Cap. 2
Antes de ir embora ao fim daquele plantão, ele resolveu checá-la mais uma vez, e para sua surpresa ela se contorcia sozinha na cama, não era uma convulsão, parecia com um pesadelo de onde ela não conseguia acordar, será que estava revivendo a violência? Ele correu para a sua cama, segurou seus ombros e tentou acordá-la fazendo carinho em seus cabelos, aos poucos ela se acalmou e seus olhos começaram a abrir, quando aqueles olhos o encararam ele viu o medo presente neles e com a voz mais calma que conseguia apesar de sua euforia por finalmente ve-la acordada tentou acalmá-la
- Oi, está tudo bem, você está segura, estamos em um hospital, sou o médico que cuida de você desde que chegou, me chamo Luciano – ela ficava piscando enquanto assimilava a informação, mas ele tinha que ouvir a sua voz então continuou – como se sente?
- Estou zonza, com muita sede e preciso ir ao banheiro – apesar de rouca a voz dela era linda assim ele pensou ao ouvi-la pela primeira vez
- Vou chamar a enfermeira para ajudá-la a ir ao banheiro e depois tomar um banho, isso irá ajudar a se recuperar, quanto à água – virou-se para a mesinha que tinha uma jarra de água colocando-a em um copo e entregando a ela que se sentava aos poucos – aqui, pode beber, mas aos poucos para não engasgar
- Obrigado – agradesceu se levantando da cama com a ajuda de Luciano indo com a enfermeira ao banheiro, após aproximadamente 20 minutos saiu do banheiro com uma camisola do hospital e os cabelos umidos, ela não deveria ter lavado a cabeça ainda, mas ele podia entender o quanto ela precisava disso.
Embora ele não estivesse mais de plantão sua vontade de ficar com ela foi maior e quando ela saiu do banheiro ele estava sentado em uma cadeira ao lado de sua cama que tinha sido trocado os lençois e trazido novos travesseiros, agora que ela estava acordada ele fazia questao de que ela se sentisse confortável.
- Como se sente?
- Estou melhor agora, precisava de um banho, só não gosto dessa roupa
- Entendo, mas é o que tem agora, você tem alguém que eu possa ligar para trazer suas roupas?
- Não – e se fechou, provavelmente o trauma era muito grande
- Faz assim, me fala do que gosta que vou tentar arrumar alguma coisa pra voce
- Obrigado, eu só queria uma roupa que não ficasse mostrando minha bunda quando ando e calcinhas, não gosto de usar a mesma mas não dá pra ficar sem com essa camisola
- Acho que isso eu consigo arrumar pra você, alguma preferencia?
- Não, afinal estou em um hospital não é mesmo, tenho uma boa desculpa pra não ter que colocar saltos e roupas desconfortáveis
- Verdade, vou arrumar tudo pra você, volto mais tarde, por enquanto tente se lembrar do que puder, pela forma que chegou aqui vou ter de avisar a polícia que acordou para continuar com a investigação, a propósito qual o seu nome?
- Err...
- Você não se lembra ou não quer falar
- Acho que sim, mas... – e suas palavras morreram
- Tudo bem, saiba que está segura, então vou continuar a te chamar de Ana
- Como assim?
- É que eu não gosto de não ter um nome pra um paciente então desde que chegou tenho te chamado de Ana
- Há quanto tempo eu estou aqui?
- Mais ou menos uns 2 meses
- Que dia é hoje?
- Segunda, dia 22 de junho
- Meu Deus, o que aconteceu comigo?
- Vou te dizer o que sei, você chegou aqui desacordada e toda machucada, não sei se por um assalto ou sei lá o que, e desde então temos cuidado de você
- Ok, será que posso ficar sozinha um pouco? É muita informação
- Tudo bem, mas por favor, descanse, seu corpo ficou muito tempo parado, não se esforce demais, vou arranjar algumas roupas para você não ter que ficar com essa camisola ok?
- Obrigado, vou tentar dormir um pouco, isso sempre me ajuda a pensar
Normalmente Luciano teria ido ao setor de doações ou achados e perdidos para arrumar as roupas para seus pacientes, mas ele queria roupas novas para Ana, que combinassem e fizessem jus a beleza dessa mulher, então pegou seu carro e foi até um shopping próximo, escolheu uma calça de moleton cinza claro, duas bermudas de algodão uma preta e outra rosa claro, três regatas coloridas, meias, chinelo, calcinhas e soutiens. Luciano era solteiro, se fosse uma ocasião normal ele até poderia se interessar por ela, mas não sendo seu médico e ainda mais sem conhecer absolutamente nada da sua vida. Ao terminar as compras passou em um mercado e comprou mais alguns objetos pessoais e montou uma pequena mochila, e assim voltou para o hospital.
A encontrou adormecida, mas assim que chegou ela reabriu os olhos e o viu abriu um sorriso e se sentou na cama para ver suas roupas novas, pegou a mochila e tirou tudo de dentro admirada em como ele foi rápido, mas se assustou ao ver as etiquetas
- Você comprou tudo isso pra mim?
- Comprei, não encontrei nada no setor de doações então fui ao shopping – talvez ela se sentisse mal se dissesse a verdade
- Me diga quanto custou que vou dar um jeito de pagar
- Custou exatamente o esforço que você fez para acordar, é um presente de bem vinda de volta
- Obrigado – ela abaixou a cabeça sem graça, pegou uma muda de roupa e correu para o banheiro, quando voltou ele percebeu como tinha escolhido bem, ela estava linda apesar das roupas relativamente simples que ele havia comprado
- Ficaram boas em você, mas enfim, como você acordou hoje, se até o fim de semana estiver tudo bem vou te deixar ir pra casa
- Ah, OK – ela ficou triste ao saber da auta mas tentou disfarçar ao máximo, mas ele percebeu
- O que foi? Você não sabe pra onde ir?
- É mais ou menos isso
- Fica tranquila, se até lá você não pensar em nada damos um jeito ok?
- Tá bom, obrigado mais uma vez por tudo
- Não por isso, agora eu vou pra casa, preciso dormir pq daqui a pouco volto pro proximo plantão
- Boa noite Luciano
- Boa noite Ana – e sai com o coração mais leve por enfim ter tido o prazer de conversar com ela, vê-la caminhando, viva, por mais que seu profissional estivesse satisfeito por ter tido exito em mante-la viva e ajudado a acordá-la, ele estava euforico por te-la por perto e quando fosse conversar com ela na próxima verificação ela responderia aos comentários imbecis dele.
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