15) Entre a vida e a morte
Seguiram-se longos dias de caminhada pela floresta, o ferimento em minha perna estava piorando e eu estava desidratada suando o resto de líquido que mantinha meu corpo de pé, felizmente a bala havia atravessado então não corria riscos de infeção, havia sido um tiro limpo algo que aprendi com Hershel nos meus dias de sobrevivência antes da prisão.
As vezes Lizzie me ajudava a continuar caminhando, ou Mika quando a irmã carregava Judith, ou ambas quando Judith estava com Tyreese. Fazíamos longas pausas para descansar por minha perna e eu sempre apertava mais o cinto enquanto chorava, já havia me acostumado com o rosto úmido e quente.
Enquanto apertava o cinto avistei Tyreese tentando acalmar Judith, e as garotas me encarando com uma careta de sofrimento, estendi as mãos oferecendo pegar a pequena mas antes que pudesse levantar de onde estava voltei ao chão atordoada, tudo escureceu. Consegui ouvir algumas coisas como Tyreese falando para Lizzie segurar Judith enquanto vinha em minha direção, meus olhos lutavam para continuar abertos, senti o sopro ofegante do mais velho enquanto me carregava, estava preocupado demais Lizzie estava logo ao lado dele carregando Judith que odiava o colo dela. Sentia meu corpo queimar, então era assim quando se era mordido? Eu estava morrendo?
— Tudo bem, você vai ficar bem! — Tyreese dizia preocupado, se eu morresse ali e agora ele teria que me impedir de virar, me impedir de machucar as meninas.
— E se ela virar? — Mika perguntou — Vamos ter que matar ela.
— Não precisamos, Trinity é nossa amiga — Lizzie dizia hesitante.
— Não vamos matar ninguém hoje.
Ouvimos grunhidos vindos da mata, sentia minha consciência voltando aos poucos. Eu ainda estava viva ou batalhando para continuar, pela Judith, pela minha promessa.
— Acha que consegue andar? — Tyreese perguntou me ajudando a levantar.
Assenti, minha boca estava seca quase como se tivesse cheia de areia da praia, da camada mais quente, com o pouco de força que tive continuei caminhando, vi Lizzie entregar Judith para Tyreese mas esse tipo de "troca" não era algo que a pequena gostava, logo ela começou a chorar e ele tentou de tudo para acalma-la e nada resolveu.
— Vamos garota o que você quer? — Perguntou a sacudindo como um saco com arroz.
— Me deixe pegar ela — estendi as mãos — confia em mim.
Tyreese me entregou a pequena e dei à ela um pouco de carinho, Judith já reconhecia meu toque e meu colo logo parou de chorar quando finalmente percebeu que estava segura. Um estalo veio direto da mata, Mika se assustou e correu para a direção oposta, Lizzie foi atrás preocupada e Tyreese foi logo depois.
— Ei! Esperem! — Disse tentando acompanha-los, era quase impossível ainda mais segurando um bebê.
Os encontrei aliviada, Tyreese acabara de dar um sermão em Mika por ter nos deixado e como era perigoso, ele fez o mesmo, de repente gritos vieram de algum lugar na floresta e Tyreese me puxou para trás dele, Mika e Lizzie formaram posição em volta de mim, estavam certas eu estava com Judith e com a perna machucada não poderia fazer muito.
— Silêncio, seja o que for não pode nos ouvir aqui — sussurrei.
Elas concordaram e apenas segurei Judith mais firme, talvez não devesse tê-la apertado tanto isso só à fez chorar, os mortos vieram em nossa direção.
— Lizzie! Atira! — Ela nem sequer puxou a arma.
Entreguei Judith para a mesma e puxei minha pistola, fiquei ao lado de Mika acertei o máximo que consegui antes de cair e apagar novamente, Mika ajoelhou em minha frente para me sacudir tentando impedir que apagasse mas era tarde demais. A escuridão dominou minha visão.
— Não não não! Trinity acorda! — Gritava.
Quando acordei Tyreese estava fazendo um curativo em minha perna com os suprimentos que até então não tínhamos. Ele limpou e cuidou perfeitamente do ferimento, Mika estava ao lado me oferecendo uma garrafa com água.
— Beba, está desidratada, é para melhorar — disse e sorriu.
Aceitei a garrafa e bebi como se fosse um tipo de cura milagrosa, uma garrafa toda se fora e assim que parei para respirar notei Carol segurando Judith.
— Carol nos encontrou e nos ajudou com os suprimentos pra tratar o seu ferimento — Tyreese explicou ao notar meus olhos curiosos.
— Aqui, beba isso com o que sobrou da água — ela me entrou uma pílula pequena e branca — é para a dor.
Assenti e fiz o que ela me pediu sem hesitar, fiquei de pé sentindo uma leve melhora em minha perna.
— Consegue andar? — A mais velha perguntou.
— Eu cheguei aqui — dei de ombros, ninguém riu — obrigada Carol.
Ela não se importava muito com agradecimentos, talvez nem mesmo com a minha vida talvez estivesse fazendo isso por Rick, Daryl ou até mesmo Carl.
Continuamos a caminhar desta vez em trilhos de trem fora da floresta, eu caminhava ainda mancando atrás de Lizzie e Mika quando avistamos uma placa com uma mensagem.
— "Santuário para todos, comunidade para todos. Aqueles que chegam, sobrevivem" — li em voz alta e clara — Terminus.
Senti esperança em imaginar que talvez Carl e Rick tenham conseguido fugir e talvez tenham encontrado essa mesma mensagem. Talvez até outras pessoas, Daryl, Glenn... Maggie.
— Será que eles foram para lá? — Mika perguntou.
— Não. Estão mortos — Carol cortou logo qualquer esperança que tivemos.
Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo e voltei a caminhar, as vezes soltava alguns gemidos de dor involuntários mas era incapaz de reclamar, não queria ficar para trás, lembro de Hershel que conseguia correr apenas com o apoio de uma perna e suas muletas e que agora está morto.
— Pode ter sobrevivido alguém, se eu visse isso é para lá que iria — ouvi Tyreese tentando dialogar com Carol.
— Não crie esperanças — ela disse cedendo.
— É tudo que me mantém aqui agora.
🔫
Já estava escuro então paramos para dormir, me encostei em uma árvore, meus olhos estavam pesados e tudo que queria agora era não pensar em nada apenas fechar meus olhos e dormir, o remédio que Carol me deu fez a dor diminuir muito e isso facilitava meu descanso, mas antes ela veio verificar meu ferimento.
— Quem te ensinou a estancar um sangramento desse jeito? — Perguntou, ela estava de vigia com Lizzie.
— Hershel, ele salvou a minha vida.
Carol pôs o que parecia ser seiva de árvore no local enquanto apreciava minha careta.
— Vai melhorar, agora descanse, e não carregue peso pelos próximos dias.
Assenti e aproveitei para beber água, meu rosto estava quente e hesitei ao usar o pouco de água que tinha para me aliviar, no outro dia ainda cedo voltamos para os trilhos, eu me sentia aliviada e agradecida em não ter que sofrer mais com o ferimento.
Estávamos seguindo o caminho para Terminus quando mortos entraram na estrada, Carol nos fez desviar silenciosamente para a floresta para economizar munição e foi quando encontramos uma casa, parecia segura e os mortos não haviam nos seguido até lá.
— É seguro, vamos ficar por aqui — ela disse após verificar o local.
Havia cercas em volta do lugar o que poderia ser uma vantagem para nós contra os mortos.
— Ainda vamos para Terminus não é? — Mika perguntou.
— Sim, vamos ficar aqui uns dois dias, e seguro e Trinity precisa se recuperar do ferimento na perna.
— Não parem por minha causa. Quero encontrar os outros tanto quanto vocês — respondi.
— Vamos todos juntos — Tyreese explicou.
Assenti cedendo à ideia, odiava pensar que estava atrasando o reencontro do grupo, por sorte a casa em que íamos ficar também era segura, não havia mortos, estava abandonada.
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