Mito das Chamas
Quinze anos.
Cinco e dez anos desde que ela pisou na capital ou viu qualquer um de seus parentes.
Os Targaryen de Porto Real.
Os Velaryon.
Os Strong.
Ela se estabeleceu em sua ilha. Seu assento independente do reino e gritou. Chorou e levantou. Lutou.
Ela perdeu tanto desde que nasceu…
Parecia que sua vida se resumiria a perda.
Seu avô, o príncipe Baelon. Seu bisavós, o rei e a rainha, Jaehaerys e Alyssane. Sua avó, que nem mesmo teve chance de criar a própria folha, Daella. Sua mãe, Aemma. Seu irmão, Baelon.
Mas vieram outros antes deles…
Vieram Aegon, Aelor e Daella. Jaehaerys, Alyssa e Maekar. Todos mortos na barriga ou perdidos no berço.
Ela foi a única que ficou.
E então perdeu mais.
Alicent. Seu pai. Daemon. Harwin. Leonor.
Perda.
Perda…
Solidão.
Morte.
Cinzas.
Jacaerys, Lucerys, Joffrey….
Seus meninos fortes e corajosos…
Baela e Rhaena…
Não do seu sangue, mas amou com todo o seu coração.
Visenya, Viserys e Aegon…
Seus pequenos meninos. Tão novos para ver a maldade do mundo…
Perdidos…
Tirados de seus braços pelo fogo. Pelo sangue. Pela guerra.
Pars a dor.
Das Cinzas…
Vinda Das Cinzas…
Essas eram as palavras de sua nova casa. Da verdadeira casa da Antiga Valíria. Dos verdadeiros Targaryen. Do Sangue do Dragão.
Nascida das Chamas.
Criada no Sangue.
Mas Renascida das Cinzas…
E ao observar pela grande janela aberta com vista para o Mar do Leste. Onde dois navios com os Targaryen e os Velaryon de Porto Real seguiam em sua direção.
Quinze anos…
E então eles vieram atrás dela.
Mas ela não tem mais medo.
Porque ela tem o sangue do Dragão.
Tem fogo, sangue e cinzas cobrindo suas veias e paladar.
Porque ela tem o nome e a história de um dragão. Mas ela ressurgiu como o símbolo de seu ancestral, Aerion Targaryen;
Como uma Fênix Draconica.
Como um Mito das Chamas…
Rhaenyra observou da grande janela os navios se aproximando, ainda longe o suficiente para que ela possa ter maia algumas horas em tranquilidade.
Ao menos, o tanto de tranquilidade que se pode ter em um castelo com nove crianças correndo por aí e dragões espalhados pela terra e ar.
Ela sente a presença reconfortante de seu marido ao seu lado então, e o seu braço deslizando para pegar o dela. Sua mão, grossa e ressecada. Calejada pelo uso da espada e de um martelo causa uma aspereza reconfortante.
“ Você tem certeza disso?”
“Eles não vão conseguir. Sabemos disso. Não mais. Então…deixe-os tentar.”
O mesmo assente, sem perguntas ou receios, porque ele confia nela. Assim como confia desde que se lembra.
Ela já está pronta.
Pronta psra os receber.
Para a guerra…
Para lutar por sua família. Por sua verdadeira e nova família.
Seu marido aperta sua não ao sentir sua tensao. Ele entra a sua frente, impedindo-a de ver a chegada eminente de seu passado batendo a porta.
“Uma palavra. E eu acabarei com todos eles…”
Ela sabe. Sabe disso muito bem…
Desde quando o viu pela primeira vez.
Quando se casaram e todas as vezes que ele falou essas mesmas palavras tantas outras vezes.
E simplesmente acena negativamente.
Porque não.
Ela não quer isso.
Não outra guerra.
Outra perda.
A coroa é um símbolo vazio para aqueles que não sabem o que fazer.
Ela não quer isso.
Tem preocupações maiores.
Vestida com um vestido preto pesado de samito com bordado vermelho e prata, ela aperta as mãos de seu marido e recebe um beijo em seus dedos.
Ele também não está nada além de… formidável.
Um guerreiro como é.
Feroz. Inteligente. Bonito. E Protetor.
Rhaenyra sabe que seu marido. Seu novo marido. Mataria e morreria por ela. Tanto quanto Daemon, mas diferentemente de seu tio. Este homem a sua frente tem a promessa do que seu tio não pode lhe dar no momento.
A garantia de sua continuidade.
Daemon Targaryen não acreditaria em sonhos. Nem visões, avisos ou profecias. Ele era cético e destemido. Com a arrogância de sua ancestralidade roubando sua atenção a muito além. Acreditando muito mais em si mesmo como homem, do que em deuses.
Ela demorou a entender isso.
Demorou a aceitar que já foi do mesmo jeito.
Egocêntrica. Egoísta e Mimada.
Nada preparada psra o posto de sua herança.
Mas ela tinha mais…
Agora sabia mais.
E estava preparada.
Não precisava de uma coroa para garantir a continuidade de sua linhagem ou na realização do que viu.
Só precisava de um homem.
De um reino.
E de uma escolha.
Agora. Com tudo isso. Ela pode e enfrentará qualquer coisa que venha para cima de si. E aqueles que tentarem ir além, que tentarem atingir seus filhos encontraram muito mais problemas do que em seus sonhos.
Ela não esta sozinha.
Eles não estão abandonados.
Porque seu lobo estava ali.
Sua garantia da realização da profecia de Aegon e o impedimento de todo o derramamento de sangue que viu em seu sonho, que ainda demoraria pelo menos duzentos anos para ocorrer.
Mas estavam se preparando já.
Porque o que o sul tinha de egocentrismo ceticismo e arrogância. O norte tinha de vontade, força e resistência.
“ Vossa Graça…”
Uma mulher sorridente se aproximou, trazendo ao seu lado, segurada pela mão, uma menininha alegre que correu para eles quando os viram.
“ Também vim avisar que Sor Luthor deve chegar com os visitantes dentro de duas horas.”
“ Obrigada, Sara. Por favor, convoque os meninos e peça aos empregados que os quartos estejam preparados até então.”
Ela assentiu e sorriu para eles antes de se retirar, com a saia longa de seu vestido prateado com bordados em relevo do mesmo tom, se arrastando elegantemente atrás de si.
Sua filha garantiu então que tivesse toda a sua atenção, mostrando um truque de papel dobrado em formato de pássaro que ganhou de sua tia, ainda com a sua boneca favorita segura em seu lado direito, embaixo do braço.
“ É lindo…”
Disse sorridente, se agachando-se para olhar mais de perto. O sorriso de sua filha só poderia ser descrito como contagiante e o seu aumentou então.
Ela se preocupava com os filhos, certificando-se de que o gibão vermelho, preto ou prata deles estivesse cozido no vapor e passado com perfeição. Que os vestidos de suas filhas sejam perfeitamente arrumados e cuidados. Mas acima de tudo, que estejam bem e satisfeitos. Confortáveis.
Ela ama seus filhos.
Todos os nove.
Todos os que tem e os que perdeu.
Os que recuperou e os que nunca pensou em ter anteriormente.
Eles são seus.
E não permitirá que tirem dela novamente.
E sabe que seu marido também não.
Seus filhos, Jacaerys, Lucerys, Aerys, eram sua vida. O presente que as Quartoze Chamas entregou, que os permitiu voltar a existir em sua vida.
Visenya, Aemma e Alyssa. São suas alegrias e alegria.
Daena. Sua pequena estrela.
Gaemon e Aerion são sua lufada de ar fresco em meio ao caos.
Eram seus.
São seus.
Nascidos do Fogo. Da Tempestade, e do Gelo.
Nascidos para serem grandes.
Todos eles.
Dragões em carne e osso com o espírito de lobo do inverno salpicado em suas veias.
“ Hora de ir…”
Disse seu amor, colocando uma mão gentil em seu ombro.
Ela assentiu.
Sim.
Era hora de enfrentar o passado.
Hora de ser um dragão.
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