CAPÍTULO 11-UMA PEQUENA PAUSA
Lúcio contou aos irmãos o último incidente que havia tido com a família Atalla.
Lauro e Leandro, irmãos de Lúcio, não esconderam a revolta por alguém estar fazendo tamanha sacanagem com o irmão caçula.
_Estes filhos da mãe acham que só porque têm dinheiro, podem foder com a vida das outras pessoas!_ disse Lauro indignado. _O impressionante é que eles simplesmente cismaram com você assim do nada, Lúcio!
_ E isso já está indo longe demais! Até o filho do tal Marcos Atalla já entrou na história...Sinal de que árvore ruim dá frutos ruins! _Leandro também estava revoltado.
Lúcio protestou imediatamente, pois tinha gostado de Neitan e percebeu que ele era uma vítima do pai. Indiretamente também do tio, que ao invés de ter ficado pra defender o sobrinho da ira do empresário, simplesmente o havia abandonado.
_Não creio. O menino realmente me pareceu sincero. Ele certamente ficou surpreso ao descobrir que o tio não morreu. _explicou Lúcio. _ Parece que todos mentiram para o garoto. Talvez por alguma desavença entre os irmãos, decidiram que o melhor era excluir Darlen da vida do Neitan dizendo que ele estava morto.
Os irmãos de Lúcio não se conformavam:
_Isso sim é uma puta sacanagem com o garoto! Imaginem como deve estar a cabeça desta criança!
_Como alguém tem coragem de inventar uma coisa dessas para o próprio filho? Especialmente se tio e sobrinho se gostam...se dão bem...Muita maldade mesmo!
_Pois foi exatamente isso o que aconteceu. Os pais do Neitan inventaram pra ele que o tio havia morrido e aí o homem aparece pra buscar o garoto na escola assim do nada. Mesmo com a prova de que tudo não passou de uma armação, o pai se recusa a admitir que mentiu para o filho.
_Maldito!
_Depois o garoto cresce revoltado, perturbado por causa desta história toda e aí depois a gente vê aqueles noticiários cheios de tragédias de filho se matando...matando os pais...
_Se não fosse filho de rico, a gente até que poderia denunciar este canalha para a polícia!
_Pois eu denunciaria! Que não desse nada pra este imbecil, mas pelo menos, ele veria que tem alguém de olho nele!
Lúcio falou rápido, temendo que os irmãos se complicassem por causa de um problema seu:
_Não vai dar em nada pra eles, mas poderia dar muita dor de cabeça pra gente! O melhor mesmo é esquecer este caso todo e tocar a nossa vida pra frente!
_Bom, tenho que concordar com você, mano. Eles não iriam querer um escândalo...e viriam com tudo pra cima da gente! _ Leandro suspirou conformado.
_E além do mais, o menino deve ter babá, governanta, pediatra, vários professores, mãe, avó, primos, tios...Alguém vai tomar uma atitude uma hora dessas! _Lauro concordou. _E a gente sabe que a corda arrebenta sempre do lado mais fraco...
_Agora é torcer para que estes dois irmãos capetas desinfetem logo de sua vida, Lúcio!
Os irmãos de Lúcio saíram e ele continuou pensando em Neitan. Um garotinho tão inteligente, envolvido em tamanha trama armada pelos próprios parentes.
Lúcio também não iria deixar passar que se alguém poderia tomar alguma atitude para proteger o lado emocional do pequeno, esse alguém deveria ser o próprio Darlen.
O taxista prometeu para si mesmo que se novamente o tio de Neitan entrasse em seu táxi, ele simplesmente iria falar com franqueza com ele e apelaria para que Darlen fizesse as pazes com o irmão pelo bem-estar do garotinho.
Os dias se passaram, Darlen não apareceu novamente no táxi de Lúcio e o taxista achou que era um sinal de que aquilo não era mais problema dele. Parecia que os Atalla finalmente haviam saído do seu caminho e o melhor era que ele também saísse do caminho deles.
Compromissos inadiáveis impediram Marcos Atalla de ir atrás do taxista que havia mexido tanto com a cabeça do seu filho.
Felizmente, como num passe de mágica, ou talvez como resultado do castigo que o pai havia aplicado sobre o filho, Neitan não voltou àquele assunto e o empresário resolveu não forçá-lo a confessar que havia mentido.
Emílio ficou responsável por levar e buscar o garoto na escola e com a agenda lotada, Marcos abriu mão de estar junto. Que o motorista fosse sozinho e que mantivesse uma pontualidade impecável para evitar maiores transtornos.
_E o tal taxista, Emílio? Algum sinal dele? _Marcos perguntou um dia.
_Não, senhor. Acho que ele desistiu de aplicar sabe-se lá que golpe no senhor ou no seu filho. Qualquer coisa, avisarei ao senhor imediatamente, não precisa se preocupar. Comigo aquele marginal não mais terá vez.
_Melhor assim. _Marcos finalizou o assunto pretendendo a ele não mais voltar.
Valéria, mãe de Neitan, havia avisado que precisaria ficar pelo menos por mais uns dois meses nos Estados Unidos, pois havia tido alguns problemas nos exames de saúde e a cirurgia havia sido adiada.
Ela começou a listar assustada quais eram os problemas que haviam sido detectados nos exames, mas ficou claro que Marcos não a estava escutando.
_ Mais dois meses? Não acha tempo demais pra ficar longe do Neitan, Valéria? Não prefere retornar ao Brasil então? Você vem, resolve o que tem que resolver aqui e depois volta quando estiver tudo ok e faz a sua cirurgia. _o empresário sugeriu.
A ex-esposa do empresário soltou um palavrão do outro lado e desabafou indignada:
_Eu teria que ser muito idiota pra pensar que você se preocuparia com o meu bem-estar, Marcos... Muito menos com o bem-estar do seu filho! Você já se cansou do Neitan e quer que eu volte para te liberar, nada mais! Acabei de falar que os meus exames de saúde apresentaram problemas e você nem quis saber quais problemas...Coitado do meu filho se eu morrer, porque ele só pode contar comigo, porque o pai não vale nada...deve achar que eu fiz o filho sozinha mesmo...
Marcos ficou calado deixando Valéria fazer o que ela fazia de melhor: despejar sobre ele todas as acusações que ela encontrasse!
Depois de algum tempo, ele simplesmente largou o telefone sobre a mesa e saiu deixando que ela continuasse falando sozinha até que descobrisse que ele não estava mais ali.
Ela estava certa, ele teve que admitir. Ele não se preocupava mais com a ex-esposa...Valéria não significava mais nada na vida dele!
Marcos havia marcado um jantar com uma de suas clientes que estava disposta a contratar um serviço enorme com eles e não iria ficar se estressando com a ex-esposa!
A mulher era linda, inteligente, sensual...Ele tinha certeza de que talvez aquilo o forçasse a investir novamente na vida amorosa, visto que quase já havia desistido, depois de tantos desencontros.
Tantas mulheres fúteis...outras tantas vulgares...interesseiras...Ele havia tentado encontrar uma nova parceira depois que tinha se separado da mãe de Neitan, mas sem sucesso...nenhuma havia lhe interessado. Estaria condenado a viver sozinho, já que não tinha sorte no amor?
Mecanicamente, Marcos colocou o telefone no ouvido de novo...a ex-esposa continuava a falar do outro lado da linha, dizendo o quanto ele era um mal pai tentando fugir do filho daquele jeito...
Ser um bom pai...o que era ser um bom pai? Ele não julgava que havia tido bons pais...nem mesmo Darlen...ou a própria Valéria que às vezes parecia mais interessada em agradar a mãe do que a si mesma.
_Sem falar na miséria de pensão que você dá para o seu filho..._ela continuou do outro lado.
Era uma verdadeira fortuna o que ele repassava pra ela todos os meses e ele tinha certeza de que o dinheiro dava não só para sustentar Neitan, como também para sustentar Valéria e a família dela.
Além da pensão, Marcos fazia questão de pagar a escola caríssima do filho...um convênio médico de valor absurdo...e sempre que Neitan estava com o pai, ele levava o filho ao shopping para que ele pudesse escolher roupas, brinquedos, jogos, calçados...O que mais ela queria que ele fizesse? Sentasse no chão pra brincar com o garoto? Jogasse bola com ele? Ele não tinha jeito pra isso e ela sabia!
Marcos decidiu não se deixar afetar pelas acusações da ex-esposa, especialmente porque iria sair com Sabrina, a nova cliente, naquele dia e pretendia estar bem para poder aproveitar a noite.
Ele desejava apenas sair, conversar um pouco, se distrair, mas ao ver as roupas da sua acompanhante, ficou evidente que ela esperava algo mais após o jantar.
Sabrina mostrou ser uma mulher arrogante e narcisista. Dominou mais da metade do jantar contando a ele sobre como havia chegado até os trinta anos ainda solteira, exatamente por ter descartado todos os seus pretendentes.
Ele não sabia se ela desejava que ele se esforçasse mais para agradá-la, ou se ela já o estava alertando para não se envolver demais.
Talvez percebendo que estava cansando demais o parceiro, Sabrina de repente tentou mudar de estratégia e se mostrar uma mulher mais extrovertida, por isso, quando anunciaram que trariam a sobremesa, ela falou:
_Sabe o que eu queria? Caminhar um pouco, afinal, a noite está muito agradável. Quem sabe possamos andar... tomar um sorvete...
Ele não estava a fim de voltar pra casa mesmo e talvez se caminhassem um pouco, ela não insistiria que espichassem a noite.
_É claro. _ ele disse pagando a conta e a conduzindo para fora do restaurante.
Sabrina estava certa, a noite estava muito agradável e ele dispensou Emílio dizendo que o chamaria quando precisasse dos serviços dele.
Atendendo ao desejo da garota, Marcos comprou sorvetes para os dois e ela finalmente mostrou-se ser uma boa companhia, quando deixou que ele falasse um pouco de si mesmo.
Logo os dois estavam rindo mais à vontade e a noite poderia ter terminado bem, se um pequeno descuido não fosse mudar a vida do empresário para sempre!
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