Fire Meet Gasoline

Olá, pessoas!

Feliz Fevereiro a vocês. Adivinhem quem está postando no dia errado? Sim, eu mesmo, porque sou desses. 

Tenho duas notícias. A boa é o que hiatus acabou. A ruim é que STSY não tem mais data fixa de postagem, porque minhas aulas começaram e não vou ter mais tempo de postar assim com frequência, mas juro que à medida que puder estarei postando. Mais uma vez, agradeço a cada um de vocês pelo apoio de sempre. 

Espero que gostem. 

Quando o capítulo possui o nome da música, quer dizer que ela será CITADA, e então não é necessário eu por uma parte dela aqui né kkkk e de novo não foi corrigido então relevem os erros. 

Sem mais delongas, uma boa leitura. 

Não era segredo para ninguém que eu estava um caco.

Um resumo que eu poderia dar da minha semana: ia para a escola, não prestava atenção em nada, fingia estar ouvindo Harriet em uma tentativa falha de me animar, chegava em casa e ignorava Griffin, enquanto tentava dizer em um pedido silencioso para que Alyssa parasse de me questionar o que estivesse acontecendo.

Foi quando a sexta feira chegou. O dia que sempre considerei meu favorito da semana. Por quê não? Depois da sexta vinha o sábado, e eu ia ter dois dias completos para me desintoxicar de uma semana inteira de estudos. Dylan já havia arruinado minha semana, mas meu final de semana eu não ia permitir, de maneira alguma.

Resolvi mandar uma mensagem para Harriet me aguardar na entrada da Vermont antes das aulas começarem. Vai que poderíamos fazer algo legal hoje à noite?

– Bom dia, papai. – Como todas as manhãs, depositei um beijo na bochecha de Walter. – Dormiu bem?

– Sim, querida. Muito bem. E você? Percebo que está mais animada, isso é muito bom. – Meu pai me respondeu e eu dei um sorriso.

– A vida tem que seguir certo? – Indaguei com outra pergunta. Meu pai bagunçou meus cabelos ruivos, como fazia quando era pequena.

– É uma Madsen mesmo. Guerreira até o fim. – Ele me encorajou, mesmo não sabendo pelo que havia passado, Walter sabia quando eu estava triste. Era um dom que ele tinha que jamais iria entender.

Griffin desceu as escadas instantes depois, esbarrando em meu ombro propositalmente. Ele abriu a geladeira e tirou seu iogurte, servindo a si mesmo em um dos copos que ficavam no armário acima da pia.

– Bom dia para você também, Griffin. – Meu pai ironizou. Acho que o sarcasmo fazia parte do DNA dos Madsen.

– Não me enche, Walter. – Como a simpatia era o marco de Griffin, ele não poderia deixar de retribuir o sarcasmo a altura.

Meu meio irmão arrancou uma banana do caxo que Laura comprara recentemente e guardara na mochila, saindo sem dizer tchau.

– Esse garoto merecia umas palmadas bem dadas. – Walter reclamou, comendo seu cereal. – Laura mima muito esses gêmeos, é por isso que nenhum obedece a ela.

Eu não a culpava. Sabia que Laura Anderson era incapaz de ser grossa com quem quer que seja.

– Alyssa! Vamos! – Walter gritou de onde estava. – Laura saiu mais cedo hoje, ela deve ter mais encomendas para fazer.

– Bom. Sinal que os negócios estão indo bem. – Comentei, não muito animada, abrindo meu pão com a faca de manteiga.

– Alyssa! Vai se atrasar! – Meu pai a chamou novamente.

– Quer saber, ela deve estar brigando com a chapinha ou algo assim, vou chamá-la. – Levantei da mesa e subi as escadas novamente. Tudo para meu pai parar de gritar no meu ouvido.

Achei estranho ver a porta do quarto de Alyssa trancada na chave. Ela nunca fazia isso. Bati duas vezes, tentando acordá-la, mas deduzi que ela já estava em pé pelo barulho de um caminhar irritante de um lado para o outro.

– Alyssa? – Tentei chamá-la mais uma vez.

Ela abriu a porta apenas o suficiente para que visse sua cabeça.

– O-oi Chloe! Bom dia! – Ela sorriu, meio nervosa. Ergui a sobrancelha.

– Tá tudo bem? Meu pai te chamou umas mil vezes e você não ouviu. – Tentei espiar o lado de dentro do quarto, mas Alyssa se colocava no meio propositalmente.

– Ah, desculpe, eu não ouvi, já desço.

Ouvi um barulho de algo caindo, vindo de dentro do quarto.

– O que foi isso?

– Nada! Nada mesmo! Te vejo já já, beijinhos. – Sem me deixar responder, Alyssa bateu a porta na minha cara.

– Tudo bem, sua estranha. – Dei de ombros, indo ao meu quarto para pegar minha bolsa.

Após comer meu pão com manteiga e tomar meu café com leite, desisti de esperar Alyssa e fui em direção ao colégio. Estava distraída com meu celular em mãos e quase nem percebi um Nathan meio desconfiado descendo a calçada.

– That! – O chamei, animada em vê-lo, ao contrário dele, que parecia assustado em me encontrar.

– Oi Chloe! Tudo bem? – Ele me respondeu, tentando parecer animado.

– Sim! O que está fazendo por esses lados?

– Err... Eu vim pegar a roupa lavada da Lyn, sabe, ela só gosta da lavanderia aqui perto. – Nathan contou, falando de forma tão rápida que quase não havia entendido.

– Sério? Não sabia que tinha uma lavanderia aqui perto.

– É, claro que não tem.

– Mas você não disse que veio pegar a roupa lavada da Lyn?

– É, mas na casa da amiga dela, o nome da mulher é lavanderia! Hehe... – Ele riu de forma nervosa.

Eu abracei meus livros contra meu corpo e ergui a sobrancelha.

– Ok então. – Resolvi deixar esse assunto pra lá. – Quer me acompanhar até a escola?

Seu rosto se iluminou.

– Claro.

Fomos conversando desde o meu quarteirão até a estação de metrô. Percebia como Nathan colocava a mão na cabeça quando escutava algum barulho mais alto ou o semblante abatido, mesmo com o esforço do loiro de parecer estar no humor de sempre.

– Nathan? Tá tudo bem? – Quis saber, muito preocupada.

– Estou sim, Chlô, relaxa. – Ele forçou um sorriso. – Eu só bebi um pouco ontem e fiquei com uma dor de cabeça chata, só isso.

– Ah, tá. – Respondi, ainda desconfiada.

Harriet me esperava na entrada da escola como havia pedido. Tentei acenar pra Nathan quando nos despedimos e ele passou correndo por nós quase que como um raio. Ele estava muito estranho.

– CHLOE! CONVERSA! AGORA! – Harriet saiu me puxando pelo braço por todo o corredor, até pararmos no pátio da escola. – Eu vou pirar, como faço pra um garoto gostar de mim?

– Err... Não sei. – Eu ainda estava meio surpresa pela pergunta de supetão.

– Claro que sabe, você mal chegou e já tem três garotos babando por você, e um deles é seu meio irmão. – Harriet girou os olhos e eu tive de rir.

– Quê? Ninguém gosta de mim, e muito menos o Griffin... E de que outros garotos está falando?

– Chloe, eu estou aqui sofrendo e você ainda muda o assunto para focarmos na sua vida, foco aqui no meu problema. – Eu ri d enovo, Harriet era maluca.

– Tudo bem, o que aconteceu?

– Josh Kellan aconteceu! – Ela gritou, e depois olhou para os lados e tapou a boca ao perceber que falou muito alto.

Eu sorri maliciosa.

– Ah, seu crush. Vocês finalmente se resolveram?

– Eu fui jantar ontem na casa deles junto da tia Bárbara, o que foi difícil já que ela tinha tomado uns comprimidos para prisão de ventre e estavam fazendo até muito efeito. – Ela abanou o ar próximo ao seu nariz e eu gargalhei alto. Tia Bárbara melhor pessoa. – E depois ele me chamou pra conversar no jardim.

– E aí? – Estava mais do que curiosa.

– Ele disse que tinha uma ficante! – Harriet quase soltou fogo pelos olhos. – E que eu era a única pessoa para o qual ele tinha contado, porque eu era uma grande amiga.

– Ai. – Aquilo doeu em mim.

– E que eu era quase um IRMÃO pra ele. IRMÃO no masculino. – Harriet esbravejou. – Ele me vê como um HOMEM.

– Ah, Harriet. – A abracei de lado. – O Josh pode ser idiota às vezes, mas você também ajuda né? Vocês iam ver futebol juntos.

– O que tem de mais?

– Bom, é difícil um cara levar a namorada pro futebol. – Mesmo levando o risco de levar um soco, acabei dizendo. – Precisa fazer com que o Josh te veja menos como um irmão e mais como uma garota.

– Como posso fazer isso? Eu odeio essas coisas de mulherzinha. – Ela girou os olhos.

– Não precisa mudar a personalidade, apenas dar mais valor a alguns detalhes. – Pisquei o olho.

– Como assim?

Dei graças aos céus por ela ter perguntado.

***

– Muito bem, vamos falar sobre juros compostos. Quem pode me dizer o que é um juro composto na matemática? – Eu espiava o Senhor Enoch dando aula pela janelinha da porta. Vi ele olhar para Nathan que estava distraído escrevendo algo em seu caderno. – Senhor Roberts?

Nathan levantou a cabeça assustado, como se tivesse sido tirado de um transe. Aquilo era estranho, ele nunca deixava de prestar atenção nas aulas. Seja qual fosse. Até Geografia. Vamos lá né, quem se importa com Geografia?

– Desculpe, o quê? – Toda a classe riu. O Senhor Enoch ajeitou os óculos no rosto.

– Senhor Roberts, peço mais atenção na aula.

– É uma progressão geométrica. – Todos os olhares se direcionaram a mim, que entrei na sala meio encabulada. – Na matemática, juros compostos são uma PG.

– Está correta, senhorita Madsen. E que choque em ver que está atrasada. – Pelo que eu vejo, Senhor Enoch também curtia um sarcasmo. – Ande, sente-se logo.

– Tudo bem, vamos Harriet. – Chamei-a, pois ela me esperava no corredor.

Escolhi um assento no fundo da sala para observar a reação de todos, e valeu cada segundo. Até mesmo senhor Enoch não conseguiu esconder sua surpresa.

Eu havia sumido com o maldito gorro lilás que Harriet sempre usava, deixando seus cabelos cor de chocolate soltos sobre os ombros, com sua mecha azul em destaque. Peguei um pouco da maquiagem que Alyssa me emprestara e pus de forma delicada em seu rosto, assim como o par de brincos argola dourados em suas orelhas.

Minha amiga altina usava uma saia jeans um pouco acima dos joelhos, que combinava com seu casaco do mesmo tecido. Uma blusa preto e branco que valorizava seu busto com a estampa do Mickey foi minha peça favorita, sem falar no tênis all star que fora a única coisa que não precisei mudar, pois sua cor branca combinava bastante com o novo visual de Harriet.

Nathan arregalara os olhos ao ver Harriet vestida de forma tão diferente. Ela caminhou com o rosto levemente ruborizado entre as cadeiras, não deixando de sentir os olhares queimando sobre ela.

– Err... E desculpe pelo meu atraso também, senhor Enoch. – Harriet falou, timidamente.

Nosso professor não conseguia tirar o olhar das pernas de Harriet, e até eu fiquei sem graça. Lembrei que até o senhor Enoch tinha emoções humanas, ou no caso, sensações. Eca.

– S-sim, senhorita Gutiérrez. – Ele caminhou o mais rápido possível para o quadro e se concentrar em voltar a dar sua aula.

Durante todo o horário da aula do senhor Enoch, olhares incessantes queimavam sobre as costas de Harriet. Até o próprio Nathan não conseguiu evitar prender suas orbas castanhas na latina por um segundo, e logo depois voltar a rabiscar seja lá o que fosse em seu caderno.

– A Harriet mudou bastante né? – Ouvi um dos garotos a minha frente falar para outro de descendência coreana. – Tá mais gostosa.

– Eu não imaginava que por debaixo das roupas de macho tinha um avião desses. – O outro comentou, rindo.

– Gente, Alyssa ficaria orgulhosa de mim. – Sorri, satisfeita, voltando a copiar o exercício.

Na hora do almoço, eu e Harriet optamos por ficarmos em uma das mesinhas do pátio, e tive dificuldade de contar a quantidade de cantadas que ela levou. Algumas realmente terríveis, outras sem graça, mas pelo menos tinham algumas no mínimo divertidas.

– Gata, você é fá de star wars, porque a força acaba de despertar dentro das minhas calças. – Um dos meninos dissera. Tive de impedir Harriet de dar um soco nele.

Estava rindo da sua expressão de descrença ao ser o centro das atenções, quando Dylan e Kimberly surgiram no pátio de mãos dadas. Não pude deixar de sentir uma tristeza profunda tomar conta de meu peito, vê-lo ali ao lado dela.

– Amiga, animação. – Harriet me tirou de meus pensamentos. – Vamos mostrar pra esses idiotas o que estão perdendo. – Ela piscou o olho e eu sorri.

Harriet tinha razão. Eu e ela não fazemos o tipo mocinha que sofre pelo galã. Eu mesma corria atrás do que queria e jamais deixaria tudo parar ao meu redor por causa de um garoto, mesmo que o garoto em questão fosse Dylan Turner.

– Fala Chloe. – Tremi ao ouvir aquela voz atrás de mim e virei-me para encará-lo, com medo que Harriet tivesse um treco.

– Tudo bem Josh? – O cumprimentei, vendo o Kellan dar um lindo sorriso. Como ele tinha dentes tão brancos?

Todo o esforço de dar um banho de loja em Harriet com as roupas do armário de Alyssa valeu a pena no instante que vi o queixo de Josh cair ao ver o novo visual da latina. Alguma força divina também quis ajudar, no momento em que senti uma brisa forte correr pelo pátio e fazer os cabelos dela voarem com o vento.

– Oi, Josh. – Harriet parecia muito calma e sedutora.

Ele gaguejou duas vezes, as palavras não saiam.

– O-o-oi Harriet! Você... Tá diferente. – Josh comentou, coçando a nuca.

– Um diferente bom? – Ela perguntou com a voz baixa, dando um sorriso travesso. Essa era minha garota.

– Maravilhoso, quer dizer, sim, bom, muito bom. – Ri ao ver o rosto de bobo dele.

Um silêncio constrangedor se instalou na conversa quando Josh e Harriet começaram a trocar olhares intensos. Podia quase ver as faíscas deixando os olhares de ambos. Gente, eu estava me sentindo a própria justiceira da friendzone. Fingi tossir para despertar os pombinhos.

– Ah, desculpa. – Josh respondeu, meio vermelho. – Eu vim aqui pra dar isso aqui pra vocês. – Ele entregou um envelope cor de rosa para mim e outro a Harriet.

– O que é isso? – Perguntei, abrindo o envelope, vendo ter um exibível para uma festa.

– Bom, é que eu tenho uma amiga, a Lacey. Ela é mais velha. – Josh sorriu de canto e eu abri a boca em uma expressão de "ah, entendi." Olhei de esguio para Harriet e a vi se roendo de ciúmes. – Bom, ela tem 23 anos e faz faculdade de oceanografia na Universidade de Sydney. E bom, os pais dela viajaram e ela vai fazer uma social na casa dela em Bondi Beach, sabe como é. – Ele esfregou as palmas de suas mãos umas nas outras, em sinal de empolgação. – E ela me deu seis convites pra gastar com meus amigos. Topam?

Eu ia responder, mas Harriet foi mais rápida.

– Não perderia por nada. – Ela garantiu. – Certo, Chlô?

– Err... É, claro. – Sorri forçado.

– Maravilha, meninas. – Josh respondeu. – Bom, nos vemos mais tarde, e Harriet... – Ele a chamou. – Esse seu novo visual, eu curti.

Depois de termos certeza que Josh não nos ouviria mais, demos um gritinho empolgado.

– Garota, ele babou completamente por você! – Pus as cartas na mesa. Josh comeu Harriet com os olhos. – Essa festa pode mudar tudo pra vocês.

– Não só pra mim, não. – Harriet sorriu maliciosa, apontando com o queixo para atrás de mim, onde, um pouco distante, estava Josh entregando o mesmo convite a Dylan.

– Harriet, o Dylan ama a Kimberly. – Eu respondi, tentando com que eu mesma me conformasse. – Entende.

– Vai por mim, Chlô, essa festa vai ser perfeita!

– Meninas! – Alyssa se sentou entre mim e Harriet, com o mesmo envelope rosa em suas mãos. – Receberam também? Ai que alegria! – Ela bateu palmas sozinha. – Vejo vocês as quatro.

– Pra quê? – Quis saber.

– Salão, bobinhas! Vamos nos arrumar juntas também! Vai ser muito divertido! – Ela mandou beijinhos no ar pra nós duas. – Até.

Eu e Harriet nos entreolhamos.

– Ok, a Alyssa vai. Quase perfeita então. – Harriet comentou e nós duas gargalhamos.

***

Sempre que passava por Bondi Beach para dar um oi a Harriet em seu trabalho, ficava extasiada com a vista maravilhosa daquela orla. Josh mentira quando dissera que era uma casa, mas sim, uma mansão enorme, muito parecida com as dos Turner na Inglaterra.

Eu usava um vestido vermelho justo, que Alyssa praticamente me obrigara a usar, que entrava em contraste com minha bolsa de couro negra. Eu tinha um pouco de dificuldade em andar de salto, já que quase nunca abandonava minhas fiéis rasteiras. Harriet estava ao meu lado com um vestido branco altamente sexy e uma maquiagem que realçava seus olhos castanhos e sua pele bronzeada. Mais adiante, minha meia irmã estava até simples demais para seu padrão. Uma calça preta e um tomara que caia cor de rosa. Era difícil ver Alyssa não se produzir toda, não importasse se estivesse indo a uma festa ou passeando com o cachorro da vizinha.

Estávamos do outro lado da rua e já conseguíamos escutar a música alta. Dois seguranças enormes estavam de terno e gravata guardando o portão, impedindo a passagem de um monte de adolescentes histéricos loucos para entrarem de penetra. Confesso que me senti importante por cruzar aquela multidão e entregar o convite.

Após entregarmos nossos exibíveis e de serem checados pelos seguranças, os dois abriram o portão para que tivéssemos acesso ao jardim, que sozinho já era maior que minha casa. A grama era homogenia, não havendo um pedaço mais alto que o outro, assim como os arbustos que eram podados afim de possuir uma forma quadrada. Uma luz neon deixava o chafariz que ficava a frente da entrada da mansão e alguns convidados já se instalaram ali, e pude de imediato sentir o cheiro de cigarro invadir minhas narinas.

– É uma festa universitária, aqui pode acontecer de tudo. – Harriet puxou-me levemente no ombro e cochichou no meu ouvido. – Emocionante ou não, posso garantir que será uma noite inesquecível.

Alyssa sorriu falsamente para alguns rapazes que chamaram sua atenção, visivelmente já bêbados. Quando cruzamos a porta de entrada, observamos a sala de estar da mansão, que embora grande, havia se tornado pequena para a enorme quantidade de pessoas.

– Meninas! – Josh surgiu em meio ao fluxo de pessoas, com um copinho de cerveja na mão. Ele usava um jeans simples e uma camisa polo roxa, e eu tinha de admitir, ele era lindo mesmo. – Que bom que vieram.

– Oi, Josh, linda a casa da sua amiga. – Alyssa comentou e Josh assentiu.

– Sim, os Cross são bem perfeccionistas, mas enfim, não viemos aqui pra dar uma de decoradores, certo? Vamos curtir. – Ele sorriu de canto. – Sigam-me garotas, vou apresentar vocês a nossa linda anfitriã.

Percebi Harriet ficar meio decepcionada ao ouvir Josh chamá-la assim.

Seguimos Josh por mais dois cômodos até encontrar uma roda fechada de amigos, ao lado de um enorme barril de vinho. Havia uma portinhola próxima a parede, que desconfiei levar uma adega.

– Meninas... – Josh nos fez parar diante de uma linda morena de olhos que pareciam cinzas com a coloração do ambiente. – Essa é Lacey Cross.

Lacey possuia longos cabelos lisos de uma cor mais escura que a noite, além de uma pele simplesmente impecável. Seu corpo era esguio e a maneira com que segurava o copo indicava sua educação fina, e a beleza equivalia a de uma modelo.

– Olá. – Ela nos cumprimentou. – Deixem-me adivinhar, Alyssa... – Ela apontou para a minha meia irmã que assentiu. – Chloe. – Foi a minha vez de fazer sim com a cabeça quando seu olhar caiu sobre mim. – E essa deve ser a famosa Harriet. – A latina deu um sorriso fraco. – Josh fala muito de você.

– Ele fala é? – Harriet olhou Josh de canto de olho, e o viu coçar a nuca de forma tímida.

– Sim. Todo dia. – Ela respondeu, cochichando alguma coisa no ouvido de Harriet, que ruborizou na mesma hora. Eu e Alyssa nos entreolhamos, curiosas para sabermos o que Lacey havia dito.

– Opa, parece que chegaram mais pessoas. Pode recebê-las pra mim, Josh? – Lacey pediu de forma educada.

– Ah, sim. Cuide bem das minhas amigas, ok? – Ele pediu, sumindo em meio a multidão de presentes.

– Ele é um fofo. – Lacey riu, tomando um gole de sua bebida. – Quase esqueci de oferecer uma bebida a vocês, desculpe.

– Obrigada, mas eu não bebo. – Avisei, quando a universitária ergueu um copo em minha frente. Harriet e Alyssa já haviam aceitado e dançavam no lugar.

– Qual é Chloe, só um pouco, todos estão bebendo. Vai fazer essa desfeita? Vamos lá, garota. – Dei-me por vencida e segurei o copo, sentindo meu estômago embrulhar ao sentir o cheiro do álcool. Beberiquei um pouco e tossi pela força daquele negócio. Lacey deu uma risada. – Desculpe, coloquei vodka pura, vamos misturar com alguma coisa, sim?

Ela retirou uma jarra de coquetel de frutas e despejou sobre meu copo, fazendo o líquido doce se misturar ao ardente. Fechei os olhos com força e obriguei-me a experimentar mais um pouco, fazendo meu paladar sentir um gosto muito mais agradável que o outro.

– Isso é bom. – Comentei, dando outro gole. Alyssa riu.

Nós três nos pusemos a conversar com Lacey e seus amigos da universidade. Assim como Josh havia nos dito, ela cursava oceanografia e passava a maior parte do tempo em seu centro de estudos em Bondi Beach.

– Espera! – Alyssa estalou os dedos. – É por isso que estava te achando familiar, você é...

Lacey assentiu.

– Sim, sou a modelo feminina da Versalle. – Ela riu um pouco sem graça e eu finalmente lembrei-me de ver o rosto de Lacey em uma das capas. – Não sou tão famosa quanto Dylan Turner, mas digamos que também já fiz muitos trabalhos para essa revista.

– Ela está sendo modesta. – Alyssa assegurou, dando um soquinho de mentira no ombro de Lacey. – Ela é quase tão importante no mundo da moda quanto o Dylan.

– Verdade. Acho que minha amiga Francine tira suas fotos, certo? – Harriet quis saber.

– Sim. – Lacey concordou. – Mas não planejo continuar com essa vida, sabe? Ser modelo pode ser muito desgastante e honestamente, mal posso esperar pra abandonar aquele lugar. – Ela nos contou, me oferendo mais um drink, e acabei aceitando.

Aos poucos, estava me sentindo cada vez mais leve, e a cada instante, sentia-me mais e mais capaz de fazer qualquer coisa. Era como se todas as minhas inseguranças tivessem sumido. Eu estava mais solta do que costumava ser. Quando percebi que meus pés se mexiam involuntariamente junto com meu quadril ao ritmo da música, senti que era a hora de invadir aquela pista de dança.

– Foi um prazer, Lacey. – A abracei com uma coragem que nem sabia que tinha, afinal nem a conhecia direito. Depois de quase ter caído e ela me segurado, dei uma risada entre cortada.

– Que é isso, Chloe, o prazer é meu, divirtam-se. – Ela respondeu, e eu deixei o cômodo junto com Harriet, a deixando com Alyssa e seus amigos da faculdade.

Harriet ria do meu mal jeito com o salto, e por estar um pouco tonta e tudo estar balançando, acabei quase caindo. Irritei-me de uma vez e joguei os saltos em qualquer lugar da mansão, puxando-a em direção a pista.

– Chloe Madsen, você é muito estranha! – Ouvi a latina gritar para mim.

Bebi meu oitavo copo de coquetel e larguei o copo em qualquer lugar, provavelmente até o havia deixado cair no chão. Eu ria sem motivo algum e Harriet também e tudo que eu sentia naquele momento era uma incrível vontade de dançar. Na festa que Alyssa e Griffin deram, eu era a responsável. Naquela noite, eu era a que iria se divertir.

Desviei das pessoas que aglomeravam a pista ao som de Little Mix. Esqueci tudo ao meu redor e comecei a mexer os quadris, dançando com Harriet com nossas costas unidas. Ríamos uma para outra enquanto descíamos até o chão, subindo novamente de forma sensual. Viramos de frente uma para outra e apoiei minhas mãos em seus ombros, descendo e levantando novamente, e depois foi a vez dela. Jogava meus cabelos ruivos para todos os lados, e meus pés não paravam por um único segundo. Em poucos minutos, eu e Harriet éramos a atração principal da festa, quando o DJ direcionou os holofotes até nós e todos os olhares da pista cravaram sobre mim e minha amiga.

Estava dançando livremente quando senti um hálito que cheirava a puro álcool em meu ouvido.

– Não olhe agora, mas tem alguém que está gostando muito do seu show. – Harriet sussurrou pra mim, voltando a dançar.

Olhei de esguio e lá estava Dylan, com as costas apoiadas em uma coluna, segurando um copo de cerveja em sua mão. Eu não o via piscar, atento a cada um dos meus movimentos. Josh estava ao seu lado, mas era Harriet quem atraía seu olhar. Nós duas rimos cúmplices e tentamos ser o dobro do sexy. O suor já descia de minhas têmporas, mas eu não sentia cansaço, apenas sentia-me mais viva de ter aqueles olhos verdes encarando-me. Venerando-me. Desejando-me.

Houve um momento em que meus olhos encontraram os dele e mordi o lábio inferior. Lá estava ele, me provocando da maneira que adorava fazer, fazendo me sentir como se ele me incendiasse por dentro. Dylan Turner era como a gasolina que despertava meu fogo. Eu iria retribuir as provocações. Agarrei um garoto ao acaso ao meu lado, fazendo questão de roçar meu corpo ao dele, e sorri satisfeita quando vi Dylan o fuzilando com os olhos.

Essa coragem a atrevimento não eram típicos de mim, mas no momento, estavam me dando uma estranha satisfação.

Foi nesse momento que uma garota de cabelos castanhos puxou a manga da camisa do Dylan, o fazendo encará-la. Quem ela pensava que era?

Ela era uma fã. A garota o puxou para uma foto e Dylan deu um sorriso forçado, com as orbes verdes não fitando a câmera e sim tentando me observar mais. Ela tentou puxá-lo pela mão e afastá-lo dali. Senti meu sangue ferver dentro de minhas artérias e veias. Ninguém ia estragar o meu momento.

Harriet parou instantaneamente de dançar quando me viu deixando a pista. Caminhei a passos duros até o local em que a garota estava com Dylan. Toquei de leve no ombro dela e a fiz olhar-me diretamente a mim.

– Com licença fofa, mas ele está ocupado. – Tanto Dylan, como Josh que estavam ao meu lado se surpreenderam com minha atitude. Claro, aquilo não era nada do meu feitio.

– Desculpe, e você quem é? – Ela cruzou os braços, me olhando de cima a baixo.

– Uma garota que já deixou ele se afastar de mim antes e não vai deixar isso acontecer de novo.

Ela deu uma risada nasal.

– Sai daqui, sua cabelo de menstruação. – Ela me empurrou de leve, me fazendo cambalear um centímetro para trás.

Ah, ela não fez isso.

Puxei-a pelos seus apliques até mim e a joguei em cima de uma mesa com salgadinhos, fazendo com que um barulho imenso vencesse até o da música.

– Chloe?! O Que diabos você está fazendo? Está bêbada? – Senti Dylan segurar meus braços para que não avançasse novamente sobre a menina.

Senti meus olhos marejarem.

– Poxa, Turner, será que pelo menos em relação à essa garota eu sou mais importante? Porque claramente não sou mais importante que a Kimberly! – Gritei para a festa toda ouvir. Encontrei meu copo meio cheio na mesa ao lado e o peguei para tomar outro gole, mas a mão de Josh foi mais rápida e o pegou antes de mim. – Me solta!

Desvencilhei-me de seus braços e corri o mais rápido que pude dali.

– Chloe! – Ouvi a voz de Dylan atrás de mim.

Sem um rumo certo, desviei dos curiosos que haviam se amontoado para ver a confusão e subi a escadaria enorme da mansão, chegando a um corredor enorme do segundo andar. Entrei em um quarto com uma cama de casal e joguei-me sobre ela, passando a chorar desesperadamente.

Instantes depois, ouvi a porta fechar atrás de mim e Dylan surgiu com as mãos nos bolsos.

– Vai embora. – Exigi, sem deixar de fitar o teto.

– Eu queria me desculpar. – Ele respondeu, do nada. – Sobre aquele dia. Sobre a Kimberly. Eu sinto muito. Devia ter te explicado tudo antes.

– Antes? Antes de quê? De me fazer me sentir a maior idiota de Sydney? – Desta vez, obriguei-me a encará-lo. – De como deixei você me enganar, quando estava com ela?

– Chloe, não é isso...

– É claro que é! Eu não sou nada pra você, sou apenas uma maneira que você encontrou de passar seu tempo se divertindo!

Eu já estava para sair daquele cômodo, quando Dylan segurou meu pulso.

– Me solta! Será que você não percebe o quanto me faz mal?

– E será que você não percebe o quanto eu te amo? – Aquela pergunta retórica me fez parar no lugar. Eu o fitei. – Chloe, fala sério, eu te amo desde que nos conhecemos. Acho que sempre amei, mas você tem que entender, eu não posso me dar ao luxo de tentar ser feliz quando posso arruinar com aqueles com quem eu mais me importo! – Ele se aproximou mais. – E eu consegui fazer isso, até você surgir de novo. O que diabos você faz comigo, em?

Estávamos muito próximos. Nossa respiração se fundia, e logo depois sentia seu hálito quente tocar minha nuca e me arrepiava. Olhei de novo para aqueles olhos verdes e me senti hipnotizada, como na primeira vez que os vi. Minha mão desceu por seu abdomen e a dele sobre minhas costas.

– Você me deixa maluco, Chloe. – Ele sussurrou em meu ouvido, e todo o meu corpo tremeu. Uma nova música começou a tocar, e não ajudou em nada a diminuir toda a tensão presente naquele momento.

It's dangerous
To fall in love, but I
Wanna burn with you tonight
Hurt me
There's two of us
We're bristling with desire
The pleasure's pain and fire
Burn me

É perigoso se apaixonar
Mas eu quero queimar com você esta noite
Me machuque
Há dois de nós
Estamos repletos de desejo
A dor do prazer e fogo
Me queime

Nossos corações batiam sincronizadamente com a música, enquanto a mão de Dylan corria urgentemente o caminho de volta por minhas costas, à medida que a música chegava ao seu refrão. Sua boca tocou meu pescoço, depositando diversos beijos naquela região. Um gemido manhoso deixou meus lábios.

So come on
I'll take you on, take you on
I ache for love ache for us
Why don't you come
Don't you come a little closer
So come on now
Strike the match, strike the match now
We're a perfect match, perfect somehow
We were meant for one another
Come a little closer

Então vamos lá
Eu vou levá-lo, levá-lo
Eu sofro por amor, sofro por nós
Por que você não vem
Você não vem um pouco mais perto
Então vamos lá
Faça a combinação, faça a combinação agora
Somos uma combinação perfeita, perfeita de alguma forma
Fomos feitas um para o outro
Você não vem um pouco mais perto

Seus beijos foram descendo por meu ombro até esbarrar na alça de meu vestido que Dylan prontamente retirou de seu caminho. Meu corpo ardia em excitação. Minhas mãos trêmulas correram por sua camisa levantando-a e exibindo aquele abdomên perfeito que sempre sonhei em tocar.

Flame that came from me
Fire meet gasoline
Fire meet gasoline
I'm burning alive
I can barely breathe
When you're here loving me
Fire meet gasoline
Fire meet gasoline
I got all I need
When you came after me
Fire meet gasoline
I'm burning alive
And I can barely breathe
When you're here loving me
Fire meet gasoline
Burn with me tonight

Chama, você veio para mim
Fogo encontra gasolina
Fogo encontra gasolina
Estou queimando vivo
Eu mal posso respirar
Quando você está aqui me amando
Fogo encontra gasolina
Fogo encontra gasolina
Eu tenho tudo que eu preciso
Quando você vem atrás de mim
Fogo encontra gasolina
Estou queimando vivo
E eu mal posso respirar
Quando você está aqui me amando
Fogo encontra gasolina
Queime comigo esta noite

Quase em desespero, Dylan levantou os braços e eu rapidamente livrei-me de sua camisa, podendo passear por aquele corpo perfeito livremente. Ele me virou de costas para ele e passou a beijar-me o pescoço, dando uma leve mordida.

– Só eu sei o quanto eu quero você. – Sua frase sussurrada em meu ouvido apenas aumentou minha excitação.

But it's a bad death
Certain death
But I want what I want
And I got to get it
When the fire dies
Dark in the skies
Hot as a match
Only smoke is left
But it's a bad death
Certain death
But I want what I want
And I got to get it
When the fire dies
Dark in the skies
Hot as a match
Only smoke is left

Mas é uma morte ruim
Morte na certa
Mas eu quero o que eu quero
E eu tenho que buscá-la
Quando o fogo morre
Trevas nos céus
Quente como um jogo
Só fumaça é deixada
Mas é uma morte ruim
Morte na certa
Mas eu quero o que eu quero
E eu tenho que buscá-la
Quando o fogo morre
Trevas nos céus
Quente como um jogo
Só fumaça é deixada

As duas alças do meu vestido caíram, assim como meu corpo que caiu delicadamente sobre a cama, com Dylan por cima de mim.

Flame that came from me
Fire meet gasoline
Fire meet gasoline
I'm burning alive
I can barely breathe
When you're here loving me
Fire meet gasoline
Fire meet gasoline
I got all I need
When you came after me
Fire meet gasoline
I'm burning alive
And I can barely breathe
When you're here loving me
Fire meet gasoline
Burn with me tonight

Chama, você veio para mim
Fogo encontra gasolina
Fogo encontra gasolina
Estou queimando vivo
Eu mal posso respirar
Quando você está aqui me amando
Fogo encontra gasolina
Fogo encontra gasolina
Eu tenho tudo que eu preciso
Quando você vem atrás de mim
Fogo encontra gasolina
Estou queimando vivo
E eu mal posso respirar
Quando você está aqui me amando
Fogo encontram gasolina
Queime comigo esta noite

Estava tudo perfeito demais. Quando senti algo subindo, queimando meu corpo por onde passava. Só tive tempo de empurrar Dylan e correr até a privada, vomitando tudo ali. Senti as mãos de Dylan tocando minhas costas, me estimulando a ter forças e continuar ali.

Terminei de vomitar ainda meio tonta, e quando voltei ao quarto, Dylan estava novamente com sua camisa. Apoiei-me em seus braços enquanto ele me guiou até a porta que fora aberta bruscamente por Harriet.

– Chloe? – Seu semblante não era nada bom, o que era um sinal que o meu devia estar ainda pior. – Pode deixar comigo Dylan, eu levo ela pra dormir comigo hoje.

Dylan assentiu e percebi o quão vermelho ele estava. Sem ao menos se despedir ele deixou o quarto correndo.

– Eu... Perdi alguma coisa? – Harriet quis saber, e eu não respondi a pergunta.

Harriet estava certa. Boa ou não, aquela noite realmente fora inesquecível.

Só esperava que o que aconteceu tivesse significado para ele o mesmo que significou para mim. 

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