The mighty's game
*O Jogo dos Poderosos
Hey pessoas lindas!
SIM! EU SEI QUE HOJE É QUARTA! (POSTEI NO DIA CERTO É PRA APLAUDIR DE PÉ IRMÃOS)
O seguinte gente, é que hoje volta Arrow, e já que eu tive uma alegria dessa, quis dar uma alegria a vocês também. uahsuahush só isso. Também não corrigi esse gente, mil desculpas lol e para os que me acompanhavam em O Enigma das Asas de Ouro tenho uma surpresa MUITO BOA aauhsuhauhs. Sem mais, vamos ao capítulo. .
Na capa? Dylan Turner
Música do Capítulo: Starboy (The Weeknd)
Look what you've done
I'm a motherfuckin' starboy
Look what you've done
I'm a motherfuckin' starboy
Reginald Turner não havia mudado nada esses anos todos.
Lembro de quando era mais novo, chegando em casa depois de um semestre inteiro fora de casa, estudando naquele internato e dormindo com estranhos. Caminhei até ele e o abracei, apenas para receber uma bronca por interromper uma reunião importante. Reginald brigou comigo o resto da noite, falando que deveria bater antes de entrar e não atrapalhar quando ele estivesse com seus sócios.
Agora, parecia que estava naquele dia de novo. Ver meu pai ali, sentado na poltrona, conversando despreocupadamente com Maisie como se nunca tivesse me tratado como um estranho ou expulsado Devon de casa quando ele se recusou a assumir a empresa. Apenas por um pedido desesperado de nossa mãe, meu irmão aceitou voltar pra casa, mas desde então, Devon e meu pai não se falam.
Não percebi o momento que minha mão se desvencilhou da de Chloe e ela desapareceu do apartamento. Ela mesma já havia testemunhado o que meu pai era capaz e achava que aquela hora não era o momento para pessoas de fora da família intervirem.
– O que um homem precisa fazer para conseguir um Whisky por aqui? – Indagou meu pai, com sua voz mesquinha e pouco simpática. Ele fitou Lyn e a apontou pelo queixo. – Então conseguiu mesmo dar o bote no meu filho, em? Olha essas roupas, nem parece mais a filha de fazendeiro que Devon me apresentou.
Lyn cruzou os braços, claramente tão incomodada quanto eu.
– O que quer aqui, Reginald?
– O que mais, Lyn? É muito incomum um pai sentir saudade dos filhos e vir visitá-los? – Reginald respondeu com outra pergunta, como se estivesse altamente insultado. Meu pai sempre fora um ótimo ator. Acho que foi esse cinismo que o manteve no topo por tanto tempo. Um empresário cruel e sem escrúpulos.
– No seu caso, é. – Lyn respondeu, quando Maisie surgiu na sala com um copo de Whisky em mãos.
– O que está fazendo aqui? – Manifestei-me finalmente, no momento em que senti que as palavras conseguiriam deixar minha boca sem serem entrecortadas pelo meu medo e surpresa.
– Isso é jeito de falar com seu velho pai, garoto ingrato? A viagem foi bem cansativa, sabia? – Reginald retirou um cigarro do bolso, mas Lyn tomou de sua mão.
– Ninguém fuma nessa casa. – A loira avisou, jogando o cigarro no lixo.
– Sua casa? Esse apartamento foi comprado com o dinheiro da minha empresa, você é só uma golpista que se aproveitou do meu filho burro. – Lyn contou de um a dez silenciosamente, tentando não expulsá-lo dali.
Ouvi a porta de entrada se abrir.
– E aí, Dylan, você nem sabe, a Harriet comprou um... – Nathan descia os batentes, mas parou no mesmo instante ao ver a nossa "visita". – Senhor Turner?
Reginald riu sem humor.
– Esse garoto ainda vive aqui? Não tem casa não, moleque? – Ele indagou, e Nathan baixou a cabeça.
Senti meu sangue ferver.
– Ele está em casa. Todos estamos, menos você. – Desafiei-o. – Agora, pode dizer o que faz aqui antes de eu te expulsar daqui.
– Está se achando muito cheio da razão, não é, moleque? – Reginald se levantou, batendo de frente comigo.
Senti uma mão firme tocar meu ombro, e lá estava Nathan com seu olhar enigmático. Seus olhos castanhos adquiriram um tom escuro, e soube que ele pedia silenciosamente que eu mantivesse a calma, afinal, era em meus momentos de nervosismo que meu asma resolve atacar.
– Onde está o Devon? – Meu pai quis saber, perguntando de forma pouco educada.
– Joanesburgo. – Lyn respondeu, não fazendo questão de ser simpática. – Resolvendo assuntos da empresa. Fico feliz que tenha, não quero que ele chegue aqui e olhe nessa sua cara.
Eu não consegui mais ficar ali. Mais um segundo naquela sala e iria passar mal.
Fechei a porta do meu quarto com toda a força, me jogando na cama. Encarei o teto por alguns segundos, sem antes aspirar um pouco de ar em minha bombinha. Por quê tantos fantasmas do meu passado resolveram me assombrar novamente?
Não soube qual fora o momento que adormeci, mas quando despertei, já estava escuro lá fora, mesmo que eu ainda conseguisse escutar vozes gritando afoitas no andar de baixo. Caminhei descalço pelo corredor, tentando não fazer barulho. Vi a porta do quarto de Nathan trancada e a pequena Emeraude dormindo serena em seu berço.
O barulho vinha da sala de estar. Desci os batentes com cuidado e pude ver a imagem de Lyn e Reginald discutindo. Minha cunhada parecia nervosa por vê-lo ali. Mais que o normal.
Os Turner sempre foram cheios de segredos, quer dizer, na minha infância, muitas perguntas do que aconteciam ao meu redor nunca foram respondidas, mas sempre achei que esses segredos não se estendiam a Lyn, que sempre fora tão feliz e cheia de vida. Mais uma vez, estava tremendamente enganado.
– Eu disse que me contactava com você, caso descobrisse alguma coisa. – Lyn serviu-se de um copo de Whisky da coleção de Devon. – E se seu filho estivesse aqui? Provavelmente teria lhe expulsado a pontapés. Tem sorte de Dylan não ser agressivo como ele.
– Apenas precisei ver com meus próprios olhos. A vagabunda está aqui? – Lyn deu um longo suspiro.
– Esse meu amigo detetive, ele é muito bom. Sabe como foi difícil inventar uma desculpa de como magicamente o Vince conseguiu vir para a Austrália? Coincidentemente na mesma cidade em que nós morávamos?
– Não estou perguntando isso. – Ele a cortou. – Estou perguntando se a vagabunda está realmente em Sydney.
Lyn assentiu, vencida. Fiquei confuso. Do que eles estavam falando? Detetive? Quem meu pai estava procurando? Minha mente girava com tantas perguntas.
– Qual o endereço? Eu mesmo vou encontrá-la. Passei seis anos da minha vida tentando achar a vadia. – Reginald caminhou até o cabide atrás da porta, vestindo seu longo casaco.
– Reginald, sabe que isso é precipitado. Precisa esquecê-la. Não vale a pena. Se aceitei ajudá-lo foi para que ela sumisse de vez da vida do meu marido e do meu cunhado. Ela já fez danos suficientes.
– Você não entende, menina. Preciso olhar fundo nos olhos dela e saber porque ela fez isso! Porque abandonou a própria família!
Tudo começou a girar a minha volta, e senti a falta de ar ameaçar me atacar novamente. Meus ouvidos estavam me enganando?
Não. Eles não poderiam estar falando de quem eu achava que eles estavam falando.
– Eu fui o vilão por muito tempo, Lyn. – Reginald confessou. – E Joanne deve pagar pelo que fez a mim e a nossos filhos.
Minha mãe estava viva.
***
Não consegui pregar o olho a noite toda. Essa chuva de informações ainda importunava meus pensamentos. Minha mãe estava morta! Ela havia morrido quando eu tinha treze anos! Um ano depois de Chloe ter me abandonado.
Mas foi aí que todas as coisas estranhas me vieram a mente. Sobre como cheguei em casa naquele dia e Reginald dissera que nossa mãe partira para se tratar fora do país. Todas as vezes que Devon desejou visitá-la, ele negou. Nunca soubemos qual era a clínica ou jamais víamos nosso pai receber ligação alguma, quer dizer, retirando aquela que dizia que Joanne havia morrido.
Reginald não permitiu que eu e Devon víssemos o corpo, que segundo ele, fora cremado para evitar sofrimento. Para mim, o último contato que tive com minha mãe fora quando joguei suas cinzas no lago de nossa casa de veraneio em Liverpool. Eu me despedi dela ali. Como assim ela havia voltado?
Teria de me arrumar para a aula em alguns minutos. Pensei em ir ao colégio e falar sobre tudo com Chloe, a única coisa boa que me acontecera nos últimos dias. O que havia me salvado dessa vida triste e cheia de melancolia. Queria ter minhas dúvidas esclarecidas e saber mais sobre tudo isso.
Essa era a coisa que me diferenciava de Devon. Meu irmão era impulsivo, não pensava antes de agir. Já eu era mais cauteloso, como a própria Lyn dizia. Gostava de analisar toda a situação ao meu redor e somente aí pensar em algo plausível a ser feito. Mas dessa vez, não parecia encontrar nada.
– Bom dia flor do dia. – Quando cheguei a cozinha, Nathan assobiava preparando seu sanduíche na grelha. – Quer um queijo quente?
– Por favor. – Pedi, dando um sorriso fraco. – Escuta That, você dormiu cedo ontem?
– Sim. Estava cansado do serviço. Era meu dia de esfregar o chão. Acredita que a dor nas costas não passou ainda? – Ele riu. – Mas diz aí, por que a pergunta?
– Nada, é que eu dormi cedo também.
Eu não poderia contar nada ao Nathan, pelo menos não ainda. Sabia como ele era e o que pensaria se dissesse que queria investigar sobre minha mãe, que era arriscado e sairia machucado. O melhor era não saber e focar nos estudos e bla bla bla.
– Sua primeira aula é o quê? – Ele me perguntou.
– Ah, não sei, acho que história. E a sua?
– Literatura. Com a Chloe. – Ele sorriu feito um bobo. – Será que consigo sentar do lado dela hoje?
Tentei ignorar o quanto ficava incomodado quando Nathan admitia gostar dela.
– Não sei. Se chegasse cedo.
Terminamos de tomar café e fomos para a sala, pondo nossas mochilas que estavam em cima da mesa nas costas. Corremos para abrir a porta e ao fazermos, vimos um homem de terno e gravata, que parecia a um passo de bater, se nós não tivéssemos sido mais rápidos.
Eu o olhei de cima a baixo e sorri ao vê-lo. Ele tinha cabelos loiros escuros e um físico meio magro. Usava um óculos escuros no rosto e a mala ao seu lado denunciava que acabava de chegar de viagem. Ao me ver, ele retirou os óculos, exibindo as esmeraldas que possuía no lugar dos olhos, abrindo um grande sorriso.
– Arthur! – Ele sorriu de canto, me abraçando.
– Diz aí, Turner mirim. Cadê o babaca do seu irmão? Deve estar com aquele humor que ele sempre tem a essa hora da manhã.
***
Havia dito a Nathan que ele poderia ir na frente. Lyn havia saído cedo para a Versalle e Masie ainda não havia chegado do banho de sol de Emeraude. Então, tive de eu mesmo ir e instalar Arthur no quarto de hóspedes. Sorte que nossa apê era grande e tinha mais de um.
Arthur Lancaster era um antigo amigo de Devon. Os dois se conheciam desde a adolescência, e além de Lyn, era a única pessoa que eu conhecia que conseguia acalmar meu irmão. Na juventude, quando ambos queriam desopilar um pouco, começavam a brigar, literalmente com socos e chutes. A disputa só acabava quando os dois caíam sangrando no chão. A amizade do meu irmão e de Arthur era muito estranha.
Atualmente, Arthur era o advogado da Turner Corporation, por ser a única pessoa em que Devon confiou para realizar tal função. Mesmo os dois vivendo em continentes diferentes, o Lancaster dirigia muito bem as contas e relações da empresa no ambiente internacional pela internet. Por isso, para ele ter vindo pessoalmente até nós, algo sério deveria estar acontecendo. Talvez o motivo de Devon não parar em casa há meses.
– E aí Arthur, como vai a Kate? – Referi-me a noiva de Arthur. Os dois já estavam comprometidos a mais de 6 anos, mas mala como era, ele jamais marcava a data do casamento.
– Bem, está em um cruzeiro com os pais pelo Báltico. – Ele contou de forma não muito empolgada. – Mas você cresceu em garoto, a cada dia parece estar maior.
– Obrigado. – Eu sorri. – Mas Arthur, confesso que fiquei curioso por você ter vindo aqui. Está acontecendo alguma coisa?
– Aprecio sua preocupação, Dylan, mas está tudo bem. Quando seu irmão chega? Preciso conversar com aquele palerma.
Arthur batia seus pés com força contra o chão, e parecia até mais atrapalhado que o normal. Discrição nunca foi muito o estilo do Lancaster, e por isso sabia muito bem quando ele estava nervoso.
– Arthur, meu irmão não para em casa faz meses, e acho que você sabe o porquê.
– E onde está o Devon?
– Joanesburgo.
– Merda! Aquele palerma tinha de não estar aqui quando mais preciso falar com ele. – Pela tensão, Arthur acabou soltando a informação de que era algo urgente.
– Ei, eu sou um Turner também Aquela empresa também é minha, não acha que tenho o direito de saber o que está acontecendo? – Indaguei, meio insatisfeito.
– Dylan, seu irmão não quer que você envolva com a empresa. Acho melhor não desobedecer.
– Arthur, seja lá o que for, está fazendo mal ao meu irmão. Lidar com isso sozinho. Sei que antes de advogado da Turner Corp, você é amigo do Devon. Você pode ajudar a ele dizendo o que está havendo, talvez eu possa fazer alguma coisa! -Insisti e Arthur deu um longo suspiro.
– É a Phoebe. A Turner Corporation está perdendo mais e mais espaço, e ela pulou fora do barco. – Arthur contou, preocupado. – A maior acionista da empresa pôs a venda as ações da Turner. Quanto mais tempo isso durar, mais inseguros os patrocinadores vão ficar e aí os investimentos vão todos parar e...
– A empresa da minha família pode ruir. – Concluí, e Arthur fez que sim com a cabeça.
– É provável. Sem os investidores, seu irmão vai se afundar em dívidas e provavelmente a empresa não conseguirá se manter de pé. Acho que por isso Devon está em Joanesburgo. Provavelmente tentando convencer Phoebe a reatar com a Turner Corp, embora ache difícil ela voltar atrás.
Uma ideia nojenta surgiu em minha mente. Não. Eu não poderia estar mesmo levando em consideração isso.
– Eu sei o que está pensando, Dylan. – Arthur sorriu fraco. – Conheço a expressão de dúvida dos Turner, acredite. Convivi anos com seu irmão. – Ele se aproximou de mim e me fitou. – Não quero que se sinta obrigado a fazer nada. Nós criamos o problema e vamos resolvê-lo.
Lembrei de Lyn. De Emeraude. De Nathan.
Eu não poderia me dar ao luxo de não fazer nada. Aquela era minha família que estava em risco, podendo perder tudo de um dia para o outro. Devon havia lidado com os problemas por tempo demais. Era a minha vez de tentar salvar nosso império.
E era o que iria fazer, mesmo que tudo aquilo me destruísse.
***
No momento em que o mordomo me anunciou na sala principal, Denise Sparks surgiu no topo da escada. Seu cabelo estava preso em bobes ridículos e um roupão colorido de penas a fazia parecer um pavão. Tinha absoluta certeza de que se Kimberly tivesse sido criada por outra pessoa, talvez não fosse tão insuportável.
– Quis deixá-lo entrar para ver até onde iria sua cara de pau. – Denise me provocou, e a cada palavra que ela dizia, eu tinha um lembrete de porque a detestava. – Como ousa pisar aqui depois do que fez com minha menina? Kimberly nem quis ir ao SPA por sua causa! Ainda bem que minha beijoquinha já foi ao colégio.
– Denise, preciso conversar com você e o senhor Sparks. Ele está? – Comecei a procurar outro presente com o olhar, mas não consegui ver mais ninguém além da perua chata a minha frente.
– Meu marido é um homem ocupado. – Ela respondeu, lixando suas unhas. – Seja lá o que for que queira, pode tratar comigo. Lhe darei 20 minutos do meu precioso tempo antes de ir para a ioga.
Repensei duas e três vezes antes de propor a ela o que realmente queria propor. Denise cobrava favores em dobro, e seria arriscado pedir qualquer coisa, por mais simples que pensasse.
– A empresa da minha família está passando por problemas. – Dei-me por vencido e cedi ao desespero de pedir ajuda a ela. – Uma das maiores acionistas da empresa colocou as ações da Turner Corp no mercado internacional e isso está fastando investidores.
Denise Sparks cruzou as pernas e me fitou de forma avaliadora.
– E o que isso tem haver comigo?
– Quero que compre as ações da Turner Corp.
Um silêncio se instalou no cômodo. A mãe de Kimberly piscou duas vezes como se não acreditasse, mas ao ver meu semblante sério e decidido, soube que eu não estava brincando, e então começou a gargalhar.
– Isso é algum tipo de truque inútil, pirralho? – Ela pôs a mão na frente da boca, em uma tentativa de parar de rir. – Me diga o porquê de eu fazer isso.
– Meu irmão é competente, Denise! Em menos de um ano ele pode retornar o seu dinheiro, eu trouxe aqui as planilhas do advogado da empresa, e você pode ver que a Turner é impecável em qualquer que seja o assunto e...
– Não precisa. – Ela respondeu, por fim. – Eu faço.
– Todas as contas foram muito bem planejadas e... Espera, você diz que faz? – Não acreditei no que ouvi. Minha boca se abriu em um "o" perfeito.
– Claro, querido. – Eu sorri, satisfeito. – Mas com uma condição.
Eu assenti, empolgado.
– Qualquer uma, o Devon vai se certificar de que tudo saia direito na transação...
– Isso seu irmão não pode fazer por mim, na verdade, é uma coisa que apenas você pode fazer.
– O quê?
– Você vai até a escola, vista uma roupa apresentável, contrate uma linda banda, compre um belo presente e peça minha filha de volta em namoro. Apenas isso e comprarei as ações da Turner sem pestanejar.
Eu não poderia acreditar nisso. Ela queria que eu me vendesse?
– Não! Denise, com todo respeito, isso é algo entre eu e a Kimberly. Isso é uma relação profissional que não tem nada haver com o pessoal! – Tentei argumentar, mesmo sabendo que Denise Sparks era uma mulher irredutível.
– Eu já dei minha condição. Se quiser minha ajuda, deve me ajudar também Dylan. Ou o quê? Quer que seu amado irmão seja despejado daquela linda cobertura? – Eu cerrei os punhos. – Que a bela Lyn volte a uma vida miserável na fazenda? Que seu amigo loirinho volte a América com uma mão na frente outra atrás? – Ela se aproximou para sussurrar algo em meu ouvido. – Enquanto você convive com a culpa de estragar tudo para as pessoas que mais se importam com o seu bem estar?
Ela estava certa. A Turner Corp estava rundo diante de meus olhos. Devon não parava mais em casa, e podia imaginar o medo e a pressão que ele estava atirando sobre si mesmo. Ver a esposa e a filha sendo postas pra fora e ser o responsável pelo fim da hegemonia Turner? Não, isso não poderia acontecer.
– Eu faço o que você quiser, mas por favor, salve o meu irmão. – Pedi, de cabeça baixa. Denise apertou minha bochecha.
– Bom menino. – Ela ajeitou a gola de minha camisa amassada. – Agora vá, vista uma roupa bem bonita e vá reconquistar o amor da sua vida.
Eu levantei do sofá ainda abalado.
– Dylan. – Denise me chamou e eu me virei. – Lembre-se de sorrir.
Dei aquele sorriso falso que estava costumado a dar, aquele recheado de insegurança, mentira e medo. Durante todo o dia, mantive aquela expressão de alto astral na face, quando por dentro estava um caco completo. Eu não amava Kimberly, nunca amei, como tinha certeza que ela não me amava também. Todas aquelas ideias malucas foram postas em sua cabeça por influência da mãe, que criou uma garota fútil que colocava os interesses acima dos sentimentos.
E agora, parece que ela havia feito a mesma coisa comigo.
***
Cheguei em casa com uma vala no lugar do peito.
Abri a porta de qualquer modo e joguei a maldita gravata borboleta o mais longe que consegui. Retirei aquele paletó e o atirei sobre o sofá. Caminhei até o espelho e vi meu reflexo abatido.
O sorriso ainda estava ali, de forma absolutamente contraditória ao meu estado de espírito. Olheiras se estabeleceram abaixo de meus olhos verdes, denunciando minhas noites não dormidas. A barba estava um pouco por fazer e minha respiração ainda não havia se normalizado.
– Dylan! Que bom que chegou! – Lyn descia as escadas com um lindo vestido vermelho e o cabelo cuidadosamente arrumado em um rabo de cavalo único, enquanto procurava algo em sua bolsa. – Tenho notícias maravilhosas! Seu irmão está chegando de viagem mais cedo, parece que seja lá o que aconteceu em Joanesburgo, tudo deu certo! Estou tão feliz. – Eu assenti, fingindo a mesma animação. – Eu mesma irei ao mercado e comprarei os ingredientes para um jantar caseiro. – Jamais havia visto Lyn tão feliz. – Pode dizer ao Nathan para faltar ao trabalho hoje, pois iremos jantar todos em família. – Ela colocou sua bolsa no ombro. – Ah e o Reginald. – Ela fez uma careta engraçada. – Beijo!
Ela beijou minha bochecha e deixou o apê.
Por mais que agora tudo estivesse bem, a cena de Chloe correndo para longe de mim foi quase como se meu peito tivesse se partido em dois. Se ela soubesse o quanto tive de lutar para que meus pés não fizessem o caminho mais curto e caminhassem em direção à ela. Ignorá-la fora o mais difícil. Fingir não ver a decepção estampada em seu lindo rosto, ou assistir a sua cabeleira ruiva voando com o vento enquanto ela corria para longe de mim, mas eu não a culpava.
Nessa situação deplorável, eu também teria fugido de mim.
Eram mais ou menos duas horas quando Nathan abriu a porta do apartamento. Ele passou no corredor como um raio e quase não consegui vê-lo quando ele passou pelo meu quarto para chegar ao dele.
– That? – Ele parou de andar no mesmo instante, ficando no meio do corredor como uma estátua, ainda sem me fitar. – O que houve? Aconteceu alguma coisa?
Nathan retorceu o nariz, da forma como fazia quando já estava para explodir em dúvidas e não queria demonstrar estar confuso. Meu melhor amigo sempre gostava de estar no controle sobre suas próprias emoções, e odiava quando a situação era a oposta.
– Você voltou com a Kiberly? Tá bebendo? Fumando? Se drogando? – Ele jogou toda sua tensão em cima dos meus ombros.
– Ela era minha namorada, percebi que foi um erro terminar assim. – Respondi, sem ter a coragem de olhá-lo nos olhos, porque se o fizesse, ele saberia que eu estava mentindo.
– Dylan, sou eu, o Nathan, seu melhor amigo. Aquele cara que fumou maconha com você em Paris e mijou no arco do triunfo ao seu lado depois de estarmos muito chapados. – Ele sentou na beirada da minha cama. – O que te escondeu no quarto dele depois de você ter bebido tanto que entrou em coma alcoólico. Aquele que você não pode enganar com essas mentiras.
Eu suspirei. Já ouviram aquele ditado que seu melhor amigo conhece você mais do que a si mesmo? Bom, se não ouviram, pelo menos agora estão vendo um exemplo. De amizade verdadeira e constrangedora de dois irmãos de alma.
– Vai falando. – Ele pediu. – Tem haver com a visita do Arthur ou não tem?
Contei a ele tudo que acontecera e minha ideia de pedir ajuda a Denise Sparks. Também mencionei o egoísmo de Denise e o seu pedido de me obrigar a ter de aguentar Kimberly novamente.
– Cara, não precisava ter feito tudo isso. Aguentar a Kimberly não é possível para nenhum humano saudável. – Nathan comentou. – E me explica uma coisa, se os Turner estão apertados de grana, como é que ajuda você queimar 300 milhões em um anel para aquela maluca?
– Porque eu não dei. Aquilo é uma réplica, pedi para o Arthur me dizer onde ele arranja. É do mesmo tipo que ele compra pra noiva dele, a Kate. – Eu e Nathan gargalhamos.
– Dylan, eu quero que você me explique só mais uma coisa. – Nathan pediu.
– O quê? – Perguntei, curioso.
– Quando ia me dizer que você e a Chloe tinham uma história?
Aquilo foi como um banho de água fria. Claro, Nathan não era burro e muito menos cego. Ele sabia de tudo que havia acontecido pela Vermonier, e viu como a ruiva saiu correndo desesperada depois de me ver com Kimberly.
– Nathan, eu posso explicar.
Ele cruzou os braços.
– Estou ouvindo.
Contei sobre minha amizade de infância com Chloe e tudo que acontecera entre nós dois quando ela surgiu em Sydney naquela festa da Versalle. Ele ouvia a tudo atentamente, com uma expressão indecifrável no rosto.
– Fomos ao zoológico, mas foi apenas isso, não aconteceu nada. – Terminei meu relato, garantindo a ele que éramos apenas amigos.
– E você gosta dela? – Nathan perguntou de supetão. Observei que seus dedos apertavam os lençóis da cama.
– Eu juro que não tivemos nada.
– Dylan, não foi isso que eu perguntei. – Ele me cortou. – Perguntei se você está apaixonado pela Chloe. Está?
Fiquei em completo silêncio. Eu não queria mais mentir, e aquela era a verdade. Estava triste e confuso sem saber dizer a mim mesmo o que eu desejava fazer. Seguir em frente? Minha maior vontade era gritar para Nathan que eu não a amava, mas eu estava confuso. Nem eu mesmo sabia.
– Deixa, esse seu silêncio já me respondeu. – Ele deu um longo suspiro e deixou meu quarto quase correndo.
– Nathan! Espera! Onde diabos você vai? – Gritei ainda parado na porta do quarto, ouvindo o barulho dos pés do loiro descendo a escada.
– Pensar. – Foi a última coisa que ouvi antes da porta bater em um estrondo.
É, Dylan, esse é você e sua sina. Quanto mais se esforça para alcançar algo na vida, mais se ferra. Que sorte a minha, em? Mais de 24 horas e o quê? Meu pai idiota voltou, descobri que minha mãe não morreu e sim me abandonou, tive de me declarar pra uma garota irritante enquanto perdi a que era realmente importante pra mim, sem falar na primeira briga em anos que tinha com meu melhor amigo.
É, tudo estava cada vez melhor.
***
No instante em que abri os olhos, já era de manhã.
A mesa da sala de jantar estava posta, coisa que não acontecia desde... sei lá... nunca? Ouvi um barulho do andar de cima e Lyn desceu de roupão e o cabelo ainda molhado, diferentemente das manhãs comuns, quando ela já estava arrumada para ir trabalhar. Maisie fartara a mesa de guloseimas deliciosas e Reginald desceu as escadas junto de Arthur, que lembrei estar hospedado em casa.
Mas o que me surpreendeu foi ver Devon de blusa regata e uma calça de pijamas folgada descer a escada com Emeraude nos braços. Ele cumprimentou Arthur, se deu ao trabalho de dar um bom dia seco a Reginald e beijou singelamente os lábios de Lyn, dando Emaraude a Maisie e se sentando na cabeceira da mesa.
– E aí garoto, dormiu bem? – Devon me perguntou com um sorriso no rosto. – Maisie, essa manteiga está muito boa.
– É a de sempre, senhor Turner. – Maisie respondeu, rindo.
– Mas não sei, está tão maravilhosa, deve ser o dia, me sinto tão bem.
– Devon, eu não acredito que você veio mesmo. – Confessei, ainda surpreso ao ver meu irmão parando em casa.
– Ah maninho, finalmente posso relaxar um pouco. Hoje resolvi tirar o dia de folga e passar um bom tempo com minha linda esposa. – Ele explicou, se referindo a Lyn que riu quando meu irmão depositou um beijo em seu pescoço.
– Com licença, mas estamos comendo aqui. Comendo comida. – Arthur soltou e eu não pude deixar de rir. Ele aproveitava mesmo tudo que conseguia para importunar Devon. Lyn olhou feio para o Arthur. – E eu não sou o Vince, não puxe minha orelha.
Todos rimos, menos Reginald que não entendeu a piada, já que não conviveu muito com a nora. Ou com os filhos.
Foi quando percebi a falta de Nathan. Onde ele estava? Havia dormindo fora de casa ou algo assim? Quando terminei de comer, estava preparado pra ir a escola, no momento que Devon me abordou na porta.
– Estava pensando, que tal irmos fazer algo legal mais tarde, como sei lá, ir ao aquário? Tô sentindo saudades de sair com você. Sabe, que nem nos velhos tempos, os dois irmãos contra o mundo. – Ele me convidou, me abraçando de lado.
– Claro, vai ser legal. – Respondi, pondo minha mochila nas costas. – Alguma ideia?
– Zoológico? – Meu irmão tentou. Fiz uma careta.
– Já fui. Desculpa.
– Aquário então?
Pensei bem. Nunca havia ido no aquário de Sydney.
Era uma boa ficar um tempo com meu irmão, como eu não fazia há tempos.
***
Assim que chegamos em casa depois do passeio, deparei-me com Reginald vendo TV no sofá da sala, com os pés em cima da mesinha de centro. Arthur estava na sala de jantar, usando seu notebook para observar coisas de seu trabalho. Ouvi o barulho do liquidificador e soube que Maisie já preparava alguma delícia.
– Maisie. – Parei na porta da cozinha. – O Nathan já chegou?
– Desculpe-me, senhor Dylan, mas não prestei atenção, embora ache que não. – Ela respondeu, gentilmente.
– Ah, tudo bem, obrigado. – Agradeci.
Estava começando a ficar muito preocupado. Ele não havia dormido em casa e nem me dado notícias. Nathan não era do tipo que ia para noitadas ou que ia se atrasar e não me avisava.
– Arthur? Sabe do Nathan? – Perguntei ao advogado do meu irmão.
– Não, pra ser sincero desde ontem que eu não o vi. Pergunta ao seu pai, teve um momento que todos estávamos fora menos ele, talvez Reginald saiba. – Arthur me aconselhou e eu resolvi seguir sua orientação.
Reginald estava concentrado em seu programa quando desliguei a TV pela tomada. Ele me fuzilou com os olhos, mas não de maneira tão agressiva quanto eu o fazia.
– Onde está o Nathan, Reginald? – Interroguei-o.
– Aquele sem teto? Não sei. O que importa é que não está mais na minha casa. – Ele respondeu, secamente.
– Primeiro, essa não é sua casa, e segundo, eu quero saber onde está o Nathan. Agora.
Reginald puxou um livro ao seu lado para ler e eu o lancei contra a parede.
– Tudo bem, quer saber? Aquele pirralho estava me dando nos nervos e eu o expulsei, satisfeito?
– Você o quê?!
– O expulsei, mas não se preocupe, disse com todas as letras que meu filho não o queria mais aqui.
Eu contei até dez mentalmente para me acalmar. Juro que se esse cretino não fosse meu pai, já havia o socado no meio do rosto.
Corri até a garagem e peguei meu carro, dando uma volta na cidade para ver se o encontrava, mas por alguma razão, ninguém tinha notícias do loiro. No instante em que estacionei ao lado do brisa tropical, a proprietária Jane estava limpando algumas mesas com uma toalha.
– Jane? O Nathan apareceu aqui hoje?
Ela se virou para mim, confusa.
– Por quê apareceria? Nathan não trabalha mais aqui.
– Não trabalha? Como assim?
Jane me explicou todo o incidente com Kimberly. Merda. Será que era por isso que ele não quis aparecer lá em casa? Ela era manipuladora e Nathan a odiava, era óbvio que ele não havia feito isso.
Foi quando uma ideia me cruzou a mente e eu já sabia perfeitamente aonde ir.
***
– Josh! – Eu batia na porta de entrada da casa freneticamente. – Josh!
O moreno abriu a porta despenteado, ainda coçando os olhos. Ele havia acabado de acordar?
– Fala mais baixo, Dylan. Tô com uma ressaca miserável. – Josh reclamou.
– Desculpa cara, mas eu tô preocupado. O Nathan está aí?
– Não. Não o vejo desde a escola. Por quê, aconteceu alguma coisa? – Ele se preocupou.
– É que ele sumiu, não o vejo há quase 48 horas. Meu pai idiota falou umas bobagens pra ele e aposto que ele não quer me ver pelo resto da vida, mas...
– Nossa. Quer que eu te ajude a procurar?
– Não precisa. Obrigado mesmo assim.
Cheguei em casa explodindo de preocupação. Nathan estava com tanta raiva assim? Quando cheguei em casa, Arthur estava parado com os braços cruzados, observando um ser de jaqueta preta comer pipoca sentado literalmente em cima da mesa de centro.
– Griffin?
– Dylan, esse garoto foi entrando sem nenhum motivo louco atrás de você. – Arthur explicou.
– Que bom que chegou Turner. – Griffin esclaresceu.
– O que faz aqui, Anderson? – Quis saber, cerrando os punhos.
– Nada. Apenas espero que você tenha um boa explicação do porquê encontrei sua sombra loira no quarto da minha irmã.
Eu não era muito fã de Griffin, e sempre o tratei com poucas palavras, mas agora, parece que íamos ter uma longa conversa.
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