🧡CAPÍTULO 14 🧡

O dia havia passado como um borrão. Não sei quantas horas eu havia ficado dentro da biblioteca, mas sabia que deviam ter se passado algumas horas, já que o sol já não estava mais no céu.

Ninguém havia vindo me procurar, e eu sabia que não viriam. as portas da biblioteca estavam trancadas, e talvez os meus rosnados tivessem assustado qualquer um que tenha se aproximado.

Em algum momento se tornou tão insuportável deixar meu lobo preso que eu resolvi deixar ele sair. Agora, algumas poltronas estavam rasgadas e duas prateleiras de livros agora estava jogadas no chão.

Havia sangue em minha boca, mas sabia que deveria ter sido causado por algum corte. Eu não havia machucado ninguém e isso já era o suficiente pra me confortar.

Não quis voltar a forma humana, meu lobo estava encolhido entre as prateleiras caídas e a lareira. O calor do fogo parecia tentar acalmar minha mente cansada. 

Soltei um rosnado cansado. Precisava sair dali, porém o cansaço era tanto que me fes desistir da ideia, antes mesmo de tentar.

Não havia visto meu filho durante o dia todo, sabia que Kai deveria estar preocupado, mas eu não poderia me aproximar dele sabendo que meu lobo estava fora de controle.

Mesmo tendo certeza de que jamais  machucaria meu filhote, ainda assim não queria correr o risco de assusta-lo. Isso poderia causar problemas com seu lobo adormecido.

Ouvi batidas suaves na porta, provavelmente de um dos muitos guardas, talvez algum jovem alfa corajoso.

— Majestade... sou eu.

Minhas orelhas ficaram em pé rapidamente ao ouvir aquela voz. Do outro lado da porta estava o Principe Park, soltei um rosnado baixo, tentando avisa-lo para se afastar.

– Um dos guardas vai abrir a porta.

Rosnei mais alto, tentando afastá-lo. Não queria que ele visse o estado em que eu estava, mas parece que minha tentativa apenas o incentivou.

Ouvi o clique da porta sendo destrancado e me escondi entre as prateleiras. Não queria ser visto naquele momento.

A porta foi fechada novamente, mas o aroma doce do ômega denunciava que ele ainda estava ali. Seus passos eram leves como penas, mas minha audição aguçada os acompanhava com precisão.

– Sabe que não precisa se esconder.

Quanto mais ele se aproximava, mais eu me encolhia atrás dos livros. Não tinha medo do meu lobo, mas a raiva ainda presente  em minha mente me causava certo temor.

Ainda não entendia como eu poderia estar tão bravo por ouvir aquelas palavras saindo da boca do meu pai, eu sabia que o homem era insignificante e que eu não devia nem mesmo desperdiçar meu tempo lhe ouvindo.

Mas por algum motivo, suas palavras me levaram para o passado, onde eu era apenas um alfinha sentindo falta da presença do meu pai e vendo minha mãe definhando por sua culpa.

– Te achei, lobinho.

Jimin estava parado na minha frente. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto cheirava a lágrimas.  não sabia o que havia o feito chorar, mas seu rosto triste foi o suficiente para me fazer choramingar.

– Todo mundo está preocupado com você..
Inclusive Kai.

O loiro se abaixou até estar mais perto e novamente eu rosnei, diferente do que eu pensei isso não assustou o ômega, apenas fez ele sorrir e se aproximar mais ainda.

– Não vai conseguir me assustar, Lobinho – disse  sentando-se ao meu lado – a vida é muito mais assustadora do que correr o risco de ser mordido.

Levantei a cabeça, encostando-a em sua barriga num gesto de carinho. Jimin sorriu e passou as mãos pelos meus pelos escuros

– Não tive oportunidade de dizer isso no dia do baile, mas seu lobo é lindo, Majestade.

Descansei a cabeça em sua perna, eu me sentia como um cachorrinho adestrado, aquele parecia ser o poder de Jimin sobre mim e isso me assustada.

Como alguém que eu conheço há apenas dois dias poderia exercer tanto controle sobre minhas emoções?

Ele me tranquilizou, mas eu sabia que, apesar de sua aparência tranquila, Jimin me enfrentaria se fosse necessário.

– Todos estão preocupados com você, Kai disse que não iria dormir até ver o pai...acho que o cansaço o venceu, pois ele dormiu sentado ao lado da porta.

Me levantei pronto para ir até lá, a culpa começou a me dominar, graças a mim meu filhote tinha dormido no chão frio em uma das épocas mais geladas do ano. Eu me sentia um péssimo pai.

– Não se preocupe, eu pedi para que Hedlia levasse ele para o quarto. Agora, minha preocupação é com você – disse passando a mão por minha boca, tentando tirar as manchas de sangue.

Jimin se levantou do chão e começou a caminhar, não antes de olhar para trás e me pedir para seguir-lo. O acompanhei curioso sobre seu objetivo.

– O senhor fez uma bagunça aqui. Deve estar com fome.

Como se me corpo respondesse por mim, minha barriga roncou deixando claro que a falta de comida ao longo do dia tinha me atingido.

– trouxe isso pra você – em suas mãos agora estavam uma bandeja cheia de comida, haviam os mais variados alimentos, mas o que me atraiu foi o grande assado recheado com batatas – Infelizmente, você precisa voltar a sua forma humana.

Meu lobo parecia acanhado. Não sabia se conseguiria estar de volta ao controle, temendo que meus pensamentos ainda carregados de raiva o despertasse novamente.

– Eu vou estar aqui, garanto que se precisar eu me transformo e te ajudo a se acalmar novamente.

Olhei pra ele de forma grata e então esvaziei minha mente. A transformação não era dolorosa, porém deixava meu corpo exausto.

– Bem melhor – comentou, ao me entregar a bandeja e se sentar no sofá.

– Obrigado – murmurei, tímido.

Eu não entendia as ações do principe, Jimin era alguém difícil de se ler em alguns momentos, não sabia por que ele estava me ajudando ou por que tudo parecia me atrair nele.

– Você não precisa me contar o que aconteceu – disse ele. – Mas, se precisar, estou aqui para ouvir.

– Jimin...

– Sim? – Respondeu olhando para a janela, eu podia ver a neve começar a cair...era o primeiro dia de uma intensa nevasca.

– Por que você está me ajudando? Por que ajudou Kai no dia do baile?

– Ah... Sinceramente, nem eu entendo. Mas já passei por muita coisa sozinho, majestade, e sei como um ombro amigo pode fazer toda a diferença.

– Você é tão complexo, isso me deixa confuso. É como se eu estivesse te conhecendo, mas ao mesmo tempo é como se tivesse um abismo de coisas que eu não sei, mas parecem te afetar tanto.

Os olhos do ômega brilhavam, carregados de lágrimas não derramadas. Como alguém com um sorriso tão brilhante poderia se esconder tanto dentro de si?

– Seu sorriso é lindo, mas seus olhos demonstram que algo ainda causa dor em você. Jimin, você pode conversar comigo quando precisar. Sei que há dois dias atrás éramos dois desconhecidos, mas eu realmente quero te ajudar.

— Obrigado, majestade. Eu prometo que, assim que a dor diminuir um pouco, conto tudo para você... Mas ainda dói demais. Sobre sua pergunta, sobre por que ajudei Kai... Bom, eu amo crianças — disse, enquanto suas mãos acariciavam a própria barriga, embora seus olhos estivessem distantes, mergulhados em memórias. — Eu só gosto de cuidar dos filhotes.

Me levantei do sofá, por mais que a poucos minutos atrás eu estivesse dominado pela fúria, agora a única coisa que eu sentia era vontade de cuidar e abrigar o loiro.

Abri meus braços, que logo foram preenchidos de forma hesitante pelo corpo quente do príncipe.  Algumas lágrimas pareciam querer cair, mas ele se controlava bem. Suas mãos apertavam forte as minhas vestes rasgadas como se quisesse me manter por perto. 

Eu podia não conhecê-lo profundamente, mas algo me dizia que não havia motivo para temer. Eu confiava nele. Talvez fosse uma decisão impulsiva, até irracional, mas, naquele momento, nada mais importante. Eu queria Jimin por perto. Queria vê-lo feliz e faria o que fosse necessário para isso.

– Não precisa ser forte, só tem nós dois aqui.

Deitei minha cabeça sobre a dele, mantendo meus braços ao seu redor em um abraço reconfortante. Os primeiros soluços escaparam, e eu o apertei ainda mais.

– D-desculpa. Eu deveria estar te ajudando, não te trazendo mais problemas.

– Shiii, tá tudo bem. Eu tô bem – sussurrei em seu ouvido – Estou aqui pra você.

– Você estava com raiva, tem seus próprios problemas, majestade... Tantas coisas para resolver. Não devia se importar com os sentimentos e dores de um ômega qualquer.

– Jamais diga isso, Jimin. Você não é um ômega qualquer. É, na verdade, uma das pessoas mais fortes que já conheci. Sou muito grato aos conselheiros por terem me obrigado a fazer aquele baile. Se não fosse por isso, eu jamais teria conhecido alguém tão corajoso e destemido como você.

Não deixei com que ele falasse mais nada. Era engraçado pensar que de certa forma Jimin havia entrado aqui para tentar me acalmar mesmo que fosse algo difícil, mas só o cheiro de suas lágrimas foram o suficiente para me trazer de volta.

Eu não sentia mais raiva, sequer me lembrava das palavras do meu pai, muito menos da sua existência.

Os soluços de Jimin foram diminuindo e ele começou a se acalmar. Ainda assim, eu não queria deixá-lo ir. Queria garantir que ele estivesse bem, nem que fosse por uma única noite.

– Jimin, posso te levar para um lugar?.


🧡NOTAS DA AUTORA 🧡

Oiê amores, como vcs estão?
Quanto tempo né kkkkkk

Peço desculpas pela demora em postar novos capítulos, prometo que vou tentar postar com mais frequência.

Espero que tenham gostado do novo capítulo e tenham lido os avisos sobre as pequenas alterações que eu fiz nos outros capítulos, incluindo o final do capítulo passado.

Enfim, não esqueçam de votar e comentar.

Amo vocês 🧡


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