🧡CAPÍTULO 1🧡

Abri meus olhos após ser acordado pelo barulho de um trovão, uma forte tempestade caia, a temperatura estava baixa e eu podia ver alguns raios cortando o céu.

Por mais que minha mente cansada gritasse para que eu voltasse a dormir, eu precisava saber como meu filhote estava.

Kai apesar de alfa era sensível e facilmente se assustava com barulhos altos, tempestades e chuvas fortes eram um medo que o pequenino não conseguia superar e eu jamais o forçaria a passar por isso sozinho.

Eu tinha certeza de que meu pequeno continuava adormecido, em seu quarto ficava uma das muitas serviçais do castelo, Magnólia era responsável por cuidar do herdeiro durante a noite e se ele acordasse ela o levava imediatamente para mim.

Por mais que não fosse comum um rei estar a maior parte do tempo ao lado de seus herdeiros, eu fazia questão de ser um pai presente para Kai Jungmin. Queria que meu menino pudesse sempre se sentir amado da mesma forma que minha mãe me fazia sentir, mesmo nos momentos de tristeza.

Infelizmente, o alfinha jamais saberia como era estar ao lado de sua mãe, a mulher não havia resistido ao parto devido a diversas complicações. Por mais que a mulher e eu não tivéssemos uma relação amorosa eu ainda lamentava sua perda, pois sua presença seria importante para Kai.

Atravessei o corredor indo para os aposentos do príncipe, o quarto era igual ao meu, a única diferença eram alguns poucos brinquedos espalhados pelo chão.

Como eu imaginava, Jungmin continuava dormindo, Magnólia estava ao lado da cama do filhote, mas sua atenção estava totalmente focada no livro que ela tinha em suas mãos.

-Magnólia -chamei baixinho para não lhe assustar.

A mulher de pele retinta rapidamente colocou seu livro na cadeira e se levantou pronta para se curvar, mas eu jamais deixaria que ela continuasse com isso.

- Não precisa se curvar, sabe que te considero família - sorri para a serviçal.

Magnólia, era apenas uma das inúmeras mulheres que trabalhavam no castelo, bom isso era o que eu pensava antes de meu filho se mostrar tão apegado a ela e confesso que com o tempo até eu mesmo me vi preso em seu carisma.

- Ainda é o rei, devo respeito ao Senhor - ela disse de cabeça baixa.

-E eu como rei, ordeno que me chame pelo nome - odiava usar minha autoridade com ela, mas se esse era o único jeito de ela me tratar um pouco mais como pessoa e menos como majestade, eu faria.

Ouvi o som de mais um trovão, a tempestade ficava pior a cada minuto, olhei para a cama vendo meu pequeno filhote começar a se mexer e choramingar.

Corri até ele e me sentei na sua cama, peguei seu corpinho em meus braços tentando passar conforto e segurança para ele, suas mãozinhas tremiam, mas meu calor aos poucos ia lhe acalmando.

Eu sabia que ele não teria uma noite tranquila longe de mim, então tomei a decisão de levá-lo para meu quarto.

-Mag, pode ir para seu quarto descansar - dispensei a mulher que tentou debater de diversas formas.

- Mas...senhor, é meu trabalho cuidar do herdeiro...

-Ele ficará comigo essa noite, não se preocupe - sorri de forma tranquila - vá para seu quarto e se cubra, a noite está muito fria para ficar perambulando pelo castelo.

Saí dali após me despedir, Kai começou a se mexer em meus braços, seus olhinhos abriram lentamente e ele me olhava com a carinha toda amassada pelas cobertas que estavam em sua cama, seus lábios possuíam um biquinho.

- Papai ? - disse baixinho.

-Oi, meu amor...- entrei no quarto com ele, colocando seu corpinho embaixo dos lençóis da cama, para que ele ficasse aquecido.

- Por que não estou no meu quartinho? - Jungmin inclinou a cabeça para o lado, aquele era um costume fofo dele.

Não precisei nem mesmo responder, uma raio caiu iluminando todo o quarto e fez com que meu menino se escondesse debaixo dos panos. Sentei na cama e estendi meus braços para que ele deitasse ali.

Me deitei na cama ainda com ele em meu peito, meu filho era como um pequeno coala agarrado ao meu corpo. Aquela era uma visão tão comum, mas que sempre aquecia meu coração.

Passei as mãos em seus fios castanhos, fazendo um carinho singelo enquanto cantava sua música de ninar preferida. Não demorou para que o lobinho dormisse com um dos dedinhos na boca e uma das mãos em meu cabelo.

Ajeitei seu corpo na cama, não gostava de dormir com ele em cima de mim por medo de acabar machucando ele ao me mexer durante o sono, coloquei meu menino ao meu lado, perto o suficiente para que ele continuasse aquecido.

Fechei meus olhos me entregando ao cansaço, deixei a tranquilidade tomar conta de mim e me aconcheguei nas cobertas me entregando aos braços de Morfeu.

~🧡~

O dia amanheceu nublado, o frio ainda estava presente, me levantei com enorme preguiça após colocar travesseiros envolta de meu filho para que ele não caísse da cama alta.

Entrei no banheiro me sentindo incomodado pelos tons claros, retirei minhas roupas e entrei no chuveiro para um banho relaxante.

O dia seria de enorme estresse, infelizmente como rei eu tinha diversas coisas para resolver e reuniões para participar.

Sai do banho colocando as vestes adequadas, por mais que os antigos monarcas fizessem isso, eu não usava minha coroa fora dos eventos reais, para mim era uma futilidade sem tamanho usar aquele objeto desconfortável em todos os momentos.

Claro que em meu quarto havia um armário dedicado a minhas coroas, mas ele era aberto somente em bailes reais e eventos onde meu povo participava.

Voltei para o quarto vendo Jungmin sentado na cama, ele passava as pequenas mãozinhas sobre os olhos, fechei um pouco as cortinas para que o ambiente não ficasse tão iluminado.

- Bom dia - Disse me aproximando dele.

-Bom dia, papai - o menor disse em um bocejo.

O pequeno Jeon estendeu os bracinhos para que eu lhe pegasse no colo, peguei meu menino, levando ele para o banheiro. Por mais independente que o pequeno fosse ele ainda não conseguia escovar seus dentes direito, então eu fazia isso por ele.

Pedi para que Serena, levasse meu menino para seu quarto e lhe desse um banho. Kai demorava bastante em seus banhos, graças aos brinquedos e a grande quantidade de espuma.

Sai do quarto caminhando pelos enormes corredores, não havia muito o que ver nas paredes do castelo, eu não fazia questão de decorações exageradas, elas só serviam para juntar poeira.

No salão de refeições a mesa já estava posta, Choy e Aylin já estavam ali com sorrisos no rosto e o habitual carinho que me causava náuseas. Meu pai estava na ponta da mesa, lugar esse que me pertence por direito.

- Se levante e saia do meu lugar - não deixei com que ele me questionasse, meu pai havia perdido o direito de exigir qualquer coisa após trair minha mãe.

Não digo isso apenas por mágoa, mas também porque os deuses proíbem que as vontades de meu progenitor sejam atendidas. Existem regras que até mesmo os reis precisam seguir, elas foram criadas pelos três Deuses maiores.

Entre tantas leis, existem aquelas que se quebradas te fazem perder o direito ao trono e uma delas é a traição. Meu pai ainda poderia viver no castelo, comeria de minha comida, entretanto jamais poderia exigir que suas vontades fossem atendidas por qualquer um a sua volta.

Ele havia se tornado um qualquer, era como se o sangue dourado tivesse sido sugado de suas veias, deixando apenas o sangue de um mortal, os Deuses haviam retirado suas bênçãos.

- Não seja infantil garoto, brigar por um simples lugar na mesa, você parece ter se esquecido de que eu era o rei antes de você ! - o homem diz ríspido como se isso significasse muita coisa vindo de sua boca.

-Você já foi um rei, mas hoje não passa de um qualquer, não teve competência para cuidar de sua esposa, quem dirá de seu povo - meus olhos estavam vermelhos, meu lobo sentia sede de sangue, o sangue daquele que me deu a vida.

-Não fale de sua mãe, ela não deve ser mencionada em frente a minha mulher!

-Sua mulher é tão nojenta como você, minha mãe sempre será lembrada como aquela que trouxe beleza para seu reinado - peguei meu pai pelo braço lhe tirando da cadeira -não se esqueça que diante do povo a sua mulher não passa de uma cortesã.

Aylin merecia cada um dessas palavras, minha mente não pesava nem mesmo por um segundo em dizer tudo aquilo em sua frente, a mulher sabia que cada um de seus atos lhe causariam consequências, mas mesmo assim cobiçou e se deitou com o marido de sua própria irmã.

Não culpo apenas ela, sei que meu pai é o maior culpado dessa história, não sei como o homem conseguia estar ao lado de minha mãe e dizer palavras tão bonitas, nem ao menos me passa pela cabeça o motivo de ele ter se casado com ela, se após sua morte espalha aos quatro ventos que seu grande amor sempre foi Aylin.

Engoli minha raiva ao ver meu filhote chegar no salão, nunca deixei que meu filho visse qualquer discussão com meu pai, ele era apenas uma criança, não precisava carregar mágoas se ele nem ao menos entendia como aquilo machucava.

Nunca tentei fazer meu filho odiar meu pai, porém nunca deixei com que ele ficasse próximo por medo das barbaridades que o mais velho poderia dizer.

-Papai, estou com cheiro de flores -Kai dizia sorridente ao se sentar em meu colo na mesa.

O alfinha sempre foi apaixonado pelo perfume que minha mãe usava, mesmo que ele nem ao menos tivesse a conhecido, ele dizia que aquilo tinha cheiro de família.

Olhei para o casal que ainda estava na mesa, Choy parecia bravo por eu ter lhe reduzido a apenas um lixo jogado no chão, mas aquilo não me importava.

Deixei que eles ficassem presos em sua própria amargura e voltei minha atenção para meu menino, tentaria fazer tudo o mais rápido possível para poder brincar com ele no quintal pela tarde, mas apenas se o Sol saísse.

O filhote apesar de ser um alfa, não tem resistência alguma em seu corpo e fica doente facilmente, os curandeiros me disseram que foi por falta da presença materna nos primeiros meses de vida.

-Papai ? -ouvi a voz do meu menino baixinha em meu ouvido, como se precisasse me contar um segredo, até mesmo sua mãozinha tapava sua boca.

-O que foi, pequeno ?

-Posso brincar com o Tae hoje ? -disse com um biquinho nos lábios.

Ele se afastou olhando em meus olhos, ele sabia que conseguiria me convencer a qualquer coisa se usasse seus olhinhos brilhantes, sorri sabendo que já havia perdido a batalha sem nem mesmo entrar nela.

-Primeiro você precisa ir para a biblioteca estudar meu amor, Lisa já te espera para suas aulas, mas depois você pode brincar em seu quarto com ele.

Taehyung é um dos auxiliares da cozinha, mas no tempo livre gosta de treinar com os guardas, já disse que ele devia seguir esse caminho, mas ele diz que os ômegas não deveriam batalhar.

Aquele era um pensamento tão ultrapassado, mas que eu não podia julgar, fora do meu castelo ômegas eram invalidados de todas as formas, mas aqui eu os tratava como jóias, eles mereciam bem mais do que o povo dava a eles.

🧡🧡🧡 Notas da autora 🧡🧡🧡

Oiê amores, capítulo fresquinho para vocês, confesso que postei essa fic sem esperança alguma, mas como o retorno do prólogo foi bom vou continuar postando os outros capítulos.

Não esqueçam de votar e comentar isso é muito importante para mim.

Bjs 🧡.

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