PRÓLOGO
Está cometendo um grande erro, então pare agora mesmo!
A mente de Miranda Miller disparava esse aviso várias vezes, embora estivesse anuviada por champanhe, uma crise existencial e muito desejo por Caellum Stephan Maximoff, Lorde do reino de Orion.
Caellum Stephan Maximoff que, aliás, estava naquele exato momento lhe beijando, o que era inesperado. Miranda só podia supor que, assim como ela, o Lorde devia ter encontrado mais do que champanhe no bar da festa de réveillon organizada por Aiden Kannenberg. Só isso explicava Caellum ter se aproximado para beber com ela e depois beijá-la.
Quando Miranda chegou à mansão Kannenberg depois de discutir com os pais antes mesmo da ceia na casa dos Miller, a última coisa que ela estava pensando era que, algumas horas depois, estaria se agarrando justo com a pessoa que jurou para si mesma que nunca mais teria nada.
Todavia, Miranda pensou durante aquele beijo, ela só conseguiu não ter nada com Caellum por dois anos, provavelmente, porque os dois nunca tinham ficado sozinhos nesse meio-tempo e com garrafas de champanhe batizadas com só-os-ancestrais-sabiam-o-quê.
Depois ela também pensou que ainda gostava muito de beijar Caellum. Provavelmente era algo que Miranda não iria admitir para ninguém e nem para si mesma depois que a ressaca de champanhe batizado viesse com um surto de consciência, mas gostava.
Principalmente quando Caellum fazia isso enquanto suas mãos se apoiavam nos quadris dela, buscando deixá-la o mais perto possível de seu corpo repleto de músculos recém-adquiridos no serviço militar.
"Se for me odiar amanhã de novo, você tem que me mandar parar agora, Miranda", Caellum disse de repente, entre um dos breves intervalos que os dois faziam para recuperarem o fôlego.
Pega de surpresa por ele falar algo naquele momento, Miranda abriu os olhos e observou Caellum, cujos olhos permaneciam cerrados. Ela achou que ele parecia uma pintura. Tinha o maxilar marcado, as bochechas altas e os lábios bem desenhados, além de levemente inchados graças aos beijos de champanhe. Quando ele abriu os olhos, a penumbra do corredor em que estavam no segundo andar da mansão Kannenberg escondeu o tom exato de castanho pôr-do-sol deles, mas o Lorde continuava gloriosamente lindo até para a mente enevoada de Miranda Miller sob efeito de champanhe... E sabe-se-lá-o-quê.
"Por quê?" Mimi se sentiu um pouco estúpida assim que fez tal pergunta, porque sabia, em algum lugar abaixo da névoa do álcool, que havia muitos porquês. No entanto, naquele instante, ela não conseguia pensar em nenhum.
No momento, Miranda não se importava com nada, além do fato de que Caellum não estava lhe beijando. Não se importava com a festa acontecendo no andar debaixo da casa. Não me importava com a chegada do novo ano. Não se importava que os pais fossem extremamente controladores e tenham estragado a sua noite por um momento. Não se importava que Caellum fosse filho de uma duquesa, sobrinho de uma rainha e membro de duas famílias que lhe achavam indigna demais para estar com ele. Não se importava que estivesse cometendo um erro ao deixar que ele lhe beijasse ou ao demonstrar que queria ser beijada por ele... E até ir além.
"Porque eu estou de saco cheio disso", o Lorde foi direto. "Mesmo que seja só por hoje, não quero que se arrependa depois e aja como se eu fosse desprezível. Foi você que me deu um pé na bunda".
Pé na bunda. Isso a fez rir, o que foi um indício e tanto da sua embriaguez, bem como da do próprio Caellum, que riu junto da própria escolha de palavras em seguida.
Abaixo da névoa do álcool, Miranda sabia que a preocupação de Caellum antes da crise de riso era importante. Todavia, depois de três garrafas de champanhe, raciocínio dela estava simples o suficiente para a resposta ser uma só, dita enquanto o seu coração batia feito um tambor:
"Eu não vou me arrepender".
Miranda pensou que havia uma razão para que Caellum fosse a pessoa com quem ela acabou aos beijos, apesar de tudo. O champanhe ajudou, mas o que os trouxe até ali, com certeza, não havia sido mero efeito da bebida. Se fosse o caso, ela teria beijado alguém mais acessível e apostava que o Lorde teria feito o mesmo. Alguém que não fosse causar uma dor de cabeça maior que o próprio champanhe no dia seguinte.
Porém, infelizmente esse alguém interessava a nenhum dos dois. Apenas Caellum Stephan Maximoff interessava para Miranda, bem como a fuga que ele estava lhe proporcionando naquela madrugada do novo ano que nascia. Uma oportunidade de viver mais uma noite do romance que foi obrigada a interromper pelo bem dos dois, porque não queria que Caellum se tornasse um problema para ela e muito menos que ela se tornasse um problema para ele. As coisas eram muito complicadas quando analisadas sem o efeito do champanhe.
No entanto, assim que Caellum beijou Miranda outra vez, não existiam mais preocupações. Eles eram só dois jovens trocando beijos sabor champanhe. A garota sem títulos e o lorde que ela havia cometido o erro de deixar entrar na sua vida, assim como o erro ainda maior de obrigá-lo a sair dela.
É claro que haverá arrependimento, Miranda pensou consigo mesma mais tarde, quando eles saíram do corredor e entraram em um dos quartos da casa. No que dizia respeito aos dois, sempre havia arrependimento.
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