07) Um velho amigo

   Carl desceu da torre, peguei minha arma e mirei em Andrea, qualquer movimento suspeito seria motivo para acerta-la pois estava do lado do governador. Carl voltou ofegante e abaixou minha arma.

— Não vamos atirar.

— Ainda — resmunguei.

Andrea entrou facilmente na penitenciária, ela dizia vir em paz, a levamos até o nosso bloco onde a contamos tudo que o governador havia feito, por isso estávamos em guerra e mesmo assim ela tentava defender ele.

— Ele é um monstro Andrea — respondi.

— Vocês dizem isso agora, mas não o conhecem como eu...

— Ele me amarrou, me machucou — coçei o hematoma em meu pescoço — tive que defender da forma que pude então eu arranquei um pedaço da sua orelha com os dentes.

Senti seu olhar mudar, estava horrorizada com tudo que ouviu, mesmo assim tudo parecia uma mera invenção, era como se não acreditasse em fatos que saíam da minha boca, é algo que adultos tendem à fazer quando somos crianças o que dizemos não é importante na maioria das vezes, ela só viera para tentar nos convencer de impedir esta guerra, logo partiu com um de nossos carros.

Vê-la partir me deixou insegura, Andrea costumava ser parte da nossa família e escolheu outros tão facilmente, ela havia nos deixado, desaparecido há muito tempo, fiquei com medo de que acontecesse o mesmo com outras pessoas do grupo, decidi ficar de guarda na torre pela parte da noite, ao menos confiavam em mim para isso, estava cada vez mais frio então decidi soltar o cabelo que prendi com um laço pela manhã.

— O que está fazendo aqui? — Carl surgiu assustando-me e sentou ao meu lado.

— Alguém precisa ficar de olho neles... e você?

— Você pode ir descansar, avisei ao meu pai que ia te substituir.

— Carl!

Ele riu e eu o empurrei, levantei aceitando sua decisão afinal já havia passado tempo demais pensando.

— Obrigada — disse, ele assentiu —, e você também deveria descansar.

— Boa noite Trinity.

Ele levantou ajeitando seu chapéu de xerife, o puxei pela gola da camiseta e deixei um beijo em sua bochecha, ele sorriu surpreso, seus olhos quase saltaram para fora do rosto e eu sorri.

— Boa noite Carl.

Senti borboletas no estômago e o deixei, era estranho mas era bom, a sensação me deixava feliz, voltei ao bloco e me joguei em minha cama que agora não era mais tão desconfortável, Carl estava certo, eu estava cansada e apaguei assim que fechei os olhos.


🔫



Quando acordei vi que Rick estava planejando ir à cidade com Michonne e Carl, implorei para que me deixasse ir também e ele concordou sem hesitar, pegamos um carro e fomos, Carl estava envergonhado pelo que havia acontecido na noite passada e eu apenas não entendi porque estava tão calado, avistamos de carro um homem de mochila, implorando por ajuda mas Michonne que estava dirigindo passou direto por ele até sumir na estrada e nosso carro atolar na lama, o som das rodas raspando no chão atraiu mortos.

— Estamos presos — avisou.

— Cubram os ouvidos. Agora — Rick avisou e Carl e eu fizemos.

Rick abriu um pouco a janela e atirou nos mortos que nos cercavam, tivemos que sair para empurrar o carro mas o homem que nos pedira ajuda nos alcançou, não sabia porque estavam o ignorando mas não podia fazer algo, se era o que Rick queria então deveria ser feito.

Chegamos à cidade e fomos até a delegacia local, estava vazia, haviam várias placas de aviso que certamente alguém as colocou e então não demorou muito para começarem a atirar, me escondi atrás de um dos carros na estrada e comecei a atirar na direção que vinha os tiros, Carl conseguiu acertar um homem, ele utilizava máscara, Rick foi até ele e a retirou notando que o homem estava de colete então não estava morto.

— É o... — disse surpresa.

— Morgan — Rick completou por mim.

Meus olhos não acreditavam no que estava vendo, um velho amigo, o levamos até seu esconderijo que por sinal estava repleto de armadilhas e descobrimos que ele havia roubado todo o arsenal da delegacia, ele tinha um arco, o peguei e analisei um pouco mais pesado que o que encontrara na cidade, aquele era perfeito. O soltei quando vi algo escrito na parede "Duane se transformou" pobre Duane, significa que... ele teve que tirar o sofrimento do próprio filho.

— Rick! — chamei.

Ele negou chateado, Duane devia ser um ano mais velho que eu, esperamos que Morgan acordasse para conversar com ele enquanto isso Carl fora com Michonne até uma loja de bebês próxima pegar algumas coisas para Judith.

Quando Morgan acordou não parecia muito bem, ele partiu para cima de Rick tentando machucar ele, apontei minha arma para o mesmo.

— Morgan! Pare! Somos nós! — avisei.

Coloquei o dedo no gatilho mas Rick conseguiu conter ele há tempo.

— Pode abaixar, está tudo sobre controle — disse apontando para a arma.

Não acho que conseguiria atirar em Morgan, mas hesitei antes de realmente abaixar a arma, agora calmo Rick conversava com Morgan, os deixei.

— Vou esperar lá fora — disse e ele concordou.

— Vou pegar isso emprestado — apontei para o arco e a aljava no chão.

Morgan afirmou, não avistei Carl ou Michonne e nem mesmo a loja de bebês que mencionara mas haviam mortos presos as armadilhas com fios e latas de Morgan então decidi treinar com o arco, exigia um pouco de minha força para puxar a corda, pude ouvir Daryl reclamando que a arma era grande demais para mim mas acertei bem na cabeça do morto, sorri.

— Pena você não ter visto essa Daryl — disse para mim orgulhosa.

Recuperei a flecha e voltei para onde Rick e Morgan estavam, ele me seguiu com os olhos.

— É um bom arco. Espero que use bem — disse e mordi os lábios ao ter que deixá-lo.

— Pode ficar com ele, vai usar mais que eu.

— É sério? — olhei para Rick esperando algum tipo de confirmação, ele concordou — Obrigada!

O pendurei em minhas costas e ajudei Rick a carregar uma bolsa com armas que Morgan nos dera, Carl e Michonne voltaram com um berco desmontado e colocamos tudo dentro do carro, olhei para a cidade uma última vez, foi bom ter visto um amigo de novo e era melhor ainda saber que ele havia sobrevivido mesmo com as perdas.

— Ele vai ficar bem? — perguntei ao Rick antes de entrar no carro.

— Ele vai sim.

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