52. LABIRINTO

Por mais corajosa que Cassie seja, meu avô consegue atordoá-la o suficiente para que ela abandone a sala privativa da tia Irene em um rompante.

"Cassiopeia!".

"Deixe-me em paz, Caellum!" Ela rosna, sem sequer virar para me olhar.

Ainda assim, não faço o que minha irmã pede, obviamente. Ao invés disso, começo a segui-la pelos corredores do palácio, sentindo-me na obrigação de averiguar como ela está depois de tudo, além de tentar entender o que ficou subentendido durante a discussão. Como assim a nossa família tentou fazer de Kyle o próximo rei e vovô quis um casamento entre Cassiopeia e Theo? Onde eu estava quando isso tudo aconteceu?

"Por favor, para de fugir!".

Estou a apenas alguns passos de distância, mas minha irmã permanece me ignorando. No térreo, depois de descer quase três lances de escada, Cassiopeia pega um caminho alternativo para sair do palácio sem que precise passar por perto do salão de recepção, provavelmente para evitar qualquer outro transtorno.

O caminho acaba nos levando por um longo corredor externo, com pilastras altas, o qual está na penumbra, mas Cassie parece conhecer o lugar bem. Sua abertura nos leva ao labirinto do jardim, cujo centro sei que dá em um coreto, mas nunca me importei o suficiente para ir até lá.

"Você vai mesmo fingir que eu não estou ciente de que a nossa família tentou fazer de Kyle rei ou casar você com o Theo?".

Por um instante, penso que Cassie vai permanecer me ignorando, mas então minha irmã diz, na defensiva:

"Sinceramente? Talvez devesse. Já tem problemas demais com a falta de aceitação dos Maximoff acerca da Miranda. Tudo isso foi há muito tempo e nada do que o vovô planejou, de fato, aconteceu", ela rebate, ainda sem se virar. Depois, acrescenta mais baixo: "nem acontecerá, então continue na ignorância".

"Não foi o que pareceu, pelo que o vovô falou".

Isso sim a faz estancar e se voltar para mim, visivelmente transtornada.

"Patrick Maximoff nunca vai me manipular ou ao Kyle dessa forma. Se for preciso, eu nunca mais volto para Orion, Caellum, mas Timotheo será o rei".

O modo como ela fala me faz não ter dúvida alguma disso, e é essa constatação que me faz vacilar.

"Como eu nunca percebi isso antes? Você claramente ama o Theo", percebo o óbvio, o que a desconcerta. "Quando brigaram, você não ficou mal só por serem amigos, mas porque estavam namorando em segredo, o que explica tudo. Sua tristeza de meses, sua relutância em voltar para cá, as brigas bobas, o fato de que você diz não suportá-lo, mas está sempre preocupada com o que ele vai pensar ou...".

"Pare", sua voz é baixa, mas firme.

Estou tocando na ferida aberta com sal.

"Por quê?" Vejo os sinais vermelhos de aviso sobre ser perigoso insistir, mas acho que já evitei esse confronto demais. A vida inteira dei espaço para Cassie, acreditando estar lhe fazendo um bem, mas começo a pensar que, talvez, tenha só a negligenciado. "Se estava com ele, por que a ideia de casamento pareceu tão ruim?".

Do lado de fora, só as luzes esverdeadas em cada canteiro iluminam o caminho do jardim, o que significa que não enxergo os detalhes da expressão de Cassie enquanto ela me olha. Porém, consigo supor não ser das melhores.

"Eu tinha só quinze anos e o Timotheo tinha dezessete....".

"Não acho que seja por isso. Não é como se fossem se casar imediatamente".

"Nem nunca. As coisas acabariam de qualquer forma, se nossa família se envolvesse, porque tudo o que os Maximoff tocam se acaba. Agora pare de falar do passado. Volte para dentro, segure a mão da sua noiva e sorria como o futuro duque de Morfeu".

Ela me dá as costas e começa outra vez a caminhar, como se eu fosse obedecê-la. Mas é claro que não lhe dou ouvidos.

"Pare de me tratar como se eu devesse ficar na ignorância!" Irrito-me. "Estou cansado disso, Cass. Mereço saber o que a faz pensar assim da nossa família e o que aconteceu naquele ano. Como o vovô pretendia tornar Kyle rei? O Kyle ao menos tem ideia disso?".

"É claro que não! Foi uma brecha".

"Como assim?".

Cassie para de andar bruscamente e quase esbarro nela, mas consigo frear a tempo.

"Chega de falar sobre isso".

Abro a boca para protestar, mas entendo suas palavras quando noto que temos companhia.

"Ah", murmuro, assim que os outros nos percebem. "Desculpem-nos. Não tínhamos a intenção de interromper".

O casal que vinha no sentido oposto de mãos dadas desfaz o contato quase de imediato, tendo sido completamente pegos de surpresa pela nossa presença.

"Vocês não interromperam nada!" Por um instante, até esqueço o que estava fazendo e me permito um sorriso de malícia ao perceber que o que a garota do casal diz não condiz com a realidade.

Ao passo em que Violet Hendrick parece completamente envergonhada e encabulada conosco, Niklaus está irritado... E borrado de batom, como a Lady.

"Não é o que mostram as evidências", respondo, pegando meu lenço do bolso interno do smoking para entregá-lo para a jovenzinha. "Seu batom está manchado".

O rosto dela fica ainda mais vermelho.

"Por favor, não contem nada para ninguém'', ela pede. "Nós...", seu olhar cai sobre Nik, meio inseguro. "Nós não queremos os adultos se metendo".

"Se metendo?".

"Se souberem que estamos saindo, vão falar de casamento, como sempre", Niklaus comenta em tom de obviedade. "Mas nós só temos dezoito e dezessete anos. Não precisamos disso".

Ah.

Acho que agora entendo Cassie e Theo um pouco.

"Está tudo bem", falo, porque minha irmã parece ter perdido a língua após o esbarro. "Não falaremos nada".

"Obrigada", Violet soa visivelmente aliviada.

A jovenzinha olha para Nik como se o perguntasse o que farão a seguir, mas meu primo não a olha de volta por estar ocupado nos fuzilando pela interrupção.

Tenho vontade de rir, admito. Quando foi que o pirralho ficou tão adulto para estar com um envolvimento amoroso? O tempo realmente passou depressa.

"É melhor que saiam em momentos diferentes para disfarçar, já que se preocupam tanto com serem descobertos", Cassie enfim diz algo. "Vou levá-la de volta para o salão, Lady Violet, e o Nik vai depois com o Caellum".

Qualquer pessoa de fora deve pensar o quanto minha irmã é prestativa. No entanto, sei o que ela pretende verdadeiramente ao fazer isso e nada tem a ver com ajudar os amantes: ela só quer fugir de mim e da nossa conversa, é claro.

"Obrigada, Lady Cassiopeia", como dito, não julgo Violet por acreditar na bondade da minha irmã e sorrir com gratidão. "Fico muito grata".

"Não precisa. Sei o quanto é chato quando os adultos transformam tudo em um interesse deles", esta deve ser a coisa mais verdadeira que Cassie diz. "Vamos agora?" A garota Hendrick prontamente assente. "Nesse caso, com licença, rapazes".

Antes que eu possa dizer alguma coisa, minha irmã enlaça seu braço ao da Lady e a conduz pelo caminho de volta, preferindo enfrentar a curiosidade de todas as outras famílias sobre a cena de mais cedo do que uma conversa franca comigo.

A minha vontade é de pegá-la pelo braço e não a deixar escapar, mas sei tanto quanto a própria Cassiopeia que tal comportamento só deixaria o casal curioso. Não sou esse tipo de pessoa, por mais frustrado que esteja com tudo.

Por isso, depois de observá-las sumir juntas pelo labirinto, encaro embasbacado a carranca do meu primo.

"Bem, já que acabei de ser passado para trás com você, que tal se me explicar como foi que aconteceu algo entre você e a Lady Violet, se mal se veem?".

XxX

Niklaus é quatro anos mais novo do que eu e, por causa disso, nunca fomos muito próximos, mas temos uma relação suficientemente boa para que ele se sinta disposto a conversar comigo sobre a garotinha dos Hendrick.

"Violet sempre foi minha amiga mais próxima, mesmo estando em outro condado ou país. E eu sempre gostei dela, primeiro como amiga, depois... Bem...", ele se encabula um pouco, como é típico de um adolescente. Ainda mais um apaixonado. "Ela é incrível e bonita pra caralho. Como eu poderia não me sentir atraído?".

Surpreendo-me com o uso das palavras, mas de uma forma que me faz querer rir.

"Você realmente cresceu", constato em voz alta. "Falou tudo isso para ela?".

"Não com essas palavras".

"Que bom", rio, sentindo-me um pouco menos frustrado. "Então agora vocês estão namorando?".

É como se eu o tivesse pego fazendo algo extremamente errado, porque Nik arregala os olhos de maneira assustada diante da minha pergunta.

"Não exatamente. Nós só... Estamos nos conhecendo de outra forma", mesmo sob a pouca luz do jardim, noto que suas orelhas estão um pouco mais escuras pela vermelhidão. "Vou voltar para Nova Iorque depois das comemorações de final de ano. Não sei se voltarei a morar em Orion no ano que vem, como a mamãe quer, então... Não acho certo pedi-la em namoro agora".

Surpreendo-me positivamente. Ele tem só dezoito anos mesmo?

"De fato, é um rapaz bem maduro agora, Niklaus", eu falo. "Na sua idade, eu jamais pensaria assim, com tanta responsabilidade sobre o sentimento alheio e o seu próprio".

"Na minha idade, você, Tobias e Theo estavam enlouquecendo seus pais sendo capas de revistas com títulos polêmicos", ele acusa, lembrando-se muito bem disso, porque costumava ser nosso cúmplice quando fugíamos para nos tornar manchete.

Acabo rindo, bem quando chegamos ao corredor que nos leva de volta para dentro.

"Velhos tempos", percebo. "Agora vou me casar, Tobias não demorará muito para seguir o mesmo caminho e o Timotheo se tornará rei".

"E se casará também, é claro".

Lembro-me quase de imediato da conversa pendente com minha irmã.

"Como assim? Sabe de alguma coisa que eu não sei sobre a vida amorosa do Theo?".

É como se eu quase ofendesse ao meu primo ao supor isso.

"E desde quando eu e ele somos próximos a esse ponto?" Niklaus rebate. "Só não é difícil supor que vai acontecer, como os mais velhos conversaram durante o jantar. Afinal, o rei precisa de uma rainha".

E não é difícil supor que, não sendo Cassie a rainha, minha irmã prefere nunca mais voltar à Orion para não testemunhar quem será.

XxX

Não fico surpreso quando não encontro mais Cassiopeia ao voltar para o salão, embora Lady Violet esteja bem visível ao lado da mãe.

Além da minha irmã, mamãe também não voltou depois da conversa, ao contrário do restante da família, que age como se nada tivesse acontecido. Todavia, eu evito ao máximo o contato com meus avós, sentindo raiva e nojo depois de tudo, muito mais do que frustração. Por isso, apenas vou até Miranda, que conversa com Elisabeth e Tobias em um dos cantos do lugar.

"Finalmente!" Minha noiva diz, visivelmente aliviada ao me ver. "Já estava começando a ficar preocupada, Caellum. Todo mundo voltou menos você".

"Digamos que eu precisava de um pouco de ar depois de tudo, então fui primeiro ao jardim", sou propositalmente evasivo, dado o fato de que prometi segredo à Nik e duvido que Cassie me perdoe se eu falar para tantas pessoas sobre o que descobri.

"Foi tão ruim assim?" Elisabeth me pergunta. "A Cassie realmente desistiu de ser duquesa?".

Eu assinto, incapaz de acrescentar mais alguma coisa sobre isso. Mas é suficiente para que a princesa entenda a gravidade.

"É claro que os nossos avós não ficaram nada contentes. O que disseram?".

"Que estão decepcionados", resumo tudo. "O que já era esperado, então eles foram mais cruéis com a minha mãe por ter feito a vontade da Cassie".

"Por isso ela não voltou. O que disseram?".

"É melhor que você pergunte à tia Irene em outro momento, Lizzie", só relembrar a conversa e o quanto vovô nos tratou como seus marionetes e foi completamente desumano me dá um embrulho no estômago e vontade de colocar para fora o pouco que comi durante o jantar. "Está tarde e é melhor que Miranda e eu encerremos a noite, por causa dos gêmeos", e do pouco que me resta de saúde mental.

Minha noiva, que deve querer ir embora desde que chegou, não protesta e, apesar de não explicar nada, minha prima e meu amigo parecem entender que não há mais clima para jantar e apenas concordam de forma silenciosa.

"Nesse caso, lembrem-se que nós nos encontramos em breve para a prova final das roupas do casamento", Elisabeth diz, como quem não quer nada.

Miranda quase geme, frustrada.

"Sua alteza realmente...".

"Sou a madrinha mais empenhada que poderia ter, eu sei", ela nos oferece um sorriso convencido, que faz Tobias rir e deixa Mimi ainda mais aos pulos de frustração.

"Vamos embora, meu amor", digo para ela, a qual nem mesmo protesta.

XxX

Despeço-me de quase todos os presentes, exceto pelos meus avós. Ao falar com Theo, penso sobre o que está pendente e desejo confrontá-lo, mas me contenho por saber que não é hora e nem lugar pra isso quando tem tantos olhos sobre nós. De qualquer modo, a sensação que tenho ao sair do palácio é equivalente a retirar dos meus ombros o peso da pedra de Sísifo. Algo que não passa despercebido por Miranda, que me observa com atenção após ter se mantido calada.

"Foi tão ruim assim com os seus avós?".

Ela, obviamente, sabe melhor do que eu que tudo o que envolve Nancy e Patrick é de ruim a pior. Ainda assim, assinto para sua pergunta.

"Foi horrível".

Não dou detalhes por estarmos próximos de um grupo de funcionários enquanto esperamos que o nosso motorista traga o carro, mas Miranda também não insiste em saber. Ela apenas segura o meu braço, como se temesse que eu desmorone a qualquer momento, e volta a ficar em silêncio durante todo o trajeto até o Maximoff Plaza.

"Boa noite", cumprimentamos meus sogros, que hoje foram os responsáveis por cuidar dos gêmeos em nossa ausência, assim como Elio, embora não haja sinal algum dele pela sala de televisão. "Prescott já foi embora?".

"Acho que aconteceu uma emergência", Juliana responde, como se não fosse nada demais.

Dada a sua possessividade, sei que ela não gostou nada de dividir Caeli e June com alguém que, até onde sabe, não é nada meu. Porém, decido não insistir no assunto. Não tenho cabeça para isso.

"Os gêmeos se comportaram bem?" Miranda pergunta, dando um beijo no rosto de cada um.

"Como sempre. Sabe que eles são bonzinhos", responde Juliana. "Vocês tiveram muita sorte".

"Estamos cientes, mamãe. Cadê a Julie?" Mimi olha ao redor, como se a irmãzinha fosse se materializar em algum dos cantos da sala.

"Dormindo", Mark enfim fala algo. "Estávamos só esperando vocês dois para fazermos o mesmo".

"Nesse caso, podem ir descansar", Miranda responde. "Vou dar uma olhada nos gêmeos e depois dormirei também".

Não sei de Juliana fica muito satisfeita com isso. Ela parece curiosa para perguntar sobre o jantar, mas deve perceber pelas nossas expressões o quanto estamos exaustos. Por isso, não insiste.

"Sendo assim, boa noite", ela diz.

"Boa noite", Miranda e eu respondemos em uníssono.

Acompanho a retirada dos dois até o corredor onde ficam os quartos e, em seguida, volto-me para Miranda.

"Amamentação, banho e depois cama", ela cita o que para nós já se tornou uma rotina, e assinto.

"Vamos lá".

XxX

É madrugada quando Miranda e eu nos deitamos para dormir, mas, apesar de cansado, a minha mente permanece cheia o suficiente para se recusar a apagar. Por isso, encaro o teto escuro e sinto Miranda se remexer até ficar com a cabeça apoiada em meu peito, olhando-me.

"Você quer conversar?" Ela me pergunta baixinho, visivelmente preocupada.

De primeira, penso que não. Não quero que as desgraças da minha família respinguem sobre ela muito mais do que já fizeram. No entanto, perceber o quanto isso é egoísta me faz mudar de ideia. Não quero ocultar coisas tão sérias de Mimi por medo de que isso possa assustá-la o suficiente para fugir de mim. Por mais que me doa admitir, se Miranda quiser fugir das amarras venenosas dos Maximoff, o tempo que ela tem é agora. Não vou julgá-la, nem esconder o jogo.

"Descobri que sou um idiota", começo pelo óbvio.

Isso a faz arquear uma das sobrancelhas, entre confusa e irônica.

"Onde está a novidade?" Ela brinca, e quase sorrio.

"É sério", faço-a perceber a gravidade. "Eu passei a vida inteira sendo pão e circo enquanto a minha família planejava golpes e casamentos. Como uma pessoa pode ser tão idiota para não enxergar o que não enxerguei?".

"Só para deixar claro, você não está sendo muito explicativo", Miranda me censura, afastando-se para ficar sentada e me olhar melhor.

Eu esfrego meu rosto com as duas mãos, outra vez frustrado com tudo.

"A conversa me fez descobrir duas coisas que não imaginava", respondo, retirando as mãos do rosto para olhá-la com seriedade. "A primeira foi que meu avô tentou fazer o rei tornar Kyle seu herdeiro ao invés de Theo há alguns anos, embora eu não faça ideia de que argumento ele usou para acreditar que convenceria o rei", a reação de Miranda a isso é uma expressão de choque mesclado com confusão, que a deixa com a boca semiaberta. "E a segunda foi que, depois que o golpe não deu certo, ele quis casar a Cassie com o Theo".

"O quê?" Miranda se exalta, olhando-me como se eu tivesse acabado de lhe dar o grande spoiler da série do momento. "Então a minha suposição não foi tão absurda assim?".

Ela me deixa confusa com a sua pergunta, mas aí eu me lembro de uma conversa que tivemos meses atrás sobre as desavenças de Cassie e Theo. Mimi criou um enorme complô sobre casamento, embora envolvendo os Feng como golpistas ao invés dos Maximoff. De qualquer forma, os noivos ainda eram minha irmã e o herdeiro do trono.

"Nunca mais duvido das suas suposições", percebo, notando que ela é muito melhor do que eu no jogo da realeza.

A própria Miranda deve saber disso, pois sorri com prepotência.

"Esse não é o ponto agora", ela percebe. "Mas sim o que fez a Cassie e o Theo não serem noivos, apesar da vontade do seu avô?".

"Era o que eu adoraria saber, mas só posso supor. Tentei falar com a Cassie sozinho, mas ela fugiu de mim. Como sempre".

"Sua irmã é a pior pessoa do mundo em se tratando de expor sentimentos. Eu teria pena da psicóloga dela, se ela tivesse alguma".

"Como sabe que ela não tem?".

"Pela quantidade de problemas que ela causa a si mesma, se tiver uma, talvez deva repensar a escolha".

Miranda consegue o incrível feito de quase me fazer rir, o que deve ser um dos grandes motivos para eu amá-la.

"De qualquer modo, sei que ela ama o Theo".

"Uau, você descobriu Orion".

"Se era tão óbvio assim, por que ninguém nunca falou?" Rebato, um tanto ressentido.

"Porque a Cassie nos mataria", Mimi responde, óbvia. "E, além disso, ela acha que consegue disfarçar bem. Como se ninguém fosse notar o quanto ela lança olhares assassinos para as acompanhantes do Theo ou fica desconfortável quando o assunto é ele. Só você para não notar o óbvio, Cal".

"Obrigado, mas eu já percebi que sou horrível para ler as entrelinhas", rebato com ironia, quase arrancando os meus próprios cabelos a essa altura. "Pergunto-me como serei um bom duque. Depois dessa noite, só consigo supor que sou o favorito do vovô para o posto por ser o mais manipulável".

"Será?" Miranda rebate. "Porque, se é o que ele pensa, então está completamente errado".

"Não é o que parece, diante de tudo", acho que em algum momento entre descobrir que não sou filho de quem sempre achei que fosse e a minha família ser mostrar ser um antro de cobras, perdi meu otimismo. "A forma como o meu avô falou... Isso me faz pensar que ele sempre consegue dar um jeito de nos manipular para conseguir o que quer".

"Acha que ele ainda fará algo para que a Cassie se case com o Theo?".

"O que eu sei é que a minha irmã prefere morrer a deixar que o Patrick fique mais próximo dos Greenhunter, a ponto de ter um herdeiro ao trono", suponho, lembrando-me da reação de Cassie quando a confrontei. "Acho que a maior frustração do meu avô sobre o casamento da tia Irene com o rei é que nenhum dos seus netos seja o herdeiro. Com um casamento entre Cassie e Theo, isso estaria rapidamente resolvido".

"E suponho que a vida do Theo não estivesse muito protegida depois disso".

"Não exagere com isso. Ainda vivemos em uma civilização com código penal rígido. Não é como se meu avô fosse matar o Theo para acelerar a sua chegada ao trono. Por mais asqueroso que ele seja, assassinato é demais para qualquer um".

Miranda não parece concordar muito com isso, mas não me confronta.

"Nesse caso, estávamos diante de uma tragédia o tempo todo", ela reflete. "A Cassie ama o Theo, mas vai embora porque não quer que as suas famílias se unam outra vez...", ela bate com três dedos no queixo, ainda pensativa. "Eu me pergunto se é recíproco e o que o Theo pensa sobre isso".

"É o que eu também quero descobrir", admito. "E sei muito bem qual será a desculpa perfeita para encontrá-lo e fazer a minha sondagem", Mimi ergue uma das sobrancelhas em um questionamento silencioso, o que me faz sorrir de modo convencido. "Afinal, ele será meu padrinho e precisa, tanto quanto os outros, ter certeza de que a sua roupa lhe servirá adequadamente".

Mimi, obviamente, se lembra do que foi dito por Elisabeth antes.

"Acho que essa provação vai servir para algo bom, afinal". 

Olá, pessoas. 

Ansiedade bateu e aqui estou outra vez, mas não os deixarei mal acostumados: agora só volto na sexta. 

Deixarei vocês com apenas uma informação: isso do Nik não foi jogado (nada que acontece, por mais aleatório que pareça, é jogado. Veremos um pouco mais no livro 9 (Muahahaha). 

Bye!

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