49| O Substituto
SORA
Quando Charlie finalmente partiu, corri para a sala e dormi no sofá. Não queria ser atacada por Lieff. Lembrei com amargura que já era segunda, dia em que teria que apresentar o seminário na faculdade. Mesmo odiando a ideia de desperdiçar uma bela tarde de "sol", o trabalho teria que ser feito. Mal pisquei os olhos e o Sr. Morte estava de volta, foi ai que lembrei do pequeno pedaço de pergaminho dizendo que ele voltaria todas as segundas para me levar novamente ao mundo inferior. Não sei como, mas consegui escapar de suas correntes. Lembrei que ele não conseguia me pegar no plano físico, mas apenas quando eu dormia. Por isso despertei rapidamente e continuei acordada até a hora de ir para o campus da faculdade. Me senti muito bem ao se mais esperta que ele, pontos para mim.
Tomei um banho rápido e vesti minha melhor calça jeans e casaco preto. Deixei um bilhete para Li, avisando que tomei seu carro emprestado e que só voltaria as quinze horas. Lamentei por minha nota mesmo que o professor ainda não tivesse avaliado meu seminário, pois estava exausta. Era um dos raros dias em que Blizzard não estava totalmente coberta de neve e gelo, não havia neblina na estrada. Estava fazendo um belo dia, mas infelizmente precisaria abdicar de desfruta-lo para passar algumas horas na faculdade. Me perguntei se Gendel voltaria se eu voltasse a dormir, provavelmente sim. Queria estar bem longe dele, não aguentaria passar mais cinco dias vendo aquela careta carrancuda, e de que iria me adiantar conseguir conjurar aquelas sombras? De que elas me serviriam? Para nada, acho.
Cortei a estrada principal para adiar um pouco a minha chegada, não estava com nenhuma pressa. Passei pela estrada que passava dentro do bosque, grandes árvores fechavam o lugar como um túnel, era um lugar bonito e tranquilo. Abri a janela do carro para receber ar fresco, o farfalhar das folhas era tranquilizante. De repente senti muito sono, meus braços ficaram dormentes e meus olhos pesaram. Acho que cochilei por alguns segundos, porque mais uma vez vi Grendel tentando me puxar pelo braço, mas despertei com o som insistente da buzina, estava com a cabeça apoiada no volante. Rapidamente recuperei o foco e direcionei o carro de volta para a pista. Então era isso que ele estava tentando fazer, queria que eu dormisse a todo custo para me levar ao seu mundo. Mas eu não iria dar o braço a torcer, olhei para trás e verifiquei se não havia algum outro carro atrás de mim. Então encostei na beira da estrada e procurei por algum energético em minha bolsa, mas não encontrei nada.
Resolvi procurar no porta-luvas e acabei encontrando algumas pílulas que Lieff usava para ficar esperto e estudar durante a noite, seriam extremamente úteis. Joguei duas na boca e as engoli no seco, tossi um pouco para elas descerem. Me recostei no banco e esperei quinze minutos para que elas começassem a fazer efeito, e foi praticamente instantâneo. Logo me senti energizada e voltei a dirigir. Agora o Sr. Morte não conseguiria me pegar de maneira alguma, e quando finalmente fosse terça, eu poderia tirar um belo dia de sono. Cheguei cinco minutos atrasada na aula, todos já estavam em seus lugares. Para a minha sorte, o professor Leonel ainda não havia chegado, era o melhor de todos, mas nunca chegava atrasado. Sentei perto de Tris, que estava com seu cabelo cacheado maior que o normal.
- Bom dia Sora – cumprimentou. – Não acha estranho que o professor Leonel esteja atrasado?
- Sim, bem esquisito... ah bom dia – sorri e me sentei na carteira.
- Sinistro – Tris assobiou.
Senti algo quente no bolso da calça e pulei da cadeira, Tris riu do meu desespero e perguntou se tinha uma formiga em minhas calças. Neguei com a cabeça e tirei um pequeno rolo de pergaminho, já adivinhado de quem era.
"Por que está fugindo? Não é nada fácil passar para o mundo físico sabia? Leva tempo e fico exausto, preciso que você durma agora. Não me dê mais trabalho, não tenho muito tempo para você. Te darei exatamente uma hora para você estar aqui, se não tomarei medidas drásticas."
Joguei o pergaminho no lixo e voltei a sentar na carteira. Esperamos por quase uma hora e nada do professor. E como sempre, a sala tornou-se uma zona, afinal ainda éramos adolescentes. A porta abriu-se de repente e a representante entrou apressada, ela tentou fazer com que todos calassem a boca até Tris conseguir chamar toda a atenção para si e pedir silencio para a turma.
- Oh obrigado Tris! – exclamou Natália, a representante. – Pessoal, trago notícias do professor Leonel.
Silêncio total.
- Ele não virá porque está com sérios problemas de saúde...
- O que ele tem? – interrompeu Kika.
- Continuando... – Natália ignorou o comentário de Kika e olhou ao redor, desafiando ver quem a interromperia novamente. – Pois bem, ele caiu e quebrou a perna ao descer da escada fora de casa. Por isso a demora, mas fiquem tranquilos, temos um substituto.
- Ele é gostoso? – ouvimos alguém gritar nos fundos. Risadinhas irromperam pela sala, o que deixou Natália mais nervosa.
- Vamos lá pessoal! – esganiçou-se. – Ele é um ótimo professor e tenho certeza que todos vocês o receberão muito bem...
- Se ele for gostosão... – ouvimos outra piada, vinda da mesma pessoa nos fundos.
- Bem, isso fica a critério de vocês – Natália sorriu e abriu a porta. – Quero que vocês deem as boas-vindas ao seu mais novo professor substituto, Grendel W. Lit.
Prendi a respiração e meu corpo gelou com a menção daquele nome. Seria apenas coincidência? Não. Um homem alto de cabelos negros e olhos verdes e azuis irrompeu pela sala exibindo um sorriso para todos, mal acreditei no que vi. Grendel não usava sua habitual vestimenta negra e não estava fazendo carranca. Ele usava um suéter repleto de losangos pretos e azuis, também usava uma calça jeans preta e óculos de aro grosso. Estava um típico nerd americano. Andou até o birô e colocou algumas pastas em cima, depois ergueu a cabeça e sorriu mais uma vez para a turma, que olhava boquiaberta para o professor mais estranho de todos os tempos. Tris olhou para mim com a sobrancelha erguida, mas apenas dei de ombros.
- Bom dia turma – cumprimentou. – É um prazer estar aqui com vocês.
Ninguém respondeu, era como se uma atmosfera sombria tivesse abatido o local. Natália moveu-se desconfortavelmente perto da porta, acho que estava desconfortável com a falta de educação da turma. Grendel varreu a sala com seus olhos estranhos e os parou em mim, meu estômago embrulhou quando ele tentou formar um sorriso nos lábios. Não era todo dia que o Sr. Morte conseguia sorrir para alguém, principalmente para mim, que havia enchido sua paciência até a borda. Algo me dizia que ele não estava muito feliz comigo.
- Eu disse bom dia – um trovão ressoou lá fora e algumas pessoas assustaram-se com a repentina mudança do tempo, era óbvio que eu já sabia o que era.
Como se todos ficassem intimidados com sua voz repentinamente gutural, um murmurinho de bons dias se foi tão rápido quanto veio. Até mesmo Natália assustou-se com o trovão que fizera tremer as paredes da faculdade e saiu apressadamente da sala, deixando todos à mercê da divindade da morte. Acho que se todos soubessem quem realmente era aquele professor sinistro, nem precisaria contar o número de pessoas que ficariam para assistir sua aula. Qual era a dele? Aquele era um reforço de história para a peça, ele saberia mesmo desenrolar uma aula? O que realmente havia acontecido com o professor Leonel? Comecei a temer pelas pessoas ao meu redor, estariam elas pagando pela minha desobediência? Comecei a pensar que sim, não queria que nenhum de meus amigos se machucasse por minha causa, mas era isso que ele estava tentando fazer. Grendel queria que eu desse o braço a torcer.
- Desculpem por falar daquela maneira, não quero começar mal com ninguém – ele deslocou-se para à frente do birô e apoiou-se nele. – Por que não começamos com as apresentações?
As coisas foram acalmando-se um pouco, sua mudança de atitude fez a diferença. Se havia uma regra primordial, essa era quem definia se um professor era chato ou legal. Se ele chegasse de maneira séria e sentasse diretamente na cadeira do birô, esse já era classificado automaticamente como chato. Mas se ele chegasse de maneira descontraída e se apoiasse no birô ou sentasse, esse era definitivamente o legal. E era isso que o Sr. Morte estava fazendo.
- Bem, acho que tenho que me apresentar primeiro – ele colocou um lápis atrás da orelha. – Me chamo Grendel W. Lit, trabalho como professor de história há pouco tempo...
- Tipo quanto tempo? – interrompeu Kika.
- Tipo dois anos – ele cruzou os braços diante da interrupção. – E quem é a senhorita?
Revirei os olhos. Ele ergueu uma sobrancelha para mim.
- Me chamo Kika May! – ela sorriu triunfante. – É um prazer conhece-lo.
- Digo o mesmo Kiki – percebi que Grendel estava analisando a garota.
- É Kika – ela riu. – Você não nos disse a sua idade Grendel.
- Oh, sabia que é indelicado perguntar a idade de um rapaz? – ele falou aquilo olhando para mim.
- Múmia... – murmurei só para mim, mas acho que todo mundo ouviu.
A sala toda riu, menos eu. Revirei os olhos e olhei para meus pés, era incrível como todos estavam caindo na dele. Claro que ele devia ter uns oitocentos anos! Sempre estive sozinho, a vida toda. Não sei porque aquela frase me veio na cabeça, mas me senti desconfortável ao ponto de não conseguir mais olhá-lo até que Tris me cutucou, era minha vez de me apresentar para ele. Olhei taciturna para Grendel, que me encarava com um uma expressão de divertimento. Voltei a revirar os olhos e olhei as horas no meu celular.
- Passo – resmunguei.
"Ora ora, a famosa Sora Bloom deseja passar sua vez... nos conte como foi desejar que sua família morresse e depois chorar de arrependimento."
- O que você disse? – pigarrei alto demais.
Todos estavam olhando para mim como se eu fosse louca. Tris perguntou seu eu estava bem, mas não respondi. Olhei para Grendel e me senti furiosa ao perceber que ele havia falado nos pensamentos comigo e me feito passar por idiota na frente de todos.
- Eu disse que quero saber seu nome – ele falou calmamente.
Não. Definitivamente não mesmo! Não iria aturar que ele fizesse aquilo comigo. Coloquei meus livros dentro da mochila e levantei da cadeira, Mas Tris segurou meu braço e me fez parar antes mesmo de começar a andar em direção da porta.
- Ei, você está bem Sora? – perguntou.
- Estou Tris, mas lembrei que tenho algo urgente para resolver – me soltei de seu aperto e voltei a andar.
- Ainda não terminei a aula...
- Vá se ferrar – resmunguei e ouvi exclamações e assobios antes de sair da sala.
Não me importei com nada, apenes disse. Desde que ninguém invadisse meu espaço pessoal, estava tudo ótimo, mas ele havia violado mais do que meu espaço pessoal. Já estava começando a achar que odiar Grendel seria pouco, eu estava furiosa. Estava na cara que o seminário não ia acontecer, pelo menos um ponto positivo nesse dia que já havia começado muito ruim. Como ele sabia sobre o acidente? Eu não desejei que minha família morresse! Fui para uma área mais isolada do campus, onde tinha um lago com águas calmas e diversas mesas prostradas debaixo de algumas árvores. Na verdade, aquele lugar era bem agitado quando o almoço era servido, mas todos estavam em horário de aula. Aproveitei a tranquilidade para estudar um pouco sobre a Mesopotâmia, que seria fundamental para nosso projeto de peça. Não demorou muito tempo para o almoço começar a ser servido, aproveitei a ser a única fora de sala e corri para pegar a comida logo quente.
- O que faz fora de sala tão cedo querida? – indagou Júlia, a melhor cozinheira do campus.
- Professor novo e intrometido – resmunguei, pegando um prato que ela havia estendido.
- Ah sim, você fala daquele homem esquisito?
- Esse mesmo – joguei uma porção de macarrão no prato. – Ele é um horror.
- Não diga isso querida, ele é um rapaz muito bonito. O que ele fez para você?
Me arrastou para o inferno durante cinco dias e hoje tentou me sequestrar novamente. Falei para mim mesma.
- Só não gosto dele – resmunguei.
- É assim que começa, pelo ódio – Júlia sorriu e colocou um pedaço de bife em meu prato.
- O que você quis dizer? – indaguei.
- O amor é claro.
Apressei em pegar um refrigerante na máquina e voltei para a mesa. Aquela conversa estava ficando esquisita demais. Alunos começavam a sair de suas aulas e já formavam uma imensa fila na cantina. Sentei em uma pequena mesa escondida detrás de um salgueiro torto na margem do lado, lá estava mais frio, porém mais tranquilo. Comecei a comer para não esfriar, tudo estava uma delícia. O sol que iluminava o céu pela manhã já havia sumido entre as pesadas nuvens acinzentadas. Peguei meu celular e coloquei para tocar uma música legal, No Angels, do Bastille. Coloquei os fones, alguém poderia me descobrir ali caso escutasse a música. O refrigerante estava quase todo congelado, desisti de toma-lo na terceira tentativa. Alguém apareceu detrás de mim e removeu meus fones, mais uma coisa que eu odiava.
- Achei você – era Grendel, ele sentou ao meu lado e esticou as pernas longas para poder acomodar-se melhor, era incrível como ele era alto. – Podemos acabar com isso agora se você for comigo.
Continuei a comer como se ninguém estivesse ali.
- Vai me ignorar agora? Está afim de ser reprovada? – ameaçou.
Me engasguei com um pedaço de bife, mas continuei a ignorá-lo.
- Como você é uma pessoa difícil, acho que não iria querer me ver zangado não é?
Ignorado mais uma vez. Ele meteu a mão no prato e roubou meu único pedaço de bife e o colocou inteiro na boca, fiquei boquiaberta com a cena bizarra. Infelizmente ele conseguiu chamar minha atenção, pontos para ele.
- Isso está muito bom, faz quase cinco anos desde a minha última refeição.
Mesmo sabendo que ele estava ali, não falei nada e observei o movimento serene que a correnteza fazia na água.
- Por que está dificultando tanto? – perguntou.
- Vá se fe...
Grendel segurou meu queixo com a mão antes que eu conseguisse terminar meu palavrão. Ele estava novamente fazendo sua careta mais carrancuda, estava ficando sem paciência assim como eu estava com ele. Pensei em fazer careta de choro, mas isso só iria piorar a situação. Tentei tapear sua mão, mas ele continuou apertando minhas bochechas. Tentei protestar para que ele me largasse, mas o aperto tornou-se mais forte. Ele espremeu meus lábios entre seus dedos e lentamente foi puxando meu rosto de encontro ao seu. Tentei ser mais calma e segurei sua mão, ele começou a diminuir a força e foi largando à medida que eu ia puxando sua mão para baixo.
- Como você é mal educada – resmungou. – Não é assim que se resolvem as coisas.
- Olha quem fala – massageei o queixo dolorido. – Me chamou de burra sem ao menos me conhecer melhor!
- Mas eu já te conheço faz muito tempo, você continua muito burra.
Senti uma veia saltar em minha têmpora. Muito tempo? Cinco dias não era muito tempo.
- Cale a boca – bufei.
- Vamos comigo Sora, tenho responsabilidades – ele me olhou sério.
- Que responsabilidades? – indaguei.
Ele fitou profundamente meus olhos. Ficamos em silêncio enquanto um forte vendo açoitava as folhas do salgueiro. Meu almoço já estava frio, mas já não me importava. Grendel havia dito algumas vezes que eu era uma divindade e que precisaria ser treinada, mas para que? Não consegui ver nexo algum diante da situação que estava sendo desenrolada, e ele também não parecia entender, mas só estava seguindo ordens de alguém superior. Como poderia existir algo maior que o Sr. Morte? O vento tornou-se mais forte e meus olhos começaram a pesar, olhei para baixo e consegui escapar do olhar hipnotizante de Grendel, ele estava tentando me entorpecer e me levar de volta para o mundo inferior.
- Olhe para mim Sora... por favor – sua voz estava suave.
Olhei para ele e vi algo diferente, não sei explicar o que, mas ele parecia mais humano.
- Não quero ir...
- Mas você precisa, por favor, você tem que vir comigo – implorou.
Senti que ele estava agoniado, praticamente desesperado. Mas ainda sim fiz um meneio com a cabeça. Ele grunhiu de raiva e tentou me agarrar com oas braços, mas consegui ser mais rápida e me afastei a tempo, fazendo ele quase dar com as fuças na grama.
- Gostei de ser seu professor, sabe. Pretendo me efetivar – percebi a indireta.
- Ótimo – retruquei. – Adoraria mesmo.
Me arrependi ao vê-lo apertar os lábios e fazer carranca.
- Que bom então, mas você vai dormir mais cedo ou mais tarde. Quanto mais você adiar, mais tempo ficará comigo.
- Isso não é justo! Eu te odeio! – ralhei.
Ele me olhou com tristeza e irritação.
- Eu só não queria te ver presa para sempre como eu estou... – ele fitou o lago. – Venho acompanhando sua vida desde a sua criação...
- Como assim? – indaguei.
- Conheço você desde que era apenas uma garotinha birrenta, vejo que não mudou muita coisa... não lembra das tardes de chá?
Fiz que não, e então ele me deu um peteleco na testa. De repente tudo me veio na memória. O dia no bosque em que eu encontrei o príncipe gigante Bogu-Bogu, era assim como eu o chamava sempre quando brincava de tomar chá e papai e mamãe achavam que eu havia criado um amigo imaginário. Ele sempre estava lá, mas estava mesmo? A morte sempre esteve comigo? Olhei para Grendel e descobri de onde seu rosto me era tão familiar.
- Não acredito! BOGU-BOGU! – exclamei alto demais. Cai na gargalhada ao ver a careta de descrença de Grendel. Então era ele.
- Pare com isso – resmungou, tentando esconder o rubor da sua cara de babaca.
- Não acredito que é você, que horror!
- Cale a boca, não deveria ter lhe contado isso. Agora vamos?
- Nem pensar, só porque acabei de descobrir que você era meu amigo imaginário isso não significa que irei com você. Por que não está me chamando de Shadoe?
- Isso é uma coisa estúpida. Não faço coisas estúpidas. Quer dizer, eu fiz, mas foi sem querer...
O vento forte voltou a açoitar as folhas do salgueiro. Uma folha caiu sobre o cabelo negro de Grendel, não controlei o impulso de removê-lo, era como eu sempre fazia no Japão, quando as folhas de cerejeira caíam-lhe sobre os cabelos.
- Pronto – falei.
Ele me olhou surpreso e levantou da cadeira, ficando de frente para mim. Tive que olhar para cima para conseguir fitá-lo.
- Como uma coisa tão errada... pode parecer tão certa? – indagou Grendel, e novas folhas voltaram a cair sobre sua cabeça.
- Eu não sei...
- ATCHIM! – ele espirrou de repente, me fazendo pular de susto. – ATCHIM! ATCHIM! ATCHIM! Quem droga... ATCHIM! O que é isso... ATCHIM!
Bem, acho que o Sr. Morte estava começando a sentir os efeitos de um resfriado.
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