CAPÍTULO 13-O SONHO ERÓTICO




A corrida seguinte deixou bem claro para Lúcio que o melhor seria encerrar o expediente e ir pra casa. 

A passageira que entrou no seu táxi era uma senhora completamente descompensada que simplesmente já entrou falando de como ela sofria com o marido que era alcoólatra. 

Não era a primeira vez que o taxista seria feito de psicólogo, algo muito comum de acontecer, mas ele não tinha cabeça para mais nada, depois do incidente com o empresário. 

Num dado momento, Lúcio se dispersou ainda chocado com o que havia acontecido e quase provocou um acidente!

_Olha aí, meu filho! Onde está com a cabeça? Quer nos matar? _ a mulher protestou assustada. _Parece que bebe e depois vem colocar uma mãe de família em risco de morte!

Para compensar a pobre senhora, ele disse a ela que não precisaria pagar a corrida e ela desceu mais calma.

Ele não estava com cabeça para focar no trânsito, muito menos seria tão irresponsável para continuar trabalhando naquela noite atípica e arriscar a vida de outra pessoa.

A mãe logo estranhou quando o viu entrar desfeito:

_Achei que você iria trabalhar até mais tarde, filho. Está sentindo alguma coisa? Quer que eu lhe faça um chá de erva cidreira?

Alegando cansaço, o rapaz tomou um banho e foi logo para o quarto, tentando fugir do que o estava atormentando tanto.

Num dado momento, chegou a avaliar se teria mesmo socorrido  a vítima se tivesse identificado antes quem ela era! Descartou aquela ideia com repulsa, pois tinha certeza de que não daria as costas para um homem que estava morrendo sufocado tendo a certeza de que poderia salvá-lo!

Ele sabia que tinha salvado a vida de Marcos Atalla, o grande empresário que havia implicado com ele desde o primeiro dia em que haviam se encontrado. Lúcio porém também sabia que Marcos era o pai do carismático Neitan. Agora que ele conhecia o pequeno, jamais teria coragem de negar socorro ao pai dele...mesmo já tendo percebido que Marcos  não era um bom pai. 

Não dava pra esquecer também do desespero de Darlen...o irmão enigmático do empresário... o homem  que achava que não precisava pagar pelas suas corridas e que entrava e saía do seu táxi sem ser percebido.

Lúcio  sabia que não teria negado ajuda ao necessitado de socorro, mesmo que aquele homem tivesse lhe apontado uma arma ou deixado que ele fosse pra cadeia! O filho de dona Maria Inês  sabia que não era assim...não mesmo!

Finalmente, o taxista se permitiu reviver todo o episodio que havia marcado aquela noite e ele duvidava que algum dia poderia se esquecer do que havia acontecido.

O anjo em sua cabeça lhe dizia que aquilo tinha sido um gesto lindo...mas o diabo nele dizia que tinha sido realmente um grande azar ele ter chegado a tempo e ter conhecimento daquela manobra.

Tudo tinha acontecido tão rápido e de forma tão alucinante que talvez ele estivesse ainda em choque, essa era a verdade...talvez porque era irônico demais aquilo ter acontecido justamente com ele, que tinha todos os motivos para virar as costas para Marcos! 

Por que, dentre todas as pessoas no mundo...dentre todos os taxistas da empresa onde trabalhava, tinha que ser ele a estar perto do incidente e ter sido abordado por Darlen? 

Quantos outros taxistas poderiam também saber a manobra de Heimlich e terem salvado a vida de Marcos? Por que tinha que ser ele, se perguntava desorientado...era a vida testando a sua humanidade, ou gozando a cara dele? 

Uma outra dúvida gritava em sua mente e ele não encontrava resposta pra ela: como Darlen pode prever que o irmão estava sufocando e precisando de socorro? Era óbvio que ele praticamente havia  previsto o incidente, porque se Lúcio calculasse bem, não havia dado tempo de Darlen estar perto da cena e correr para entrar no táxi dele daquele jeito! Aliás, aquilo era absurdo demais, pois Darlen  já estava dentro do táxi mesmo antes de Lúcio o perceber, porque não tinha como ele ter entrado ali com o veículo andando!

Tudo tão surreal...tudo tão confuso...novamente Darlen não estando mais lá quando ele voltou e precisava esclarecer aquilo!

Era como se o universo inteiro houvesse conspirado para que o seu táxi fosse conduzido  para aquele lugar, para aquele momento, para aquela mulher que gritava por socorro...Qual tinha sido mesmo a parcela da participação de Darlen para que aquele desfecho tivesse acontecido daquele jeito?

Lúcio ficou imaginando se tivesse chegado alguns minutos mais tarde, o que acarretaria na morte de Marcos Atalla...ou se estivesse do outro lado da cidade e não tivesse como chegar ali...Será que Darlen pediria ajuda a outra pessoa, ou deixaria o irmão morrer porque os dois estavam com as  relações cortadas? Por que o irmão de Marcos  não quis ficar para ver o desfecho daquela situação? Tantas lacunas!

Lúcio sabia que aquelas questões só poderiam ser respondidas na próxima vez em que o irmão Atalla folgado invadisse o seu táxi mais uma vez sem ser convidado e mais uma vez fugisse sem pagar a corrida...Sabe-se lá desde onde ele estava ali escondido só esperando para dar aquele susto no condutor do veículo. Loucura demais tudo aquilo, Lúcio admitiu. 

O filho de dona Maria Inês tentou pensar no pobre Neitan que ficaria sem o  pai...tentou pensar no enigmático Darlen que não teria feito as pazes com o irmão mal humorado antes que ele morresse e talvez vivesse pelo resto da vida com aquela culpa de omissão de socorro...mas os seus pensamentos sempre o atraíam para a figura de Marcos Atalla!

Já cansado de tanto pensar, o taxista  suplicou a Deus que o livrasse de vez dos irmãos Atalla, ou ele enlouqueceria!

Lúcio demorou a pegar no sono e quando o fez, sonhou que novamente chegava ao local do incidente daquela noite, mas a praça estava vazia...nem mesmo a suposta namorada de Marcos estava por perto... não havia mais ninguém ali a não ser ele e Marcos.

No sonho, o taxista novamente via a suposta vítima   de costas se contorcendo e imediatamente o agarrava por trás, metia a perna entre as do empresário, para evitar que ele caísse no chão, caso desmaiasse devido à falta de oxigenação no cérebro. Como havia feito  na vida real, Lúcio posicionava as duas mãos no peito de Marcos e começava a fazer a manobra de Heimlich.

Em choque, o taxista logo percebeu que  o empresário não estava em sofrimento devido ao sufocamento, mas sim gemia e se contorcia...de puro prazer!

Aquela constatação intrigante mexia com Lúcio e ele sentia todo o seu corpo se incendiando de puro tesão ao escutar os gemidos e o gozo daquele homem que inicialmente pensava estar salvando a vida.

Num dado momento, Lúcio percebeu que os dois estavam completamente nus e que ele podia sentir o perfume caro de Marcos que exalava de sua nuca tão perto de suas narinas...o corpo bem feito de Marcos se encaixava  perfeitamente ao de Lúcio e ele  começou a ficar realmente excitado...o seu membro começou a ficar duro enquanto continuava a fazer  aquela manobra que já não era mais uma manobra para salvar a vida de um homem, mas para deixar aquele homem cada vez mais  excitado!

Marcos estava  ofegante e praticamente se derretia nos braços de Lúcio que sentiu quando as nádegas do empresário generosamente se abriam,  enquanto ele se dobrava para a frente...O taxista sentiu como se o próprio pau saltasse com uma energia impressionante e penetrava o empresário...Os dois começaram a se pressionar um contra o outro cada vez mais...numa sintonia que quase enlouqueceu Lúcio...transformando os dois corpos em praticamente um só!

Marcos não estava mais arrogante, mas sim estava submisso e se entregou aos prazeres da carne  de maneira completamente alucinante!

Sentindo que gozava com tudo dentro de Marcos, Lúcio percebeu que o empresário também havia gozado quando deu um gemido alto e gritou o seu nome:

_Lúcio!

O taxista acordou de um salto e percebeu que não era Marcos Atalla quem havia gritado o seu nome, mas sim a sua mãe que vinha ao encontro dele com os braços estendidos:

_Filho, eu estou muito orgulhosa de você!

Percebendo assustado que havia gozado, ele simplesmente prendeu os lençóis entre as pernas! Numa espécie de dejavu, lembrou-se dos tempos de adolescência, quando se masturbava escondido debaixo dos lençóis e às vezes era surpreendido pela mãe que entrava no quarto sem avisar.

_Mamãe! Isso é jeito de me acordar? _ falou tentando ganhar tempo. _Quer me matar de susto?

Felizmente, o cheiro forte do amaciante que a mãe sempre exagerava nas roupas  dava uma disfarçada no odor do gozo carnal. 

Os outros dois filhos de dona Maria Inês  também entraram logo atrás da mãe e quando Lúcio percebeu, a mãe estava agarrando o seu rosto e beijando...enquanto os irmãos simplesmente riam da cara assustada e confusa  dele.

_Isso, dona Maria Inês! Baba mesmo na sua cria!

Com a expressão confusa, Lúcio olhou para os irmãos que se aproximaram da cama já lhe estendendo o celular.

_Não sabíamos que tínhamos um herói discreto em nossa família...

_Talvez não tenha sido discrição, mas receio que a gente achasse que ele perdeu completamente o juízo por ajudar quem não merece!

_Eu sempre soube que o meu filho era um homem especial! _ a mãe beijava o rosto dele sem dar trégua pra que ele pudesse olhar o que queriam lhe mostrar. _Olha aí quantas visualizações e quantos likes, meu amor! Você virou celebridade da noite para o dia, Lúcio!

Lúcio finalmente pode ver do que eles estavam falando: alguém havia filmado ele salvando a vida de Marcos Atalla!

_Mas que merda, gente! Eu não sabia que tinham me filmado! Sacanagem, viu? 

Os irmãos de Lúcio e dona Maria Inês  se atropelavam querendo falar todos  ao mesmo tempo:

_Leia aí os comentários, Lúcio!

_Estão te chamando de herói...

_Anjo...

_Enviado de Deus...

_Eu teria deixado aquele imbecil morrer engasgado...

_Cale a boca que eu não ensinei vocês três a pagarem o mal com o mal!

_Pra sorte daquele idiota, parece que o Lúcio aprendeu direitinho o que a senhora ensinou, mãe.

_Por que você não contou pra gente o que tinha acontecido, meu filho?

Lúcio estava irritado...precisava ficar sozinho e só queria dar um basta naquilo!

_Não foi nada, mãe! Fiz por ele o que teria feito por qualquer pessoa!

_Olha isso...e ainda é modesto... _ a mãe falou orgulhosa do filho.

Lúcio ainda estava em choque olhando as imagens dele aplicando aquela manobra em Marcos e associando a mesma ao sonho que havia tido com o empresário.

Não tinha como ele não associar as imagens refletidas na tela do celular  a uma situação erótica!

_Tá certo que o filho da mãe merecia mesmo era tomar no rabo pra deixar de ser trouxa daquele jeito, mas eu nunca imaginei que o meu irmão caçula iria tomar essa tarefa pra ele mesmo, mamãe!

_Leandro, você perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado! _ a mãe o recriminou. 

Mas o irmão de Lúcio não se intimidou e continuou:

_Diz aí que o idiota se engasgou com um sorvete de castanha!

_ Que nada... Deve ter se engasgado  com a própria língua!

_A língua dele ou a língua da gostosa que o acompanhava e se descabelava enquanto o macho dela quase morria sem ar?

Dona Maria Inês não se conteve ao comentar:

_Isso é o que eu  chamo de carma instantâneo e ele pagou mais cedo do que poderia imaginar aquela tentativa frustrada de incriminar o meu filho! Foi a justiça de Deus agindo a favor dos fracos e oprimidos por esta gente rica que só ostenta e pisa nos outros, isso sim!

Lúcio teve dificuldades para  se livrar da própria família, até que conseguiu se refugiar no banheiro para tomar um merecido banho.

Fechou os olhos tentando se esquecer daquelas imagens que havia visto no vídeo...e especialmente daquelas imagens que havia visto em seu sonho...Tudo muito insano mesmo!

Loucura demais  ter um sonho  erótico com aquele homem detestável, especialmente porque Lúcio  nunca havia  sentido atração por outro homem e agora o faria justamente em relação ao seu pior inimigo? Só podia ser a vida debochando da cara dele!

Chegar ao local de trabalho não foi diferente...todos os colegas o cumprimentavam pelo gesto admirável  de oferecer ajuda a quem havia tentado mandá-lo pra cadeia.

_Eu teria fingido que não sabia como agir. _ disse um dos colegas de Lúcio.

_Pois eu entraria no meu táxi dizendo que iria chamar uma ambulância e nem olharia pra trás. _disse outro. 

_Muito nobre da sua parte, Lúcio...pagar o ódio com o amor! Jesus te abençoe! _ comentou uma taxista emocionada com a atitude do colega. 

Nas corridas que fez naquele dia, algumas pessoas o reconheceram e também o cumprimentaram.

Ao final do seu turno, Lúcio só queria voltar pra casa e continuar torcendo para que aparecesse algum outro assunto nas redes sociais que fizesse com que as pessoas se esquecessem dele! 

A vida, porém, ainda lhe reservava  mais uma surpresa para aquele dia...uma visita inesperada para o filho de dona Maria Inês!


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