Counsciouness
E aí galerinha linda? Tudo bem? Espero que sim!
Gente, antes de mais nada, queria agradecer a todos que estão acompanhando o livro. É meu primeiro romance de verdade e jamais esperei que tantos leitores maravilhosos fossem marcar presença nessa tragetória do Dylan e da Chloe, meu mais sincero agradecimento a todos vocês.
Um obrigado especial a minha amiga Garota_do_Vinho (Bia Russo, McBabosa para os íntimos. Exímia limpadora de banheiros, querendo ela diz o preço da hora) que faz aniversário hoje (11/12), e escreve dois livros muito incríveis (Eurion e Um Soneto de amor, lar original do nosso Nathan) completando seus milênios de vida/18. Esse capítulo é especial pra você, Bia, espero que goste!
E claro, pra todos vocês.
Um abraço e boa leitura!
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Eu estava surpreso comigo mesmo.
Para começar,, havia acordado antes das onze, e simplesmente não lembrava qual fora a última vez que acordara antes de Nathan gritar e expulsar-me da cama. Levantar tão tarde era apenas uma consequência das noitadas que passava nas boates ou em algum festival pelas cidades que passava em minhas viagens.
Segundo, não sentia dor de cabeça. Geralmente, bebia até cair, sendo rebocado por Nathan até o carro, isso quando não entrava em coma alcoólico, e depois passava metade da madrugada vomitando. E no dia seguinte, lá estava eu com uma ressaca que parecia que minha mente ia explodir.
E terceiro, fazia tempos que eu não despertava com tanta disposição.
Quando levantei da cama, ainda faltavam cinco minutos para as oito horas. O apartamento inteiro estava dominado por um completo silêncio. Abri a porta do meu quarto devagar e caminhei até a cozinha, somente com minha calça do pijama, verificando se havia algo bom na geladeira.
O certo era comer as fibras que minha nutricionista passou para manter uma boa forma, mas optei por um belo prato de bacon e ovos. Uma vez não iria matar, certo? Liguei o fogo baixo e quebrei um ovo na frigideira, logo ouvindo a clara começar a fritar.
– Caiu da cama? – Nathan entrou na cozinha instantes depois, abrindo o armário acima da pia e retirando um liquidificador. – Acabou o leite? Quero uma vitamina.
– Olha na geladeira. Só tem leite gelado, se quiser quente vai ter que esquentar, porque a Maisie não vem hoje. – Respondi, passando a fritar o bacon.
Enquanto comia em silêncio, via Nathan um pouco mais atrapalhado que o normal. Em dois passos, escorregou nos próprios pés e quase derramou todo o leite no chão. Depois, deu uma cotovelada no liquidificador e o deixou cair na pia.
– Você está mais agitado que o normal. – Rompi o silêncio, vendo o loiro se assustar.
– O quê? Estou normal. – Nathan era um péssimo mentiroso. Mentia tão mal quanto dirigia.
– Você quase destruiu a cozinha duas vezes e está usando sua camisa ao contrário. – Apontei para a camisa de seu pijama vestida do lado avesso, enquanto ele checava a si mesmo, logo puxando a blusa para seu pescoço e a pondo do lado certo.
– Não é nada, é que eu não dormi direito ontem a noite. – Ele confessou, ligando o liquidificador e escondendo sua própria voz no barulho. – É que eu conheci uma garota ontem, e não consigo tirar ela da cabeça...
– O que? Para tudo! Nathan Roberts interessado em alguém? – Levantei um pouco a voz e ele riu minimamente. – Será que ainda não acordei e estou tendo alucinações?!
– Deixa de ser retardado. – Ele jogou a caixa vazia de leite em minha direção. – Tô falando sério, a mina só falou comigo por tipo... 30 segundos e não consigo parar de pensar nela.
– Me conta como foi, acho que também tenho que te contar uma coisa. – Nathan sorriu e sentou de frente a mim, começando a falar.
Ele começou a contar sobre estar esperando na fila do bufê e uma garota surgir correndo e pedir que a escondesse embaixo da mesa. Apenas alguns segundos foram necessários para que Nathan se encantasse por ela.
Embora eu tenha tido vários casos durante minhas viagens, jamais vi Nathan se interessar por nenhuma garota que seja, e acredite, não é por falta de boas candidatas. Pensei por um tempo que ele fosse gay, mas não é a situação. Vi ele secando uma modelo uma vez, mas não passou disso.
O verdadeiro motivo, que eu suspeito ser, é pela realidade de Nathan e sua família. Nenhum deles nunca teve muito, e diferentemente de mim, o Roberts não cresceu em mansões, com motoristas e limusines. Se ele estava ao meu lado hoje, era pelo seu próprio mérito e garra de conseguir alcançar seus objetivos.
As coisas que desejo sempre vem até mim, enquanto Nathan tem que caçar tudo o que sonha, e acho que é isso que me faz admirá-lo e respeitá-lo.
Eu descia as escadas apressadamente, tentando a todo custo sair antes de Devon me fazer passar por tamanha humilhação.
– Vai a algum lugar? – Me assustei com a voz grave de meu irmão mais velho em minhas costas. – Ele vai chegar hoje. Eu já disse, nada de sair.
– Eu já disse que não quero um idiota me seguindo,Devon. Tenho cara de quem precisa de dama de companhia? – Devon cruzou os braços.
– Sim. Pensa que esqueci de quando bateu o carro?
– Era uma lata velha!
– Aquela Ferrari me custou 2 milhões!
– Qual é, irmão, qualquer um dá dois milhões em um carro. – Respondi, girando os olhos.
– Dylan, será que você não percebe? Está com 15 anos e não tem amigos, não tem ninguém que te suporte. Ninguém aguenta ficar perto de você. E infelizmente, eu não vou estar do seu lado o tempo todo, sabe disso.
Eu já sentia onde aquela conversa ia nos levar. Odiava essa mania de Devon de querer controlar minha vida.
– Pode trazer quem você quiser, vou odiar cada um deles. Esses caras que você paga pra serem meus amigos. Se depender de mim, transformarei a vida deles em um inferno. – Voltei de onde saí, subindo as escadas, irritado.
– Você sabe o quanto eu sou focado nos estudos, Dyl. – Eu assenti, sabia muito bem disso. – Meu irmão está trabalhando duro pra me manter aqui, e preciso mostrar comprometimento. Não quero distrações.
– Eu sei o quanto você é focado, mas cara, também precisa viver! Não pode passar o resto da sua vida dedicada aos Turner! Se gostou dela, corre atrás! – Insisti, vendo Nathan sorrir fraco. – Afinal, não pode passar o resto da sua vida sendo minha consciência.
– Tem razão! – Nathan se levantou, animado. – Eu vou encontrá-la de novo! Há não ser que... – Ele se desanimou. – Eu não faço ideia de onde ela esteja...
Eu bati a mão na testa.
– Nome?
– Ela não me disse.
– Já a viu em algum lugar?
– Não.
– Tudo bem, e como ela é?
Nathan parou pra pensar um pouco, com a mão no queixo. Instantes depois, ele estalou os dedos.
– Ruiva! – Ele respondeu sorridente. – Ela é ruiva!
***
Não demorou muito para que eu voltasse a ponte metálica no final da manhã. Me apoiei nas enormes vigas de metal que a erguiam e comecei a pensar. Ruiva? Tipo quem? Como a Chloe? Nathan estava gostando da Chloe?
Aquilo tinha de ser coincidência. Naquela festa haviam dezenas de pessoas, e muitas ruivas, certo? Embora achasse que só uma estivesse fugindo de alguém. Mordi o lábio inferior com a dúvida. Por que aquilo me incomodava daquela maneira? Afinal, nem eu sabia muito sobre ela, no final das contas.
A Chloe que deixei na Austrália anos atrás poderia não ser a garota que reencontrei noite passada. Eu mesmo havia mudado muito, e confesso que sentia muitas saudades do meu antigo eu, que vivia livre, com sua fiel bombinha de asma e sem nenhum segredo, coisa que atualmente, era a única coisa que possuía. Uma imensidão de segredos.
Involuntariamente, já estava no carro cruzando as ruas de Sydney. Os nós de meus dedos apertavam o volante. Meus olhos focavam no caminho, mas minha mente estava longe dali. Pensava porque meu amigo achar uma garota que gostasse estava me incomodando daquela maneira.
- Dylan. – Bastou descer as escadas novamente para Devon me parar no meio da sala de estar. Foi aí que percebi que ele não estava só. Ele tinha companhia. – Venha cá, irmão.
Me aproximei contra a vontade, sentando ao seu lado no sofá, de frente para os três estranhos que frequentavam minha sala de estar.
– Dylan, esse é Nathan Roberts. Lembra-se dele? Os dois costumavam brincar quando eram bem pequenos. – Eu encarei o loiro sentado no meio, que olhava desconfiado para tudo ao seu redor, ao mesmo tempo que sentia seu nervosismo.
– Não. – Respondi do jeito que sempre fui, sincero.
Nathan deu uma risada forçada e os olhos dos presentes caíram sobre ele, que parou de rir no mesmo minuto.
– Pois saiba que os dois eram muito amigos quando eram pequenos. Não é Alek? – Devon se dirigiu ao homem engravatado ao lado de Nathan. Não pude deixar de perceber a semelhança física dos dois, além da mesma maneira de se sentar. Seriam parentes?
– Sim, lembro de quando nossa escola visitou a sua, Devon. Os dois não se desgrudavam. – Alek confessou, dando uma risada.
A mulher ao lado de Alek se encolheu sobre o sofá quando o celular tocou. Ela era muito elegante, usando um blazer negro que entrava em contraste com sua blusa de tom pastel.
– Perdoem-me. Um minuto. – Ela pediu licença e caminhou até o terraço, parecendo nervosa ao celular. – Já mandei cancelar meus compromissos desse mês, Edmund. – A ouvi dizer.
Alek apoiou os braços nas pernas.
– Desculpem minha esposa. Ela é muito atarefada. – Nathan se mantia quieto em seu lugar, e começava a me perguntar se ele era mudo ou algo assim. – Mercedes, querida, por favor. – Alek pediu e sua esposa encerrou a ligação, sentando novamente ao seu lado.
– Devon, posso falar um minuto com você? – Apontei com o queixo para a escada. Meu irmão pediu um tempo para as visitas e me acompanhou até onde fui. – Qual o seu problema? Quem são esses três?
– São os Roberts. Acabo de fechar um trato com eles. – Ele contou, parecendo orgulhoso de si mesmo. – Você mesmo disse que não iria virar amigo de alguém novo, então escolhi um garoto de quem você já era amigo. Nathan parece ser um adolescente muito obediente e ajuizado, ao contrário de você. Será bom ter uma influência positiva por perto. – Devon declarou.
– Por acaso você está contratando um idiota pra me vigiar? – Eu perguntei, já me irritando.
– Você sabe muito bem que estamos procurando um pupilo há anos! Esse garoto é inteligente e pode fazer muito pela empresa que nosso pai tanto zelou! – Devon explicou, já irritado com minha atitude.
– Eu não posso ser tão inteligente quanto você acha que é, Devon, mas eu sei muito bem que esse apartamento foi um presente do nosso pai para os dois filhos. – Vi meu irmão cerrar os punhos. – Ninguém pode viver aqui e comer da nossa comida sem a MINHA aprovação também. Você não decide as coisas sozinho, irmão. E eu não quero nenhum espiãozinho na minha vida, que eu sei muito bem que é o que você pretende com esse tal de Nathan.
– O que está insinuando, pirralho?
– Eu quero ele fora daqui, agora, já. – Ignorei todos os protestos de Devon e subi as escadas o mais rápido que pude.
Eu parei o carro exatamente no mesmo lugar da noite anterior. Caminhei até a porta de entrada que vi Chloe se dirigir na noite passada, perguntando a mim mesmo o que eu estava fazendo. Eu estava maluco, só podia. Suspirei fundo antes de apertar a campainha.
– Já vai! – Escutei alguém gritar.
Um garoto da minha idade abriu a porta. Usava uma blusa de caveira e não parecia nada feliz ao me ver ali. Ele me analisou de cima a baixo e não falou nada. Senti que se eu não iniciasse um diálogo iríamos ficar naquele silêncio constrangedor para sempre.
– Oi, é meu nome é...
– Eu sei quem você é. – Ele respondeu, de forma ranzinza. – O quer aqui?
– Queria saber se a Chloe está em casa. Ela está? – Perguntei, não entendendo o ódio na voz dele.
– Não. Se manda daqui. – Ele ia bater a porta, mas uma mão o impediu.
– Griffin! – Alyssa surgiu na entrada, abrindo a porta completamente desta vez, arregalando os olhos ao me ver ali. – Dylan! O-oi! O que faz aqui? Quer dizer, o que o traz aqui? Entra!
Alyssa me puxou pela mão, me fazendo entrar em sua casa. Era um lugar humilde, mas bonito. A sala de estar era grande e o Gossip Show, programa de tevê ridículo de Denise Sparks, passava no canal 6.
– Desculpe pelo meu irmão. Griffin é um ogro mal amado. – Ela se justificou, me fazendo sentar no sofá ao seu lado.
– Ele parece me odiar. Por quê? – Alyssa deu de ombros.
– Griffin odeia todo mundo. Famosos, policiais, militares, vendedores, patos.
– Patos?
– Não pergunte, como eu disse, ele é um ogro mal amado. Mas me conta! Está fazendo o que aqui? – Alyssa parecia curiosa em ter minha presença ali. Curiosa demais.
– Ah... Eu vim ver a Chloe. Ela está?
– Chloe? Minha meia irmã? – Eu assenti. – De onde você conhece ela?
– Err... É uma longa história.
Observei que Griffin ainda estava no alto da escada, ouvindo a tudo. Qual era o problema desse cara? Pouco me importava que ele me odiasse. No momento, ele não era uma das minhas pessoas favoritas também.
– Não, desculpe. Ela e Walter saíram rapidinho. Estava justamente esperando ela para sairmos. – Alyssa contou, animada. Foi aí que percebi sua roupa de praia. – Como ela é nova na cidade, ia mostrar a ela o melhor de Sidney, Bondi Beach.
Bondi Beach era a praia mais famosa de Sydney, considerada uma das mais belas do mundo todo. Turistas de todas as partes do mundo vinham até a Austrália para surfar nas ondas de águas cristalinas, nadar próximo ao grande recife de corais e ver os maravilhosos concursos de castelos, onde os profissionais do ramo faziam nascer impérios da areia branca. Sem falar da enorme quantidade de belas mulheres em roupas mínimas. Bondi Beach era Bondi Beach.
– Mandei uma mensagem para Walter deixá-la lá na volta. Por que não vamos na frente? – Percebi que o maiô de Alyssa era vermelho.
– Você é a salva vidas da Bondi? – Perguntei, meio surpreso. Alyssa tirava o guarda sol de trás da porta.
– Sim, é bom ter um dinheirinho extra. – Ela confessou. – Que tal chamar a Kimberly também?
– NÃO! Quer dizer, ela está ocupada, sabe? A presenteei com um vale spa de duas semanas.
Só assim pra me ver livre dela, pensei.
– Ah, sim! Ela me falou! Nem me levou! Traíra. Quer ir comigo? Podemos encontrar a Chloe lá! – Alyssa avisou.
Locais cheios de turistas e adolescentes loucas não era um dos meus lugares favoritos para ir, mas de repente, seria bom sair um pouco com Alyssa. Talvez ela me dissesse algo sobre Chloe que eu não soubesse. Fora que, estava com uma súbita vontade de vê-la novamente.
– Ei, me espera. – Griffin desceu as escadas, apressado, usando um calção preto e uma regata branca. – Eu também vou.
– O morcego vai sair da toca? – Alyssa ironizou. – Isso sim é novidade.
– Cala a boca, garota. Vamos logo. – Ele tomou a frente e passou pela porta de entrada.
– Podemos ir no meu carro. – Sugeri, vendo que Griffin e Alyssa caminhavam para a direção oposta.
– Não, eu e minha irmã podemos pegar o ônibus, como pessoas normais não ricas fazem. – Ralhou o gêmeo.
Alyssa olhou de mim para Griffin e pareceu perceber a tensão que existia ali. Não precisava saber ler mentes para concluir que ela também não sabia o porquê dele ser tão ríspido comigo.
– Sua irmã pode decidir sozinha,e ela acabou de decidir que vai no carro, muito obrigada. – Alyssa caminhou a passos duros até o meu carro, abrindo a porta do carona. Fiz o mesmo caminho e me sentei ao volante.
Já estava para girar a chave quando a porta do banco de trás foi aberta e Griffin entrou, com uma cara de poucos amigos.
– Vamos logo.
Devon havia me convencido a passar mais um dia com os Roberts em nossa casa. Eles estavam hospedados no quarto de hóspedes e Lyn havia pedido a Maisie para que os preparasse um delicioso jantar. Estava no meu quarto, deitado na cama, jogando minha bola de basquete para cima, quase morrendo de tédio. Perdi o equilíbrio nas mãos e a bola caiu no chão, quicando até a entrada do quarto, e iria avançar para o corredor se um par de mãos pálidas não a tivesse segurado.
Nathan estava usando uma roupa diferente. Ele usava um jeans preto, blusa polo azul escuro e um casaco cinza.
– Quero falar com você. – Essa foi a primeira frase que o ouvi proferir desde que chegou em casa. Do andar de baixo, era possível ouvir as risadas e as vozes vindas da mesa de jantar. – Saiba que não é apenas o seu irmão que acha que tem controle sobre a sua vida.
– Desculpe, como é?
– Eu ouvi sua conversa com seu irmão mais cedo, você não gosta de mim. Não tenho nenhuma intenção em fazer com que goste. Acha mesmo que estou aqui porque quero? Fala sério. Pode achar o que quiser, mas eu também preferia qualquer coisa a ter de aceitar ser sua dama de companhia. Quero apenas que saiba que essa palhaçada aqui, eu não tive nada haver. E do mesmo jeito que não vê motivo pra gostar de mim, não vejo razão pra gostar de você também. – Ele se explicou, pondo a mão nos bolsos e se dirigindo a escada.
– Espera. – O chamei. – Aonde está indo? Não vai jantar com o resto do pessoal?
– Não estou com paciência pra encarar o Alek hoje. Ele sempre acha que é meu pai, mas hoje ele passou de todos os limites. – Eu tinha certeza que já tinha ouvido uma frase assim.
– E pra onde você vai? Não conhece nada de Sydney! – Argumentei, e não sabia porque estava ligando para aquilo. Ele iria embora no dia seguinte!
– Sei lá, uma balada, não sei. – Ele respondeu, cheio de tudo aquilo.
– Tudo bem, vamos. – Vesti uma jaqueta e o segui até a porta.
– Como assim? Você não me odeia?
– Odeio meu irmão, não você. Já ia pra uma balada mesmo, você indo ou não, não faz a menor diferença. – Eu dei de ombros. – Está pronto?
Nathan me lançou um sorriso de canto.
– Achei que nunca fosse perguntar.
Alyssa foi correndo para seu posto assim que chegamos.
Era uma cadeira alta no meio da areia, em meio aos banhistas que tomavam sol e as crianças que corriam pela orla. Griffin ainda estava ao meu lado, olhando para todas as direções, procurando algo, ou alguém, como eu desconfiava.
– Por quê você não gosta de mim? – Perguntei de repente, surpreendendo a mim e a ele. – Eu nunca fiz nada pra você, e parece me odiar com todas as forças.
– Porque vocês famosos são todos iguais, adoram se achar melhor que os outros, mas adivinham, vocês são iguais a todo mundo. – Griffin me atacou. – Só porque moram em casas melhores, andam em carros melhores, se acham o centro de tudo.
– Você nem me conhece, cara. Como dizer que eu me acho melhor que todo mundo? – Eu o vi trincar os dentes.
– Vai dizer que você não viaja por aí apenas gastando e não dando a mínima pra ninguém?!
– Eu viajo a trabalho, e o que diabos você tem a ver com a minha vida, Griffin?!
– Quer saber? Nem sei porque estou falando com você. – Ele me olhou com desdém uma última vez e saiu andando pela orla.
Decidi fazer o mesmo, deixei para ver Chloe depois. Pus a mão nos bolsos e caminhei pelo lado oposto ao qual Griffin se dirigira.
Durante o trajeto, tive de dar autógrafos e bater umas selfies com algumas garotas que se diziam minhas fãs. Eu não estava no melhor do meu humor, mas elas nada tinham a ver com as escolhas ruins que fizeram na vida. Me forcei a sorrir, as cumprimentei rapidamente e continuei a andar.
Já estava para voltar por onde vim quando avistei um quiosque mais a frente, com uma vista linda para a praia. Uma multidão de jovens estava sentada nas mesas, assim como outros estavam de frente ao minibar, recebendo taças cheias de suco tropical.
Sentei em um assento vago no minibar, sentindo a brisa marinha em meus cabelos. Os jovens nas mesas conversavam alto e ao mesmo tempo, de forma que não era possível para ninguém de longe compreendê-los.
– Muito bom dia. Bem-vindo ao Brisa Tropical. Em que posso serví-lo... Dylan? – Olhei para a garçonete que veio me atender e me deparei com alguém conhecido por mim.
– Harriet? Você trabalha aqui? – Perguntei, surpreso. Ela deu uma risada, parecendo muito nervosa. – Não sabia que tinha um emprego no quiosque também.
– Pois é, né! HAHAH que coincidência encontrar DYLAN TURNER aqui, por que assim, DYLAN TURNER está aqui, e isso nunca aconteceu! DYLAN TURNER está aqui. – Eu ergui a sobrancelha, confuso.
– Por quê está falando tão alto? E repetindo meu nome assim?
– Eu? Falando alto? Não, é impressão sua, minha tia Bárbara diz que isso sempre acontece, às vezes temos essas ilusões auriculares. – Ela sorriu amarelo pra mim, me deixando ainda mais desconfiado.
Eu cruzei os braços.
– Harriet. Fala.
– Um delicioso suco de manga para as senhoritas. – Uma voz também familiar cruzou meus tímpanos, e eu arregalei os olhos.
Nathan estava ali, com o uniforme do quiosque, atendendo as mesas. As garotas da mesa em que ele passara sorriram feito bobas, enquanto ele as servia com um sorriso simpático.
– Obrigada, Nate. – Uma delas chamou, de forma íntima. Ele passou a mão nos cabelos.
– De nada, Lacey, adoramos te receber. – Nathan respondeu, voltando a cozinha sem olhar para os lados, então não me viu ali sentado.
Encarei Harriet bem irritado e ela deu uma de suas risadas nervosas.
– Gente, não é que aquele garçom é a cara do Nathan! Que engraçado, né? – Eu cruzei os braços. – Tá bom, você me pegou. Ele não só parece o Nathan, ele é o Nathan.
– Você jura? – Ironizei. – Desde quando ele trabalha aqui, porque não me disse nada?
– Ele me pediu um emprego, disse que queria trabalhar mais por si mesmo, não queria depender de você pra sempre. – Harriet explicou.
– Mas o Nathan é meu melhor amigo, ele não precisa trabalhar. Minha família pode dar tudo o que ele precisa.
– Bom, tudo menos a sensação de estar fazendo algo útil, e olha, nunca vi um garçom tão simpático como ele. Toda essa galera... – Harriet se referia ao pessoal do quiosque. – O adora.
Sim. Nathan tinha um talento para conseguir que todos gostassem dele. Enquanto eu, tinha a habilidade de fazer todos me detestarem.
– Hey, princesa, olha por onde anda. – Um outro cara me provocou no meio da balada, por ter esbarrado sem querer em seu ombro.
– Quem colocou um muro aqui? – Rebati a ofença, irritado pela audácia daquele infeliz.
– Me chamou do quê, seu bichinha? – Ele me deu um empurrão que quase me fez cair. Ah, ele ia se arrepender disso.
– Muro. Porque é um grande idiota que não pensa. – Fui quase acertado por um soco, mas o desviei e o soquei na barriga.
Ele me segurou pela gola da camisa.
– Ei. – Nathan surgiu e o empurrou para longe. – Sai daqui, otário.
– Olha princesa, seu príncipe veio te salvar. Vou acabar com essas duas bichinhas. – Dylan deu um chute entre as pernas do grandalhão, que cambaleou para trás, levando um gancho de direita forte de Nathan.
Os dois sorriram por terem vencido, mas os amigos do rapaz atingido passaram a vir na direção da dupla, que percebeu que era hora de ir. Ainda apressados, correram para longe da boate.
– Foi divertido. – Nathan riu, ofegante. Dylan também achara divertido. – Vou ter que arranjar uma desculpa muito boa pra justificar o sono que vou estar amanhã pro Alek no aeroporto.
Eu o encarei mais uma vez, vendo seu rosto decepcionado.
– Quer saber, That? – Usei sei apelido. – Acho que você não vai precisar. – Eu sorri de canto.
Nathan se aproximava da mesa com seu sorriso simpático, mas ao perceber que era eu quem o esperava na mesa, o sorriso instantaneamente sumiu. Ele ainda tentou mudar o percurso, mas já era tarde demais.
– Nathan, volta já aqui. – Eu pedi, e ele voltou a andar em minha direção, cabisbaixo.
– Eu posso explicar, Dylan. – Ele avisou, e eu apontei a cadeira a minha frente, a qual ele sentou, dando um longo suspiro. – Queria me sentir mais útil. Sei que os Turner me abrigam e tal, mas o Alek paga toda a minha vida aqui. Não posso deixar ele fazer isso sozinho.
– That...
– Mas não se preocupe, revi toda a sua agenda antes de vir, peguei seu terno na lavandaria e fiz sua matrícula na Vermont como você me pediu. As aulas de esgrima eu remarquei como me pediu! Juro que fiz tudo!
– Nathan, o Alek jamais te cobraria isso, você sabe.
– Eu sei, mas eu QUERO ajudar. Tudo bem que isso aqui não é nada perto do que ele gasta, mas já é alguma coisa. Eu já juntei o equivalente a mil dólares, posso conseguir mais. – Ele cerrou os punhos.
– Você não precisa trabalhar, sabe disso. – Eu o avisei.
– Sim, eu sei, mas eu preciso, Dylan. E quando Mercedes e Alek decidirem ter um bebê? Como a Emeraude? Não posso deixar que ele continue me sustentando sozinho. Quero andar com minhas próprias pernas, como a Harriet. – Ele fitou a nossa amiga, que atendia um casal de turistas mais a frente. – Alek merece isso.
Eu suspirei.
– É realmente tão importante pra você? – Perguntei, o vendo assentir. – Bom, então quem sou eu pra protestar.
O rosto de Nathan se iluminou.
– Você é meu amigo, não minha dama de companhia. Você faz o que quer. – Eu respondi.
– É sério? Muito obrigado, Dylan!
Nathan sempre fizera tudo por mim. Já era a hora de eu também fazer algo por ele, que amava falar que os outros mereciam ser felizes, mas nunca se dava ao direito de fazer o que queria. Era hora de aprender com meu melhor amigo a ser menos egoísta e sacrificar coisas por aqueles que você realmente se importa.
– Nathan...
– O que foi? – Ele perguntou, ainda sorridente.
– Aquela ruiva. Eu a conheço. Também a vi na festa, e estou com você nessa, parceiro. – O avisei, mas ele pareceu não entender.
– Comigo como?
– Eu vou te ajudar. – Ele ainda parecia estar confuso. Não acreditava que ele ia me obrigar a falar tudo.
– Ainda não estou entendendo.
Eu suspirei fundo. Era como se um vazio se instalasse em meu peito, mas era isso que significava sacrifício. No final das contas, parecia que eu ainda tinha uma consciência. E ela dizia que eu devia estar ao lado de Nathan, não importava o quanto aquilo me incomodasse.
– Pera, eu estou começando a compreender. – Ele disse. – Está dizendo realmente o que está dizendo?
– Sim, Nathan. – Eu respondi. – Eu vou te ajudar. – Fiz uma pausa, sentindo aquele vazio novamente, enquanto via meu amigo sorrir.
Eu vou ajudar Nathan a conquistar Chloe.
Nem que seja a última coisa que eu faça.
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No próximo capítulo de
Someone To Save You...
– O que está fazendo? A Alyssa não pode me ver aqui. – Ouvi uma voz baixa falar. O som vinha da minha janela.
– Qual é gata, todos estão dormindo, vamos pro meu quarto. – Eu conhecia bem essa voz de patife.
Griffin.
(...)
– Mamãe quebrou a janela do asilo. Ligaram de Melbourne, exigindo que a família vá e arque com as despesas do conserto. – Ela explicou, voltando a tomar seu café de forma tão tranquila que nem pareceu ter recebido uma notícia ruim. – Mais tarde tomarei um ônibus e irei vê-la.
– Querida, gostaria de ir com você, mas temos as crianças. – Meu pai não conseguia esconder preocupação com a esposa, já que Laura e a mãe nunca se deram muito bem, ou pelo menos foi o que eu soube. Seria desgastante deixar as duas sozinhas. Eu não poderia fazer isso com ela.
– Pai, já somos bem grandinhos, podemos cuidar de nós mesmos. Pode ir acompanhando a Laura, eu cuido de tudo por aqui.
(...)
– Qual é, pai! Não confia em mim? Vão ficar fora pelo quê? Dois dias? Que mal pode acontecer em dois dias?
Laura deu um longo suspiro e meu pai se compadeceu ainda mais.
– Tudo bem, acho que não fará mal. – Vi Alyssa e Griffin trocarem um olhar cúmplice. – Está bem Chloe, vou confiar em você. A casa está em suas mãos.
(...)
– Chloe Madsen, sua pantera audaciosa. – Harriet brincou. – Primeiro dia e já fisga Nathan Roberts? Por acaso sabe quem ele é?
– Err... Acho que não.
– Nathan é o melhor amigo de Dylan Turner. Os dois são unha e carne. Moram juntos até. – Harriet explicou, enquanto Chloe ainda sentia o olhar dele sobre si. – Além de fazer parte do top 5 né?
– Top 5?
(...)
– Esse é o site da Vermont criado pelos alunos. Aqui, o colégio vota em muitas coisas e uma delas é o top 5. Existe dois top 5, o das meninas e dos meninos, que são os mais lindos e desejados de toda a escola. Kimberly e Dylan são os reis do top 5 desde sempre, mas existe uma dupla que está subindo em disparada nos trending topics. – Harriet explicou.
– Quem? – Ela deu um sorriso sacana e mostrou a imagem, me fazendo quase cair da cadeira. – O quê?! ALYSSA E GRIFFIN? – Arranquei o Ipad de sua mão, olhando mais de perto para ter certeza.
(...)
Festa de boas-vindas do último ano. Middle Street, 70.
Os Trouble Twins, Alyssa e Griffin, convidam você para a maior e melhor festa do ano.
Nos vemos lá!
– Chloe.. – Harriet correu atrás de mim enquanto eu caminhava a passos duros para dentro da escola. – O que vai fazer?
Eu iria matar aqueles dois.
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