48. VESTIDO


A prova do buffet, apesar de doce, é exaustiva. Quando Caellum e eu finalmente terminamos de julgar todas as amostras e o cardápio fica pronto, é com alívio que bebo bastante água e prometo a mim mesma que não comerei mais nenhum docinho ou bolo até o casamento.

"Viram como não foi nada muito difícil?" Sofya ainda tenta nos passar um sermão.

"Eu só não vou conseguir comer nada doce até o ano que vem, mas tudo bem", Caellum responde, arrancando uma careta da Tomlinson.

"São ossos do ofício, sua alteza", Sofya termina de anotar tudo e nos olha com expectativa. "Vai ser um casamento para quantos convidados mesmo?".

"Cem, no máximo".

"Quinhentos".

Olho para Caellum com o cenho franzido em confusão. Apesar de nunca termos discutido isso em razão de todas as outras coisas que aconteceram, nunca me passou pela cabeça fazer um casamento para tantas pessoas.

"Desde quando você conhece quinhentas pessoas?".

Ele me lança um sorrisinho culpado.

"Os Feng e os Maximoff têm parceiros de negócios e amigos diplomatas por toda Orion que não podem ser ignorados, mesmo que não sejam amigos nossos", ele responde. "Temos que convidar as famílias do Grande Conselho, mas também os Kannenberg, Hastings, King, Whitesands, Leibovitch, De La Rue e Ashworth. Geralmente eles enviam apenas um representante de cada sobrenome, mas temos que estar preparados para tudo".

"Então está me dizendo que até no meu casamento eu preciso deixar que os seus avós mandem?" Não escondo o meu descontentamento com isso.

Caellum parece culpado, mas, ainda assim, diz:

"Você sabia que as coisas eram assim antes de aceitar fazer parte da minha família, Miranda".

E, admito, isso me dá nos nervos e me faz sentir como quando discutíamos um com o outro sobre qualquer tópico possível apenas para implicar.

"É que eu achei que você fosse um pouco menos passivo, mas, pelo que vejo, me enganei".

"Vocês não estão tendo uma discussão de relacionamento bem aqui e agora, não é?" Elisabeth nos faz perceber que estamos sendo observados por seis pares de olhos curiosos enquanto trocamos farpas. "Ainda mais sobre algo tão bobo".

"Não é bobo. Eu não quero pessoas estranhas no meu casamento".

"Infelizmente, essa é a realidade de uma família importante como a do Caellum, querida", a princesa retruca. "Desavenças já foram causadas por muito menos. Os Feng precisam da amizade das famílias mais ricas e os Maximoff das mais politizadas. Além do mais, um casamento como o seu jamais seria simplório e passaria despercebido. O máximo que pode fazer é impedir a entrada da mídia, coisa que um Greenhunter jamais poderia fazer. As pessoas adoram acompanhar casamentos reais por acharem ser um conto de fadas".

Tudo o que ela diz faz sentido, mas é difícil para mim aceitar que até mesmo esse momento não pode ser decidido como quero.

"O máximo que posso fazer é tentar restringir a lista de convidados", Caellum tenta amenizar a situação. "Mas é como a Lizzie disse, Mimi: desavenças já foram causadas por muito menos".

"Veja pelo lado bom", Sofya fala, e tenho que me conter para não retrucar que não há lado bom. "As famílias responsáveis pelo PIB do país vão ser convidadas, de modo que elas darão presentes ótimos".

Não parece um lado tão bom assim. Na verdade, parece até um pouco fútil, mas daí percebo que Sofya está sendo irônica e isso me faz sorrir um pouco, assim como Aeryn. É algo que passa despercebido pelos outros, porque, diferente de nós, os cinco fazem parte deste mundo de ouro desde o berço.

"Mudando de assunto", Elisabeth fica de pé de repente, olhando algo em seu celular. "A madame Katrina acabou de me avisar que o seu vestido de casamento está pronto para a primeira prova, Mimi. O que você acha de experimentá-lo amanhã?".

A ideia de ter que ficar longe de Caeli e June outra vez não me agrada muito, mas sei que é mais uma coisa do casamento que não posso adiar ou ignorar completamente. Por isso, olho para Caellum em um pedido de socorro silencioso.

"Posso ficar com os gêmeos amanhã, já que é sábado. Andrea me ajuda e mamãe disse que os visitará pela manhã, assim como o P".

P de Prescott. Este é o modo que Caellum achou de falar sobre o pai biológico sem levantar tantas perguntas a respeito.

Meu coração ainda dói com a ideia, mas tento me convencer de que preciso fazer isso e que tudo ficará bem enquanto estiver ausente. Por isso, olho para a princesa e assinto:

"Nesse caso, estarei lá".

"Quero ir junto!" Aeryn se pronuncia.

"Posso ir também?" Sofya pede. "Estou curiosa sobre o vestido".

"Todas podem ir", Lizzie diz, depois que a olho em interrogação. "O único que não pode é o Caellum".

"Eu nem pedi!" Meu noivo protesta.

A princesa dá de ombros.

"É só para deixar claro".

XxX

"Então a sua mãe e o Elio vão te ajudar com a Caeli e o June amanhã?" Pergunto para Cal após nos despedirmos de nossos amigos e entrarmos em seu carro.

Já se passou mais de uma hora desde que saímos de casa e sei que, assim como o meu, o coração dele deve estar pequeno diante da saudade e do medo que sentimos ao ficar longe. Por isso decidimos ir embora.

"Foi o que eu disse", Caellum responde, sem parecer achar, no mínimo, curiosa a aproximação entre os pais depois de tudo.

"E eles decidiram isso juntos?".

Meu noivo me olha por um momento e então parece saber onde eu quero chegar agora.

"Não seja tão romântica, Mimi, eles não sabem que vão estar lá ao mesmo tempo".

"Ah...", sinto-me murchar diante disso, mas então noto o sorrisinho de Caellum e começo a entender o que ele quis ao fazer isso. "Você quer juntá-los!".

"Quem? Eu?".

"Não banque o sonso para mim, Caellum Maximoff! Você quer sim juntar os seus pais".

"Eu não sou tão otimista assim, Miranda", ele rebate. "A minha intenção é só que eles possam conviver. Eu não acho que seja fácil para o Elio ou para a mamãe pensar na ideia de retomar um romance como o que tiveram, mas quero que se deem bem na medida do possível".

"E vai usar a Caeli e o June para isso", semicerro os olhos para ele em uma acusação silenciosa ao me dar conta de seu plano.

Caellum ao menos parece ficar envergonhado.

"Está brava comigo por causa disso?".

"Não", sou sincera. "Sei que é por um bem maior e espero que funcione. No fundo, tenho pena dos dois, sabia? Não deve ter nada mais doloroso do que amar alguém que não se pode ter".

Penso em mim mesma nos anos em que me abstive da companhia de Caellum por achar que era a decisão correta a ser feita, por me ver como alguém que jamais poderia tê-lo. E acho que ele pensa o mesmo. Foram anos difíceis para nós, mesmo sendo tão pouco perto do tempo que separa Katherine de Elio.

"Desculpe por ter brigado com você sobre a lista de convidados", falo de repente, percebendo o quanto isso foi bobo, como Elisabeth acusou. "Sei que não é a sua culpa e que isso é algo muito pequeno diante do que seus avós poderiam fazer sobre nós".

Recordo-me da pressão que sofremos para que eu abortasse e lágrimas me vêm aos olhos ao lembrar que foi a mesma pressão que Katherine sofreu e que ela foi a única a ficar do nosso lado diante de todos. É uma lembrança que Caellum também deve ter, pois meu noivo segura a minha mão ao parar em um semáforo vermelho e a leva até seus lábios, depositando um beijo cálido.

"Está tudo bem agora, Mimi", ele diz. "Que tal pensarmos um pouco menos no passado e um pouco mais do que está acontecendo e no que pode acontecer?".

"É uma proposta tentadora".

Ele solta minha mão para voltar a dirigir e eu observo o caminho que temos pela frente, real e metaforicamente. Apesar de concordar sobre deixar o passado para trás, penso por um instante que, se pudesse falar algo para a Miranda do início do ano, seria: por mais descrente que seja, os outros estão certos. Principalmente o Caellum, por incrível que pareça. Vai ficar tudo bem.

xXx

Apesar de ter concordado com a prova do vestido, é tentador simplesmente ignorar e ficar em casa com os meus filhos e Caellum. No entanto, meu noivo não me deixa muita escolha ao lembrar sobre como sua prima é geniosa e que seria uma briga em vão não comparecer ao compromisso firmado.

Por isso, peço carona à Aeryn até o ateliê de madame Katrina, a fiel responsável por modelos únicos de vestidos usados pela realeza. É lá que Elisabeth assume a identidade de sua persona que é estilista de moda e não princesa de Orion: Rosalyn Green.

"Finalmente chegaram!" Assim como Sofya no dia anterior, Lizzie não esconde o nervosismo com o seu trabalho. Apesar de ser considerado algo fútil por muitos dentro do seu meio, não há nada que a princesa faça com mais seriedade. "Pedi para a madame fechar o ateliê somente para isso agora pela manhã e madame Katrina comeria o meu fígado de jantar se acaso não aparecesse, Mimi".

É pura hipérbole da princesa. É verdade que Katrina foi osso duro de roer com ela quando não sabia que Elisabeth e Rosalyn eram a mesma pessoa, mas, após a descoberta, a madame nunca ousou sequer levantar a voz para ela por medo de consequências.

Ainda assim, entro no seu teatro:

"Que bom que vim, então. Os Ancestrais me livrem de ser a responsável pela perda de um fígado real".

Aeryn abre um sorriso diante da ironia, mas Elisabeth simplesmente deixa passar. Ela nos leva até a área privativa em que já estive algumas vezes como convidada de Aeryn e, dentro de uma das salas dela, encontramos Sofya, Amelia, Hermione e Antonella.

"Isso é uma festa do pijama?" Pergunto, porque não esperava tanta gente reunida apenas para uma prova de roupa.

"É só que a Elisabeth adora se exibir...", Antonella cutuca a melhor amiga, a qual finge não ouvir.

"E estamos todas curiosas sobre o vestido", Amelia responde, oferecendo-me um sorriso.

"Eu o pendurei na arara da cabine", Lizzie indica um cortinado redondo no centro da sala, o qual está posto sobre um pequeno palanque. "É só se trocar e dar um sinal depois que estiver vestida. Vou abrir as cortinas e todos poderão me parabenizar pela belíssima obra prima".

"Que exibida!" Aeryn retruca.

A princesa lhe mostra a língua, implicante. O tipo de coisa que não víamos quando Aeryn começou a namorar Kyle, porque Lizzie desgostava veemente dela.

Às vezes é bom ser testemunha de mudanças.

"Lá vou eu".

Sigo até o palanque e entro no cortinado, onde encontro um espelho de corpo inteiro de um lado e o belíssimo vestido do outro, o qual me arranca o fôlego. Trata-se de um modelo longo, com saia bufante e cheia de camadas, sendo a última de uma renda que também está presente no corpete, tornando o busto tomara que caia algo menos ousado. Suas mangas vão até os pulsos e a renda envolve o pescoço, formando um colarinho repleto de pedrinhas que posso jurar serem cristais.

Elisabeth tem mesmo sobre o que se exibir. Ela conseguiu capturar o que eu queria e nem mesmo sabia até me deparar com ele pronto.

Pergunto-me como Caellum reagirá quando me vir nele e isso me arranca um sorriso. Dispo-me da minha calça jeans, da blusa e do cardigã. Depois coloco o vestido com o máximo de cuidado que posso, o qual fica apertado em algumas regiões por ter sido feito com as medidas que eu possuía antes da gravidez e não consigo subir o zíper completamente.

Dar-me conta disso atenua um pouco o efeito mágico da coisa.

"Posso abrir, Mimi?" Ouço a voz de Elisabeth do outro lado.

Desanimo acerca do espetáculo e saio do palanque sem falar nada, arrancando algumas reações.

"É tão lindo!" Amelia suspira.

"Uau!" Diz Hermione, apesar de não parecer a maior entusiasta de casamentos.

"Por que saiu antes da hora?" Pergunta Elisabeth, confusa.

Fico com vergonha de admitir que meu atual peso atingiu minha autoestima, então apenas me viro para que vejam que não pude fechar a peça.

"Ah!" Elisabeth exclama, como se não fosse nada demais. "Não se preocupe. Eu sabia que isso poderia acontecer e fiz o vestido de modo a que pudesse ser alargado".

Por algum motivo, suas palavras só me deixam pior.

"Eu vou tirá-lo".

Ninguém diz nada quando retorno para dentro da cabine e retiro o vestido para colocar minhas roupas de volta. Ao sair outra vez, todas elas conversam sobre a peça e tecem elogios para Lizzie e para mim, mas não consigo dar ouvidos. Penso apenas que quero ir embora, algo que só se concretiza cerca de meia hora depois.

"Fala", Aeryn diz quando entramos em seu extravagante carro amarelo.

"Falar o quê?".

"Não banque a sonsa, sei que detestou o vestido".

"Eu não detestei o vestido", rebato. "Ele é lindo. Tudo o que sempre quis".

Aeryn me olha por um momento, como se quisesse detectar pelas minhas feições se eu estou mentido.

"Então o que foi?" Ela me pergunta. "Por que está com essa cara de enterro desde que o experimentou?".

Sei que ela perceberá ser mentira se falar qualquer outra desculpa além da verdade, então deixo um suspiro escapar ao admitir:

"Porque ele não coube em mim".

"Ah...", tudo parece fazer sentido para Aeryn de repente. "Mas a Lizzie dá um jeito. Ela disse que já previa isso, não disse?".

"É, mas esse não é o problema", respondo. "Eu fiquei mal pelo meu corpo ainda não ter voltado ao que era antes e me pergunto se ainda voltará. Sei que é fútil e que eu estava bem até esse acontecimento, mas... Fiquei me perguntando se ainda me acharão bonita".

"Ah, Mimi", percebo que Aeryn acha isso um pouco bobo, apesar de tentar soar como um consolo. "É claro que será bonita. Seu corpo está assim porque trouxe duas vidas ao mundo e, mesmo que não fosse o caso, que mal tem umas gordurinhas aqui e acolá, se estiver saudável? Será a noiva mais linda que Orion já viu em muito tempo".

Quero me agarrar às suas palavras, mas é algo difícil. Sinto-me tola, mas, ao mesmo tempo, é complexo me desfazer do pensamento quando tudo ao redor dita que o belo é o corpo que eu possuía antes.

Pergunto-me o que Caellum pensa sobre isso e percebo que ainda não tivemos nenhum momento a sós desde que os gêmeos nasceram, o que só serve para me deixar ainda mais submersa em dúvidas.

Maldito vestido. Como tudo pôde ficar tão ruim apenas por causa de um corte de tecido branco pérola?

"Por que você não me disse que o Elio estaria aqui?" Mamãe me pergunta em determinado momento, quando ficamos sozinhos na cozinha enquanto meu pai observa os bebês dormindo na sala de visitas, em seus respectivos carrinhos.

"Porque não achei que fosse ser um problema", faço-me de desententido. "Afinal, os dois estão aqui pelo mesmo motivo, que é o de me ajudarem com Caeli e June. Considerando que são dois bebês, acreditei que, quanto mais ajuda pudesse ter, melhor".

Katherine, que nunca foi boba, permanece me olhando com suspeita mesmo após a minha explicação. Ela me estuda como se pudesse ver através das minhas feições que estou mentindo, o que me faz ceder um pouco:

"Certo", reconheço, derrotado. "Eu também achei que seria bom que pudessem se dar bem, mesmo que sob o pretexto de ser pela Caeli e o June".

"Ah, Caellum", mamãe usa o mesmo tom de voz que usava quando eu era criança e falava algo bobo. "Não faça mais isso, mesmo tendo sido com boas intenções. O que fiz para Elio não é algo que ele possa perdoar em vida, mesmo que por Caeli e June. Na melhor das hipóteses, ele me odeia. Na pior, se enoja de mim".

"Não acho que o Elio seja capaz disso", surpreendo-me por falar com tanta convicção, apesar de termos começado a nos conhecer melhor há cerca de dois meses e meio.

"Ainda assim, forçar algum tipo de relação entre nós pode ser cruel com ele".

"Não acha que é a senhora que está com medo e vergonha de encará-lo depois de tudo?".

Pego-a no ato e isso fica claro quando mamãe abre a boca, mas nada diz em sua defesa. Ela apenas me olha e pisca os olhos castanho-claros, atordoada.

"Ora, Caellum, e você pode me julgar por me sentir assim?" Ela retruca, vacilante. De repente, minha mãe é como uma jovenzinha acuada, tendo sua muralha costumeira ruído momentaneamente. Vejo-a como a jovem que foi e que teve que escolher entre opções difíceis de lidar. "Fui terrível com Elio. Não acho que eu possa me perdoar por isso e acredito que a única punição que posso ter é que ele me odeie".

"Por que precisa ser ainda mais punida, mamãe?" Retruco. "A senhora o perdeu, assim como perdeu a chance de ter construído uma família ao seu lado. Mesmo que tudo tenha se ajeitado com o Xiaojun em algum momento, Elio Prescott foi a razão da sua dor durante muito tempo. Não acha que já foi punida o suficiente?".

O que digo parece trazer uma nova perspectiva ao que ela pensa, pois mamãe volta a parecer atordoada e fica ainda mais quando Elio surge na cozinha e diz, meio relutante:

"A Miranda acabou de chegar".

"Sério?" Olho para mamãe, depois para ele e digo: "Vou falar com ela. Podem me esperar um momento antes de irem embora?".

"Os dois?" Eles perguntam ao mesmo tempo, feito adolescentes que não suportam a presença um do outro. Feito Theo e Cassie ou Miranda e eu em um passado não tão distante, o que me faz sorrir.

"É, preciso conversar com a senhora sobre a Cassie e com o senhor sobre um convite", respondo. "Por favor, esperem".

Saio da cozinha antes que eles possam me dar alguma desculpa e encontro Miranda na sala, com Caeli mamando em seus braços e June choramingando no carrinho pela sua vez de se alimentar.

"Bem na hora da comida", percebo, chamando a sua atenção. Por algum motivo, ao erguer o olhar para mim, Miranda parece abatida. "Aconteceu alguma coisa? O vestido era feio?".

"Sua prima te mataria se o ouvisse levantando essa hipótese. O vestido era belíssimo", ainda assim, o seu tom de voz não faz jus ao comentário. As coisas só começam a ter sentido quando Miranda acrescenta, após baixar a cabeça para olhar Caeli: "É só que ele não coube em mim".

"Ah", deixo escapar, sem saber o que dizer. Ela parece afetada por isso, embora não consiga ver qual é o grande problema. "Então a Elisabeth terá que fazer outro?".

"Ela pode só ajustar o que já está feito".

"Então qual é o problema exatamente?" Decido perguntar, sem saber qual é o ponto da sua chateação.

Miranda não me responde de imediato. Pelo contrário, ela parece querer fugir da pergunta.

"Mimi?".

"Eu só fiquei mal, Caellum".

"Por causa do vestido?".

"Não, pelo meu corpo ter mudado!".

"Ah", repito a reação idiota de antes, ainda confuso com a razão de ela estar mal. "Eu não sabia que você se importava tanto com isso".

"É, eu também não", Miranda evita meu olhar, ainda olhando Caeli. "Sei que é fútil".

"Se te deixa mal, não é fútil", retruco. "Só quero que saiba que ainda é a mulher mais linda de Orion para mim. Sei que, no fundo, é a sua opinião sobre si mesma que vale, mas queria que soubesse".

Enfim, ela me olha.

"Então você ainda me deseja?".

Sua pergunta me arranca uma risada de tão inesperada.

"Vamos nos casar no mês que vem. Por que eu não te desejaria?".

Miranda apenas dá de ombros.

"Não tivemos mais nenhum momento sozinhos desde que os gêmeos nasceram. Fiquei me perguntando o motivo".

"Talvez os fatos de que eu trabalho de segunda a sexta e estamos cuidando de dois bebês?" Lembro-a. "Além do casamento, seu pós-operatório... Vários motivos, mas nenhum deles tem a ver com ter engordado, Miranda Miller".

Isso parece tranquilizá-la um pouco, apesar de seu rosto se avermelhar em uma demonstração de vergonha.

"Desculpe", Miranda diz. "Fui uma boba".

"No que diz respeito a mim, foi mesmo", sento-me no encosto do sofá, de modo a poder beijá-la rapidamente, sem que isso machuque Caeli de alguma forma. "Você é a mulher que escolhi para mim, Miranda Miller. Uma das poucas certezas que tenho na vida, então nunca duvide do que sinto a seu respeito".

"Não voltarei a fazer isso".

"Ótimo, porque não são quilos a mais ou a menos que me farão desistir de casar com você. Nem que use moletom na cerimônia".

Ela sorri, o que aquece o meu coração. O semblante nublado com o qual me recebeu simplesmente vai embora, da forma como nunca deveria ter chegado.

"Se achar um moletom branco pérola...", nós dois rimos sobre a piada interna, de repente submersos na nossa bolha particular.

Em seu colo, Caeli para se sugar o leite e Miranda me entrega a pequena para que possa alimentar June, o guloso chorão.

"Levarei essa aqui para ver os meus pais como uma garantia de que continuarão em clima de paz", aviso para Miranda enquanto caminho de volta para a cozinha com Caeli nos braços, a qual sorri de forma serena após a refeição. "Hora de mostrar o quanto é uma fofura para a vovó Katherine e o vovô Elio, princesa".

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