Lar doce... Heh?

Passo pela entrada principal de casa e olho para a grande mansão, podemos dizer que não somos uma família pobre, aqueles da família que não viraram espadachins, viraram bons comerciantes, e meu avô apesar de ter sido um Hashira na juventude, se aposentou depois de perder a visão de um olho e quase perder a perna, então ele ganhou uma fortuna construindo hotéis em grandes cidades, hoje em dia quem toma conta dessa parte é meu irmão mais velho, Kotoru. 

Ouço barulho de luta vindo do jardim dos fundos e dou a volta por fora da casa até a área de treinamento, onde meus irmãos mais velhos, Kurro e Kaito trocam golpes com espadas de madeira. Sem se virar para mim, Kurro joga a espada de madeira como se fosse uma lança em minha direção e ela vem tão rápido que uma pessoa normal não enxergaria, viro meu corpo para o lado e a katana passa a centímetros do meu rosto e afunda no muro feito de bambus, sinto outra katana vindo e sem olhar desvio dela, quando olho para os gêmeos mais velhos, fúria escorre de meus olhos.

— Ops, era você Kira-chan? — Kaito coça seus cabelos acinzentados e dá um sorriso amarelo.

— Quem mais entraria em casa sem se anunciar, baka! — falo indo na direção dos dois.

— Um oni... — Kurro fala e quando eu me viro para ele, ele se cala.

— E você acha que uma espada de madeira faria algum dano nele? Idiota.

— Parece a mamãe quando está brava... As duas em casa vai ser um inferno... — Kaito fala murchando.

— Bom saber que sentiram minha falta, onde ela está? — pergunto para os dois que já estão pegando duas novas espadas de madeira para voltar a treinar, Kurro joga uma para mim e eu fico confusa — Se quer saber, terá que lutar.

— Kurro, estou cansada...

— Vamos, irmãzinha, sentimos sua falta... — Kaito fala e os dois se posicionam lado a lado de frente para mim.

Solto um longo suspiro e tiro meu haori, ficando aprenas com o uniforme da milícia, coloco o haori no tablado de frente a área de treinamento e também deixo minha nichirin. Sinto o peso da katana de madeira e deixo seu peso se ajustar em minhas mãos. Sem aviso os dois vem para cima de mim e eu pulo por cima deles, mas assim que meus pés tocam o chão, Kurro já tem um ataque vindo em minha direção, aparo ele com minha katana e Kaito aproveita a abertura para atacar, desvio de seu ataque e ataco os dois, fazendo um grande corte horizontal que os faz pular para trás para desviar. Kurro luta melhor a longa distância e Kaito a média, eu tenho ataques de curta e média distância e alguns de longa, então ficamos equilibrados, pois apesar dos dois serem maiores e mais fortes, eu sou mais flexível e rápida. Continuamos a trocar golpes por mais alguns minutos até que sinto alguém se aproximando e meus sentidos aguçados mostram que é minha mãe.

— Parece que não vou precisar mais lutar, afinal... — dou um sorriso para os dois e os ataco pra valer — Respiração da Luz, Décima Primeira Forma: Dança da Luz.

Vou até eles como um raio, girando cada vez mais rápido, primeiro desarmo Kaito, e enquanto Kurro prepara um ataque já estou atrás dele, a katana em seu pescoço.

— Droga, você trapaceou... — Kaito fala se sentando no chão, onde eu o derrubei.

Mamãe aparece então pelo mesmo caminho que eu usei e olha a cena em sua frente, um filho caído, o outro com uma katana de madeira no pescoço e a mais nova sorrindo, ela solta uma leve risada e se aproxima de nós. 

— Vejo que estão se divertindo — ela sorri, então fica séria — Agora deixem sua irmã descansar, ela esteve fora por muito tempo.

— Haaai... — os gêmeos falam e eu libero Kurro, tirando a katana do seu pescoço e entregando para ele.

Vou até minha mãe e dou um beijo em seu rosto, ela passa a mão livre pelos meus cabelos e sorri.

— Não vou abraçá-la, mamãe, esses dois me fizeram suar, preciso de um banho primeiro — falo sorrindo para ela.

— Como você está, minha pequena estrela? — ela pega minha mão e me puxa para o tablado, me fazendo sentar ao seu lado.

— Cansada, mamãe, mas não posso reclamar... Estou viva, todos vocês estão vivos e a salvo. — aperto sua mão sorrindo para a mais velha — É mais do que eu poderia pedir e mais do que muitos nesse mundo cheio de escuridão tem.

— Seu coração é gentil demais para este mundo em que vivemos, minha pequena. — minha mãe diz com os olhos brilhando — Seu pai estaria muito orgulhoso da mulher que se tornou... Vou deixá-la se lavar e descansar um pouco, acordo você quando o jantar estiver pronto.

Ela se levanta e passa a mão pelos meus cabelos brancos, ela então sorri ternamente e entra em casa, levando as compras e meu haori consigo. Pego minha nichirin e me viro para meus irmãos.

— Que bom que estão vivos e bem, idiotas... — eles param de trocar golpes e sorriem abertamente para mim.

Depois de um banho quente, coloco um kimono simples, arrumo meu uniforme, meu haori e a pequena bolsa de suprimentos com venenos e remédios, assim como pequenos saquinhos de tecido para coletar ervas para Kocho, deixo tudo isso arrumado na mesa baixa no canto do meu quarto, junto da minha nichirin. Antes de me deitar na grande cama, me certifico de deixar um vão da janela aberta para caso Shiro decida voar até aqui com alguma mensagem.

O cansaço de dois dias sem dormir me atinge com força quando meus músculos finalmente relaxam sob as cobertas e como uma onda de escuridão o sono me leva.

Tenho um sono agitado, com fragmentos de memórias novas e antigas, vejo meu pai morto em uma poça de sangue após enfrentar uma lua superior que encontramos em nossa viagem para visitar meu avô, a visão muda e então é noite e estou treinando alguns meses após a morte do meu pai, minhas mão sangram por ter treinado do amanhecer até o escurecer, novamente a visão muda e estou de frente para Sanemi-san, segurando sua nichirin enquanto ele me olha furioso. A ardência em minha mão se acentua, mas em meu sono leve, o que me faz acordar é a sensação de alguém se aproximando. 

Imediatamente alcanço algumas agulhas senbon que mantenho escondidas na cabeceira da cama, a porta do meu quarto é aberta com cuidado, deslizando quase silenciosamente pela madeira abaixo, a adrenalina em meu corpo não me deixa reconhecer de imediato a silhueta escura que aparece no vão aberto.

— Não me mate. — é a primeira coisa que Kurro fala e então meu corpo relaxa, ele passa pela porta e Kaito entra logo depois dele. — Da última vez tive que ir até a Shinobu-san no meio da madrugada com uma de suas agulhas presa em meu ombro.

— Isso foi para você aprender a bater ou pelo menos se anunciar antes de sair entrando no meu quarto enquanto durmo. — Kurro vem até um lado da cama e se deita ao meu lado, enquanto Kaito se deita do meu outro lado. — O que querem, para estarem aqui atrapalhando o pouco descanso que consigo e me espremendo entre vocês dois?

Cada um dos gêmeos coloca a cabeça em meus ombros e se acomodam melhor na cama, não consigo me mexer, então solto um suspiro fechando os olhos, a respiração calma dos dois começa a me relaxar novamente e ficamos em silêncio por um tempo, apenas ficando deitados juntos, como fazíamos quando éramos mais novos, após a morte do papai, o que me lembra.

— Sonhei com papai novamente, mais precisamente com sua morte... — falo em um sussurro — Já vai fazer dez anos...

— Mamãe está um pouco ansiosa, tem falado em como gostaria que você passasse mais tempo em casa, fora do perigo das missões... — Kaito começa.

— Mas ela também sabe que você é uma das melhores espadachins da milícia, sabe que faz isso para que todos possamos ter um futuro sem medo dos demônios... — Kurro termina.

— Depois de ver papai ser morto e ter seus lindos olhos arrancados pela lua superior que nos atacou, ele se sacrificou para me salvar... — minha voz fica embargada — Eu jurei para mim mesma, que a morte dele não seria em vão e que eu protegeria o máximo de pessoas assim como ele me protegeu.

— E quem protegerá você, estrelinha? — Kurro pergunta suavemente.

— Nós protegeremos ela, idiota, prometemos para o vovô — Kaito fala um pouco mais alto.

Nesse momento ouvimos passos no corredor e logo mamãe aparece na porta, ela traz consigo uma lanterna e as chamas vindas dela iluminam todo o quarto e nós três em minha cama. Ela faz uma expressão desgostosa e ralha com os gêmeos.

 — Vocês dois não podiam nem deixar sua irmã mais nova descansar um pouco, seus moleques... — ela então continua nos encarando e um sorriso aparece em seus lábios — É tão bom ter todos vocês aqui, a salvo... Aquece o coração dessa velha ansiosa...

— A SEHORA NÃO É VELHA! — Nós três falamos juntos e todos rimos.

— Venham jantar, preparei bastante comida. — ela diz com a voz suave e sai, levando consigo a luz que iluminava o quarto.

— Vamos, vamos, estou morto de fome... — Kaito pula da cama e sai correndo atrás da mais velha.

— Quando foi a última vez que teve uma refeição decente, Kira? — Kurro me pergunta se levantando da cama com calma. — Já deve fazer algum tempo...

— Sinceramente, não me lembro... — faço uma cara pensativa que o faz rir — Pode ir na frente, já estou indo...

— Não demore, vamos te esperar. — ele diz e sai do quarto.

Me levanto da cama com calma e arrumo o kimono em meu corpo, prendo meus cabelos em um coque e vou de encontro à minha família. Uma noite tranquila como essa me fez falta e por um momento antes de me juntar a falação de meus irmãos, aprecio a calma de estar em casa. Amanhã quando partir com Sanemi-san para nossa missão, não sei quanto tempo ficaremos fora, então decido aproveitar cada momento com a minha família.

Não se esqueçam de votar!! 

Beijos da autora-chan.

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