Os Irmãos Kamado
Estava descansando em uma árvore depois de passar a noite caçando um oni que criou muito caos em uma pequena cidade, cerca de 30 mortes reportadas. Foi trabalhoso, e o oni era forte, mas consegui sair ilesa além de decapitar o maldito.
— CAW CAW — meu corvo Kasugai rodeia acima da minha cabeça antes de pousar em meu joelho — Reunião urgente solicitada pelo mestre, CAW CAW!
— Obrigada, Shiro — ainda bem que depois da luta resolvi voltar logo para o QG, então não estou muito longe — Vamos lá então.
Me levanto e dou algumas batidas no meu haori para tirar a poeira, usando a respiração de concentração total, consigo alcançar uma velocidade considerável e em meia hora chego aos arredores do vilarejo que rodeia a propriedade Ubuyashiki, onde a maioria dos Hashiras e suas famílias vivem, assim como outros membros do esquadrão. Não que todos fiquem muito em casa por conta das missões, mas algumas famílias como a minha, estão aqui a gerações.
Ando com mais calma pelo labirinto de ruas que levam até a mansão do mestre e no caminho encontro com Mitsuri e Shinobu, a rosada falando pelos cotovelos, enquanto a Pilar dos Insetos apenas sorri.
— Oh, Kira-chan! Achei que estivesse fora em missão — Mitsuri fala quando me vê.
— Estava retornando já quando recebi a convocação, como estão? — falo me aproximando para acompanhar as duas.
— Bastante ocupada com os novos membros — Shinobu começa — Sempre voltam feridos, e você Kobayashido-san?
— Apenas um pouco dolorida da luta dessa noite, mas nenhum ferimento — adianto antes que ela me arraste até a mansão borboleta — E você, Mitsuri-chan?
— Ah, estou muito bem — ela diz juntando as mãos — Como estão seus irmãos?
— Bem, até onde sei, não nos encontramos faz um tempo já, muitas missões... — termino de falar e chegamos nos portões da mansão.
Quando entramos nos deparamos com uma cena peculiar, um garoto de cabelo e olhos vermelhos está amarrado no chão, gritando para que Shinazugawa-san para de fazer o que quer que esteja fazendo.
— Parece que o garoto tem viajado por ai carregando um oni, que se não me engano é sua irmã — Shinobu fala — Eu estava na missão de apoio, ele lutou contra uma lua inferior.
— Impressionante... — Shinazugawa continua gritando com o garoto e então saca sua katana e começa a perfurar a caixa onde a oni está — Mataka, ele está passando dos limites, de novo...
Em um momento de distração o garoto pula e dá uma cabeçada no pilar do vento que cai no chão e eu coloco a mão na frente da boca para esconder a leve risada que solto. Sanemi no auge da fúria tentando provar que a natureza de um oni não muda, faz um corte em seu braço e deixa o sangue escorrer em cima da caixa.
— Oh céus... — Mitsuri diz ao meu lado.
— Acho que ele já fez escândalo demais por hoje — fale me referindo ao pilar e começo a andar na direção dele — Shinazugawa-san, já chega, Oyakata-sama logo irá chegar.
— Não se meta Kobayashido — ele coloca a mão em meu ombro para me empurrar, mas eu rapidamente bato em sua mão — Sai do meu caminho, porra.
— Não, você está fazendo uma cena, já chega — me viro e chuto a caixa para o tablado de madeira da varanda onde o mestre fica.
Ele me encara com fúria, e então sua katana está em meu pescoço. Encaro ele sem exitação, consigo sentir a tensão dos outros Hashiras.
— Eu mandei sair do meu caminho, sua... — ele não consegue terminar sua frase pois duas katanas, uma de cada lado do seu pescoço aparecem.
— Eu sugiro que você escolha muito bem suas próximas palavras, Shinazugawa. — a voz da direita fala.
— E eu sugiro que tire sua katana do pescoço da minha irmã — a voz da esquerda diz.
Sanemi parece pensar por um tempo mas não se mexe, cansada já desta situação, coloco minha mão na lâmina em meu pescoço e a empurro para baixo, um pequeno corte se faz na palma da minha mão por conta da força com que o hashira segura sua katana.
— Ah parem vocês três, Shinazugawa-san, o mestre decidirá o que será feito a respeito do garoto e da oni — inclino a cabeça para o lado e fecho meu semblante — Kurro e Kaito, eu sei me cuidar.
Quando os gêmeos mais velhos veem minha expressão seus olhos se arregalam e imediatamente eles guardam as katanas. Nesse momento, as filhas mais velhas do mestre aparecem e anunciam sua chegada, Oyakata-sama anda com calma até a beirada do tablado onde o sol bate com a ajuda de suas filhas, todos os hashiras se ajoelham como forma de respeito pelo mestre e Shinazugawa da boas vindas ao mestre e diz que reza por sua saúde.
Eu imagino como alguém tão estourado como Shinazugawa Sanemi pode ser tão formal e respeitoso, mas esse é o efeito que o mestre tem em todos nós. O mestre nos cumprimenta e diz que se iniciará a reunião dos hashiras, mas Sanemi pede para que ele resolva a situação dos irmãos primeiro.
Oyakata-sama diz que tudo já está resolvido, mas a maioria dos pilares não concordam, ele então nos mostra uma carta de um ex-hashira que coloca sua vida, a de Tomioka-san e do jovem Kamado como garantia de que Kamado Nezuko não fará nenhum mal contra qualquer ser humano e caso venha a acontecer, os três cometerão seppuku (suicídio reservado aos samurais, consistindo em fazer um corte na barriga de um lado ao outro, usado como forma de se purificar).
Insatisfeito com a decisão do mestre, Sanemi ainda tenta justificar com a morte de tantos caçadores por causa de onis e pede para que o mestre o deixe provar que Nezuko não é diferente, ao conselho de Obanai, Sanemi pega a caixa que estava no sol em cima do tablado onde eu a chutei e a leva até a sombra e a apunhala mais algumas vezes, ele abre a tampa da caixa e expoe ainda mais o ferimento que fez em si mesmo.
A oni sai da caixa e pelo seu tamanho, suponho de que não passava de uma garota quando foi transformada, ela encara Sanemi enquanto ele a provoca e estende seu braço que escorre e pinga sangue, enquanto isso Obanai segura Tanjiro no chão, pressionando seus pulmões com força com o cotovelo, mas incrivelmente o garoto consegue arrebentar as cordas que o prendem e corre até a beirada do tablado e chama pelo nome da irmã.
O hashira e a oni continuam se encarando até que ela vira seu rosto com nojo, e todos nós ficamos pasmos, Oyakata-sama diz que isso prova a fé que Urokudaki, Gyuu e Tanjiro têm em Nezuko e dispensa os dois, encorajando o garoto a matar as doze luas e provar o valor dele e de sua irmã, Tanjiro pede para dar uma cabeçada em Sanemi por cada vez que ele apunhalou sua irmã, mas é levado para a Mansão Borboleta a mando de Shinobu.
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