claro que não! — Levo meu olhar indignado na redondeza da casa. Imagina eu amiga daquela vaca? Nem sonhando! Dividimos o mesmo brilho no grupo das cheerleaders, mas ela só é a líder, por ser rica e popular. Mas uma dúvida me matuta, sobre ontem na Lancheria. — Me diz uma coisa, o que tinha naquele pacote que deixou no carro para ela?

— Se quiser respostas, precisa pagar por elas... — Sorri maliciosamente. — Caso contrário, não é da sua conta. — Ignora-me ao virar seu rosto para a dianteira.

Affs... Fala sério! Ele tem que maliciar em tudo?

Reviro meus olhos brutalmente e viro as costas, indo ao encontro de Chris e Madden.

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Com meu amigo, bebo na garrafa a cerveja, no momento que noto a garota com sardas se aproximar em passos fortes.

— E a Lana, por que não veio? — Pergunto, assim que para emburrada ao lado de Chris. Ela por sua vez, inclina uma das sobrancelhas, talvez refletindo em meu interesse, pois parece que ninguém se importa.

— Eu não convido esse tipo de gente nas minhas festas. — Soa a voz de Christie em minhas costas, parando ao meu lado. Como assim esse tipo de gente? — Mana, vem comigo pegar mais bebidas? — Puxa a ruiva pelo pulso que se deixa levar.

Chris esbordoa em meu ombro. — Vai pegar a Christie ou não? — Arqueia as sobrancelhas e comprime seus ombros. — As duas dando mole, e você perguntando da Lana?

— Eu já disse pra você ficar com a Mana. — Dou de ombros.

— Estou tentando, mas ela é difícil! — Dá um gole na boca da garrafa, enquanto observamos as duas conversando na bancada da cozinha.

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Para Christie me manter ao seu lado, é por que foi abandonada por sua amiguinha, para estar nos amassos por aí com seu ex-namorado. Seguro o riso, pois a vontade é de gargalhar incansavelmente como uma louca. Na bancada as garrafas são expostas, então pegamos quatro delas. Ao forçar a tampa da garrafa, afim de abri-la, noto os dedos discretos da loira ao retirar da pequena bolsa que usa, um pacotinho inusitado. Ela deposita o comprimido em sua boca, depois de tirar do pequeno pacote.


Arqueio minhas sobrancelhas. Não sabia que usava ecstasy!

— Você quer? — Sua voz penetra meus ouvidos, aguçando minha tentação. Não devia... A cocaína já é um problema, agora isso, é novidade. Os olhos azuis da loira com sobrancelhas arqueadas, ainda esperam por uma resposta, então maneio minha cabeça afirmando. Seus dedos longos retiram outro comprimido, antes de me alcançar. Faço ligeiramente o mesmo que ela, lançando a pequena pastilha dentro de minha boca, sentido atravessar minha garganta junto da bebida ingerida direto da garrafa. — Você está afim do Madden? — Ela vira-se levemente para avistá-los.

— Por quê? — Pergunto desentendida.

— Meus cabelos são loiros, mas não sou tão burra assim. — Continua com o olhar fixo nele, ao mesmo tempo que estampo um sorrio debochado.

— Estava, mas não vou mais estar. — Dou uma goleta na bebida, ao passo que ela exibe um sorriso vitorioso. — O meu cabelo é ruivo e mais inteligente para saber que ele está afim de outra pessoa. — Destruo o sorriso lindo.

— Quem? — Volta a me notar arregalando os olhos.

Sério que você não desconfiou? Como sempre achando que todos irão morrer de amores.

— Achei que tinha dito que não era tão burra assim! — Estampo meu riso no rosto ao me apoiar na bancada do mármore escuro. Não irei detalhar minha suspeita.

Madden anda interessado na Lana, ah, ele anda... Por amizade ou algo a mais, eu não sei, mas vou descobrir.

Os olhos irosos da loira não me assustam, acreditando que irei revelar a sortuda. Só acha querida! Aprofunda ainda mais o olhar, antes de abrir as outras duas garrafas e depositar dois comprimidos de uma vez só, em cada uma delas. Olho abismada.

— Se está ou não afim de outra, hoje ele vai ser meu. Só preciso de uma pequena ajudinha. — Brota um sorrisinho maléfico. Assustador, admito. Sai pisando em ovos, e eu a sigo.

A vontade de arrancar aquelas bebidas de suas mãos tornam-se grande. Mas o medo de ela gritar para todos que usei também, me consome. Sinto-me mal por isso. Vê-los beber até secar aquela garrafa, me faz sentir ser como ela.

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☆ Glossário ☆

¹- Aconteceu alguma coisa?

²- Menina engraçadinha!

³- Mãe.

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