Capítulo II: A ponte em queda
Dessa vez ele estava como ela havia sonhado aos 16 anos, aquele sonho era marcante, pois o homem tinha cabelos acinzentados pelo tempo, e naquele sonho não era mais uma criança no colo do homem distante com cabelos escuros, o verde outono dos olhos eram fumacentos, mas dessa vez não era um sonho frio ou calmo , agora eles corriam da ponte Sérgio Motta despencando e rumando para a avenida Fernando Corrêa da Costa, era noite, e Cuiabá debulhava todo em pedaços de concretos.
Já tinha saído do sono REM antes do despertador do celular tocar às 04 horas e 40 minutos da madrugada para prosseguir rumo à universidade naquele dia que certamente seria ensolarado. Cibelle levantou da cama rumando para o banheiro sentindo-se muito cansada, era como ter corrido uma maratona, lavou o rosto, e constando que ainda eram 04 horas da madrugada, como teria prova de Física da Geometria Óptica, resolveu pegar o caderno e revisar a Lei de Snell, chegar na constante lhe andava sendo complicado, sua cabeça andava turbulenta.
Seu curso era de período integral, logo não lhe era possível trabalhar para ajudar em casa, e todo o fim de mês tinha de ficar observando os pais contando o dinheiro para dividirem as contas, ela não queria de forma alguma decepcionar com notas ruins, ou a não conclusão do curso de seus sonhos , ser cientista no Brasil era até insensato, ainda elitizado, mas queria ela entender como a natureza se transforma, para então poder adaptá-la para o bem daqueles que precisam, queria levar a bioenergia sustentável aos com menos condições financeiras.
Cibelle sentou-se na frente da sala 215, aquele corredor era um pouco sombrio pela manhã, seu colega Jordan apareceu todo animado falando de seu TCC (Teoria de Conclusão ao Curso) sobre educação e transformação do conhecimento da física, ensinar era a grande paixão do jovem de 27 anos.
-Vejo que está um pouco distante, Cibelle. Posso ajudá-la? - indagou o rapaz olhando a jovem de 18 anos acuada.
- Está sim, é só a prova! - Mentiu a jovem, sabendo que era o pesadelo que lhe dava agonia.
-Você vai conseguir, tenho certeza de que estudou bastante! - disse o jovem observando que já estava quase na hora de sua aula de Física Moderna II.
Cibelle logo notou a presença do professor Nelson, era miudinho, com uma personalidade tranquila, aquele professor que não coloca terror em ninguém.
A garota enfrentou duas provas, a teórica e a prática, estava com medo de algo ruim lhe ocorrer, almoçou no Restaurante Universitário, e seguiu para o Instituto de Biofísica e Biogeografia ao lado do Instituto de Ciências da Computação, era lá que estava fazendo sua iniciação científica em Bioenergia e Sustentabilidade.
Ao sair do laboratório deparou-se com uma chuva, pegou o guarda-chuva, e seguiu para o Instituto de Ciências Humanas, atravessou a avenida, e deu graças às entidades quânticas pelo ônibus da linha 720 ter passado logo, queria muito ir para casa, chorar seria um bom remédio contra aquela coisa que aumentava a adrenalina em seu corpo e acelerava seu coração como um giroscópio.
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