CAPÍTULO 39-PURO TESÃO
Lúcio ainda tinha um sorriso sonhador no rosto, quando Darlen apareceu e logo comentou:
_Dá pra desmanchar este sorriso safado, por favor?
Lúcio apenas riu:
_Eu não estou com sorriso safado nenhum, seu voyeur!
Darlen protestou indignado:
_Voyeur eu? Acha mesmo que eu fiquei espiando vocês dois se pegando dentro do seu táxi, seu pervertido?
Lúcio caiu na gargalhada e provocou mais um pouco:
_E não ficou?
_Não! É claro que não! Pode ter certeza de que eu tinha coisas muito mais interessantes pra fazer!
O taxista estava de muito bom humor e não resistiu:
_Deixa eu adivinhar...Você estava olhando o valor das ações da Cosméticos Atalla na bolsa de valores?
_Olha, gente, ele está todo engraçadinho hoje, hein? Só pra te lembrar, ele é o meu irmão e certamente você pode imaginar como isso é indigesto pra mim!
Lúcio fingiu-se ofendido:
_Como assim indigesto? Não sabia que você era homofóbico!
_Ah, duvido que você gostaria de me ver pegando um de seus irmãos, Lúcio...
_Ok...calma...tá, já entendi. Seria estranho mesmo.
Darlen falou aquilo como se fosse um choque de realidade sobre o taxista:
_Fiquei distraindo Valéria.
Como se acordando de um sonho, Lúcio endireitou-se no banco do táxi e ficou sério. Realmente tinha até se esquecido dela.
_Sério isso?
_Acha mesmo que ela teria deixado vocês dois se encontrarem depois de tudo?
_É...claro que não. Obrigado por nos ajudar.
_E aí? Como o meu irmão reagiu quando você falou com ele sobre o Neitan e sobre a Valéria?
Lúcio fez uma pequena pausa, antes de responder:
_Pois é...aí é que está...ainda não deu tempo de falar com ele...
Darlen ficou chocado ao escutar aquilo:
_Espere aí...você não falou nada com ele? A gente tinha um acordo, Lúcio!
_Não deu... _ Lúcio tentava se desculpar.
Darlen estava nervoso ao saber daquilo:
_Como assim não deu? Vocês dois ficaram mais de uma hora juntos e não deu tempo, é isso mesmo o que você quer dizer?
_Eu estava ocupado com outras coisas...tente entender, Darlen, por favor...
_Pode parar que eu não quero ouvir isso, pelo amor de Deus!
_A gente estava se entendendo...
_Ah, tenho certeza que sim...
_E posso dizer que foi muito bom...na verdade, foi maravilhoso!
Darlen não se deixou contagiar pela felicidade do outro, naquele momento:
_E o idiota aqui bancando o anjo da guarda dos dois!
_Achei que você fosse justamente isso...o nosso anjo da guarda, Darlen...
_Engraçadinho... Estou falando sério! Como médium, você tem responsabilidades que não podem ser ignoradas, Lúcio... _ Darlen fez um pequeno sermão sobre a missão espiritual de Lúcio. _Espero que você tenha marcado um outro encontro para conversar com o Marcos, porque a Valéria está puta com ele!
O médium tentou sentir remorso, mas admitia que o entusiasmo por ter confirmado o que Marcos sentia por ele superava qualquer outra sensação!
_Eu sei...pois é... desculpe se te decepcionei, Darlen. A gente vai ter que dar um jeito...
_ A gente não...você! Eu já dei um jeito e agora é a sua vez de dar um jeito! Conte tudo para o Marcos o quanto antes! E não se esqueça de falar sobre o Neitan!
Darlen foi embora e Lúcio ficou preocupado. Realmente tinha por obrigação alertar Marcos, mas foi impossível não se deixar envolver por aquele momento maravilhoso.
Marcos também tinha se deixado envolver por aquele momento maravilhoso e teve problemas devido àquela escapadinha no meio do dia.
Primeiramente, ele teve que colocar o motorista em seu devido lugar.
_Com o perdão da palavra, senhor Atalla, acho que o senhor não deveria se encontrar com um tipo como aquele taxista.
Marcos ficou confuso inicialmente:
_Espere aí...não entendi...O que você disse?
_Está na cara que ele não passa de um marginal da pior espécie! Sei como são estas coisas... O senhor é um homem importante e imagino que ele está lhe causando algum problema...talvez alguma chantagem... aconselho a deixar este trabalho para que outros o façam...Eu mesmo posso conseguir alguém que dê um sumiço nele sem deixar vestígios, senhor Atalla! Ele nunca mais incomodaria o senhor, isso eu garanto!
Marcos ficou surpreso com a ousadia do motorista...não era a primeira vez que ele fazia aquilo... O empresário não escondeu o descontentamento quando falou:
_Emílio, quando eu precisar dos seus conselhos, eu peço. Aliás, serei eu a te dar um: cuide de sua vida!
O motorista ficou aflito:
_Perdão, senhor Atalla! Eu só quis ajudar, pois percebi o quanto o senhor estava aflito quando desceu do carro e entrou naquele táxi!
_Deixe que dos meus problemas, eu mesmo cuido! _ foi mais enfático ainda.
Marcos pensou em dizer outras coisas, mas preferiu se manter calado o restante do caminho até em casa.
A mãe logo notou que o filho estava diferente, quando Marcos entrou e deu um beijo nela.
_Mas o que aconteceu, meu filho? Parece que viu o passarinho verde!
_Vi sim, mamãe. Vi um bando deles!
Neitan também estranhou o bom humor do pai que brincou com ele e prometeu que iriam passear no final de semana.
Júlio Atalla, porém, esperava o filho com o semblante sério. Seguiu ele até o escritório e fechou a porta atrás dos dois.
_E aí? Como foi a reunião com o George hoje de manhã? Te liguei mais de mil vezes querendo saber e você simplesmente sumiu do mapa! Quer me deixar louco, Marcos? Ande! Fale logo! Como foi?
Marcos ficou surpreso consigo mesmo, pois até tinha se esquecido daquela reunião tão importante após encontrar-se com Lúcio.
_Fechamos negócio, papai! Está tudo certo!
Júlio relaxou:
_Graças a Deus! Fiquei com medo daquele sujeito dar pra trás!
O pai de Marcos deu um sorriso debochado que não passou despercebido ao filho:
_Aliás, é justamente isso o que ele faz, sabia? Dizem que dar pra trás é a especialidade daquele asqueroso!
O pai estava certo...a primeira coisa que George tinha feito ao entrar na sala da presidência da Cosméticos Atalla foi tomar a liberdade de fazer um comentário inconveniente:
_E aí? O seu garçom gostoso já te comeu?
Marcos havia sentido o sangue ferver e teria expulsado o outro de sua sala, se não precisassem tanto daquele acordo.
O empresário confirmou que o outro era realmente um vadio sem a menor compostura e resolveu reagir com tranquilidade, porém firmeza:
_Vamos agir com profissionalismo por favor, George, afinal somos homens de negócios neste momento.
O outro havia sorrido de maneira irônica:
_Você está certo. Uma peça rara feito aquela tem que ser escondida de olhos cobiçosos feitos os meus. Tratemos de negócios então.
Marcos ficou feliz quando o americano informou que pegaria um voo de volta aos Estados Unidos naquela tarde e que pretendia ficar um bom tempo por lá. Que fosse por um longo tempo, o empresário desejou.
_Disseram que o George dá aquele rabo gordo pra todo mundo por aí, Marcos! Pensa bem...Nem consigo pensar numa coisa dessas! _Júlio fez uma careta.
O empresário, que talvez antes não tivesse se importado com aquele comentário, sentiu-se mal ao escutá-lo naquele momento.
_E daí? _ perguntou com frieza encarando o pai.
Júlio ficou confuso sem entender a reação do filho:
_Como assim e daí? Não me escutou? O cara é gay, Marcos!
_Eu já entendi e quero saber o que isso tem a ver com a situação, pai!
_É nojento ter que fazer negócio com este tipo de gente, Marcos! _ o pai ainda tentou se justificar.
Marcos não cedeu:
_Por acaso isso o torna menos apto a fechar negócio conosco? O senhor está sugerindo que eu o dispense porque ele gosta de homem, é isso, pai? Quer que eu o aconselhe a procurar o Osvaldo Magalhães que talvez não ligue de saber que o George se deita com homem? Talvez o Osvaldo não se importe com isso, papai!
Júlio Atalla olhou o filho confuso, não o reconhecendo:
_Mas que reação é esta, Marcos? Não estou te entendendo! Só achei que você deveria saber com quem está lidando!
Marcos finalmente apelou:
_Eu é que não estou entendendo onde o senhor quer chegar com estes comentários, pai! Agora o senhor vai querer que eu pesquise a vida íntima de todos os nossos clientes antes de fechar negócio com eles? Era só o que me faltava!
Júlio Atalla ficou surpreso com a reação ríspida do filho, pois havia escutado ele brincando com a mãe e também com Neitan.
Marcos entrou no quarto e largou-se num sofá, após fechar a porta atrás de si. Não iria deixar o pai estragar o seu dia! Respirou fundo tentando resgatar o estado de espírito que o dominava antes de se encontrar com o pai.
O empresário fechou os olhos e se deixou levar pelas lembranças dos momentos que havia passado ao lado de Lúcio.
Sem pensar duas vezes, pegou o celular e enviou uma mensagem para o taxista:
"Quero te ver de novo!"
Lúcio, que percebeu que estava chegando uma mensagem e sentiu o corpo reagir quando viu que era de Marcos, sorriu e ficou feliz por já estar despachando um passageiro.
"Eu também quero te ver de novo!"
Marcos sorriu sozinho sentindo o corpo todo se arrepiar:
"Mas eu quero te ver agora!"
Lúcio riu também se arrepiando, percebendo o quanto também desejava aquilo:
"Na sua casa ou na minha?"
Marcos se controlou para não rir alto e chamar a atenção do restante da casa:
"Não brinque com fogo..."
Lúcio resolveu atiçar um pouco:
"Por que não, se adoro me queimar?"
Marcos sentiu que estava com vontade de perder o juízo mais uma vez naquele dia! Por que não? Era um homem livre e não devia satisfações a ninguém!
_Vai sair novamente? _ Júlio Atalla estranhou.
_Sério isso, pai? Vai controlar os meus horários agora? _ Marcos ainda estava irritado com o último comentário do pai.
Ele despediu-se do filho e também da mãe, elogiando os cabelos dela, coisa que não fazia com frequência. Realmente não conseguia disfarçar o bom humor.
O empresário ainda escutou o comentário da mãe, quando já estava perto da porta de saída:
_Deixa o seu filho se distrair um pouco, Júlio. Não percebe que perfumado deste jeito ele só pode estar indo para um encontro com alguma garota?
_Papai está namorando, vovó? _ Neitan perguntou.
Marcos saiu deixando o restante da família para trás.
Emílio veio solícito, mas Marcos o dispensou. Disse que preferia dirigir e saiu com outro carro. Não queria dar mais espaço para que o motorista viesse se intrometer em sua vida.
Aquilo era loucura, ele sabia...dois encontros em um mesmo dia...mas ele não queria pensar...não queria avaliar os riscos de se envolver numa relação como aquela...só queria aliviar o tesão que havia aumentado mais ainda depois daquelas preliminares dentro do táxi de Lúcio.
Darlen viu que Lúcio também se preparava para sair e veio lembrá-lo:
_Apressadinhos vocês dois, hein?! Dois encontros num mesmo dia?
_Mas se não foi você mesmo quem me pediu pra conversar com o seu irmão o mais rápido possível, Darlen!
_Deixa de ser falso, Lúcio! Vocês dois estão é querendo se pegar de novo!
_Seja lá o que for, você já sabe...fique de olho na Valéria!
_E tenho outra opção senão bancar o Cupido mais uma vez? Aliás, notei que ela está estranha...Acho que já está percebendo que tem gente tentando atrapalhar os planos dela...
_Quem?
_Provavelmente espíritos de luz que sabem que Valéria precisa ser controlada...ou talvez espíritos trevosos com os quais ela está em dívida...Não sei ao certo, confesso.
_Ah! Agora que você está falando, percebi que ela estava meio ressabiada outro dia...era como se sentisse medo de alguma coisa nas costas dela, sei lá...
_Valéria já deve estar perto de descobrir a verdade sobre o desencarne dela, Lúcio. Talvez até ela apareça uma noite dessas lá no centro de dona Rosa, onde poderão ajudá-la.
Lúcio saiu torcendo para que Darlen estivesse certo a respeito daquilo e que acontecesse logo, para que ele e Marcos pudessem ter paz.
Não marcaram num motel, mas sim num quarto de hotel discreto, onde o empresário chegou primeiro e Lúcio subiu minutos depois, pois havia uma permissão para ele subir na portaria.
Talvez os dois estivessem mais nervosos, se não tivessem se encontrado mais cedo.
_Já vou lhe avisando que não costumo chamar ninguém para o meu quarto logo depois do primeiro encontro, rapaz. _ Marcos falou assim que abriu a porta, só para descontrair um pouco.
Lúcio sorriu:
_Eu acredito em você, pode apostar. Sei que é um homem de respeito, senhor Atalla.
Marcos não aguentou mais segurar o desejo, agarrou Lúcio pelo colarinho, o puxou para dentro e fechou a porta atrás dos dois.
Beijaram-se sem perder tempo, um sentindo o quanto o outro estava cheio de tesão!
O filho de dona Maria Inês não tinha necessidade de dominar naquele momento e, por isso, permitiu que o empresário o arrastasse para o quarto.
Despiram-se lentamente, não perdendo o contato visual, pois estava evidente que seria a primeira vez dos dois!
Começaram a rir quando perceberam que ambos tinham passado numa farmácia para comprar camisinha e lubrificante.
_Que homem prevenido, meu Deus! _ riu Marcos.
_Olha quem está falando! _ Lúcio também riu.
Não tinham pressa...não tinham dúvidas...não tinham por que deixar aquilo pra depois.
Marcos não precisou pedir a Lúcio que fosse paciente, cuidadoso com ele...que fosse devagar, pois o taxista foi super carinhoso com o empresário e quando os dois corpos se fundiram num só, desejaram que aquele momento durasse pra sempre e que nada mais existisse no mundo, a não ser os dois!
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