𝐂𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐒𝐄𝐈𝐒 - 𝐒𝐔𝐒𝐒𝐔𝐑𝐑𝐎𝐒 𝐃𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐈𝐆𝐎𝐒

Na pequena e isolada vila de Eldervale, histórias de entidades sobrenaturais eram contadas ao redor das fogueiras desde tempos imemoriais. A vila, cercada por florestas densas e banhada por um rio de águas cristalinas, parecia flutuar em uma bolha de outro mundo. Os moradores viviam em um equilíbrio frágil entre o ordinário e o desconhecido.

Tudo começou quando Elias, o jovem aprendiz de ferreiro, encontrou um objeto peculiar durante uma caminhada nas margens do rio. Era uma máscara feita de um material preto como obsidiana, com desenhos intrincados que pareciam pulsar levemente sob a luz do sol. Sentindo uma curiosidade irresistível, Elias levou o artefato consigo, sem saber que havia desencadeado algo que a vila não via há séculos.

Naquela noite, enquanto a vila dormia sob o céu estrelado, sussurros ecoaram pelas ruas estreitas. Pareciam palavras antigas, de um idioma que ninguém mais conhecia, mas que penetrava na mente como se cada sílaba carregasse um significado ancestral. Elias acordou em sobressalto, sentindo um peso no peito. A máscara, que ele havia escondido debaixo de sua cama, estava agora sobre sua mesa, emanando um brilho fraco.

Os dias seguintes trouxeram um caos crescente. Animais desapareciam sem deixar vestígios, e os campos começaram a secar inexplicavelmente. Mais alarmante, alguns moradores relatavam visões de figuras sombrias nos cantos de suas casas, observando-os com olhos que pareciam fendas ardentes no tecido da realidade.

Elias decidiu procurar ajuda com a pessoa mais sábia da vila, a anciã Mirra, conhecida por seu conhecimento das lendas antigas. Ao ver a máscara, Mirra empalideceu.

— Onde encontrou isso? — perguntou ela com uma voz trêmula.

Elias contou sua história, e Mirra explicou que a máscara era um relicário de Kothar, uma entidade aprisionada há eras. Kothar era conhecido como o "Tecelão do Véu", um ser que manipulava a linha que separava os mundos, transformando a realidade em um pesadelo para aqueles que ousavam invocar seu poder.

— Precisamos devolvê-la ao seu lugar de descanso antes que seja tarde demais — alertou Mirra. Mas o tempo era curto, e a vila já estava começando a se fragmentar sob a influência de Kothar

Juntos, Elias e Mirra partiram em uma jornada pela floresta em busca do Círculo das Raízes, um santuário onde, segundo a lenda, o relicário havia sido selado. A floresta era traiçoeira, com caminhos que se dobravam sobre si mesmos, sombras que ganhavam vida e um frio que parecia emanar da própria terra.

No terceiro dia, foram confrontados por uma manifestação de Kothar. A entidade não tinha forma definida; era uma massa ondulante de trevas, com tentáculos de energia que se estendiam para agarrá-los. Elias, segurando a máscara, sentiu uma conexão com a criatura, como se ela estivesse tentando negociar sua libertação.

— Não ouça os sussurros dele! — gritou Mirra, entoando cânticos de proteção.

Com um esforço único de vontade, Elias resistiu à tentação e seguiu em frente. Quando finalmente chegaram ao Círculo das Raízes, o lugar parecia ter saído de um sonho étereo: árvores gigantes formavam um anel perfeito, e no centro havia uma pedra ritualística coberta de runas luminosas.

Mirra orientou Elias a colocar a máscara no altar e recitar as palavras de selamento. Mas antes que pudessem completar o ritual, Kothar manifestou toda sua fúria. A entidade emergiu do solo como uma tempestade de sombras, tentando engolfar os dois.

Elias, em um último ato de coragem, colocou a máscara em seu próprio rosto, canalizando o poder de Kothar contra ele mesmo. A dor era indescritível, mas isso permitiu que Mirra completasse o ritual. Com um grito que sacudiu a terra, a entidade foi sugada de volta para o relicário, e a máscara caiu ao chão, agora inerte.

Elias sobreviveu, mas não saiu ileso. Seus olhos agora refletiam o brilho das estrelas, e ele podia ouvir ecos do outro lado do véu. A vila voltou ao normal, mas Eldervale nunca mais foi a mesma. O jovem aprendiz tornou-se o guardião das lendas, vivendo para assegurar que nenhuma outra entidade escapasse.

E nas noites mais escuras, quando os ventos sussurram entre as árvores, pode-se ouvir uma voz distante chamando o nome de Elias, esperando pela chance de voltar

FIM.

Escrito pela Autora Júlia (AutoraLorenzin)

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