04) Caminho sem volta

Três Meses depois...

 Hilary e eu havíamos nos separado para buscar suprimentos nas casas da vizinhança, eu estava mais ágil e mais treinada já aprendera diversos métodos de sobrevivência com ela que me treinou por todo o tempo que passamos juntas, já considerava um membro de minha família, agora a única que me restara, outro dia até cheguei a chama-la de mãe, mas ainda sentia saudade, não cheguei a sentir o luto por minha família, apenas continuei.

Estava andando pela estrada quando achei um mercado, já estava na parte em que não havíamos verificado ainda, quais as chances de ter sobrado algo? Decidi contata-la pelo rádio que havíamos encontrado em um posto policial não tão longe.

— Hil, eu encontrei algo. — avisei no rádio.

— O que encontrou?

— Um mercado. Parece vazio. — me referi a movimentação, não havia sinal de morto por perto.

— Isso aí! Localização?

 Tirei a mochila que estava em minhas costas, coloquei no chão e tirei um mapa das ruas da cidade, ele estava todo rabiscado com nossas anotações mas conseguia para entender, olhei para as placas na rua indicando aonde estava, Hilary também me ensinara um pouco de localização e códigos, dei à ela a localização.

— Eu quero entrar.

— Não! Não entre sozinha até eu chegar aí! — avisou.

Concordei, dei uma olhada em volta e o mercado parecia vazio, eu não podia desobedece-la mas tinha quase certeza de que estava vazio então quando me aproximei da porta um morto bateu no vidro assustando-me, caí para trás, no chão.

— Droga! Que susto! — disse e me levantei.

— Eu disse para esperar! — Hilary disse brava.

— Eu não ia entrar — cruzei os braços ouvindo seu sermão.

 De repente vários mortos se jogaram contra o vidro quebrando-o e um caiu por cima de Hilary fazendo-a gritar irritada, não tive tempo de ajudá-la comecei a atirar desesperadamente nos outros mortos que saiam sem parar do mercado, ela matou o que estava por cima e com a mão no ombro se levantou assustada.

— V-você está bem?! — perguntei ao vê-la mancar.

— Estou. Vamos! — disse puxando-me pelo braço.

 Hilary ainda parecia assustada mesmo depois do ataque, ela caminhou silenciosa para casa, estava irritada comigo e ofegante.

— Desculpe. — disse mas ela continuou calada.

Quando chegamos em casa ela estava mais pálida que o normal, ainda com a mão sob o ombro, a ajudei a se sentar no sofá e só ao fazer contato notei que estava quente e suando mais que o normal.

— O que está acontecendo? — perguntei incomodada.

 Meus olhos começaram a arder, algo que não acontecia há muito tempo.

— Está tudo bem pequena, eu vou ficar bem, só quero que pegue um pano úmido para mim. — pediu.

 Assenti e fui correndo até a cozinha, minhas mãos tremiam e eu me perguntava: o que eu fiz para assusta-la assim? Voltei a ficar assustada, estava ofegante, levei o pano para Hilary e vi o problema, seu ombro sangrava feito uma torneira desperdiçando água, entrei em desespero e comecei a soluçar e chorar.

— Não chore por favor. — disse chateada, ela tirou a mão que segurava o pano e segurou meu rosto, nem me importei de estar sujo com seu sangue.

— Não! Não vai! V-você foi mordida e é tudo minha culpa! — comecei a chorar em pensar em ficar sozinha novamente, ela segurou forte no meu braço e olhou fundo nos meus olhos.

— Eu vou morrer! Você sabe disso — neguei cada palavra — eu te ensinei garota, sabe o que tem que fazer.

 Neguei sentindo meu peito pular aos soluços, não acredito que isso estava acontecendo, eu estava prestes a ficar sozinha novamente assim como quando James me deixara.

— Você vai ter que atirar em mim, você vai ter que ser forte.

— Não consigo. Não consigo Hilary. — avisei, senti minha voz sair mais fina que o normal.

— Eu não quero virar uma daquelas coisas e te matar, posso sentir isso dentro de mim, tomando conta. — ela pôs a mão no coldre e retirou sua própria arma, minhas mãos tremiam quando ela me fez segurar a arma e levou até sua cabeça — Ouça, aqui não é seguro, nossos suprimentos estão acabando, tem o suficiente pra mais uns dias e-e não é seguro para você vasculhar os lugares sozinha, ainda não, quero que me deixe aqui e pegue todas as suas coisas e vá, para bem longe! Encontre um grupo e... não esqueça do que te ensinei.

Neguei sentindo o muco escorrer por minhas narinas, ela afastou o cabelo do meu rosto para poder vê-lo uma última vez.

— Eu nunca tive uma filha, mas queria que fosse como você. — finalizou deixando uma beijo em minha testa.

Ela me afastou, pronta para deixar-me, ela ia mesmo morrer e eu ia ficar sozinha novamente, levantei a arma em sua direção, fechei meu olhos e puxei o gatilho fazendo o tiro ecoar pelas paredes do cômodo, os miolos do cérebro dela se espalharam pelo sofá e não consegui olhar, virei-me de costas pensando somente em fazer tudo que ela me pedira.

Subi as escadas sentindo uma dor muito forte no meu peito, parecia algo queimando, não esperei para fazer o que ela me pedirá, coloquei tudo de útil que coubesse em minha mochila, comida o suficiente para não pesar muito para que pudesse correr em caso de emergência, como me ensinou, antes de sair pela porta olhei uma última vez para o sofá, não conseguia deixá-la assim, fui até a garagem e usei a gasolina que não tinha utilidade para mim e espalhei pela casa, por ela, ao menos poderia me ajudar uma última vez atraindo todos os mortos possíveis para limpar meu caminho, acendi com fósforos o fogo que se espalhou por todos os cantos da casa, saí pelos fundos deixando que os mortos seguissem a luz do fogo.

— Eu nunca mais vou voltar. — disse para mim, limpei o rosto com as mangas da camiseta e apertei o passo para minha frente.

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