56. SIM

"Você está tão bonita, Mimi".

Viro-me, completamente pega de surpresa pela aparição repentina, e dou de cara com Aeryn em seu vestido vermelho de madrinha, o qual possui alças finas e uma saia com tafetá. Seu cabelo castanho foi arrumado de modo a estar metade preso e metade solto, com cachos, e minha amiga exibe um conjunto de joias com pedras de rubi. No entanto, seus olhos esverdeados estão minguados e são uma ameaça à bonita maquiagem que a equipe de embelezamento responsável por nos arrumar lhe fez.

"Não chore", eu digo. "Se você chorar, eu vou chorar também".

Minha amiga assente e respira fundo em uma tentativa de se recompor. Depois disso, Aeryn abre um sorriso.

"Sabe, eu aposto que a Miranda de três anos atrás jamais imaginaria isso. Você estava convicta de que não teria nada além de fogo de palha com o Caellum, quando eu descobri que estavam saindo em segredo".

Não consigo conter um sorrisinho quando me lembro da ocasião em que, perdidos em amassos para lá de quentes, Caellum e eu invadimos uma das salas de música da Aureum College e demos de cara com Kyle e Aeryn por lá. Foi assim que descobrimos o romance secreto dos dois, assim como eles descobriram o nosso. Só que, diferente de Caellum e eu, os dois foram menos teimosos e acabaram se resolvendo muito mais rápido em uma história sobre um príncipe mentiroso e noites estreladas.

"Acredite, eu tenho certeza de que a Miranda de três anos atrás riria da sua cara, se fizesse essa cogitação. Engravidar do Caellum e depois casar com ele? O que você bebeu na noite passada para delirar tanto assim?".

Aeryn ri e se aproxima, envolvendo-me em um abraço.

"Estou muito feliz por você, minha amiga. Sei melhor do que ninguém o quanto o caminho até aqui foi angustiante".

"Sim, você sabe", afasto-me de Aeryn apenas o suficiente para olhá-la nos olhos com toda a gratidão que consigo transmitir. "Foi meu maior apoio durante este ano maluco, Aeryn, e isso eu jamais vou esquecer".

Minha amiga sorri, voltando a se emocionar.

"Não foi nada que você não faria por mim de volta, Mimi", ela diz, desfazendo o abraço por completo. "Agora, que tal se eu te levar para o seu casamento, hein? Vim aqui apenas para buscá-la".

"Só espere um momento".

Volto-me uma última vez para o espelho de corpo inteiro no closet do quarto de hóspedes que me foi designado na mansão Kannenberg.

A imagem que encontro é tão exuberante quanto imaginei que estaria na última vez em que experimentei o vestido, o que me faz sorrir com satisfação ao imaginar o instante em que encontrarei Caellum no altar. Será que ele está tão nervoso quanto eu para esse momento? Por causa das preparações ao longo do dia, nós não pudemos conversar um com o outro e tenho um sentimento crescente de frio na barriga que me faz respirar fundo antes de me voltar outra vez para Aeryn.

"Vamos".

Sigo minha madrinha pelo closet afora e, ao passar pelo quarto, pego o arranjo do buquê sobre a penteadeira. Apesar de não ser a minha flor favorita, o arranjo é de tulipas vermelhas e brancas, em razão da tradição detestável da família de Caellum acerca de sua cor representativa.

"Preferia mil vezes alguns punhados de íris azul", comento assim que Aeryn abre a porta para que eu saia do quarto.

Todavia, minha amiga não tem tempo de me responder. Mal estou no corredor e sou saudada por novas lágrimas, dessa vez nos olhos da minha mãe.

"Ah, Mimi", Juliana Miller, que renegou o vermelho dos Maximoff e colocou um vestido esmeralda, aproxima-se e me dá um beijo cálido no rosto. "Está tão linda, minha filha".

Se ela não fosse tão rígida, este seria o momento em que eu faria uma gracinha, mas sendo Juliana, tudo o que digo é:

"Obrigada, mãe".

Nós duas nunca fomos muito carinhosas uma com a outra e, a essa altura da minha vida, acho que já me conformei com isso. No entanto, preciso admitir que, sempre que tal forma de agir é mudada, o constrangimento de não saber o que fazer depois é quase palpável.

Felizmente, quando o tal constrangimento bate, é também quando a minha adorável daminha de honra surge em seu vestido de princesa, com direito à tiara na cabeça para combinar.

"Mimi!" Julie exclama, correndo a distância que nos separa com o sorriso mais bonito do mundo.

"Julia Miller, pare de correr agora. Você vai se amarrotar toda!" Nossa mãe ralha, fazendo minha irmã frear com uma carinha acanhada.

"Desculpe, mamãe", a pequena murmura antes de se voltar para mim com um novo sorriso. "Você está tão bonita! É verdade que vai se tornar uma princesa depois que se casar?".

"Quase isso", decido que não é hora para relembrar à Julie que Caellum está um degrau abaixo do cargo de príncipe. Talvez dois, se considerarmos que ele ainda não é duque, e sim apenas um herdeiro.

De qualquer forma, derrete o meu coração a maneira com a qual minha irmãzinha me olha agora, como se eu fosse mesmo uma princesa em seu mundinho particular.

"O papai me pediu para chamar vocês", ela me diz. "Nós vamos para o casamento agora, senão vamos nos atrasar".

Suas palavras me deixam ainda mais nervosa, mas de uma forma positiva. Sei que há muitas razões pelas quais eu deveria me preocupar com a ideia de selar a minha vida à de Caellum em um matrimônio, como seus avós detestáveis e a exposição midiática que passarei a ter. No entanto, eu já tive tempo o suficiente para concluir que nada disso é grande o bastante em comparação ao sentimento bom de formar uma família com o homem que amo.

"Bem, então é melhor nos apressarmos antes que a gente comece a testar a paciência do sr. Miller", eu digo.

Mamãe me ajuda a caminhar erguendo a parte de trás do vestido e Aeryn leva meu buquê para que eu suba a parte da frente da saia. O modelo feito por Elisabeth, apesar de belo e expansivo, não é nada prático quando tenho que me movimentar e fico aliviada de ter escolhido não usar um véu, porque seria mais um elemento para dificultar a caminhada.

Quando enfim chegamos à sala em que meu pai está nos esperando com os gêmeos e o senhor Kannenberg, ambos reagem de modo paternal ao me ver e temos mais uma sessão de olhos aquosos e elogios antes de papai perder a paciência e nos pedir para se apressar.

Embora meus pais sejam bastante orgulhosos, o sr. Kannenberg fez questão de que fôssemos em dois de seus carros blindados até o rancho escolhido para a cerimônia, e eles acabaram aceitando depois de um pouco de insistência. Por isso, Maxwell, meu pai, Julie e Aeryn vão em um dos veículos, enquanto eu vou em outro com mamãe e os gêmeos.

"Você está nervosa?" Mamãe me pergunta de repente, depois que já saímos de Dominique e entramos na zona rural do condado.

Eu assinto, mas não sei se ela interpreta o gesto da forma que deveria. Quase como se se sentisse culpada por algo, Juliana continua diante do meu silêncio:

"Eu nunca lhe perguntei se você está casando porque quer ou apenas para nos agradar, Miranda. Não sei o quanto a nossa dureza a influenciou a seguir por este caminho".

Eu não acho que essa é uma boa hora para ficar preocupada com isso. Não é como se tivessem faltado oportunidades para me perguntar a respeito, bem antes da véspera do casamento em questão. No entanto, tento conter o meu incômodo por ela trazer à tona tudo o que vivemos de ruim justo agora. Busco pensar que é apenas o seu jeito de ser.

"Depois de tudo, pode apostar que a última coisa que eu queria era agradar a senhora e o papai, mamãe", eu respondo, a fim de deixar claro. "Estou casando porque eu quero. Amo o Caellum e, a essa altura dos acontecimentos, isto deveria ser bastante óbvio".

Minha resposta é meio malcriada, mas Juliana não se irrita com isso e apenas acena. Certamente, ela deve saber que foi uma pergunta estúpida, feita na hora mais errada possível.

"Nesse caso, eu espero que você seja muito feliz", ela me oferece um sorriso comedido do banco da frente, através do espelho-retrovisor.

"Obrigada, mãe".

XxX

Só conheço o rancho de Feng Xiao Jun através de fotos, então não contenho as minhas expressões maravilhadas conforme entramos na propriedade. Ainda mais quando noto o amontoado de pessoas seguindo para onde o altar foi montado no jardim frontal, com flores e fitas vermelhas e brancas compondo a decoração.

"Está tudo muito elegante", mamãe comenta, também olhando para a mesma direção que eu.  "Digno da realeza, eu acho".

Ao invés de seguirmos para o mesmo lado dos convidados, o carro vai em direção ao enorme casarão no centro da propriedade e adentra a garagem repleta de veículos caros. 

"Ainda temos quinze minutos antes de termos que seguir para o altar", mamãe me informa após conferir o horário em seu celular.

Chegamos um pouco antes do outro carro, mas não demora muito para o segundo veículo dos Kannenberg surgir, e é bem quando a minha outra madrinha também aparece no estacionamento.

Como a princesa que é, Elisabeth caminha até nosso automóvel e dá uma batidinha na porta da qual estou próxima, cujo vidro é baixado pelo motorista e me faz perceber o quanto ela está afobada. Como se fosse uma das funcionárias do cerimonial que tem que garantir que tudo vai correr como deve.

"Bem a tempo!" Exclama Lizzie que, como era de se esperar, está impecável em seu modelo de vestido. "O Caellum acabou de ir para o altar com o Tobias e o Aiden. Nós vamos entrar na sala e depois saímos de lá direto para o jardim, iniciando o casamento".

Os ocupantes do outro carro já saíram e se apressam para me ajudar a descer e retirar os bebês, porém, antes disso, volto-me para meus pequenos e dou um beijinho no rosto de cada um.

"Sei que está sendo uma chatice, mas, por favor, continuem dormindo por mais uma horinha e os recompensarei com um ótimo jantar", a resposta de ambos é um ressonar que me faz ter esperança de que aceitaram o acordo da mamãe desesperada.

De qualquer modo, meu pai abre a porta do carro e me oferece a mão para sair. Enquanto isso, mamãe e Aeryn pegam os gêmeos em suas cadeirinhas e, depois que todos estarmos fora, seguimos para dentro do casarão.

"Acho que estão quase todos lá a essa altura...", Elisabeth me informa.

Por dentro, a casa do rancho é meio escura e rústica. O tipo de lugar onde parece haver fantasmas para as mentes mais férteis. Todavia, não me atenho ao pensamento bobo. Certamente, fantasmas não gritam como o grito que ouvimos de repente:

"Você realmente não cansa de ser um inconveniente? Nem tudo é sobre você, Timotheo!". 

"Não é o que parece. Começou a chorar só porque eu errei a porcaria de uma nota!".

"Já disse que caiu um cisco no meu olho! Eu não choro por qualquer coisa idiota".

Noto o olhar assustado dos meus pais e do senhor Kannenberg que, ao contrário do restante, não fazem a menor ideia de que uma gritaria é algo normal entre Timotheo Greenhunter e Cassiopeia Maximoff.

"O que é que os dois ainda estão fazendo aqui?" Elisabeth grita mais alto do que eles quando os alcançamos na sala, indiscutivelmente brava. "A Miranda entra em sete minutos. É bom vocês irem agora para as suas posições no altar!".

Timotheo e Cassiopeia a olham de forma atônita e um pouco envergonhada. Porém, sendo ambos orgulhosos, nem um dos dois abaixa a crista diante da princesa.

"Nós dois já estávamos indo", diz Cassiopeia. "Ainda não estamos atrasados, então pra que gritar?".

Elisabeth, obviamente, fica estupefata.

"Ora, vocês...".

"Por que nós todos não vamos indo?" Sendo uma pacificadora indiscutível, Aeryn entra em ação. "Como a Lizzie bem disse, temos que nos apressar. Todos nós".

Embora empertigados, ninguém retruca o que ela diz.

Assisto Aeryn pegar June na cadeirinha e minha mãe pegar Caeli antes de elas seguirem para fora acompanhadas de Timotheo, Cassiopeia, Julie e Elisabeth. Esta última que, antes de sair, volta-se uma última vez para mim e diz, em tom de camaradagem:

"Só para ficar preparada, o Caellum está um noivo lindo", Elisabeth sorri e me dá uma piscadela, lembrando-me de Tobias por um momento. Certamente, a convivência deve estar fazendo os dois se transformem um no outro.

"Eu não duvido, mas obrigada".

Os poucos minutos que restam antes de dar meu braço ao meu pai para sairmos são como um lapso de infinito: ao mesmo tempo em que parecem eternos, passam em um piscar de olhos.

"Pronta?" Papai pergunta, falando diretamente comigo pela primeira vez desde que saímos da mansão Kannenberg.

É inesperado pela sua pose de durão com a qual cresci, mas ele está emocionado desde o primeiro momento em que me viu e seus olhos minguam ainda mais diante do que vem a seguir.

"Sim, papai, eu estou pronta".

Ele não precisa de mais nada para me conduzir até a entrada da casa, onde Julie está a postos para entrar com as alianças pouco depois. Mas, antes disso, ela me entrega o buquê, cuja falta nem havia notado até então.

"Obrigada, irmãzinha", eu sorrio para minha pequena, a qual amo ao infinito e além. "Por favor, não tropece quando carregar as alianças. Será o seu momento de brilhar". 

"Pode deixar, Mimi!".

Eu e o papai nos posicionamos no arco de entrada do casarão,  onde um longo tapete branco se inicia até o altar, e, de onde estou, posso ver o local lotado de convidados. Todavia, não me detenho muito em averiguar eles. Quando o meu olhar encontra Cal me aguardando na outra ponta dos cem metros que nos separam, eu só consigo pensar que Elisabeth tem razão: ele nunca esteve tão lindo.

Ao contrário dos demais homens presentes, Caellum veste um Smoking branco, o qual destaca o acobreado de seu cabelo perfeitamente arrumado. Além disso, ele tem uma rosa vermelha no bolso e seu sorriso ao me ver pode ser visto a longas distâncias. É contagiante e me faz sorrir também, mesmo que o meu corpo inteiro esteja tenso quando a marcha nupcial é iniciada e todos os convidados ficam de pé para me ver.

"Um passo de cada vez, Miranda", papai me diz antes de começar a me conduzir pelo caminho altamente observado.

Em um primeiro momento, eu cometo o erro de olhar para as pessoas e isso faz o meu estômago revirar. São quase todos desconhecidos, exceto pelos meus amigos, poucos familiares e os membros do Grande Conselho. O pior de tudo acerca disso é que, desconhecidos ou não, sei o que todos eles têm em comum: são ricos pra caramba. São pessoas importantes para o círculo social dos Maximoff-Feng, as quais, de alguma forma, tem que me aprovar como alguém que pode estar com eles.

É angustiante pensar assim e quase me trava, mas encontro o olhar de Caellum outra vez e sigo em frente. Olhar apenas para ele me faz lembrar do meu verdadeiro desejo quando o pedi em casamento e depois disse sim quando ele fez o mesmo: quero estar com ele, não importa o quê.

Por isso, trato de me acalmar, e quando enfim chego até o altar e fico bem na frente do meu noivo, digo o que venho pensando desde que começamos a nos olhar:

"Você está com cara de bobo", é uma óbvia provocação e ele sabe, pois falho em esconder o sorriso de satisfação que me toma quando ele sorri também.

"É que eu amo você demais".

Feng Hue, que foi escolhido para conduzir a cerimônia (porque não tínhamos outras opções melhores), pigarreia diante da declaração para nos lembrar que estamos sendo vistos e ouvidos por todos. No entanto, nem eu e nem Caellum nos importamos muito com isso.

Meu noivo apenas finge que nada aconteceu e cumprimenta meu pai, que está com a sua típica carranca (que eu tenho certeza que é apenas fingimento para se divertir às custas de Cal). Depois, Mark entrega a minha mão e se coloca ao lado da minha mãe no altar, a qual está segurando June. Simples assim, sou deixada sozinha com Caellum na nossa bolha particular, o qual pergunta:

"Pronta para se casar, Miranda Miller?".

"É agora ou nunca, Lorde Caellum".

Nós dois olhamos para Feng Hue em seu smoking preto, o qual inicia a cerimônia anunciando que estamos aqui reunidos para abençoar a relação de Miranda Jean Miller e Caellum Stephen Maximoff Feng... O tipo de discurso clichê de qualquer casamento.

Por isso, acabo devaneando. Fico pensando em todo o caminho que percorremos até esse momento e meus olhos se enchem de lágrimas quando penso no quanto estive assustada quando tudo começou, quando descobri a gravidez no banheiro da Aureum College. Se eu não tivesse amarelado na manhã em que saí de casa decidida a interromper a gestação, o destino teria me levado por um caminho completamente diferente.

Ainda assim, consigo entender a Miranda que cogitou essa ação e a perdoo por isso, porque ninguém consegue prever o que a vida reserva após um ponto de virada. Se Caellum não fosse Caellum, e sim alguém minimamente diferente, talvez o caminho também fosse outro. Porém, quiseram os Ancestrais que nos reuníssemos, e acho que a eles serei eternamente grata.

Saio do meu devaneio quando Hue encerra seu discurso e pede pelas alianças, porque é difícil não ter a minha atenção capturada pela irmã mais bonita do mundo, que não poderia estar mais satisfeita com o seu papel.

Carregando a almofadinha com as alianças, Julie cruza o caminho até nós e mamãe a ajuda a entregar os objetos para o avô de Caellum pôr sobre o pedestal do altar. Conforme a tradição, os anéis são de um modelo simples, de ouro, e estão emaranhados por um cordão vermelho, que simboliza o destino que nos uniu.

Feng Hue fala sobre isso quando retoma o seu discurso, mas não se demora muito. Logo, ele se volta para mim e pergunta:

"Miranda Jean Miller, você aceita Caellum Stephen Maximoff Feng como seu marido, para amá-lo e respeitá-lo, dividir as adversidades e alegrias, sob a lua e sob o sol, aceitando a benção dos Ancestrais para o amor eterno?".

Meu primeiro pensamento é que os dizeres sobre amor eterno nunca fizeram muito sentido para mim quando estive em casamentos como convidada. Se é eterno, por que há tantos divórcios?

Porém, agora que estou aqui nesse devaneio e sou a protagonista da cena, acho que compreendi: é eterno porque, mesmo se acabar, nada nunca vai apagar a marca que Caellum Maximoff deixou na minha vida. Por isso, não penso muito antes de dizer:

"Sim".

Em seguimento à cerimônia, na tradição Oriana, Caellum tem que desembaraçar o fio que enrola a minha aliança sem que ele arrebente, porque o fio preservado significa que fomos abençoados. Algo bobo, eu acho. Não acredito que um simples cordão tem poder de ditar se daremos certo ou não, depois de tudo pelo que passamos. No entanto, admito que fico feliz quando ele consegue soltar o anel sem conceber um desastre. Ao menos não farão superstições e manchetes escandalosas sobre o casamento, como fizeram há vinte anos no casamento do rei e da rainha.

Com a aliança a postos, Caellum pega a minha mão e coloca o objeto na ponta do anelar.

"Com essa aliança, faço-te minha para dividir as adversidades e alegrias, sob a lua e sob o sol, com a benção de nossos Ancestrais", ele ergue o olhar para mim somente depois de encaixar o anel que, diferente dos nossos reservas de noivado, cabe perfeitamente. "Amo você, Miranda".

"Eu sei".

O sorriso que ele abre confirma que lhe dei a resposta perfeita.

"Muito bem", diz Feng Hue assim que o neto solta a minha mão. "Agora você", ele se volta para Cal. "Caellum Stephen Maximoff Feng, você aceita Miranda Jean Miller como sua esposa, para amá-la e respeitá-la, dividir as adversidades e alegrias, sob a lua e sob o sol, aceitando a benção dos Ancestrais para o amor eterno?".

"Sim".

É minha vez de desembaraçar sua aliança, o que me deixa com o coração na mão por um minuto. Superstições bobas! Quase deixo um xingamento escapar no processo, mas me contenho e sou tomada pelo alívio quando o cordão permanece inteiro e a aliança é libertada.

Com um sorrisinho de satisfação, pego a mão de Caellum, coloco a aliança na ponta do seu dedo anelar e recito, olhando nos seus olhos:

"Com essa aliança, faço-te meu para dividir as adversidades e alegrias, sob a lua e sob o sol, com a benção de nossos Ancestrais".

Empurro o anel por seu dedo e, sob o seu olhar, dou-lhe um beijo na mão para selar o que estamos cultivando.

Quando volto a erguer os olhos para Caellum, o meu agora marido está sorrindo como nunca..., mas com os olhos repletos de lágrimas.

"Exibida".

Antes que Feng Hue possa dar a permissão e concluir a cerimônia, Caellum me beija na boca e a voz de seu avô é ofuscada por uma salva de palmas que acaba no despertar abrupto de nossos pequenos.

"June", Caellum e eu murmuramos entre o beijo, e sorrimos um para o outro por já conhecermos cada gêmeo pelo som do choro. O mais escandaloso deles desde o nascimento é o nosso rapazinho.

"... Eu vos declaro marido e mulher', Feng Hue encerra, parecendo bastante propenso a nunca mais aceitar o convite de celebrar qualquer outro casamento.

Enquanto isso, aproximo-me da minha mãe para pegar June e Caellum pega Caeli de sua mãe, ambos tentando acalmar os verdadeiros protagonistas disso tudo.

"Isso tudo significa que somos uma família para os outros também", eu digo para o rapazinho ainda berrando a plenos pulmões.

"Agora estão todos convidados para a festa dentro do casarão", ouço Katherine falar para os presentes, tomando para si o papel de anfitriã por ser o rosto de liderança da família Maximoff. "Por favor, me sigam".

Assim que todos passam a se levantar para entrar, Caellum se aproxima de mim com nossa Estrelinha e me beija outra vez, ainda sorrindo.

Mal sabíamos que, apesar de terem sido proibidos de entrar, a The Royals daria o seu jeito e registraria justo esse momento para ser a capa da exclusiva sobre o casamento no dia seguinte.

A foto ficou tão bonita que recortei e emoldurei.

Obrigada, abelhuda Amy Stone!

Olá, pessoas!

Cheguei a duvidar que este dia chegaria, mas esse foi o penúltimo capítulo de SLGA e espero que tenham gostado. A gente se encontra no natal, com o "desfecho" da história da Miranda e do Caellum - entre aspas porque, depois, temos um epílogo muuuuuito legal.

Até a próxima <3

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