Un amor en Caribe
E aí, pessoas? Como vão?
Novo capítulo na área, e chegamos com o pov do nosso querido Josh! Tá bem grandinho em? Recompensar a espera de vocês.
Ah? E vocês gostam de Espanhol? Porque esse capítulo vai ter bastante! haha
E nossa, queria agradecer por termos chegado aos 3,5K. Muito obrigado mesmo gente.
Mais uma vez, o capítulo não foi revisado então se preparem porque com certeza vão ter uns errinhos.
Sem mais delongas ao capítulo.
Un amor en Caribe*Um amor no Caribe
Eu sempre me gabei por não ter medo de nada.
Mas isso é uma mentira. Quer dizer, todos tem medo de alguma coisa. Pode ser algo ridículo, algo não ridículo. O fato é: os medos existem.
Eu estava vivenciando dois dos meus maiores medos agora: perder alguém que amo e andar de avião.
Claro que seria maravilhoso se pudesse ir da Austrália a Porto Rico de carro, de metrô ou em qualquer meio de transporte que andasse em terra firme, mas na ausência disso, tive que apelar para o desespero.
Pensar no que diabos Harriet poderia estar passando naquele fim de mundo foi suficiente para que eu corresse até Dylan e praticamente implorasse pela sua ajuda.
Fiquei detonado durante meses, achando que ela tinha se arrependido de ter me beijado, ou sei lá, de ter me conhecido.
Será que ela havia percebido que eu não era bom o suficiente para ela?
Tudo que eu mais queria era voltar no tempo para o dia em que a conheci e tê-la visto como a garota fantástica que ela sempre foi. Sem Harriet, todas as coisas pareciam sem graça.
A escola, o pet shop, bondi beach, até mesmo as festas da Lacey. Quando penso em todas as namoradas e namorados que tive, percebo que jamais senti o que senti como no instante em que beijei Harriet.
Era como se a minha vida realmente fizesse sentido e eu finalmente tivesse encontrado algo pelo que lutar.
Olho ao meu redor e vejo que todos possuem sonhos, almejam coisas grandes e possuem muitas expectativas. Já eu? Acho que nem um sonho eu tenho.
Pra mim, tudo é bom da maneira que está.
Foi quando senti os lábios de Harriet contra os meus, que um sonho despertou dentro de mim. Ter algo certo em minha vida. Algo concreto. Real. Que não fosse passageiro.
Eu teria aquilo de novo. Nem que para isso eu tivesse que desafiar meus medos e subir a 7 mil pés de altura.
À medida que esses pensamentos fluiam dentro de mim como água corrente, mais rápido atravessávamos o oceano pacífico. Pensava na correnteza de problemas que havia deixado para trás. Minha família em pedaços, meus amigos querendo respostas e um traficante malvado que com certeza ainda voltaria a me perseguir.
Tudo desmoronava ao meu redor como um castelo de cartas, mas resolveria aquilo depois.
O mais importante agora era trazer Harriet de volta.
– Senhor Kellan. – Ouvi a voz do piloto pelos auto falantes. – Por favor se prepare. Estamos aterrissando em Porto Rico.
Merda. Horas de viagem e eu não havia pregado o olho uma única vez.
Segurei firme os braços da poltrona e senti as rodas do avião tocarem o chão de maneira abrupta. Levou alguns instantes para que a porta do avião abrisse e eu recebesse a minha mochila.
– Obrigado. – Agradeci ao piloto. Ele me acenou em resposta.
Corri a passos rápidos pelo aeroporto, só aí lembrando que eu não falava uma mísera palavra em Espanhol.
Mierda.
Minha cabeça girava como uma roleta, pelo sono e por não pensar nem por um segundo que estaria sozinho em um país estranho...
Sem ter a mínima ideia de como encontrar Harriet.
Procurando me acalmar, sentei em uma das poltronas de espera do aeroporto e peguei meu celular, conectando-o à internet e ligando via whatsapp para a única pessoa que poderia me ajudar.
– Josh? Sabe que horas são?! – A vl de Lacey estava sonolenta, e só aí lembrei que na Austrália deveria ser madrugada.
– Desculpa La, mas era uma emergência. – Respondi. – Caso não saiba, eu estou em Porto Rico.
Ela devia estar bebendo algo quando falei, pois juro que a escutei engasgar.
– O que diabos você foi fazer em Porto Rico?! – Lacey parecia em um misto de raiva e preocupação.
– Vim achar a Harriet e não saio daqui sem ela. – Falei decidido.
Lacey deu um suspiro cansado do outro lado da linha.
– Tá bem. Como posso ajudar?
– Eu adoraria se me conseguisse o endereço dos pais dela aqui. Seria assim, de grande ajuda. – Pedi esse favor, sabendo que se alguém iria conseguir, esse alguém era Lacey Cross.
Aguardei alguns instantes apenas ouvindo murmúrios do outro lado da linha, até que ela finalmente retornou:
– Mandei o endereço por mensagem. Também pus um tradutor de espanhol caso necessário. Toma cuidado, Josh, lembre que está em outro país. – Ela me advertiu, preocupada.
– Ei, pra quê isso? É com o Josh que você tá falando. Chego em alguns dias com a Harriet, ok? Até.
Nem esperei que Lacey respondesse e encerrei a ligação. Era hora de agir.
Com a minha mochila nas costas e o dicionário inglês-espanhol surrado que trouxe da biblioteca da escola, passei a desbravar San Juan.
Era uma cidade linda. Mares de águas cristalinas, areia branca e um céu tão azul que parecia ser pintado a mão. O sol era quase tão furioso quanto o de Sydney, despontando acima de minha cabeça como uma bomba nuclear de câncer de pele.
A brisa da praia balançava meus cabelos, enquanto me aproximava de um sujeito que parecia bastante entediado, parado em frente ao portão de desembarque, encostado ao seu mototáxi.
Retirei o dicionário da mochila enquanto ele me observava sem entender.
– Con licencia, me gustaría una carrera. – Pedi por uma corrida com aquele que talvez fosse o pior sotaque espanhol da terra.
O motociclista me olhou como se eu fosse um cachorro anêmico com indigestão (acredite, meus tios davam muito esse olhar no petshop).
Levei algum tempo para entender a pergunta que ele me fizera em seguida, até deduzir que ele estava perguntando qual era meu destino.
Entreguei o papel em que anotara o endereço que Lacey me dera e ele me jogou um capacete. Agradeci com um aceno e me sentei atrás dele, meio receoso ao abraçar a cintura de um cara que eu não conhecia.
Ele esgueirava pelas ruas estreitas da cidade com maestria, como se já tivesse feito aquele percurso tantas vezes que poderia realizá-lo de olhos fechados. Durante o trajeto, reparei no aspecto antigo da cidade, nas casas tombadas e nas calçadas de pedra. Uma espécie de igreja ficava localizada em um morro alto da cidade, em todo o seu explendor.
Todos ali, assim como Harriet, possuíam a pele bronzeada e cabelos bem negros. Uma senhora idosa em uma quitanda de frutas gritava para chamar a atenção dos que passavam para que parassem e olhassem suas frutas.
Uma menina passou correndo brincando com outras e pisou no pé da velha, e pelo jeito que os outros a olharam depois, ela muito provavelmente havia gritado um palavrão em espanhol.
Somente naqueles rápidos minutos que passei ali, percebi que os latinos eram bem mais comunicativos que os australianos. Faziam gestos com as mãos a todo momento enquanto falavam e se abraçavam e se beijavam de forma bem mais frequente do que meus conterrâneos.
Admirado com as belezas daquele lugar, nem percebi que a moto havia parado de frente a uma espécie de restaurante, de onde uma música dançante de piano vinha, fazendo os que passavam pela rua mexerem um pouco os quadris.
– Muchas gracias, señor. Tenga un buen día. – Paguei ao motociclista e agradeci, desejando um bom dia.
Arrumei minha roupa amassada pelo vento durante a corrida e adentrei aquele recinto, me deparando com um salão ao ar livre e diversos casais dançando colados a mesma música de ritmo dançante.
A melodia foi se tornando cada vez mais familiar aos meus ouvidos e só aí percebi que aquela música não era apenas um sucesso ali, mas no mundo inteiro.
https://youtu.be/kJQP7kiw5Fk
Sí, sabes que ya llevo un rato mirándote
Tengo que bailar contigo hoy (DY)
Vi que tu mirada ya estaba llamándome
Muéstrame el camino que yo voy (oh)
Sim, você sabe que eu tenho observado você por um tempo
Eu tenho que dançar com você hoje (DY)
Vi que seus olhos já estavam me chamando
Mostre-me a maneira que eu vá (oh)
Eu admirava a maneira quase que coreográfica a qual os clientes que dançavam mexiam seus quadris. Sentei em uma mesa encostada da parede e bati as mãos no ritmo da música.
Tú, tú eres el imán y yo soy el metal
Me voy acercando y voy armando el plan
Solo con pensarlo se acelera el pulso (oh, yeah)
Você, você é o ímã e eu sou o metal
Eu estou chegando mais perto e eu estou colocando juntos o plano
Só de pensar o pulso (oh, yeah) acelera
Um casal que poderia muito bem ser meus avós arrancou aplausos dos outros presentes, ao entrarem na pista. O vestido florido da senhora que dançava rodou, quando seu marido a girou.
Ya, ya me está gustando más de lo normal
Todos mis sentidos van pidiendo más
Esto hay que tomarlo sin ningún apuro
Isso já está me agradando mais do que o normal
Todos os meus sentidos estão pedindo mais
Isto deve ser tomado sem qualquer problema.
Uma jovem surgiu no centro do salão e cocei meus olhos para ver se eu estava mesmo vendo aquilo. Harriet usava um vestido roxo lindo praiano, com sandálias havaianas e uma flor atrás da orelha. Todos fizeram um círculo para vê-la dançar e eu permaneci ali deslumbrado, assistindo-a me hipnotizar com seus passos.
Des-pa-ci-to.
Quiero respirar tu cuello despacito
Deja que te diga cosas al oído
Para que te acuerdes si no estás conmigo
des-pa-ci-to
Eu quero respirar o seu pescoço lentamente
Deixe-me dizer-lhe coisas em seu ouvido
Para lembrar, se você não está comigo
Des-pa-ci-to.
Quiero desnudarte a besos despacito
Firmo en las paredes de tu laberinto
Y hacer de tu cuerpo todo un manuscrito.
des-pa-ci-to
Quero te despir com beijos lentamente
Entrar nas paredes de seu labirinto
E fazer seu corpo um manuscrito inteiro
Meus olhos a seguiam girar pelo palco, enquanto outras pessoas se juntavam a ela. Uma mulher mais velha a admirava dançar atrás de um balcão. Tia Bárbara.
Quando Harriet deu um giro e seu vestido rodopeou no ar, um sorriso surgiu em seu rosto, de uma forma que eu jamais vi.
Ela não parecia triste ou em perigo.
Parecia mais feliz do que jamais foi.
Tudo ali estava em festa. Uma outra mulher que lembrava e muito Harriet carregava duas bandejas cheias de drinks e bebidas dos mais variados tipos desfilava pelo local, deixando os pedidos nas mesas próximas às paredes, sem deixar de dançar enquanto andava.
O rosto de um senhor que possuia os mesmos olhos de Harriet surgiu de buraco da parede, que parecia ser o contato entre a cozinha e o salão. O cheiro de uma carne assada fez meu estômago roncar.
Despacito
Vamos a hacerlo en una playa en Puerto Rico
Hasta que las olas griten: ¡ay, bendito!
Para que mi sello se quede contigo.
despacito
Vamos fazê-lo em uma praia em Porto Rico
Até as ondas gritar: Oh, abençoado!
Para ficar com você meu selo.
Era tanta alegria que me sentia em um filme. Aquele sorriso de Harriet se repetia em minha cabeça. Por quê não a havia visto sorrir daquele jeito quando estava em Sydney?
Pasito a pasito, suave suavecito
Nos vamos pegando, poquito a poquito
Que le enseñes a mi boca
Tus lugares favoritos (favorito, favorito, baby)
Passo a passo, suavezinho suave
Nós vamos colar, pouco a pouco
Que você ensina minha boca
Seus lugares favoritos (favoritos, favorito, bebê)
Pasito a pasito, suave suavecito
Nos vamos pegando, poquito a poquito
Hasta provocar tus gritos
Y que olvides tu apellido
Despacito
Passo a passo, suavezinho suave
Nós vamos colar, pouco a pouco
Para fazer com que você grite
E esqueça o seu nome
despacito
Foi quando a música parou que todos os presentes pareceram me notar ali. Quer dizer, um garoto pálido, magrelo, de olhos azuis, com o rosto cheio de sardas e com uma camisa surrada de star warschamava a atenção em um local cheio de pessoas bronzeadas, musculosas e com roupas muito coloridas.
Harriet falava alegremente com a mulher que servia as mesas, quando seu olhar cruzou com o meu. Seu sorriso se desfez e em seu lugar, surgiu uma expressão de surpresa e descrença.
– Algún problema, hija? – A mulher garçonete, segundo a minha interpretação, perguntou se havia algum problema e chamou Harriet de filha. Aquela era a mãe dela?
Apenas aí Harriet pareceu despertar de seu transe por ver-me ali.
– Nada, madre. Puede darme un segundo? – A mãe de Harriet assentiu e se afastou, enquanto sua filha veio em minha direção.
Um sorriso automático se formou em meu rosto enquanto ela caminhava em minha direção, com aquele semblante de surpresa e descrença ainda estampado em sua face.
– Josh? – Eu assenti e corri para abraçá-la. Ela ficou sem reação por um instante, mas logo retribuiu. – O que você faz aqui?
– Eu recebi aquela sua carta. – Avisei. – Estava muito preocupado, eu tinha que te ver. O que aconteceu, Harriet?
Ela olhou para os lados meio desconcertada. Umas crianças passaram por nós correndo, aparentemente brincando de pega-pega.
– Podemos conversar em um lugar mais sossegado? – Ela abraçou o próprio corpo, um pouco receosa. Parecia estar com vergonha de sermos vistos juntos.
Eu assenti, sem entender. Harriet segurou em meu cotovelo e me guiou salão a baixo. Parecia que o lugar era na beira da praia, e só pareci me atentar a esse detalhe quando senti meus pés afundarem na areia.
– Um dia você me beija e no outro some, Harriet. – Eu respirei fundo e pus as mãos nos bolsos. – Eu fiquei preocupado, entende?
– Entendo. Não se preocupe, feliz por te ver aqui, mesmo. – Ela deu um sorriso, triste. – Enquanto estiver aqui, podemos fazer muitas coisas. Aqui em San Juan tem tanta coisa pra ver e se fazer, quero te mostrar o máximo que puder antes que vá embora.
– Você não quis dizer nós? – Meus olhos provavelmente mostravam pura tristeza.
Harriet fez que não com a cabeça lentamente.
– Eu fui pra Austrália tentando achar um lar pra mim. Minha família era apenas um retalho do que um dia tinha sido e eu não estava mais conseguindo viver. Isso me fez ir pra Austrália, receber aquele preconceito por ser uma latina, por ser diferente. Por viver em um trailer. Atiravam pedras em mim e eu permanecia de pé. Entende? – Ela encarava as águas cristalinas do oceano pacífico. – Mas, ao que parece, minha ida mudou tudo, Josh. Cheguei em casa e encontrei um pai totalmente recuperado, fazendo tratamento, um negócio fazendo sucesso e pessoas de braços abertos pra mim. Porto Rico é minha casa.
– Não, Harriet! Sydney é sua casa! Com seus amigos, seus sonhos, comigo... – Tentei segurar em sua mão novamente, mas ela não me permitiu.
– Não é. – Ela me encarou. – Mandei aquela carta pra você do avião, morrendo de medo de encontrar aquela zona que eu havia deixado. Agora eu percebo Josh, que meu lugar é aqui. Todos estão rindo, dançando, comemorando...
– O que aconteceu? Pra você ter vindo embora? – Tentei mudar o assunto, em uma maneira desesperada de tentar me acalmar.
– Eu me meti em coisas que não deveria. Foi isso. – Ela suspirou. – Quando for embora, quero que entregue algo ao Dylan por mim, tudo bem?
– Tudo mal. – Respondi. – Você que entregue você mesma. – Coloquei as mãos nos bolsos e me afastei dela, caminhando na direção oposta.
– Josh, espera! Você precisa me entender, quero ficar aqui!
– Quer uma pinoia! – Rebati, me virando para encará-la. – Você está com medo! Se borrando de medo!
Ela me olhou horrorizada.
– Eu te conheço, Harriet. Você está com medo! Pode até estar gostando de bancar a Gabriela do High School Musical aqui, mas você está com medo! O que você descobriu que te deixou assim com tanto medo?
– Eu não estou com medo! – Ela mentiu, de novo.
– Harriet, aqui você está fazendo exatamente o que nunca quis fazer! – Insisti. – Está como sempre esteve, servindo mesas sem uma perspectiva de melhorar, sem ambição nenhuma. Cadê aquela garra no seu olhar? – Ela encarou o chão. – Quer saber? A Harriet que eu conheci enfrentava os problemas de frente e lutava pelo que queria. Foi aquela que pintou o cabelo de azul, mesmo sabendo que todos a chamariam de louca. Aquela que foi pro outro lado do mundo e se virou muito bem sozinha. Aquela que mesmo podendo por tudo a perder, beijou o melhor amigo pra ver se ele sentia o mesmo que ela sentia! – Parei de falar quando percebi que eu já gritava. – Eu vou embora, claramente a pessoa que eu vim procurar não está aqui.
Ela não me seguiu.
Voltei para o salão e passei por lá como um raio, chegando na entrada do restaurante e me sentando na calçada, observando o movimento. Tudo aquilo havia sido pra nada. Eu tinha chegado tarde demais e agora Harriet estava perdida pra sempre.
– Arroz con Gandulez? – Uma voz feminina ofereceu ao meu lado, e senti um cheiro muito bom acordar meu estômago.
Olhei para o lado e tia Bárbara estava sentada próxima a mim, segurando um pratinho de plástico com um arroz meio avermelhado pelo tempero que cheirava maravilhosamente bem. Sorri sem graça pra ela.
– Eu devo ter me esquecido de comer esses dias. – Ela me entregou o prato e eu dei uma garfada. – Uau! Maravilhoso.
– Um dos pratos mais famosos aqui de Porto Rico. – Ela explicou, sorrindo, me assistindo comer. – Josh, não pude deixar de ouvir sua discussão com minha sobrinha.
– Não se preocupe, senhora Gutiérrez... Eu vou deixá-la em paz. – Entreguei o prato ela ainda cheio de comida, me levantando. – Acho bom ir logo embora.
– Acontece, Josh, que... Coma logo isso, menino. – Ela me empurrou novamente o prato e eu sorri. – Eu concordo com você, querido. Harriet está com medo. – Não entendi sua afirmação, e tia Bárbara fez sinal para que eu me sentasse. – Sabe... Minha sobrinha não tem medo de voltar pra Austrália... Ela tem medo de deixar Porto Rico.
Agora, estava entendendo ainda menos.
– Quando voltamos, os pais de Harriet ficaram em festa, melhoraram por causa dela, então, Harriet tem medo que se for embora novamente...
– Tudo volte a ser como era. – Completei sua frase e tia Bárbara assentiu.
Agradeci a tia Bárbara com um aceno de cabeça e limpei o prato com aquela comida maravilhosa, voltei ao restaurante e encontrei Harriet em um salão vazio, limpando as mesas.
– Cadê todo mundo? – Perguntei timidamente, afinal, aquele salão estava lotado não fazia nem meia hora.
– Foram olhar o por do sol na praia. – Ela respondeu, sem me olhar, passando um pano molhado em uma das mesas.
Ficamos os dois em silêncio por um minuto, enquanto eu pensava o que falar. Quanto mais eu tentava pensar em algo a dizer, menos coisas surgiam em minha mente. Resolvi improvisar.
– Harriet,eu te amo. – Disse, de repente e ela me encarou, com os olhos arregalados. Deixei me aproximar um passo. – Acho que sempre amei, mas nunca tive a coragem de admitir pra mim mesmo. Você é uma garota tão incrível que eu nunca me achei bom o suficiente pra você.
– Josh... – Ela falou meu nome, baixinho.
– Mesmo com todas as coisas erradas que eu fazia, você estava lá. – Cerrei os punhos. – Se é realmente isso que você quer, ficar aqui... – Dou um leve suspiro. – Eu não vou ficar no caminho da sua felicidade.
– Es que no es. – Escutei uma voz falar atrás de mim em Espanhol. O mesmo senhor que vi quando cheguei acabara de entrar e caminhou em direção a Harriet.
– Padre? – Harriet parecia impressionada ao ver seu pai ali.
Ele mostrou sua mão a mim e eu a apertei, meio sem jeito. Depois das devidas formalidades, ele se virou pra Harriet e murmurou em Espanhol:
– Hija, por más que te quiera a nuestro lado, sé que su felicidad no es aquí. – Confesso que não entendi muita coisa, mas acho que ele estava falando ao meu favor.
Eles ficaram em um falatório em espanhol e Harriet o abraçou, com lágrimas nos olhos.
– Err... Pode traduzir pra mim? – Ela deu uma risada em meio as lágrimas.
– Meu pai disse que por mais que me queira aqui, ele sabe que a minha felicidade está em Sydney, fazendo o que eu realmente quero fazer. Ele está me liberando pra ir com você. – Eu agradeci ao pai de Harriet com um aceno, mas quando ele estava querendo nos deixar a sós, resolvi falar o que andei ensaiando.
– Señor. – Eu o chamei e ele parou. – Me gusta mucho a su hija. Y es por eso que vengo humildemente a pedir su bendición para que pueda enamorarse.
Das coisas que imaginei fazer em minha vida, pedir a benção de um pai para namorar sua filha em Espanhol não era uma delas.
Fiquei com medo de ter falado algo errado quando o pai de Harriet sorriu, me abraçou e fez que sim com a cabeça. Agradeci com um sorriso e olhei para ela, que estava petrificada no lugar.
– Eu não preciso falar em espanhol com você, preciso? – Disse, coçando a nuca. Ajoelhei-me em sua frente e olhei fundo em seus olhos castanhos. – Harriet, quer namorar comigo?
Ela olhou de mim para o seu pai, rindo e chorando, seus braços rodearam minha nuca e me puxaram para cima, e senti seus lábios tocando os meus. Levantei-a e a girei no ar, concluindo que eu era o cara mais feliz do mundo.
– Si usted nunca habla en español de nuevo. – Eu ri. Coloquei-a no chão e assenti. – Vamos pra casa, Josh.
Muitas coisas me faziam ser o "cara mais sorridente de Sydney" como Dylan me chamava.
Mais com certeza, ter Harriet Gutiérrez em minha vida, era a maior delas.
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