A casa com o brasão de Glicínias

Minna, não se esqueçam de deixar o votinho e deem uma olhada na fic do Bakugo e do Finnick ;p

Depois de tomar um leve café da manhã e sair do vilarejo, meu corvo nos informa que continuaremos a ir para leste. Nosso progresso é lento, pois estou mancando um pouco.

— Quantas vezes vou ter que pedir que me deixe te carregar nas costas? — Sanemi fala sobre me carregar pela milésima vez — Você tem o peso de uma pena.

— Eu ainda consigo andar, Sanemi-san. — falo determinada — Não estou aleijada ainda.

— Mas vai acabar ficando se continuar a forçar essa perna machucada. — ele passa as mãos pelos cabelos, deixando-os mais espetados. — Teimosa!

— O sujo falando do mal lavado... — falo pra ele que me olha com cara de poucos amigos — Pode me olhar de cara feia o quanto quiser... Acho até fofo, na verdade...

— O quê? — ele se vira rápido para mim.

— Nada. — olho para o outro lado, escondendo meu rosto.

Uma carroça passa, com um casal sentados no banco e duas crianças na traseira, junto de algumas caixas com comida, o homem faz o cavalo parar e se vira para nós.

— Está machucada, querida? — a mulher me pergunta.

— Apenas torci o pé no caminho...

— Se estão indo para leste, podemos dar uma carona para vocês. — o homem fala — São recém-casados?

— O quê? — pergunto surpresa — Somos ape...

— Agradeceríamos muito pela carona, ela é muito cabeça dura para me deixar carregá-la — Sanemi me empurra em direção à parte de trás e me levanta sem avisar, me colocando dentro. — Muito obrigado, mesmo.

— Imagina... Devemos fazer o bem e ajudar quando podemos... — o homem fala sorrindo — Certo, crianças?

— Haai!! — os dois garotinhos respondem em uníssono.

Sentamos um ao lado do outro e logo estávamos indo para leste, muito mais rápido. Conforme as horas passavam, o chacoalhar da carruagem e a noite de pouco descanso tiveram a melhor sobre mim e acabei adormecendo.

Acordei com algo mexendo no meu cabelo, quando abri os olhos, os meninos estavam dormindo e minha cabeça estava apoiada no ombro de Sanemi que tinha sua cabeça apoiada na minha, Shiro estava empoleirado no meu ombro e puxava algumas mexas do meu cabelo.

— Seu amiguinho chegou agora mesmo. — o homem falou. — Uma cor peculiar para um corvo.

Com a fala do homem, Sanemi acordou e quando viu nossas posições, apenas ajeitou sua cabeça para que eu pudesse ajeitar a minha, mas permaneceu encostado em mim.

— CAW CAW — shiro gralhou alto e em meu ouvido falou — Norte.

Olhei para Sanemi que acenou, entendendo que deveríamos descer.

— Senhor, se puder nos deixar naquela bifurcação da estrada, por favor — ele disse calmo, agora se afastando de mim, e senti a falta do seu calor nas partes de onde nossos corpos se encostavam.

— Claro, jovem. — o senhor desacelerou até parar a carroça e então ele se virou para nós. — Sabemos o que são e agradecemos por sempre protegerem os seres humanos.

Olhei para Sanemi que me olhou com surpresa também.

—  Encontrem abrigo para passar a noite, não é seguro estar na estrada a noite — enfiei a mão na bolsa ao lado do meu corpo e tirei 4 amuletos de glicínias, entregando para a mulher — Sempre carreguem isso com vocês... Obrigada pela carona.

— Muito obrigado — Sanemi falou e me ajudou a descer.

Quando a carroça começou a se mover, a mulher se virou para nós e disse.

— Vocês formam um belo casal, desejo a felicidade para vocês.

Fiquei parada sem reação, até ouvir uma leve risada vinda de Sanemi.

— Do que você  está rindo? Ela entendeu tudo errado. — dei um tapa em seu braço — E você nem me deixou corrigi-la no começo!

— Hey, calma, apenas achei que seria mais fácil se eles achassem que éramos um casal na estrada — ele diz e olha para o céu onde Shiro nos rodeia junto do kasugai de Sanemi. — Não foi tão ruim, dormir com você, digo...

— Sanemi!! - meu rosto esquenta e eu faço um beicinho — SHIRO! Lidere o caminho.

Andamos por um bom tempo, devido à minha perna, quando chegamos nos portões com o brasão de Glicínias, o sol já tinha se posto.

Observamos o grande portão por alguns segundos até que ele é aberto e uma senhora aparece.

— Hashiras, estávamos a sua espera. — ela nos sauda e nos a saudamos de volta - Entrem por favor.

— Desculpe fazê-los esperar, minha perna não permitiu que viéssemos mais rápido. — eu explico para a senhora.

— Porque você é uma baita de uma teimosa. — Sanemi falou baixo, para que apenas eu ouvisse, beliscoseu braço — Ai!

— Oh, não há problemas. — a senhora nos guiou pela casa. — Um banho quente os aguarda em cada ala da casa, a jovem ficará com este cômodo e o jovem com este.

Ela aponta dois cômodos, um de frente para o outro.

— Obrigada.

— Irei preparar uma refeição enquanto se lavam e o médico irá aguardá-la. — ela nos avisa e aponta para mim — Vou acompanhá-la até onde poderá se lavar. Jovem, siga esse corredor até o fim e vire a esquerda, no fim do corredor encontrará seu banho.

Ela sai andando, olho para Sanemi e dou de ombros e sigo a mais velha. Quando chegamos ao local ela me avisa que há trajes para eu me vestir lá e pede que eu entregue meu uniforme para ela costurá-lo e lavá-lo. Depois de entregar meu uniforme para ela, faço um coque no meu cabelo e entro na água quente e meus músculos agradecem, fico lá dentro até que a água esteja quase fria, então me troco e saio andando pela casa, acho o corredor dos nossos quartos e entro no meu, guardando minha katana e a bolsa. 

Quando saio do quarto para procurar o local onde iremos comer, Sanemi vem do final do corredor, carregando suas coisas.

— Ah, achei que já estaria comendo. — Falo quando ele chega perto. 

— Precisava muito de um banho quente... — ele usava um kimono simples, parecido com o meu, na cor rosa com a faixa roxa, o seu tinha padrões parecidos com nuvens, o meu tinha padrões de flores — Como está se sentindo?

— Limpa! — falo e dou uma risadinha, colocando a mão na frente da boca.

Sanemi sorri sem mostrar os dentes.

— Vou guardar minhas coisas, a velha também pegou seu uniforme? — ele pergunta e eu aceno positivamente, ele então entra no quarto, sem se importar em fechar a porta e coloca suas coisas na mesinha no canto. Ele tira um embrulho e traz consigo. — Vamos?

— Hai hai! — Quando nos viramos, a senhora espera no fim do corredor.

— Me acompanhem, por favor. — ela fala e já começa a andar. 

Ela para de frente para um cômodo e diz que nosso jantar está ali, e qualquer coisa que precisarmos para chamarmos ela.

— Obrigada. — me curvo para ela e abro a porta, entrando.

— Ôi, vovó! — Sanemi vai atrás da senhora e fala alguma coisa com ela e entrega o embrulho que carregava, então volta e se senta de frente para mim. — Tô morto de fome.

— Itadakimasu! — falo e junto as mãos na frente do corpo, Sanemi me observa e depois de alguns segundos repete meu gesto e começamos a comer.

Comemos em um silêncio confortável, as vezes olho para ele e o pego me encarando, então nos olhamos por alguns segundos até que um dos dois desvie o olhar. Quando terminamos, a senhora tira os utensílios do jantar e o médico entra.

— Qual dos dois será examinado primeiro? — ele pergunta olhando para nós com seus olhinhos miúdos e sorrindo gentilmente.

— Ela. — Sanemi de repente fica sério e observa o médico me examinar.

O  senhor avalia o ferimento, e faz um pequeno corte nele, ele murmura algumas coisas que não entendo e continua olhando ao redor, apertando alguns pontos em minha perna. Faço careta quando ele aperta as partes mais próximas ao corte na minha perna. Ele pega o estetoscópio na maleta e se vira para mim.

— Peço licença. — ele ergue a mão pedindo permissão para ouvir meu coração e eu aceno positivamente. Ele então escuta primeira eu meu colo e depois nas minhas costas. — Interessante...

— O quê? — pergunto curiosa, vendo ele tirar o aparelho do ouvido.

— Seu coração bate incrivelmente lento, creio que ele só deva chegar a bater rapidamente durante suas batalhas, quando usa sua respiração. O ferimento em sua perna é um pouco profundo mas não há sinais de infecção, mas devo insistir que fiquem aqui pelo menos dois dias para que a cicatrização seja feita em um ambiente limpo. Está inchado e dolorido, mas é normal, vou deixar algumas pílulas que deverá tomar três vezes ao dia por três dias e pedir que não misture com nenhum outro remédio, pode causar efeitos colaterais se misturado com alguns tipos de remédios... — ele me explica tudo e eu aceno.

— Obrigada — me curvo para o médico — Poderia examiná-lo também, só por precaução?!

— Claro — o senhor sorri e se vira para Sanemi.

— Eu não estou ferido! — Sanemi protesta.

— Então não terá problemas em deixá-lo confirmar. — eu rebato e ele solta um estalar com a língua.

— Certo, rapaz. — o médico pega o estetoscópio — Abra um pouco a parte de cima por favor...

Sanemi faz uma careta mas deixa seu peitoral a mostra para o médico que escuta seus batimentos e depois olha o corte em seu abdômen.

— Este corte foi bem tratado... Você parece bem, seus batimentos estão normais, exceto quando... — o homem se aproxima de Sanemi e diz algo em seu ouvido que faz o platinado rosnar de raiva para o mais velho que dá rissada. — Bom, meu trabalho está feito, e mocinha, evite apoiar muito peso nessa perna enquanto estiver aqui se recuperando, seja um bom rapaz e ajude sua colega.

O médico da um tapinha no ombro de Sanemi e acena para nós, saindo do cômodo.

— Acho melhor descansarmos...— disse soltando um bocejo.

— Tome o remédio antes. — Sanemi jogou o pacote com as pílulas para mim e eu o peguei no ar.

Peguei uma e sem água mesmo engoli, mostrando a língua para o mais alto que riu. Caminhamos até nossos quartos e ficamos parados de frente um pro outro, sem dizer nada. Sorri para Sanemi.

— Boa noite, Sanemi...

— Boa noite, Kira... E nada de remédio pra dormir, ouviu o médico!!

— Hai haai...

Então entramos cada um em seu quarto e estava tão cansada que mal deitei no futon e apaguei.

Acordei exaltada no meio da noite, as memórias um pouco mais vividas no sonho, sonhei com a noite no orfanato, ainda conseguia sentir o odor pungente de sangue e decomposição que deixavam o ar parado do lugar mais espesso, dificultando a respiração.

No impulso que acordei, me fez sentar e não percebi que segurava uma agulha com tanta força até que a mesma furou minha mão.

— Droga... — fui até minha bolsa e peguei uma bandagem e enfaixando a mão.

Sai do quarto sem fazer barulho, para não atrapalhar o descanso de Sanemi e fui em direção aos fundos da casa, ainda faltava algumas horas até o nascer do sol, eu poderia muito bem usar esse tempo para treinar um pouco.

Me sentei no tablado que ficava de frente a uma pequena área de treinamento e os jardins além dela. Tentei cruzar as pernas, mas a leve fisgada me fez apenas deixá-las penduradas para fora do tablado.

Fechei meus olhos e comecei a respirar conscientemente, sentindo todo o meu corpo, senti os meus arredores. Continuei o exercício mais por tédio, pois havia dominado a respiração total de fluxo constante há muito tempo.

Depois de algum tempo já lá fora, senti sua presença, ele não veio até mim, ficou parado em um canto e não saiu de lá por vários minutos.

— Vai ficar aí me encarando por quanto tempo? — disse ainda de olhos fechados.

— Até quando você decidir voltar para dentro. — ele disse debochadamente, e consegui sentir seu sorriso em sua voz, que ficou mais séria. — Pesadelo?

— Lembrança. — respondi, senti ele se aproximar e se sentar ao meu lado. — É a mais sangrenta, mas não é a pior que me assombra.

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