11) Uma nova família

   Rick abrira o peito do morto sem pensar duas vezes com um machado, o mesmo mortos que ele contou a história exalava um cheiro podre pior que o cheiro do esgoto da cidade, apertei forte o nariz mas o odor parecia entrar pela minha boca fazendo-me quase vomitar, quando ele enfiou as mãos dentro do homem e começou a remover seus órgãos o sangue escuro escorreu para fora do corpo fazendo Andrea, que também estava assistindo, vomitar. Rick começou a camuflar-se esfregando os órgãos e o sangue do homem em si.

— Não deixem fazer contato com sua pele ou nos olhos. — ele se referiu ao morto, afinal, não sabíamos os danos que poderiam nos trazer. — Fique aqui com Andrea e os outros, eu volto logo.

Rick pediu mantendo distancia.

— C-cuidado lá fora. — disse preocupada, ele esticou os lábios formando um sorriso amigável e assentiu.

Rick e Glenn deixaram o prédio e senti dor de barriga ao pensar que agora estava sozinha com estranhos.

— Fique perto de mim pequena. — Andrea disse amigável, ainda não tinha certeza se confiava nela, era instável, e ainda me dava medo.

  Segui os adultos para o terraço ansiosos para avistar Rick e Glenn, o seu continuava cinza e escurecendo enquanto o som das trovoadas aumentava, T-dog tentava contato com Glenn pelo rádio enquanto outro homem chamado Morales os procurava com um binóculo.

— Ali estão eles! — avisou com o binóculo em mãos, Andrea pegou para vê-los também.

— Posso ver? E-eu quero ver! — disse ansiosa, Andrea entregou-me o binóculo e avistei os dois trazendo-me alívio, soltei o ar que nem sabia que havia prendido.

— Estamos vendo vocês, alô? Conseguem me ouvir? — T-dog dizia no rádio.

A voz de Rick saiu em resposta, por alguns segundos mas em partes, o sinal estava péssimo por causa da tempestade que se aproximava, continuei na ponta dos pés tentando enxerga-los mesmo sem o binóculo.

Assim que começou a chover todos ficaram preocupados, não me movi tentando apertar os olhos para vê-los.

— O cheiro do morto! Vai sair com a chuva! — avisei à eles.

— Estão deixando a gente? — Morales disse mais para si mas acabamos ouvindo, era ele quem estava usando o binóculo.

— Onde estão indo?! — Andrea perguntou ao lado dele nervosa.

Coloquei as mãos em cima dos olhos para que a chuva não atrapalhasse minha visão, algo estava acontecendo e eu não conseguia vê-los, mas sabia que Rick não ia nos deixar, não ia me deixar.

— Pessoal! — Glenn conseguiu sinal e entrou em contato pelo rádio — Precisamos que desçam, esperem na loja! Rápido!

Descemos a escadaria quase correndo, tive que ficar para trás para não ser pisoteada por um deles e recuperar o fôlego, era difícil alcança-los com pernas tão curtas. Quando chegamos à loja, Rick chegara logo em seguida com um caminhão para nos buscar em segurança, ele logo percebera como eu estava sem fôlego e me ajudou a subir na parte de trás do caminhão, sabia que era a prioridade dele e isso fazia me sentir segura, estava cansada e minhas pernas trêmulas de descer as escadas tão rápido.

Em pouco tempo estávamos na estrada, com os mortos logo atrás, o som me lembrava de todas as viagens que tive com minha família quando mais nova, era fácil pegar num sono com o som calmo da estrada e quando não conseguia mais ouvir os grunhidos dos mortos apaguei de cansaço, não tive tempo de sonhar com nada acordei assustada com Glenn passando ao lado do caminhão de carro, buzinando feito louco enquanto gritava, ele estava feliz.

Não dormi o resto do percurso, nem sabia ao certo para onde estávamos indo, só soube que chegamos quando Rick parou o caminhão, ele me ajudou a descer, notei de longe os outros se reencontrando com seus familiares, eram um grupo.

— Somos só você e eu garota. — Rick dissera tentando me animar, queria poder encontrar minha família assim como eles, abraca-los forte e então ficarmos todos juntos mas isso se tornara apenas um sonho distante.

Sorri e ele me guiou até o resto do grupo, parei assim que reconheci, lá estavam Lori e Carl exatamente como na foto.

— Rick. — disse chamando sua atenção.

— O que foi?

— Aqueles são... — apontei.

— Oh meu deus. — Rick disse boquiaberto, o filho correu em sua direção sem nem pensar, com Lori logo atrás. Que sorte a dele, pensei.

Eles se abraçaram por longos segundos, admito que faria o mesmo se fosse minha mãe, ou até mesmo James, Rick chorava e deixava vários beijos na testa do filho, emocionado, quando se afastou Lori olhou para mim confusa.

— Vem aqui. — Rick me chamou e sorriu — Esta é Trinity, minha companheira no crime. Ela foi a primeira pessoa que eu encontrei e e-ela me salvou.

Ele disse e riu incrédulo com as próprias palavras, Lori sorriu e abaixou-se para me cumprimentar.

— Oi, eu sou a Lori e esse é meu filho Carl. — apresentou, estiquei os lábios tímida ao finalmente conhecê-los.

Logo escureceu e o grupo fez uma fogueira no meio do acampamento aonde todos sentaram em volta para aquecer-se e conversar, Rick fez com que me sentisse da família fazendo-me sentar junto deles, estava ao lado de Carl observando o fogo enquanto pensava nas coisas que passei antes de encontrar o Rick, e que agora, estava grata por ter conhecido ele.

— Você sabe atirar? — Carl perguntou chamando minha atenção, quando o encarei seus olhos estavam em minha arma no coldre.

— Sei sim e você? — disse tentando ser amigável.

— Não, minha mãe diz que sou muito novo para isso. — respondeu sem jeito.

Uma das consequências de sobreviver sozinha, ter que aprender a atirar, a matar, mesmo tendo a mãe para protegê-lo Carl também deveria saber se proteger sozinho.

— Você quer aprender? — perguntei.

— Sim, e-eu quero muito. — disse chateado, assenti e então voltamos ao silêncio da fogueira e aos risos das conversas alheias — Onde estão seus pais?

— E-eles... — me encolhi ao sentir uma brisa fria, Carl provavelmente já sabia a resposta.

De repente Shane, o parceiro de trabalho de Rick antes de tudo acontecer, responsável por salvar a família dele, começou a discutir com Ed, um homem qualquer que havia feito outra fogueira só para sua família, Shane discutia sobre como era desnecessário e o fogo estava começando a chamar atenção, o que poderia atrair mortos. A filha e a esposa de Ed estavam tristes ao vez a discussão, eu também estaria.

— Quem são eles? — perguntei curiosa.

— Aqueles são Ed, Carol e a Sophia, ela é minha amiga. — Carl respondeu.

E então Dixon entrou na discussão, não estava prestando muito atenção adultos sempre tendem a criar problemas aonde não existe. Mas então, percebi que Rick havia esquecido Dixon na cidade, algemado, e que seu nome na verdade era Merle, ele tinha um irmão chamado Daryl que até então não havia voltado e estavam pensando em uma forma de conta-lo o que aconteceu.

Já estava tarde, cada um voltou para sua barraca para finalmente descansar, quando Carl me deixou percebi que não tinha uma então apenas fiquei quieta perto do fogo.

— Temos espaço para mais um na barraca. — Rick disse aproximando-se, sorri — É da família agora.

Ele me levou até a barraca, que era bem grande, Carl dormia na cama de um lado e eu na outra do lado oposto, enquanto Rick conferia se o filho estava confortável, Lori veio até mim verificar.

— Lori, vocês se importam se eu ficar aqui? — perguntei.

— Não, claro que não, eu me sinto até melhor não sendo a única mulher da família. — disse e ambas rimos.

— Já estão dividindo segredos? — Rick brincou vindo até nós. — Daqui para frente vamos cuidar uns dos outros, está bem?

Assenti e ele passou a mão em minha cabeça e sorriu, nunca me senti tão confortável e segura mesmo em uma barraca no meio do nada, quando fechava os olhos tinha medo de ter pesadelos com os mortos ou que me pegassem, mas agora estava segura, com uma nova família e não tinha motivos para ter pesadelos.

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