16) Longo caminho pela frente
Carl e Tyreese entraram na casa que mais parecia ser uma cabana abandonada no meio da floresta, eu já não aguentava mais Lizzie e Mika conversando sobre o que pensavam dos mortos, que na verdade eram pessoas e que não poderiam nos machucar.
— Lizzie você está errada. Não pode pensar assim.
— Eu posso. Eles são pessoas Trinity, não vou matar mais ninguém — dizia cruzando os braços e batendo o pé no chão.
— Acontece que se você não fizer isso eles vão te matar! — Gritei — vão comer você enquanto assiste tudo!
— Isso não é verdade! Eu posso provar! — Ela gritava de volta, cerrei os punhos.
Tentei relaxar, Lizzie só podia estar brincando não tinha como provar eu estava com toda a razão desta vez.
— Ótimo. Prove o contrário então! — Disse à ela, um morto saiu de dentro da casa e Lizzie caiu no chão.
— Lizzie! — Mika gritou segurando Judith que começou a chorar.
O morto foi diretamente em direção a Lizzie, puxei a arma e apontei para ele.
— Não atira! — Ela teve a coragem de gritar, era suicídio.
— Trinity atira! Por favor! — Mika gritou em desespero pela irmã.
Então ignorei o pedido acertando-o bem na cabeça, foi questão de segundos e eu não ia deixar que ele a pegasse de qualquer maneira. Empurrei o corpo do morto para o lado e puxei Lizzie pela camiseta, ela estava brava e não agradecida por continuar viva.
— Pessoas não tentam comer você viva — fui em direção a Mika e peguei Judith.
Lizzie engoliu em seco ajeitando a camiseta velha, fui para dentro da casa com Judith e Carol e Tyreese saíram ao ouvir os gritos, ambos ficaram para verificar as garotas, sentei-me com Judith em um sofá velho que com certeza já vira dias melhores, tentei acalmar a pequena com seu rostinho vermelho feito pimenta de tanto chorar.
— Está tudo bem, somos só você e eu garotinha — sussurrei em seu ouvido e deixei um beijo em sua cabeça continuando a balançar em pequenos pulinhos.
Judith parou de chorar e levou um tempo até que conseguisse dormir, meus braços já estava quase adormecendo quando ela fechou os olhinhos, eu sorri, não havia coisa mais serena no mundo que Judith Grimes dormindo, Carol me viu ninando a pequena no sofá e veio até nós.
— Mika me contou o que aconteceu...
— Se não convencer a Lizzie de que mortos não são pessoas, ela vai se matar — sussurrei para não acordar Judith, Carol assentiu encarando o vazio em sua frente.
— Você não é como elas, é forte, fico feliz que esteja viva.
Levemente estiquei os lábios, ainda estava brava ao pensar em Lizzie, Carol ficou com Judith e sentei-me em uma poltrona no outro lado era tão confortável que eu parecia afundar em tecido macio, relaxei os músculos e descansei enquanto encarava a lareira que Tyreese havia acendido mais cedo, estava tudo tão quieto que nem percebi quando dormi. Pela manhã Carol verificou o ferimento em minha perna uma última vez, estava melhor e o leve sorriso de Carol entregou isso.
Alcancei um pêssego que Tyreese colheu e comi, peguei Judith e a levei para uma cadeira na varanda, ela estava tão feliz com a paz que estávamos tendo agora.
— Está feliz? Você já deve ter esquecido tudo o que aconteceu não é? — Neguei desacreditada — eu espero que não passe por tudo isso que estamos passando quando tiver a minha idade.
Estendi meu dedo mindinho e Judith i segurou com sua mãozinha, sorri e deixei um beijo em seu rosto.
— Se meu irmãozinho estivesse aqui...
Ouvi as meninas gritando de algum lugar, levantei procurando-as, segurei Judith e com a outra mão puxei minha arma, Tyreese e Carol correram para ajudar as meninas com mortos que invadiam a propriedade, foi resolvido logo, não havia nada além de mortos para nos atacar e isso de alguma forma de trazia alívio. Assim que o Sol se foi deixei que Carol cuidasse de Judith, me joguei no velho sofá cansada e ansiosa por passarmos um dia fora da estrada, pude ouvir Carol logo atrás conversando seriamente com Lizzie, devia pensar que eu estava dormindo mas parece que ela finalmente havia entendido que mortos não são pessoas mesmo que já tenham sido algum dia.
No outro dia saí para passear com Judith, sozinha, Carol queria que ficássemos dois dias e eu estava ansiosa para partir logo precisava sair para pegar um ar.
— Você está gostando daqui? — Perguntei à Judith e sorri, mesmo que ela não fosse responder — Bom, aproveite porque é o nosso... Lizzie!
Encontrei Lizzie segurando uma faca, Mika estava no chão e pelo sangue em suas mãos apenas presumi o óbvio, ela havia matado a própria irmã.
— O que você fez?! — Gritei.
Fui até Mika e deixei Judith ao seu lado no chão para verificar se ainda estava viva, não havia batimentos.
— Você disse que queria provas — dizia chorando, ela sabia que havia feito algo errado e que não tinha volta — e-eu vou provar que estou certa.
Senti uma lágrima escorrer em meu rosto pela mais nova, peguei Judith e puxei minha arma com a outra mão.
— Ela está morta! V-você matou sua irmã! — Disse sentindo meu coração se despedaçar e mil e um pedaços, era minha culpa, eu a desafiei.
Apontei a arma para Mika, não podia deixar que virasse, Lizzie puxou a arma que ainda tinha apontando para mim.
— Não faz isso se não eu atiro! — Gritou, larguei a arma e segurei Judith firme.
— Você está louca. Não posso deixar que faça isso, a Mika não merece isso — neguei — Carol! Tyreese! Ajuda!
Lizzie soltou a arma e foi até a irmã, Carol e Tyreese chegaram assim que ouviram meus gritos assustados com a cena.
— Está tudo bem, ela vai voltar, não feri o cérebro dela — Lizzie dizia completamente fora de si.
Tyreese pegou Judith, encarei Carol incrédula ela estava tão assustada quanto eu, Carol tentou se aproximar se Lizzie mas a loira apontou a arma para ela.
— Temos que esperar, vocês precisam ver para entender!
— Tudo bem Lizzie, nós esperamos, mas você vai ter que entregar a arma... por favor — ela dizia tentando acalmar a garota.
— Carol — sussurrei mas Lizzie parecia acreditar no que ela dizia.
— Entrem! Vou amarrar Mika para não sair por aí... — dizia segurando o choro, ela ainda estava assustada.
Lizzie entregou a arma e Tyreese a levou para dentro com Judith, mas Carol não foi então fiquei com ela, estava chorando seu coração também havia se partido.
— Por favor, vá para dentro... — dizia.
— É minha culpa — cerrei os punhos vermelha, meus olhos ardiam, eu a abracei tentando segurar o choro.
— Não é sua culpa, você sabe que não podíamos mudar o que Lizzie pensa, eu já devia saber — ela dizia.
— T-temos que fazer... temos que matar ela — apontei para Mika.
— Agora não.
Voltamos para a cabana, Carol me pediu para ficar de olho em Lizzie até que ela veio até nós, queria levá-la para uma caminhada, eu estava saindo pela porta quando Tyreese me impediu.
— Por favor não vá.
Entendi, Carol ia matar ela, Lizzie era mais nova que eu ela não entendia ainda, não era culpa dela. Corri até elas tentando impedir que Carol fizesse isso.
— Vamos pegar flores para a Mika — Lizzie dizia.
Carol parou e olhou para mim, neguei com os olhos cristalizados em lágrimas, minhas mãos tremiam quando Carol assentiu, era isso. Ela queria dizer que tinha que acontecer Lizzie podia se tornar perigosa pensando desse jeito.
— Estão bravas comigo? — Lizzie virou-se pra nós — que só queria que esperassem...
Ela começou a chorar e virou-se para continuar pegando as flores, segurei o braço de Carol impedindo que fosse a única a sentir a culpa.
— Apenas olhe para as flores Lizzie, fique olhando para as flores... — ela disse, a mão que segurava a arma tremia.
Carol atirou e assim que Lizzie caiu ela fez o mesmo mas de joelhos, logo atrás desabando em lágrimas, eu a abracei.
— Está tudo bem Carol. Eu e-estou aqui com você — tentei conter os soluços.
Nós voltamos para a casa, fiquei cuidando de Judith enquanto Tyresse e Carol enterravam as meninas, deixei a pequena em um berço improvisado em uma caixa de madeira e fui para fora, sentei-me nas escadas de madeira e abracei minhas pernas tentando conter o choro, minhas mãos ainda tremiam e era quase impossível dormir, adormeci na varanda e Tyreese me levou para dentro.
Pela manhã ele já havia se decidido, não ficaríamos nem mais um segundo ali e por algum motivo ele estava muito irritado com Carol, tomamos um café da manhã improvisado e partimos, minha perna estava boa novamente então voltamos para os trilhos, Carol e Tyreese carregavam as coisas enquanto eu segurava Judith logo atrás. Minha maior esperança estava em reencontrar o resto do grupo em Terminus, mas era um longo caminho pela frente.
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