12) A estupidez adulta

  Quando acordei o Sol já estava alto, Lori e Carl não estavam mais na barraca mas Rick parecia estar em um sono profundo, era de se esperar depois dos últimos dias, assim que saí Lori me encontrou.

— Dormiu bem querida? — perguntou ao me ver.

— Sim, até demais. — respondi e estiquei os lábios amigavelmente.

Deixei minhas coisas junto as deles na barraca, mas ainda não estava pronta para deixar minhas armas, mesmo que os mortos não fossem nos alcançar aonde estávamos andar desarmado era perigoso até para uma criança. Carl convidou-me para brincar com ele e Sophia na floresta, algo que eu não fazia há muito tempo, aceitei sem questionar queria relembrar qual era a sensação de correr sem ser perseguida, apenas por diversão.

A floresta era quieta e sem sinal de vida com a exceção de nós, sentir o vento soprar em meu rosto me trazia, os animais inteligentes já deviam estar longe, mas não os mortos, foi quando encontrei um deles, comendo um servo, por suas roupas parecia ser uma pessoa qualquer que correra para a floresta tentando se esconder, se proteger, enquanto o via mastigar a carne do pobre cervo me perguntava como ele havia morrido e se tornado um deles, levantei minha mão fazendo sinal para que Carl e Sophia não fizessem barulho, para não alertar o morto.

— Eu vou chamar o meu pai. — Carl dissera com medo em sua voz.

Fiquei imóvel feito estátua apenas observando o morto puxar com seus dentes a pele do pobre animal, nem notei que Carl e Sophia já haviam desaparecido na floresta, minha mão estava no coldre pronta para pegar a arma, assim que me afastei senti meu pé esquerdo quebrar um galho que ecoou pela floresta fazendo o morto notar minha presença, ele levantou ainda mastigando e ergueu as mãos para vir na minha direção, tirei a arma e apontei para ele mas Rick e os outros chegaram à tempo e começaram a espetar o morto com lanças, ele só parou quando teve a cabeça cortada do corpo.

— Volte para o acampamento, conversamos depois. — Rick disse sério.

Como ele pedira, voltei correndo pelo caminho que vim, Carl, eu e Sophia ficamos dentro de um trailer passando tempo, a parte mais tediosa de sobreviver, ter o que fazer além de matar para se proteger. Daryl retornara ao acampamento criando uma enorme e barulhenta discussão sobre o irmão Merle que havíamos esquecido na cidade.

— Isso é besteira. — resmunguei para mim.

— O que? — Carl perguntou.

— Brigar, digo, o importante é estarmos à salvo dos mortos que querem nos matar a cada instante. 

Mas eu logo fiquei quieta, não entendia porque os adultos discutiam tanto para no fim se unirem, Rick acabara por decidir voltar à cidade com Daryl para buscar Merle, voltar era arriscado, mas era o irmão dele, se eu tivesse sua idade e altura faria o mesmo por minha família, voltaria para procurar em cada centímetro daquela cidade, se estivessem vivos. Ninguém concordou com o plano de Rick principalmente porque ele acabara de reencontrar sua família, ninguém além se Daryl gostava do irmão, nem mesmo Daryl gostava mas era sua família, tudo que lhe restara neste apocalipse.

— Vai ser rápido, só vamos entrar e pegar ele. — Rick dizia despedindo-se da família, ele olhou para mim, sentada nos degraus da porta do trailer.

— Não morra. — eu disse e ele assentiu, sabia que era a única família que eu tinha agora.

Quando Rick deixou o acampamento Shane aproveitou para levar Carl para a pedreira, Sophia e eu resolvemos passar um tempo juntas, voltamos para a floresta longe dos adultos e procurando algo para passar o tempo.

— Vamos arranjar alguma coisa para fazer! — resmunguei.

— Corrida até o acampamento? — ela sugeriu, concordei e voltamos a correr.

Desta vez era uma competição, e não tinha ninguém mais rápido que eu, havia pegado este costume por fugir dos mortos nas cidades, quando vinham em grande quantidade, eles me tornaram ágil, chegamos ambas ofegantes ao acampamento, sentei-me no chão para recuperar o fôlego.

— Eu venci. — disse entre um respiro e outro.

— Você é rápida! — Sophia disse impressionada.

De repente Andrea e a irmã vieram da direção do lago, ambas com dois baldes enormes cheios de peixes.

— Nossa! Quantos! — disse surpresa.

— É, são muitos! — Sophia respondeu.

Dale, um dos idosos do acampamento saiu do seu trailer com um rifle em uma das mãos, parecia preocupado com outro homem, um que estava distante do acampamento cavando covas, todos no acampamento foram até o homem descobrir o que estava acontecendo, ele parecia louco, já havia pegado Sol demais e seu suor pingava sob a terra seca. Carol nos impediu de chegar mais perto, ela era uma mulher não tão alta e com um cabelo curto e grisalho, era mãe da Sophia.

— Vai ficar tudo bem... calma. — Shane tentava dialogar com o homem, tentava fazê-lo parar.

— Não, não vai... eu disse isso para minha família e eles chegaram e os tiraram de mim, só consegui fugir porque estavam muito ocupados comendo a pele deles. — ele dizia sobre a família, triste.

O que ele dissera me lembrou do que fiz, queimei o corpo de Hilary junto com minha casa para atrair os mortos e fugir sem chamar atenção, mas o que ele havia feito era pior, deixar que os mortos comessem sua família. Ninguém merecia isso. Shane amarrou o homem em uma árvore, ele estava delirando e podia acabar machucando um de nós, perder a família desencadeia sentimentos que fazem os adultos agirem de forma diferente, como ele.

O homem se calou e voltamos para o acampamento, Lori me colocara em uma mesa pequena com Carl e Sophia tentando nos ensinar, não tinha esta sensação há muito tempo, a sensação de aprender algo novo, mesmo já sabendo ler e escrever, assim que terminamos Shane nos chamou para ajudar a limpar os peixes.

— Vamos! — Carl chamou correndo na direção dele.

Nos juntamos à eles na beira do lago, Shane nos ensinou a limpar o peixe e aprender não foi difícil já que havia passado tanto tempo sozinha abrindo enlatados com meu canivete.

— É boa nisso, quem te ensinou? — Shane perguntou interessado, sorri pensando na resposta.

— Cortei os dedos várias vezes tentando abrir enlatados antes de aprender a usar uma faca sem me machucar.

Ele assentiu e continuou a limpar pensando: como essa garota sobreviveu sozinha?

— Bom, eu vou no acampamento para ver como as coisas estão por lá. — disse levantando-se.

— Eu vou com você. — Carl disse fazendo o mesmo.

Ele saiu correndo logo atrás de Shane como um seguidor.

— Carl deveria crescer. — disse e ri.

— Como assim? — Sophia perguntou.

— Ele sempre precisa da mamãe ou do papai por perto — disse em um tom debochado, mas na verdade, tinha inveja, Carl tinha para quem correr e não havia passado pelo mesmo que eu. Estava irritada por isso.

— Ah... não sei, talvez. — respondera confusa.

Terminamos de limpar os peixes e voltamos para o acampamento, aonde nos dividimos.

— Eu vou ver como meu pai está. — dissera antes de me deixar, concordei.

Olhei em volta e notei decidi procurar por Carl e Shane que deviam estar por perto.

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