CAPÍTULO 3-DARLEN ATALLA
Lúcio viu irritado quando Darlen caiu na gargalhada, provavelmente se divertindo com o desespero dele ao suspeitar que realmente o homem de terno havia acionado a polícia!
_Você não me ouviu? _ o taxista gritou nervoso. _Eu quero que vocês dois parem com este jogo ridículo agora, senão eu é quem vou chamar a polícia!
Darlen continuou rindo:
_Lúcio, eu confesso que pra mim isso tudo está sendo muito engraçado!
_Vocês dois realmente estão me fazendo de palhaço, não é? Simplesmente decidiram que iriam me tirar do sério apenas para se divertirem as minhas custas, é isso? Não tinham coisa melhor pra fazer nas suas vidas do que virem me infernizar, seus idiotas? _ Lúcio explodiu sem se conter.
O empresário já não sabia o que pensar...já não sabia o que dizer...Realmente aquele homem parecia estar falando com mais alguém no banco de trás! Um louco tendo suas alucinações!
Marcos Atalla já tentava ele mesmo explicar como o taxista havia descoberto o nome do seu irmão...provavelmente havia lido sobre o acidente de Darlen, era isso...simplesmente isso...nada de sobrenatural estava acontecendo ali, afinal. Agora ele só precisava tentar se manter calmo...Emílio daria um jeito...logo viria com a polícia resgatá-lo de dentro do táxi daquele louco!
_Pra mim já deu! Quero vocês dois fora do meu táxi agora! _ exigiu Lúcio enfurecido.
_Calma aí, Lúcio...não precisa apelar deste jeito..._ reclamou Darlen.
O taxista parou no acostamento e o motorista destravou as portas berrando:
_Desçam vocês dois do meu carro que eu não quero problema pra cima de mim!
Marcos Atalla já não tinha mais dúvidas de que aquele homem realmente sofria de problemas mentais sérios! Absurdo deixarem alguém assim dirigir colocando as vidas das outras pessoas em risco!
Mil e uma coisas passavam pela cabeça do empresário, inclusive que o taxista esperaria ele descer, já que não estava em seu juízo perfeito, e atiraria nele pelas costas, fugindo do flagrante em seguida!
O empresário já não tinha tanta certeza de que o melhor e mais seguro seria sair daquele táxi, por isso não obedeceu a ordem.
_Emílio já está vindo com a polícia... _ falou desorientado sem saber como agir.
Lúcio jogou os braços para o alto:
_E eu com este tal de Emílio? Só quero que vocês dois me deixem em paz e nem vou cobrar pela corrida!
Cada vez que o taxista mencionava um segundo passageiro, mais ainda se confirmava a suspeita de que ele era completamente louco!
Quer dizer que aquele homem tinha planejado aquele sequestro...havia inclusive se informado do nome do irmão dele...mas, de repente, ele havia surtado e desistido dos seus planos e aí já queria que ele saísse do táxi sem exigir nada em troca...Marcos analisava a sua situação, mas não conseguia entender aquele jogo sem sentido algum!
_Acho que o meu irmãozinho vai perder o seu voo e o doutor Macedo vai levar um bolo... _ riu Darlen se divertindo mais ainda.
_Problema de vocês dois...problema deste tal de doutor Macedo...eu só não quero complicações pra cima de mim...Andem! Saiam do meu carro agora!
Marcos levou outro susto! Ele havia falado o nome de seu médico também?
O taxista avaliou que a situação realmente estava muito suspeita e não pensou duas vezes antes de apertar um dispositivo que todos os carros da sua empresa tinham para pedir a ajuda dos colegas da cooperativa da qual ele fazia parte.
Eles sempre se apoiavam e o alerta geralmente era usado quando havia suspeita de roubo e sequestro...porém, se aquele homem falava a verdade, ele tinha acionado a polícia e Lúcio não estava disposto a ser preso sem ter feito nada de errado.
Eram quinze carros na empresa de táxis...torcia para que algum estivesse passando por ali...visse o seu pedido de socorro e viesse lhe dar algum apoio...afiançar a sua conduta e ajudá-lo a provar a sua inocência.
Por um momento, o taxista não soube se fazia o certo ao exigir que os dois homens saltassem do veículo...talvez fosse pior fugir e ser acusado pelos dois de tentativa de sequestro!
Finalmente, Lúcio se decidiu, dirigiu mais um pouco e parou num posto de gasolina onde lhe pareceu ser o melhor local para evitar maiores problemas.
Marcos não pensou duas vezes quando abriu a janela do veículo desesperado e começou a gritar por socorro.
_Pelo amor de Deus, cara...para com isso que eu não fiz nada... _ gemeu o taxista desorientado segurando a cabeça. _Por que vocês dois querem ferrar com a minha vida?
Dois frentistas vieram correndo ao ouvirem o apelo.
_O que está havendo aqui? _ perguntou um dos frentistas olhando para Marcos Atalla.
O segundo frentista olhou para o motorista do táxi e falou confuso:
_Alisson, é o Lúcio, filho de dona Maria Inês!
O outro concordou mais aliviado:
_Ah, é o Lúcio, irmão do Lauro e do Leandro...O que está acontecendo aqui, Lúcio?
Lúcio ficou feliz por ter sido reconhecido e já ia responder, quando levou um susto ao ouvir o som das sirenes de polícia!
_Ai, meu Deus...por que vocês estão fazendo isso comigo, gente...eu não fiz nada..._ gemeu o filho de dona Maria Inês.
_Ah, graças a Deus! _ Marcos respirou aliviado no banco de trás.
Lúcio bateu no volante do carro revoltado:
_Puta sacanagem vocês dois estão fazendo comigo...puta sacanagem...
_ Me inclui fora dessa, meu velho...Isso aí foi coisa do meu irmão sem noção... A gente estava indo numa boa aqui...Diga a ele que até a piranha da Emanuele teria agido com mais bom senso..._ Darlen falou espreguiçando-se no banco de trás.
_Como é que é? _ Lúcio perguntou ainda sem entender onde aquilo iria chegar.
_Só repita, cara! Anda! _ gritou Darlen vendo que o irmão se preparava para sair do carro.
_Até a piranha da Emanuele teria agido com mais bom senso! _ o taxista gritou mesmo sem entender o que aquilo queria dizer, já apelando pra qualquer coisa.
Marcos olhou para o taxista confuso, com a porta do carro aberta e sentindo que as pernas bambas não seriam capazes de levá-lo pra fora.
_Mas o que você está dizendo? _ o empresário arregalou os olhos na cara do taxista.
A polícia chegava cada vez mais perto e Lúcio mais uma vez apelou pela ajuda de Darlen que talvez percebendo que o rolo seria maior do que ele havia avaliado, berrou com urgência:
_Repita Darwin LX18# 13, ande, porra!
Lúcio olhava para os dois loucos no banco de trás sem saber o que fazer, quando Darlen berrou mais uma vez:
_Repita Darwin LX18#13, se quer se safar dessa, ande!
Lúcio, mesmo achando aquilo uma grande loucura, repetiu o que o segundo passageiro dizia e Marcos olhou pra ele sentindo que perdia as forças e despencou desconjuntado para fora do carro!
O empresário teria caído no chão, se um dos frentistas não o tivesse amparado com agilidade.
_Mas que merda é essa, meu Deus? Que loucura é essa? _ gemeu o empresário não fazendo questão alguma de se sustentar sobre as próprias pernas. _Como você sabe esta senha?
A polícia, junto ao motorista de Marcos, já se aproximavam do táxi de Lúcio!
_O seu irmão Darlen me falou! _ gritou Lúcio já saindo do carro com as mãos para o alto, a fim de evitar que atirassem nele.
Os policiais já dominavam Lúcio com truculência, enquanto ele olhava em desespero para o empresário que era amparado pelo motorista.
Marcos sentiu como se o mundo todo a sua volta estivesse se fechando...sentiu que o ar lhe faltava...as vistas escureciam, enquanto Emílio o amparava.
O empresário simplesmente dobrou sobre si mesmo quando vomitou um líquido amargo que veio com tudo até a sua garganta!
_Calma, senhor...calma... _ Emílio continuou a ampará-lo.
Os dois frentistas, também sem saberem o que estava acontecendo ali ao verem tantas viaturas cercando o carro de Lúcio, simplesmente voltaram sobre os próprios passos já erguendo ambos os braços a fim de deixarem as mãos bem à vista.
_Eu sou inocente, gente...eu não fiz nada! _ gritava Lúcio aflito já sendo arrastado pelos policiais para dentro de uma das viaturas, algemado como se ele fosse uma ameaça para alguém.
O pandemônio se deu quando quatro outros táxis entraram no posto de gasolina e praticamente jogaram os seus condutores pra fora, assustando os policiais que ficaram alerta de armas em punho temendo um confronto!
_Todo mundo pra trás! Todo mundo pra trás! _ um policial exigiu.
Lúcio se sentiu amparado ao ver os colegas de trabalho. Eles estavam confusos com o que viam:
_Mas o que está havendo aqui?
_Espere aí...por que estão prendendo o Lúcio?
Lauro e Leandro, irmãos mais velhos de Lúcio, chegaram logo em seguida e abriram caminho entre os colegas a fim de chegarem mais perto do irmão:
_Esperem aí! O que está havendo aqui? Ele é o nosso irmão...
_Por que estão prendendo o meu irmão?
Vendo a arma apontada para os seus irmãos, Lúcio gritou já temendo o pior:
_Este homem aí está me acusando de tentativa de sequestro, gente!
Dois policiais acharam melhor escoltarem Emílio e o patrão para dentro do posto de gasolina, receosos do que poderia acontecer se eles continuassem ali fora.
_Prisão em flagrante! _ berrou um dos policiais.
Os colegas tiveram que conter os ânimos dos irmãos de Lúcio que avançaram com tudo em direção aos policiais:
_Mas isso é mentira!
_O nosso irmão é inocente!
A polícia não se intimidou pelo cerco feito pelos taxistas.
_Isso a gente vai resolver na delegacia, porque foi prisão em flagrante! _ informou um dos policiais, enquanto o carro que levava Lúcio saía em alta velocidade com a sirene ligada.
Um dos taxistas reconheceu um dos policiais e aproximou-se a fim de esclarecer aquilo:
_Mas o que está havendo aqui, Guimarães? O rapaz é inocente! Eu lhe garanto isso!
_Lamento, Paulo, mas isso quem vai decidir é o delegado, porque foi prisão em flagrante! A vítima acusou o seu irmão de sequestro!
Os ânimos se alteraram mais ainda e os taxistas fizeram um coro de protestos visivelmente indignados!
_Chamem um advogado!
_Chamem o sindicato!
_Isso não vai ficar assim!
_Mas que vítima, que vítima? _ berrou Lauro, irmão de Lúcio. _Onde está este filho da puta que inventou um absurdo desses, gente?
_Eu quero ver esta tal vítima falar na minha cara que vai acusar o meu irmão de sequestro! _ Leandro também protestou.
_Eu vou quebrar a cara deste desgraçado! _ Lauro não se conteve tentando seguir os dois homens que haviam sido levados para dentro do posto de gasolina.
Dois policiais tentaram impor respeito no grupo exaltado, temendo que eles linchassem o acusador!
_Acalmem os ânimos, senão vamos levar todo mundo pra delegacia!
Os taxistas conseguiram arrastar os dois irmãos para longe dos policiais.
_Mas é pra lá mesmo que a gente vai! _ Leandro berrou, antes de entrar no carro.
_Ninguém solta a mão de ninguém! _ alguns taxistas berraram. _Atrás dele, gente!
Os policiais viram que o melhor mesmo era guiarem aqueles homens para a delegacia, especialmente para evitar que eles tentassem fazer justiça com as próprias mãos.
A fila de taxistas seguiu o carro da polícia.
Um dos policiais decidiu ligar para a delegacia pedindo reforços, tendo a certeza de que aquilo não iria acabar bem.
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