CAPÍTULO 40-MARCOS SE DECEPCIONA
Lúcio e Marcos resolveram tomar banho juntos após fazerem amor tão intensamente.
Naquele momento mágico, ambos não queriam pensar em mais nada, a não ser no quanto tinha sido bom...tinha sido intenso...tinha sido revelador aquele encontro.
Lúcio deliberadamente assumiu de forma irresponsável o risco de deixar rolar por um instante apenas...mas um instante que ele não queria que jamais terminasse.
O taxista não se esforçou para achar o melhor momento para abordar aqueles assuntos tão importantes com Marcos e, por isso, não houve alerta contra Valéria...não houve reafirmar que Neitan era filho do empresário...não houve nenhuma tentativa de convencê-lo de que Darlen ainda estava sim entre eles.
O empresário também não se esforçou para esclarecer tudo o que ainda estava pendente entre eles. Não importava mais saber o porquê Lúcio havia mentido dizendo que via Darlen, como também já não importava mais que ele tivesse envolvido Neitan naquele jogo estranho.
Apoiado no peito de Lúcio, enquanto a água cobria os dois corpos, Marcos avaliava quanto tempo havia perdido na vida tentando se encaixar nos padrões exigidos pela sociedade em que vivia...Havia tentado ser feliz ao lado de mulheres e se enganava achando que algum dia aquilo daria certo.
Ele estava se dando bem com Neitan e já havia pensado que se o garoto fosse realmente o filho de Darlen, ele tentaria superar a decepção e criaria o sobrinho como o filho dele. Neitan parecia estar mudado, o tratava com mais atenção, respeito, com mais carinho e estava muito apegado à avó paterna. Tinha dias que até se recusava a ir para a casa da avó materna. Marcos já acreditava que continuar como estavam, pai e filho, não seria tão difícil assim, afinal, o garoto era inocente e ele estava descobrindo que o amava!
Lúcio não queria pensar em como iria contar à família que estava apaixonado por um homem, especialmente pelo homem que havia tentado colocá-lo na cadeia por suspeita de sequestro.
A mãe Maria Inês, esperta que era, quando o viu se arrumando para sair, logo percebeu onde o filho estava indo.
_Só te peço duas coisas, filho...Primeiro que não deixe aquele homem machucar você, pois se ele fizer isso, eu acabo com ele!
Lúcio havia sorrido:
_Ele não vai me machucar, dona Maria Inês. Eu lhe garanto. O que seria a segunda coisa?
A mãe havia olhado por cima dos ombros, como se temesse que alguém a visse fazendo aquilo.
Lúcio começou a rir, quando a mãe enfiou uma fileira de camisinhas no bolso dele!
_Mamãe!
_Não é porque ele é rico e lindo que você pode pensar que não vai precisar se prevenir.
A mãe havia dado um beijo carinhoso na testa do filho, antes dele sair:
_Pode passar a noite fora que eu seguro as pontas por aqui.
_Te amo, mãe! _ Lúcio havia retribuído o beijo antes de sair.
Era bom saber que dona Maria Inês o estava apoiando e era bom ter a certeza de que dona Cristina também faria o mesmo pelo filho.
Os dois, Marcos e Lúcio, se deixaram ficar por um longo tempo apoiados um no outro debaixo do chuveiro...De vez em quando rolava uma carícia...a mão de um lavava o corpo do outro...um beijinho no ombro...na nuca...uma carícia no mamilo...uma declaração no ouvido...um sorrisinho cúmplice...a promessa de nunca mais se privarem de um prazer tão intenso quanto aquele.
Pegaram as toalhas e se secaram...se deitaram na cama ainda nus, esperando o momento de mais uma vez se amarem intensamente.
Nas primeiras luzes do dia, os corpos novamente estavam prontos para se amarem e Lúcio ficou surpreso, quando, mais uma vez, Marcos tomou a iniciativa e veio lambuzar o pau do parceiro com lubrificante.
_Como ele aprende rápido! _ brincou o taxista.
_Tive um bom professor. _Marcos sorriu de forma indecente.
Ambos já haviam confessado um para o outro...era bom demais se unirem de forma tão íntima e fazerem de conta que nunca mais iriam se separar!
Era bom sentir aquela intimidade gostosa...carne se chocando com carne...o misturar dos suores... os corpos explorando espaços cada vez mais fundos...a respiração cada vez mais acelerada a ponto de sacudirem a cama e gemerem sem se importarem se alguém no quarto ao lado poderia ouvi-los!
Viveram momentos sem medos, sem pudores, onde o céu era o limite!
A preocupação dos dois em garantirem o prazer um do outro era um tempero maravilhoso para apimentar mais ainda a relação. Significava respeito...significava cuidado...significava interesse em agradar o parceiro.
Largaram os corpos lado a lado mais uma vez, ofegantes...abobados...emocionados...
Era gostoso deixar o quarto ficar cheio apenas daquele som característico de uma relação bem feita...era gostoso sentir um a evolução do outro naquela tarefa de amar um outro homem, algo tão novo para os dois.
_Cara, eu gozei demais! _ revelou Marcos escondendo o rosto.
_Eu percebi e foi lindo te ver assim! _ confessou Lúcio.
Marcos mudou de posição com agilidade e veio sentar-se sobre as pernas de Lúcio...os dois paus já relaxados se tocando como se comemorando pelo sucesso da foda.
_Eu também percebi que você esperou até a última gota entrar em mim...
Lúcio franziu as sobrancelhas:
_Não gostou?
_Está brincando? Quase entrei em combustão nesta cama exatamente por isso, lindo!
Lúcio sorriu e arrumou uma mecha dos cabelos de Marcos que teimava em cair na testa.
_Você que é lindo, amor.
Marcos não deixou aquela palavra passar despercebida e foi a vez dele franzir as sobrancelhas:
_Você disse...amor?
Lúcio sorriu sem medo de repetir:
_Disse...disse sim...disse amor...meu amor...minha paixão...meu homem!
Marcos não deixou que ele terminasse e beijou o taxista como se quisesse arrancar um pedaço dele!
_Eu...te...amo! _ declarou o empresário, quando conseguiu se afastar por um momento.
_Fala de novo...eu quero ouvir de novo...
_Eu te amo! Te amo! Te amo!
Dormiram mais um pouco, exaustos, por longas horas, antes de novamente, já de manhã, entrarem debaixo do chuveiro e sem uma palavra, um dar banho no outro.
Começaram a conversar trivialidades já na mesa do café.
Num dado momento, Lúcio comentou:
_Pelo jeito, você e o seu pai não se dão bem.
Marcos não quis contar qual tinha sido o motivo da última discussão que haviam tido. Não era o momento de revelar a Lúcio que Júlio Atalla era homofóbico.
_Ele e a minha mãe moram nos Estados Unidos, desde que o Darlen morreu. Voltaram ao Brasil para acompanhar a minha sogra que estava vindo para o funeral da minha ex-esposa. Acho que o meu pai está esperando a Cosméticos Atalla ficar mais estável, antes de voltar para os Estados Unidos. Confesso que não lamentarei pela partida dele, mas sentirei falta da minha mãe e o Neitan também. Ele está muito apegado a ela.
Lúcio perceberia em breve que quando se está feliz, não se vigia as palavras, especialmente quando se está limpando carinhosamente o canto dos lábios do homem que ama, que haviam se sujado de manteiga.
_Eu também vou sentir muita falta da dona Cristina, pois ela é uma pessoa maravilhosa!
O taxista percebeu tarde demais que palavra lançada é como a flecha, que uma vez que abandona o arco, a ele não tem mais como voltar.
O comentário não passou despercebido ao empresário que imediatamente segurou a mão que lhe limpava a boca.
Percebendo o vacilo, Lúcio recolheu a mão e se ajeitou na cadeira, tentando ganhar tempo:
_Mais café, querido?
_Espere aí...como é isso? Você disse que vai sentir falta da minha mãe...que ela é maravilhosa? O que quer dizer com isso, Lúcio? Não entendi! Você conhece a minha mãe de onde?
O taxista passou as mãos pelo rosto, percebendo que por mais que tivesse procrastinado aquele momento, finalmente havia chegado a hora de contar toda a verdade para Marcos.
_Eu e a sua mãe...nós nos tornamos bons amigos, Marcos.
O empresário olhou para o taxista confuso.
Lúcio tentou ser sucinto, ao revelar que dona Cristina e ele frequentavam o mesmo centro espírita.
_Deixa eu ver se entendi...A minha mãe e você estão frequentando um centro espírita, é isso?
_Sim...é isso mesmo. _ respondeu com cuidado.
_E o que a minha mãe tem ido fazer num centro espírita com você, Lúcio? Eu posso saber?
Lúcio ficou indeciso, pois talvez Cristina não quisesse que o filho soubesse que ela já era frequentadora assídua do centro espírita de dona Rosa há tempos e até já estava dando passes espirituais e participando de reuniões de estudos mais profundo acerca do espiritismo.
Diante do silêncio de Lúcio, Marcos levantou-se da cadeira passando as mãos pelos cabelos molhados.
_Espere aí...não precisa responder...ela só pode estar indo atrás do Darlen, é isso?
Lúcio deu de ombros, pois não adiantava mais postergar aquele momento, enquanto lamentava intimamente por perceber que a magia daquele encontro havia sido quebrada justamente por ele.
O médium levou um susto e conseguiu se controlar com dificuldades, quando percebeu a chegada de Valéria no recinto!
A falecida não disfarçou o olhar acusador na direção do taxista.
_Então você também é gay, seu safado? _ ela atacou sem dó.
Lúcio tentou se acalmar, mas não teve como não perceber que tinha sido justamente por ter baixado o nível de energia que Marcos havia atraído Valéria até ali.
Um questionamento sobre o compromisso de Darlen em manter Valéria afastada não finalizou, quando o irmão de Marcos apareceu ao lado de Lúcio e já alertou:
_Ela vai fazer de tudo para separar vocês dois, Lúcio!
Marcos andava de um lado a outro do quarto completamente fora de si e Lúcio tinha certeza de que a presença de Valéria ali só aumentava aquela perturbação.
_O meu irmão morreu e os mortos não voltam, Lúcio! Por que então você primeiro mentiu que estava vendo o Darlen...depois enfiou isso na cabeça do meu filho e agora está tentando fazer o mesmo com a minha mãe? Que plano diabólico é esse que brinca com os sentimentos das pessoas de maneira tão cruel, Lúcio? _Marcos parecia enojado.
_Pelo jeito, temos problemas no paraíso, gente. _ Valéria riu maldosamente. _Ele quer foder com a sua vida, seu babaca!
Instigado por Valéria, Marcos falou:
_Você quer foder com a cabeça da minha família toda, é isso? Quem será a sua próxima vítima? O meu pai?
_Fique calmo, Lúcio...a gente vai dar um jeito nisso...só não deixe a sua energia cair, porque aí a coisa vai desandar... _ alertou Darlen.
Desandada já estava, Lúcio quis gritar!
_Não é nada disso que você está pensando, Marcos...
_Não? Então o que é? _ Marcos já estava completamente transtornado.
_Diga logo toda a verdade, Lúcio, e acabe com isso! _exigiu Darlen.
_Eu posso sim me comunicar com o Darlen, Marcos! Aliás, foi ele quem me garantiu que o Neitan é sim o seu filho! _Lúcio tentou seguir o conselho de Darlen.
_O Neitan não é o seu filho, corno! _ Valéria sussurrou no ouvido de Marcos.
O empresário, porém, já ciente de que não importava se o garoto era o seu filho ou não, que mesmo assim o assumiria, virou-se contra a intromissão de Lúcio:
_Isso não é da sua conta se o Neitan é o meu filho ou não! Eu quero saber é por que você está inventando que pode ver o meu irmão, Lúcio!
_Eu não estou inventando, porque eu posso sim ver o Darlen, Marcos...porque eu sou médium, Marcos! _ Lúcio jogou os braços para o alto desesperado.
_Como assim? _Marcos deu um passo atrás. _Médium é aquele cara que invoca os mortos, é isso?
Valéria caiu na gargalhada:
_Com vela preta, prato de farofa e garrafa de cachaça fazendo despacho nas encruzilhadas!
_Cale a boca! _ gritou Lúcio sem se conter virando-se para Valéria.
Marcos levou um susto e encarou o espaço vazio ao seu lado.
_Vai dizer o quê? Que o Darlen está aqui, é isso?
Lúcio venceu a distância que separava os dois e agarrou Marcos pelos ombros, tentando fazer com que ele prestasse atenção no que ele dizia:
_O Darlen está aqui sim, mas além dele está a sua ex-esposa Valéria que está fazendo merda na sua cabeça, Marcos! Ela quer destruir a sua vida!
Marcos desvencilhou-se dos braços de Lúcio com a expressão chocada:
_Quer dizer que além do Darlen, você agora também está vendo a minha ex-esposa que morreu lá nos Estados Unidos e já está enterrada há dias? Você só pode estar louco, cara!
Valéria paralisou com a boca escancarada e de repente, agarrou a própria cabeça e, num segundo momento, deu-se conta de que o ex-marido falava a verdade!
_Então eu estou...morta? _ ela gemeu mais afirmando do que perguntando.
Como se uma venda tivesse sido retirada dos olhos da falecida, ela finalmente pode ver Darlen!
_Darlen! _ ela apontou para o ex-cunhado. _Mas você está morto!
_Assim como também você, colega! _ Darlen não se conteve.
Tudo não levou mais do que alguns segundos, enquanto Marcos ainda extravasava a sua surpresa dizendo que Lúcio agora havia extrapolado e que ele não entendia o porquê do taxista estar fazendo aquilo.
Com a partida de Valéria, a mudança no estado de espírito de Marcos foi notada imediatamente pelo médium, porém, se a revolta havia diminuído, dava pra ver que o empresário estava completamente arrasado.
_Eu acreditei que o sentimento era recíproco, Lúcio...Eu não tenho vergonha de admitir que eu me apaixonei por você e achei que o mesmo tinha acontecido com você, cara...
Lúcio tentou tocar novamente em Marcos, mas ele levantou ambas as mãos como se sentisse repulsa pelo taxista e deu um passo atrás, se afastando.
_Marcos, por favor...vamos conversar com calma... _ insistiu Lúcio. _A gente se ama!
_Chega disso...não dá mais pra ficar aqui...eu nem consigo respirar direito... _ Marcos falou num fio de voz.
Lúcio ainda tentou:
_Marcos...o sentimento é recíproco...eu te amo e é impossível que você não tenha sentido isso quando a gente fez amor...
O empresário se exaltou uma última vez:
_A gente não fez amor! Você simplesmente trepou comigo, nada mais!
_Não deixe ele ir embora deste jeito...fale alguma coisa, Lúcio... _Darlen estava aflito.
_Me escute, Marcos...eu posso lhe provar que estou dizendo a verdade...
_Como? Adivinhando a minha senha bancária?_ o empresário falou visivelmente arrasado.
Aquele comentário deixou Lúcio arrasado e, por isso, ele não conseguiu falar mais nada...apenas ficou observando Marcos sair do apartamento sem olhar para trás.
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