𝐂𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎 - 𝐎 𝐆𝐑𝐈𝐌𝐎́𝐑𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐍𝐘𝐗

Na vila esquecida de Eldermoor, envolta por florestas densas e penumbrosas, havia lendas que falavam de um grimório antigo e proibido, chamado "O Códice de Nyx". Diziam que tal tomo guardava segredos de rituais de magia negra capazes de moldar a realidade, mas à custa de um preço terrível: a alma do praticante.

Alina, uma jovem alquimista, morava na vila e era obcecada pelo desconhecido. Depois que uma praga varreu Eldermoor, levando seus pais e quase todos os aldeões, Alina jurou trazer a vila de volta à prosperidade. Em suas buscas por soluções, ouviu sussurros sobre o grimório escondido nas ruínas de uma antiga catedral à margem da floresta.

Certa noite, guiada pela lua cheia, Alina atravessou a floresta, munida de ervas, amuletos e uma determinação feroz. A catedral era um espectro de outrora, suas colunas desmoronadas e vitrais quebrados filtrando a luz prateada. No altar, ela encontrou o grimório envolto em correntes enferrujadas, como se até mesmo os mortos temessem seu poder.

Ao abrir o tomo, uma brisa gélida varreu a catedral, e sombras dançaram pelas paredes. As páginas eram escritas em uma língua que parecia mudar enquanto Alina as lia, como se o texto estivesse vivo. Finalmente, encontrou um ritual prometendo restaurar a vida à vila. Era necessário coletar três artefatos: o Cálice do Sangue Eterno, o Cristal do Éter e o Medalhão da Eternidade, cada um protegido por maldições temíveis.

O primeiro artefato estava no covil de um vampiro ancestral, escondido em uma cripta subterrânea. Alina enfrentou visões horríveis e armadilhas mortais antes de confrontar a criatura. Em um combate desesperado, usou uma poção incendiária para reduzi-lo a cinzas e tomou o Cálice.

O Cristal do Éter repousava em um lago encantado, guardado por um espírito aquático. Para conquistá-lo, Alina precisou resolver um enigma que ameaçava aprisioná-la para sempre no fundo do lago. Com sua astúcia, respondeu corretamente e emergiu vitoriosa.

Por fim, o Medalhão da Eternidade estava nas profundezas de uma caverna, onde um demônio o vigiava. O ser ofereceu um pacto: o medalhão em troca de uma memória preciosa. Alina entregou a única lembrança que tinha do sorriso de sua mãe. Com os artefatos em mãos, retornou à catedral.

O ritual era elaborado, exigindo um círculo de runas desenhado com sangue e uma invocação entoada sob um eclipse lunar. Quando Alina completou o último verso, a terra tremeu e uma figura encapuzada emergiu do círculo. Era Nyx, a entidade que inspirou o grimório.

— Concederei teu desejo — disse Nyx, com uma voz que ressoava como trovão. — Mas, como sabe, tudo tem um custo.

Alina assentiu. Queria salvar a vila a qualquer preço. Nyx estalou os dedos, e um clarão consumiu a catedral. Quando Alina recobrou os sentidos, Eldermoor estava restaurada. As pessoas voltavam a andar pelas ruas, saudáveis e felizes. Mas algo estava errado.

Os aldeões não a reconheciam, como se nunca tivessem conhecido Alina. Ela não era mais vista como parte da vila; era uma forasteira, uma estranha. Percebeu que sua existência havia sido apagada em troca da restauração.

Desolada, Alina retornou à floresta, carregando o grimório. Entendeu que Nyx não havia mentido, apenas cumprido seu desejo de forma cruel. Alina agora era uma guardiã da maldição, condenada a vagar sozinha, com o poder de mudar o mundo, mas incapaz de ser parte dele.

Eldermoor prosperou, mas à meia-noite, quando a lua cheia brilhava, os aldeões juravam ouvir os sussurros de uma mulher entre as árvores, carregados com promessas e advertências para aqueles que ousassem buscar o proibido.

FIM.

Escrito pela Autora Júlia (AutoraLorenzin)

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