05) O outro xerife
Faz um ano desde que tudo aconteceu e aqui estou eu andando de novo pelas ruas, cansada e com dor nos pés, já devem estar cicatrizados de quando os cortei de tanto caminhar, comecei a contar quantas balas ainda tinha enquanto caminhava silenciosamente para me distrair quando comecei a ouvir os mortos, faziam sons altos mas não na minha direção, estavam perseguindo alguém, saquei minha arma e segui o som em alerta quando vi um homem usando roupa de hospital, ele estava assustado como se nunca tivesse visto um morto em sua vida, ele estava com uma bicicleta que não durou muito fazendo-o cair, tinha um morto sem a parte da cintura o atacando no chão pensei comigo: o morto nem tem pernas para perseguir ele, talvez pensasse que estava preso em uma pesadelo, eu pensaria se algo que já foi uma pessoa estivesse tentando me comer, acertei a cabeça do morto com um tiro e me repreendi por gastar uma bala chamando a atenção de forma desnecessária, o homem estava muito assustado quando olhou para mim, ele se levantou e agora ele era meu alvo.
— Quem é você e por que diabos está vestido assim? — perguntei.
— Meu nome é Rick Grimes, eu acabei de sair do hospital. — respondeu ainda atordoado mas com as mãos para cima em forma de rendição.
— Por que não matou ele? Se eu não atirasse teria te matado. — olhei para o morto e ele seguiu.
— O que é ele? — perguntou fazendo-me rir.
— O que aconteceu com você?
— E-eu fui baleado, acho que estava em coma. — respondeu.
Abaixei a arma surpresa, como poderia ter sobrevivido sem saber o que estava acontecendo? Aproximei-me desconfiada, não sabia se podia acreditar nele mas é a primeira pessoa que vejo depois de muito tempo, e ele se parece mais com um louco, se fosse mau tentaria ao menos tirar minha arma mas ele permaneceu com as mãos para cima, continuei andando e ele me seguira ainda tentando manter-se em pé.
— Ei! Estou procurando minha família, você os viu?
— Não tem mais ninguém aqui. — respondi.
— Não. Por favor. Minha esposa e filho, a minha casa, é por aqui. — explicou, respirei fundo com pena do pobre homem, virei-me e concordei em segui-lo.
Caminhamos silenciosamente pela vizinhança, ele ainda estava chocado por minhas ações mais cedo com o morto.
— Eu sou Trinity. — apresentei-me, ele assentiu.
— Quantos anos você tem? — perguntou.
— Doze.
Quando perguntei sobre ser baleado, ele me dissera que era assistente de Xerife, eu devia ter algo com policiais, pois o destino sempre acabara me deixando na proteção de algum, mas agora era eu quem estava protegendo-o, ele também dissera que havia sido baleado em meio a troca de tiros, foi aí que me lembrei da notícia que passou na TV no meu aniversário há um ano, quando minha mãe ainda estava viva, perguntei-me quais seriam as chances? Nenhuma.
Foi quando chegamos a sua casa, era bonita, com cercas brancas um gramado aparado e verde vivo, parecia intocável.
— Carl? Lori! — gritou a procura da família.
Rick entrou correndo em casa, desesperado, como havia pensado se fossem espertos o suficiente já teriam saído há muito tempo. Sua casa era tão normal, tão limpa que nem parecia que tudo havia acontecido, Rick estava na sala, ajoelhado, sentindo o chão.
— Isso é real? — perguntou-se pensando estar louco.
Ele chorava desesperado e começou a se bater de repente mas parou assim que me viu, percebeu que aquilo não era algo para se fazer na frente de uma criança, eu estava a ponto de acha-lo louco, Rick se levantou e foi até a rua e me perdi olhando os quadros com suas fotos em família, o filho provavelmente teria a minha idade, foi quando vi alguém se aproximar de Rick na rua, um garoto negro com uma pá nas mãos, acertou a cara dele em cheio.
— Não! — gritei.
Corri até Rick e segurei sua cabeça, o pai do garoto chegou e afastou o filho, Rick já estava desmaiado.
— Qual é o ferimento do seu pai? — o homem perguntou.
— Ele não é um deles, acabou de sair do hospital! — fui direta.
Não neguei que Rick era meu pai para que o homem tivesse piedade de nós dois, o homem nos levou até sua casa com o filho, tirei a mochila que parecia já ser parte de mim, tirei os sapatos e sentei no sofá aconchegante em muito tempo.
— Para passar no rosto do seu pai. — entregou-me um pano úmido.
O garoto tinha acertado Rick bem no nariz, que o fez sangrar, passei o pano e depois fiquei esperando ele acordar, não saía do lado por nada, o homem podia tentar feri-lo novamente.
— Desculpa pelo meu filho, ele achou que era um dos mortos. — disse sentindo-se culpado.
— Mortos não falam. Eles fazem uns grunhidos estranhos.
— Desculpa. — o mais novo disse.
— Eu sou Morgan, e esse é meu filho Duane. — o pai apresentou-se.
— Eu sou Trinity, e esse é o Rick. — os cumprimentei, Rick ainda estava desmaiado e não poderia fazer isso por nós.
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