Em um Pequeno Vilarejo

Yo minna!

Tentando manter uma rotina entre faculdade, cursos e 4 fanfics...

Se nunca mais ouvirem fala da autora-chan é provável que eu esteja um um hospício amarrada em uma camisa de força...

Deem uma olhadinha nas outras fics  ;p

*NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR* 

Andamos por algumas horas e já estava escuro, caminhávamos por uma floresta densa, com árvores altas e o ar ali era denso. Decidimos parar em um amontoado de raízes altas e fizemos uma pequena fogueira, combinamos de revezar a vigília para que ambos descansássemos.

Comemos a comida que minha mãe havia preparado e Sanemi pareceu gostar bastante dos mochis recheados com pasta de feijão vermelho doce. Guardamos metade da comida para o dia seguinte e Sanemi insistiu em ficar de vigia primeiro, então me acomodei entre duas raízes, com minha nichirin entre as pernas, na frente do corpo.

Não trocamos muitas palavras, mas era um silêncio confortável, calmo até e isso me fez cair num sono leve, sempre prestando atenção ao meu redor. Treinamos desde cedo a nunca baixar a guarda em missões, principalmente enquanto descansamos. Após algum tempo, sinto algo próximo a nós e sem me mexer muito, puxo um agulha senbon do suporte no braço e a preparo, quando ouço o barulho mais próximo, atiro a agulha com precisão, o que faz Sanemi me olhar questionador.

Me levanto e vou até onde senti a presença e encontro um coelho morto, com a minha agulha atravessando seu pescoço, pego o coelho e levo até onde estamos acampados e mostro ao meu colega. 

— Ainda consegue comer mais? — digo levantando o animal para que ele possa ver, dou um sorriso tímido enquanto me sento. 

— Como conseguiu matar esse coelho nessa escuridão e com o barulho extremamente baixo que ele fez? — ele me pergunta, e sua expressão me mostra curiosidade e um pouco de fascinação, eu diria.

— Sabe como alguns caçadores têm um dos sentidos aguçados? — pergunto e ele apenas acena positivamente. — Minha família consegue sentir a presença de tudo ao nosso redor e quando algo se aproxima é como se um alarme soasse em nossa cabeça, e eu tenho uma ótima audição, o que ajuda bastante...

— Isso é bem legal, eu até tenho um senso de presença bom, mas treinei muito para chegar no nível que estou, apesar de não chegar nem perto do seu... — ele se levanta e vem até onde estou, se sentando ao meu lado — Deixe que eu limpo ele, você já o caçou mesmo.

Ele dá uma leve risada e eu fico fascinada, encarando o platinado, que não demora muito pra perceber.

— Algo de errado?

— Acho que nunca vi você rir, Shinazugawa-san — ainda falo encarando ele e vejo suas bochechas ganharem um leve tom rosado — Mesmo uma leve risada como essa... 

— Se preferir posso ficar calado. — ele fala com certa aspereza na voz, se concentrando em limpar o animal. 

— Não foi isso que eu quis dizer, Shinazugawa-san...

— O que quis dizer, então?

— Quis dizer que gostei... — falo em um sussurro e viro meu rosto para o lado para que ele não me veja corar.

— Oh... — ele limpa a garganta — Pode me chamar de Sanemi, já fizemos tantas missões juntos que é estranho que ainda me chame pelo sobrenome...

— Contanto que me chame de Kira, Sa-ne-mi — testo seu nome, em como as sílabas se enrolam em minha língua. 

— Combinado, Ki-ra — ele fala meu nome da mesma maneira que falei o dele e damos risada.

Depois que Sanemi limpa o coelho, assamos ele e o comemos, Sanemi ainda fala em como minha pontaria é boa e pergunta de onde tirei aquela senbon, então mostro a ele os suportes de couro nos meus dois antebraços, com dezenas de agulhas, explico que todas estão embebidas em extrato de glicínia. Conversamos por um bom tempo, até que Sanemi boceja.

 — Oh céus, você nem descansou... — eu falo, sentindo culpa por tê-lo mantido acordado, quando eu devia ter começado a minha parte da vigia para que ele descansasse — Por favor, descanse um pouco e quando o sol nascer eu te acordo para prosseguirmos.

— Não é necessário, posso passar dias sem dormir... — ele fala dispensando meu pedido.

— Eu também posso, mas não significa que devemos... — falo com um tom mais sério — Não sabemos o que podemos enfrentar, então descanse um pouco para manter suas forças...

— Mas...

— Por favor? — falo olhando para ele que tosse e olha para o lado passando a mão na nuca.

— Tudo bem... Mas apenas até o sol nascer. — eu aceno animadamente para ele, com um sorriso que não mostra meus dentes e ele me devolve o sorriso.

— Bom descanso, Sanemi... 

— Uhm — ele solta e se ajeita em uma raiz, com sua nichirin na frente do corpo, assim como eu fiz.

Tomamos um breve café da manhã e voltamos a caminhar rumo ao nosso destino, passamos por alguns vilarejos e quando a noite chega, paramos em um pequeno, para podermos descansar, vamos até uma pensão e alugamos dois quartos, depois de fazer uma boa refeição, subimos as escadas e paramos em nossas portas, uma de frente para outra.

 — Tenha uma boa noite de descanso, Sanemi, nos vemos de manhã — dou um sorriso caloroso para ele que coça a nuca.

— Boa noite, Kira, qualquer coisa é só chamar... — Ele fala baixo e indica para que eu entre primeiro.

— Obrigada... — entro no quarto e arrumo minhas coisas, tento bater um pouco da poeira do meu uniforme e haori na varanda do quarto.

Depois arrumo minha bolsa de suprimento já com algumas ervas que coletei para Shinobu-chan, com um lencinho passo mais extrato de glicínias nas minhas agulhas e as deixo secar enquanto me limpo, depois as guardo nos suportes e com o mesmo lenço embebido no extrato, limpo minha nichirin.

Creio que hoje por dormir numa pensão eu consiga tomar a poção para ajudar a dormir que Shinobu fez para mim, então em um copo de água, pingo algumas gotas, apagando as lanternas e me deito. Não demora muito para fazer efeito e logo estou dormindo, sem sonhos, ou visões do passado, um sono calmo.

Ao longe escuto um grito agudo, por conta do remédio, minha consciência demora um pouco para se reorientar, mas as batidas insistentes na porta do quarto me fazem ir até lá cambaleante e abri-la, encontro Sanemi ofegante.

— Por que demorou tanto para responder? — ele entra no meu quarto escuro e avalia o quarto, ele então se volta para mim — Acho que tem um oni no vilarejo, ouvi um grito alguns minutos atrás... HEY!! O que há com você?

— Desculpe, vou me arrumar e te explico no caminho... — ele sai do quarto e eu me troco rapidamente, vou até a tigela grande de água em uma penteadeira alta e lavo meu rosto diversas vezes, afastando o efeito do remédio.

A adrenalina ajuda a dissipar o restante do efeito e quando abro a porta do quarto, encontro um Sanemi recostado na parede e impaciente.

— Entre, podemos sair pela varando do meu quarto. — falo para ele que entra e seguimos até a varanda e em seguida pulando até o telhado.

Imediatamente começamos a correr pelos telhados e então outro grito corta a noite, vamos em direção ao barulho e encontramos um oni de pele grossa azulada, ele está em um beco, aos seus pés um homem jovem está morto, seu rosto para sempre em uma máscara de pavor. No canto um pouco mais a frente no escuro, uma jovem está encolhida e sangue mancha suas roupas.

— Oi, seu desgraçado! — a voz de Sanemi chega a me arrepiar de tanta fúria que sinto nela — O que pensa que está fazendo?

O oni lentamente se vira para nós, não ligando para a jovem atrás de si, já que ela não tem para onde fugir. Ele então fareja o ar e saliva escorre de sua boca com dentes pontiagudos, sua língua viperina balança para fora quando em uma voz destoante ele diz.

— Marechi... — meu sangue gela, e eu e Sanemi nos olhamos rapidamente.

— Sanemi-san, seus golpes são de grande escala, vamos evitar uma comoção, me deixe lutar, salve a jovem... — falo calmamente.

— Eu posso matar esse verme sem nem mesmo usar minha técnica, você cuida da garota. — ele não deixa espaço para argumentos, quando saca sua nichirin e fica frente a frente com o oni.

Pulo em cima do muro e no momento em que Sanemi ataca, eu corro em direção à jovem, ela está atônita e grita quando me aproximo, colocando as mãos em seus ouvidos.

— Olá, estamos aqui para ajudar, se acalme por favor... — mas ela balança a cabeça e continua gritando. — Bom, me desculpe por isso.

Dou um golpe em seu pescoço a fazendo desmaiar e ajeito ela em minhas costas, pulo em cima do muro novamente e começo a correr para sair do beco, enquanto Sanemi ainda  luta contra o oni, em uma tentativa de afastar o caçador, o oni abre bem seus dedos e seus dedos se esticam, perfurando as paredes ao redor e graças a sua agilidade, Sanemi consegue desviar com apenas alguns pequenos cortes em seu corpo, paro apenas segundos suficientes para saber que ele está bem e continuo correndo até o beco ao lado, onde deito a jovem atrás de alguns caixotes e volto para onde meu colega luta.

Saco minha nichirin e fico ao lado de Sanemi, ele me olha e então encaramos o demônio, que mais uma vez tenta nos atingir com seus dedos alongados, Sanemi os corta num mini furacão feito por sua técnica e enquanto o Hashira do Vento corta os ataques de dedos incessantes do oni eu avanço.

Hikari no kokyu, Shi no kata... — seguro minha nichirin paralela ao corpo e avanço em uma velocidade em que o oni mal tem tempo para reagir — Nagareboshi.  ( Respiração da Luz, Quarta Forma: Estrela Cadente)

Minha katana atravessa seu pescoço e sua cabeça cai com um som oco no chão, imediatamente o demônio começa a se dissolver em cinzas. Balanço minha nichirin e a embainho, me virando para Sanemi, ele me encara sem dizer nada, então embainha a própria katana.

— Vamos até a jovem agora... — eu falo suavemente. — Ela estava histérica, precisei desmaiá-la.

Vejo a sombra de um sorriso no canto da boca do hashira, mas continuo indo até onde deixei a moça, que continua desacordada. Me agacho em sua frente e a chacoalho levemente para acordá-la. Ela acorda em um pulo, assustada, olhando em todas as direções e depois para as próprias roupas ensanguentadas.

— O... que...? — ela mal consegue formar uma frase.

— Você foi atacada por um oni e nós a salvamos, infelizmente o jovem que também estava no beco com você não sobreviveu... — falo com calma, minha voz apenas um sussurro na noite agora silenciosa.

— Yatami... Ele era meu noivo... — lágrimas escorrem por seu rosto, e ela chora copiosamente em nossa frente.

— Vamos levá-la para casa, consegue andar? — Sanemi parece calmo, a jovem acena com a cabeça e então parece se lembrar.

— E o corpo dele? O que vai acontecer com o corpo dele? — suas lágrimas parecem se intensificar.

— Daremos um jeito nisso, infelizmente será como se nada tivesse acontecido e sugiro que você esqueça o que aconteceu esta noite e tente viver normalmente. — falo gentilmente para a moça. — Quando chegar em casa, se limpe e queime suas roupas...

Ela acena e espero com ela enquanto Sanemi envia uma mensagem através de seu corvo para o Kakushi mais próximo vir fazer a limpeza da cena. Ele então se vira para mim e fala que vai esperar pelo Kakushi, que eu deveria escoltar a jovem até em casa, concordo com sua decisão e apenas digo que estarei de volta em breve. Depois de levar a garota para casa, que ficava apenas alguns quarteirões de distância do beco onde a encontramos, ela agradece profundamente e diz que apesar de não ser capaz de esquecer o amado ou o que aconteceu na noite, que ela tentará voltar a viver normalmente.

Aceno para ela, e assim que ela entra em casa, me viro e começo a correr de volta para onde Sanemi estava, em algum momento do trajeto, sinto uma leve ardência em minha perna, mas não dou atenção e sigo meu caminho.


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top