Family Picture

Oi nação! Voltei rápido, não foi, galera?

Considerem isso milagre de natal porque até eu me surpreendi huehueheuheue

Estamos nos aproximando de um ponto CRÍTICO da história a partir daqui, os segredos vão começar a ser revelados e vocês vão ter certeza que ninguém que apareceu até agora é inútil.

Cheio de revelações aqui, tô ficando até sem ar. kkk

Perdoem os erros e vamos ao capítulo

                    

Nunca foi novidade pra mim saber que a família Turner era rodeada de segredos. 

Desde os primórdios da origem de meus antepassados, a história de vitória da minha família era cercada por acontecimentos misteriosos, fato que se estende até os dias de hoje, mas saber que segredos desse tipo rodeavam os Madsen, já era algo muito chocante para se acreditar.

Quando eu era pequeno, ir para a casa de Chloe e ficar um pouco com ela e seus pais era a fuga da minha realidade. Observar todos eles ali, felizes, brincalhões, às vezes até irritados um com o outro, mostrava para mim como era uma família de verdade. Sentia-me bem ao redor daquelas pessoas, como nunca me sentia dentro da minha própria casa. 

Você é uma mentirosa deslavada, é isso que você é!

Uma das minhas lembranças mais marcantes da infância foi aquela noite em que acordei com gritos vindos do lado de fora. Morávamos em uma mansão com mais de vinte cômodos, e mesmo assim, o tamanho da casa não foi capaz de barrar os gritos vindos do andar de baixo. 

Eu sou a mentirosa, Reginald? Eu? Depois de tudo que você fez aos nossos filhos? À nossa família?

Eu não devia ter mais que seis anos na época. Abracei meu ursinho de pelúcia e ainda com meu pijama de cãezinhos saí pelo corredor silenciosamente, abraçando o ursinho contra meu corpo, enquanto o barulho ficava ainda mais alto. 

Você me enganou, Joanne! Sempre me enganou! Fui um idiota por seis anos!

Eu parei no topo da escada, observando meus pais discutindo na sala. Os dois estavam com os rostos vermelhos,enquanto cuspiam insultos um no outro. Abracei minhas próprias pernas e tapei meus ouvidos com força, querendo fazer aquele som parar. 

Eu descobri a verdade sobre o garoto, Joanne. Está tudo nessa merda de papel! – Reginald colocou uma folha em frente a mesa, dando as costas para minha mãe, que se aproximou para ler o que seja lá estivesse escrito ali.

Reginald, por favor, não faça nada que irá se arrepender. Eu sei que você o ama a sua maneira, estou lhe implorando para que esqueça isso...

VADIA!

Meus pulmões fracos usaram o pouco fôlego que tinham para dar um berro. O maior grito que já dei em toda a minha vida. Meu pai havia atingido um soco na minha mãe, que caiu no chão com o lábio sangrando e o olhar assustado. 

PARA, PAI. – Eu implorei, com as lágrimas descendo pelo meu rosto. Tentava puxar o ar, mas ele não vinha, tudo que sentia absorver do ar exterior era a tensão daquele momento.

Dylan, querido, está tudo bem. – Minha mãe tentou sorrir, proferindo uma mentira que nem ela acreditava.

Jamais esquecerei o olhar que Reginald me deu naquela noite. Não era um olhar de raiva, mas de tristeza. Uma lágrima singela correu por sua face pálida. Visualizei seu rosto naquela penumbra por apenas um instante, antes de ele virar o rosto e seguir na direção oposta, sumindo na escuridão da mansão Turner. 

Minha mãe levantou com dificuldade, se apoiando nos próprios joelhos e dando um sorriso fraco. Ainda respirando com muita dificuldade, desci as escadas rapidamente e a abracei, chorando com todas as minhas inseguranças. 

Mamãe... – Ela afagou meus cabelos lisos e me fez encarar seus olhos verdes.

Dylan, não importa o que digam, meu amor... – Ela colocou as mãos em meu rosto e enxugou as minhas lágrimas. – Saiba que você não é fraco. Promete a mamãe que nunca vai se deixar abater? – Eu não consegui responder. – Você vai crescer, se tornar um homem bom, assim como o seu irmão está se tornando, e jamais vai deixar que tirem esse sorriso do seu rosto, tudo bem? Porque aconteça o que acontecer...

– Eu sou um Turner. – Pronunciei para mim mesmo, levantando da cama, enquanto Chloe e todos os outros me encaravam sem entender. – Eu sou um Turner. – Repeti mais uma vez. – E nós não caímos tão fácil.

Mesmo que os outros não tivessem entendido o porquê de eu ter falado aquilo tão repentinamente, sabiam que não era um sinal de loucura. Todos me dirigiram um sorriso e um olhar que mostrava que confiavam em mim, em qualquer situação, e iríamos conseguir vencer aquela fase de problemas. 

Por gerações, todos os Turner seguravam seus fardos sem querer saber o porquê de carregá-los, com medo de desvendar o emaranhado de segredos que rodeavam nossa família. 

Isso iria mudar. 

Era uma promessa silenciosa que eu havia acabado de fazer a mim mesmo. 

***

Cruzamos com o ônibus da escola na viagem de volta à Sydney. 

Alguns dias atrás, todos pensávamos que iríamos nos divertir como nunca em Brumby, e esquecer os problemas em casa, mas ao que parecia, eles haviam nos seguido até lá. Alyssa sentou no banco mais atrás, isolada em seu próprio universo de tristeza e luto, com fones nos ouvidos, abraçada às próprias pernas, olhando para o nada. 

Ela não quis comer quando acordou ou falou com ninguém durante toda a viagem. Quando entramos na ponte metálica de Sydney e avistamos a Sydney Opera House do alto, soubemos que tínhamos de deixá-la em casa, sozinha com as próprias dúvidas sobre si mesma e sobre Eric. 

No momento em que Carly, a van de Josh, parou em frente a residência dos Madsen, Alyssa pegou sua mala e acenou rapidamente para nós, entrando em casa, nem se dando conta de que Chloe não a havia seguido. 

– Não se preocupem. – Chloe garantiu. – Pedi para Alyssa dizer que ela voltou sozinha de Brumby, tudo está seguindo o planejado.

– Não gosto de mentir pra Aly. – Kimberly desabafou. – Eric era namorado dela. Ela devia saber de tudo isso.

– Já basta todos vocês envolvidos nisso. – Chloe respondeu. – Não precisamos colocar mais ninguém em risco.

Josh se virou para nós, ainda sentado ao volante da van estacionada. 

– Então qual o plano, turma do Scooby? – Ele perguntou, curioso e preocupado.

– Antes de mais nada, almoçar. Porque eu não vou ficar tensa antes de comer não, muito obrigada. – Harriet resmungou.

– Eu preciso investigar o meu pai. Saber o que é esse projeto. – Chloe desabafou, pensativa desde o momento em que vimos seu pai naquela fotografia. – E pra isso, é mais fácil que todos nós estejamos na surdina. Se eles pensarem que ainda não estamos aqui, vão abaixar a guarda.

– Onde vamos dormir então? Pelo que você disse, vamos fingir que estamos na excursão de Brumby, ou seja, só podemos voltar pra casa quando todos voltarem. – Kimberly deduziu.

– Isso é comigo. – Nathan se manifestou. – A Mercedes, minha cunhada, viaja muito pelo mundo, e pra ficar de olho em mim, meu irmão alugou pra ela um apê no centro de Sydney, não é nada muito luxuoso, mas podemos ficar lá. – Ele deu de ombros.

– Ela ainda está em Melbourne? – Perguntei, erguendo a sobrancelha. Nathan assentiu. – Já faz semanas!

– Dylan, é de Melbourne que estamos falando. Daqui que ela conheça todos os animais estranhos que tem por ali, podemos passar um ano no apê dela. – Nathan respondeu e eu tive de concordar.

– E depois disso? – Kimberly questionou.

– Vamos dar jus ao nome que eu dei a nossa equipe, Kimberly! – Josh respondeu, mais animado com isso que todos nós juntos. – Vamos nos separar e procurar pistas!

***

Já havia visitado o apê de Mercedes uma ou duas vezes. 

Realmente como Nathan havia dito, não era nada muito sofisticado. Um quarto, um banheiro, uma cozinha americana improvisada e um armário único gigante para guardar tanto as roupas como o material de limpeza e a louça da cozinha. Lembrava-me aqueles quarto de hotel improvisados que vi em minhas viagens. 

Kimberly, acostumada com o luxo de sua mansão, não pareceu muito à vontade, mas Josh e Harriet pareceram gostar. Teríamos que nos apertar um pouco para dormir, mas íamos sobreviver. 

Depois de guardarmos as coisas da melhor maneira que conseguíamos no único armário, nos reunimos em volta do único quarto para pensar no que faríamos a seguir. 

– Bom, galera, partindo do pressuposto que eu sou o cara que mais assiste séries policiais investigativas, estou me candidatando para ser o líder dessa operação. – Josh anunciou. – Alguma objeção? – Todos levantamos a mão. – Nenhuma? Ótimo. – Fomos ignorados com sucesso.

Josh estava se sentindo em um filme e não sentia que a gravidade daquela situação era real. Olhamos para Harriet para que ela o contivesse, mas todos sabíamos que o senso de aventura dele não seria sanado tão facilmente. 

– Então, pensei no seguinte. Do nosso grupo, Dylan e Kimberly são os mais fotografados pelos papparazzi por serem os ricos. Então, os dois devem permanecer longe de lugares públicos, por isso... – Ele olhou para nós. – Kimberly, você e a Chloe vão até o escritório do pai dela na cidade, é um bairro residencial e a sua habilidade de barganha deve servir pra distrair algum desafortunado enquanto a Chloe vasculha atrás de algo.

Nós nos entreolhamos. Era realmente um bom plano. 

– Eu e a Harriet vamos até Bondi Beach falar com a Lacey. Os Cross são a família mais rica depois dos Sparks e dos Turner, e além do mais, eles serão os anfitriões do leilão das ações da Turner Corp. Deve ter algo naquelas coisas que guarde uma pista. – Harriet abriu a boca mas não falou nada, como se não tivesse conseguido pensar em uma falha no plano de Josh, que deu um sorriso vitorioso.

– E por fim, o cu e a cueca. – Eu e Nathan mostramos o dedo do meio, mas Josh ignorou. – Vão a cobertura em que vocês moravam. Como os dois moravam lá, devem conhecer melhor a casa e saber achar as coisas escondidas. – Josh piscou o olho.

– Jamais pensei que falaria isso, mas o Josh realmente teve um bom plano. – Chloe observou, risonha.

– Obrigado pela parte que me toca, Chloe. – Ele resmungou.

– Bom, vamos ao trabalho então. – Harriet se levantou, com um astral confiante. – Vamos desvendar esses segredos!

Todos eles se levantaram e começaram a se preparar para sair, enquanto eu ainda permanecia sentado, observando toda a disposição que tinham para aquilo, sem pensar nos riscos para eles. 

– Gente... – Chamei o resto, que me encarou. – Eu queria agradecer a vocês, por toda essa ajuda. Muito obrigado, de verdade.

Todos sorriram pra mim. 

– É pra isso que servem os amigos. – Harriet bateu em meu ombro, de brincadeira.

Sorri de volta para eles. 

Amigos eram a família que nós podíamos escolher, e, modéstia a parte, havia escolhido muito bem. 

***

O amontoado de coisas espalhadas pela cobertura não reduziu em nada o impacto das lembranças que me abateram assim que cruzei a porta de entrada. 

Devido à enorme quantidade de pertences da minha família, Lyn ainda estava bem longe de concluir a mudança. O prazo que o banco havia dado para nos retirarmos do imóvel já tinha evaporado a um tempo, e a única explicação plausível para que eles não tivesse jogado todos os nossos pertences na rua ou em algum depósito era que Vince provavelmente estava nos dando algum apoio financeiro. 

– Onde será que a Maisie está? – Nathan se perguntou.

Era uma boa pergunta. Maisie trabalhava para nossa família havia mais de vinte anos. Minha mãe a contratou quando ainda era jovem, e estava grávida de Devon. Ela sempre teve muito carinho por nós e aceitou de prontidão abandonar a Inglaterra e vir morar conosco aqui na Austrália. Imaginar o que ela faria a seguir agora que havíamos perdido tudo me trazia um frio incômodo no estômago. 

– Eu não sei. Devon não a deixaria passar dificuldades. – Respondi, mesmo que eu não acreditasse mais nisso. Meu irmão estava diferente do que era. – Enfim, vamos procurar logo isso antes que alguém apareça.

Eu e Nathan começamos a vasculhar as caixas, lotadas com os mais diferentes tipos de pertences. Tossi quando abri uma lotada de livros velhos da coleção de Lyn, que estavam cheios de poeira. 

– O que estamos procurando aqui, exatamente? – Nathan quis se certificar se tínhamos alguma ideia do que estávamos fazendo.

– Não sei, algum documento, foto, carta, qualquer coisa estranha que você possa achar. – Respondi, esvaziando uma das caixas e me decepcionando ao ver que eram só alguns utensílios da cozinha.

– Isso serve como estranho? – Olhei para Nathan, que tentava puxar algo da caixa.

– Acho que esses são os pertences do meu pai. Devon trouxe algumas coisas dele quando veio morar aqui. – Aproximei-me do loiro e o ajudei a esvaziar aquela caixa que parecia menor que as outras.

Tateei minha mão dentro da caixa e acabei tocando em algo sólido. Retirei o objeto com cuidado e vi que se tratava de um porta-retratos. Era uma foto da nossa família em um dos inúmeros jantares de negócios com os Turner.  Coloquei a fotografia em meu colo e a fitei por alguns segundos. 

– Seu pai guardou essa foto? – Nathan parecia impressionado. – Isso significa que ele se importava com vocês, não é?

Fiquei em silêncio. Eu realmente não tinha ideia. 

– Espera, tem uma outra foto aqui. – Ergui a sobrancelha e vi Nathan por a mão na caixa e tirar uma foto velha, com a tinta um pouco fraca, abalada pelo tempo.

Era a foto de um garotinho. Ele dava um sorriso para a câmera e usava um boné bem maior que sua cabeça. 

– É você? – Nathan questionou. Eu neguei. – É seu irmão? – Também fiz que não. – Ué, então quem é esse garotinho?

– Eu não tenho ideia. – Mordi o lábio inferior, cheio de dúvidas rodeando meus pensamentos.

– Será que não pode ser o Reginald quando era pequeno?

– Duvido muito que as crianças se vestissem assim na época que meu pai era pequeno. – Observei as roupas do menino e eram bem modernas se comparar com a época da infância de Reginald. – Esse garotinho teria mais ou menos a nossa idade hoje. A pergunta que não quer calar é: Quem é ele?

Acabei soltando o porta-retratos com a foto da minha família no chão, que se partiu. 

– Tem um papel atrás da foto! – Nathan apontou.

Era um teste de DNA. Havia meu nome e o do meu pai em cima, com uma frase destacada em negrito. 

Meus lábios tremeram. Minhas mãos suaram. 

– Dylan, o que houve? Dylan?! – Nathan foi em meu auxílio, tomando o papel de minhas mãos, correndo os olhos pelas letras impressas. – Isso... Isso não pode ser...

De repente, era como se eu tivesse recebido a confirmação de que minha vida era uma mentira. E ao mesmo tempo, a justificativa de toda uma vida sendo descartado e humilhado pelo meu pai. 

Minha doença era só um pretexto que ele havia criado para me odiar. 

O verdadeiro motivo estava ali, escrito em letras garrafais naquele documento escondido: 

Suposto Pai: Reginald Turner
Criança: Dylan Turner
TESTE DE PATERNIDADE: NEGATIVO.

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